O artigo propõe uma análise fenomenológica do ato de colecionar e dos propósitos dos colecionadores, de forma a apreender seus sentidos em relação com os ciclos de vida das pessoas. Inicia por discutir alguns quadros teóricos explicativos do hábito de colecionar, que convergem para a busca do sentido de permanência dos objetos e do ambiente, em relação ao desenvolvimento e compreensão humanos dos ciclos vitais, totais ou processuais. Após, segue-se um registro empírico de análise desses sentidos, segundo dados coletados em sítios na web e em entrevistas com colecionadores, onde se destacam lógicas de continuidade e descontinuidade com os quadros explicativos esboçados. As lógicas de descontinuidade permitem esboçar outro quadro explicativo da relação entre coleções e ciclos de vida, baseado no desenvolvimento de uma percepção sensível do mundo decorrente de rupturas havidas nas trajetórias pessoais dos colecionadores.
ciclos de vida; colecionismo; percepção; trajetória biográfica