Resumo
Como definir o tempo pandêmico de 1918, que interrompeu o ritmo alucinado do início do século XX e imprimiu uma temporalidade da morte? Talvez como um intervalo tão radical na noção progressiva de tempo do Ocidente, que tenha ficado no silêncio. Na própria falta de tempo: durante três meses os calendários pararam de se alterar. Esse era um tempo, o tempo da morte numa sociedade que não sabia lidar com ela. O tempo do presente que impede pensar no passado e no futuro. O tempo da espera, o tempo da dúvida, o tempo dos traumas silenciados e, também, das experiências do aprendizado possível. O artigo pretende, pois, explorar a temporalidade da doença como um marcador social, assim como estabelecer paralelos com o contexto da Covid 19. Por fim, toma Porto Alegre como um estudo de caso para a análise. (Este artigo foi originalmente uma palestra dada no Departamento de Antropologia da UFRGS, por isso seu estilo mais ensaístico.)
Palavras-chave:
gripe espanhola; temporalidade pandêmica; Porto Alegre; representações imagéticas