Resumo
O artigo aborda processos de produção de mortos que acionam novas (in)sensibilidades e modos de expressão sobre o morrer e a morte, alcançando de forma dilatada grupos já ostensivamente expostos ao risco da morte e à naturalização de suas mortes. A partir de dados etnográficos produzidos em pesquisa realizada nas regiões metropolitanas de Florianópolis e do Rio de Janeiro, observa-se como essa dinâmica se atualiza no contexto da pandemia de Covid-19 por uma promoção da expansão de formas de matabilidade que dilataram as instâncias de necropoder no âmbito de uma governamentalidade neoliberal. A análise irá refletir como a matabilidade se inscreve como dispositivo que circunscreve uma economia política e moral para modos de vida específicos, por meio da construção de mortos, a gestão do luto e a naturalização da morte.
Palavras-chave:
mortos; violência de Estado; governamentalidade; etnografia