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A iniciação sexual na juventude de mulheres e homens<A NAME="top1"></A>

Resumos

Este artigo trata dos significados constitutivos da iniciação sexual entre jovens, momento em que, a partir das escolhas dos(as) parceiros(as) ideais e do uso ou não de preservativo, vemos com mais clareza a gramática das relações de gênero nessa população. A metodologia utilizada foi a pesquisa etnográfica, realizada com 42 jovens - 24 mulheres e 18 homens - na faixa dos 15 aos 19 anos, oriundos de camadas médias, em Pelotas, interior do Rio Grande do Sul. Esse contexto salienta aspectos de uma moralidade tradicional face à iniciação sexual de mulheres e homens. Identifica-se a perpetuação de uma assimetria de gênero, na qual as jovens se percebem de modo relacional, investindo no namoro, enquanto os rapazes buscam se afirmar como indivíduos através da sexualidade. O ficar aparece como uma forma alternativa de envolvimento afetivo sem compromisso.

juventude; sexualidade; subjetividade


This paper discusses the constitutive meanings of sexual initiation in youth, a time when, based on the choices of ideal partner and the use or non-use of condoms, we see more clearly the grammar of gender relations in this population. The methodology used was ethnographic research, carried out among 42 young people - 24 women and 18 men - between the ages of 15 and 19, from middle class families from the city of Pelotas, in the state of Rio Grande do Sul. This context highlights aspects of a traditional moral code in confrontation with the sexual initiation of men and women. We identify the perpetuation of a gender asymmetry where young women perceive themselves in a relational way, investing in the relationship, while young men seek to assert themselves as individuals through sexuality. The ficar (making out) emerges as an alternative form of affective involvement without commitment.

sexuality; subjectivity; youth


ARTIGOS

A iniciação sexual na juventude de mulheres e homens1 1 Este artigo é uma síntese do capítulo de mesmo nome de minha Tese de Doutorado: Sexo, amor e moralidade: a iniciação na juventude de mulheres e homens, Pelotas (RS). Porto Alegre, UFRGS, jan. 2001.

Flávia Rieth

Universidade Federal de Pelotas – Brasil

RESUMO

Este artigo trata dos significados constitutivos da iniciação sexual entre jovens, momento em que, a partir das escolhas dos(as) parceiros(as) ideais e do uso ou não de preservativo, vemos com mais clareza a gramática das relações de gênero nessa população. A metodologia utilizada foi a pesquisa etnográfica, realizada com 42 jovens – 24 mulheres e 18 homens – na faixa dos 15 aos 19 anos, oriundos de camadas médias, em Pelotas, interior do Rio Grande do Sul. Esse contexto salienta aspectos de uma moralidade tradicional face à iniciação sexual de mulheres e homens. Identifica-se a perpetuação de uma assimetria de gênero, na qual as jovens se percebem de modo relacional, investindo no namoro, enquanto os rapazes buscam se afirmar como indivíduos através da sexualidade. O ficar aparece como uma forma alternativa de envolvimento afetivo sem compromisso.

Palavras-chave: juventude, sexualidade, subjetividade.

ABSTRACT

This paper discusses the constitutive meanings of sexual initiation in youth, a time when, based on the choices of ideal partner and the use or non-use of condoms, we see more clearly the grammar of gender relations in this population. The methodology used was ethnographic research, carried out among 42 young people – 24 women and 18 men – between the ages of 15 and 19, from middle class families from the city of Pelotas, in the state of Rio Grande do Sul. This context highlights aspects of a traditional moral code in confrontation with the sexual initiation of men and women. We identify the perpetuation of a gender asymmetry where young women perceive themselves in a relational way, investing in the relationship, while young men seek to assert themselves as individuals through sexuality. The ficar (making out) emerges as an alternative form of affective involvement without commitment.

Key words: sexuality, subjectivity, youth.

Este artigo trata dos significados constitutivos da iniciação sexual entre jovens. A pesquisa etnográfica foi realizada com 42 jovens – 24 mulheres e 18 homens – na faixa dos 15 aos 19 anos, oriundos de camadas médias, em Pelotas, interior do Rio Grande do Sul.

A inscrição do sexo na gramática das relações de gênero dimensiona as diferenças, consideradas a partir das escolhas com relação às parcerias ideais e uso do preservativo. Tendo em vista as preocupações que revestem o processo de socialização dos rapazes e das jovens nas camadas médias do interior, apresento os agentes de informação mencionados pelos informantes.

Ao se investigar a iniciação sexual na juventude, constata-se a diminuição da idade de início da vida sexual adulta. Assim, a pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento sobre Comportamento Sexual da População Brasileira e Percepções do HIV/AIDS (Berquó, 2000) mostra que os jovens que tinham entre 16 e 19 anos, em 1998, 61% já haviam tido relações sexuais. Também constata que os rapazes se iniciam mais cedo que as moças, e que a maior escolaridade e o viver com ambos os pais influencia para que os jovens se iniciem sexualmente mais tarde. Em 1984, apenas 35,2% dos rapazes nessa faixa etária já haviam se iniciado sexualmente, percentual que cresce para 46,7% em 1998. De forma mais significativa, ocorre o crescimento desse percentual entre as mulheres: de 13,6% para 32,3%. Longo e Rios-Neto, a partir dos dados de DHS2 2 DHS – Demografic Health Studies. de 1986 e da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) de 1996, confirmam o declínio da idade das mulheres na primeira relação sexual para uma faixa de idade entre 20 e 24 anos; o percentual de mulheres que não tiveram uma relação sexual completa aos 17 anos declina de 79,8% em 1971 para 61,9% em 1996. Os autores observam uma relação entre a educação e a taxa de virgindade aos 17 anos: essa taxa é maior entre as mulheres analfabetas e as com mais de 8 anos de estudo; mulheres que possuem de 1 a 8 anos de estudo apresentam uma menor taxa de virgindade. Em estudo epidemiológico, realizado na cidade de Pelotas, Béria, Morris e Carret (1996) verificam que 50% dos adolescentes homens com 15 anos já tinha tido relações sexuais, enquanto que esse percentual só é atingido pelas mulheres aos 17 anos.

Esses dados evidenciam a construção de um estilo geracional3 3 Abramo (1994), citando o trabalho O Problema das Gerações, de Mannheim, observa que a similaridade das experiências decorre das circunstâncias históricas vividas por um mesmo grupo etário. Nesse sentido, Abramo refere a construção de um "estilo peculiar de sentir, pensar e agir as experiências" durante a juventude, situando a contestação do processo de transmissão da herança cultural da sociedade no tempo presente, através da experimentação pessoal com a vida. , resultante dos efeitos do ideário individualista nas camadas médias, em que o jovem busca se evadir do controle social e da pauta familiar, conforme o estudo de Salem (1980), tentando afirmar a delimitação de uma identidade mais própria e pessoal. Observa-se, entretanto, a coexistência de uma moralidade tradicional que se pronuncia no contexto de cidade do interior (Velho, 1981).

O significado da iniciação sexual como individualização da pessoa moderna destaca a dimensão interior, consagrada como um domínio autonomizado e auto-expressivo, o que, a partir da perspectiva foucaultiana, é abordado como uma nova forma de controle disciplinar do indivíduo através do dispositivo da sexualidade (Foucault, 1993)4 4 Foucault (1993), em História da Sexualidade – A Vontade de Saber, situa a sexualidade como um dispositivo histórico, produzido no interior de um determinado regime de poder/saber/prazer, o qual sustenta as discursividades sobre a sexualidade humana. . A colocação do sexo em discurso se constitui como uma técnica de produção de verdade sobre si, internalizados os valores modernos.

Essa discussão ganha maior relevância em tempo de epidemia de AIDS, quando se observa a vulnerabilidade desse grupo etário e, principalmente, das jovens, em razão da iniciação sexual impor mudanças de comportamento – especificamente no que se refere às questões de adoção do uso de preservativos – que contradigam o dispositivo da sensibilidade5 5 Segundo Duarte (1999, p. 24), "O eixo mais central e explícito aqui será, porém, a correlação entre a proposta de Foucault a respeito da sexualidade e a de Collin Campbell a respeito da ética romântica. Esses trabalhos nos indicam que entre os séculos XVII e XVIII se construiu no Ocidente o que poderíamos chamar de um 'dispositivo de sensibilidade', parafraseando a imagem de Foucault a respeito da sexualidade." Duarte identifica na contemporaneidade, a permanência das figuras da perfectibilidade, da experiência e do fisicalismo que consagram esta política. Assim, os seres humanos distinguidos pela razão são providos da capacidade do aperfeiçoamento na relação com o mundo, "o fato cognitivo da experiência se reduplica em fato emocional" (p. 25), e a apreensão do corpo se processa a partir de uma lógica das emoções sensíveis em uma versão de classe. .

As jovens elegem os namorados como parceiros ideais, enlaçando o sexo no contexto de uma relação amorosa. Declaram que o ficar não envolve manter relações sexuais. Preocupam-se com a reputação, por isso valorizam a prática do ficar várias vezes com a mesma pessoa. Elas aguardam as iniciativas masculinas esperando serem pedidas em namoro. Essas concepções são compartilhadas tanto pelas jovens já iniciadas como pelas virgens.

Na representação dos rapazes, o exercício da sexualidade com a parceira figura como um ganho de aprendizagem técnica e afirmação de virilidade. Os rapazes já iniciados sexualmente dizem transar quando ficam, embora essa decisão esteja na dependência da parceira. Consideram inevitável, na relação de namoro, que o casal mantenha relações sexuais, que resultam da troca de intimidades. Segundo eles, a intenção de manter relações sexuais com a parceira está sempre presente, pois é próprio "do instinto masculino, todo homem quer deixar de ser virgem" (Ricardo, 19). Remontam-se, com isso, as estratégias para transpor as resistências femininas, como, por exemplo, o ficar várias vezes com a mesma pessoa. Já aqueles que não tiveram relações sexuais, têm expectativas bastante próximas às femininas, ou seja, esperam transar a primeira vez com uma pessoa especial e que as descobertas sejam recíprocas. Eles trazem os receios quanto ao seu desempenho.

O uso da camisinha é freqüente entre homens quando se trata de uma parceira eventual, em uma ficada, estando associado à classificação de ordem moral da jovem, considerada perigosa. Na relação de namoro, o não uso, entre os jovens, justifica-se pelo fato de conhecer o outro, aspecto que se coloca como método de prevenção6 6 A esse respeito, ver Heilborn e Prado (1995). de AIDS e DST. O uso do preservativo é, neste caso, contestado "por cortar o clima". Já a adoção pelas jovens da pílula como método contraceptivo mais seguro é indicativo da maior proximidade da experiência da gravidez na adolescência, mesmo em tempos de AIDS. Elas também alegam a distância que se estabelece entre o casal com o uso da camisinha. O não uso é tornado prova de fidelidade, regra a qual elas observam.

Revela-se, através do processo de iniciação sexual, a reflexão desses sujeitos sobre as idades da vida, em que a juventude é percebida como uma fase em que se goza da liberdade de experimentar o prazer de viver. Com relação aos jovens investigados, observa-se, entretanto, o disciplinamento a um regime que opõe estudo a festa, evidenciando a adesão a um ethos produtivo, que se mostra como a contrapartida da idealização das relações amorosas entre as jovens e a afirmação da masculinidade para os rapazes.

Iniciação sexual e namoro: inevitável por envolver sentimentos x intimidade

Entre as 24 jovens investigadas, 10 declararam já terem se iniciado sexualmente. Destas, nove elegeram o namorado como parceiro ideal, pressupondo conhecer o outro, bem como conjugar sexo a compromisso amoroso. Para a maioria das jovens, a iniciação sexual é colocada como uma "conseqüência do namoro", quando ele se torna um compromisso sério.

A primeira relação sexual é relatada pelas jovens como uma oportunidade que se apresenta "de repente", não existindo qualquer planejamento, embora não seja inesperada. Ocorre quando o casal está sozinho em casa, ou mesmo no quarto, o que dá um tom de aventura ao fato, principalmente se houver gente em casa. Os depoimentos revelam o processo de decisão de se relacionar sexualmente com o namorado: o casal começa a conversar sobre o assunto, a troca de carícias se intensifica, algumas iniciativas masculinas esbarram na resistência feminina, até que um dia, de repente, acontece de a jovem resolver não mais resistir. A iniciativa é masculina, mas conta com o consentimento feminino. Veja-se a trajetória sexual/amorosa de Francine.

Francine, 19 anos, teve relações sexuais com o primeiro namorado quando tinha 13 anos e ele 17. Depois de três ou quatro meses de namoro, o casal resolveu "tentar", porque ela gostava muito dele e "foi uma coisa que a gente foi descobrindo". Numa tarde, estavam em casa Francine, o namorado e o irmão dela. O casal encontrava-se sozinho no quarto quando transaram. Ela diz que não foi nada planejado e que não usaram camisinha. As vezes em que usaram foi por curiosidade e não adotaram qualquer método contraceptivo. Não tomava pílula para não engordar. Essa relação durou um ano. Com o segundo namorado, transou depois de um ano de relação, pois dificilmente ficavam sozinhos. Entretanto, "sempre ficavam de frescura, se agarrando". Nada foi planejado. Estavam sozinhos, na casa dele, quando tiveram a oportunidade de manter relações sexuais. Por iniciativa do rapaz sempre usaram camisinha. Francine já teve relações sexuais com o namorado atual. Adotaram o uso do preservativo masculino, o que considera "prático, porque previne qualquer tipo de doença que tu possas ter e também pela gravidez, pra tu não precisar tomar pílula". Segundo ela, entre namoro e sexo não existe uma relação direta, depende do namoro, "o que vale mais a pena é com quem tu vai lidar". Não teve relações sexuais com os parceiros com quem ficou, embora considere que também depende da parceria. Durante a entrevista, cogitou a possibilidade de ter relações sexuais com um colega de aula, um ficante sério. Sua mãe soube que não é mais virgem porque leu em seu diário.

Jaqueline, 17 anos, também se iniciou sexualmente com o namorado, quando ambos tinham 15 anos. Segundo ela, não houve qualquer planejamento. As carícias se intensificaram, "a gente tava muito a fim, aquela coisa de agarramento", e ela resolveu não resistir, como fazia até então. Disse ter sido de repente, não tinham experiência. Usaram camisinha nas primeiras vezes, até que atrasou a menstruação. Recorreu ao serviço de saúde, onde fez exames e foi receitado anticoncepcional: "a primeira vez foi com camisinha, depois com o anticoncepcional, mas aí com coito interrompido. A gente fazia de tanto medo que a gente ficou...". Logo na primeira cartela, a mãe de Jaqueline descobriu que ela estava transando com o namorado. Por esse motivo, teve que contar, embora considere que de outra forma não teria coragem de falar sobre o assunto com a mãe. Para a jovem, o ficar não está associado a transar, porque não se conhece a pessoa. Já o namorar sim, por se tratar de um envolvimento amoroso.

O não uso do preservativo na primeira relação sexual é atribuído pelas jovens ao fato de não ter ocorrido um planejamento. De modo geral, a iniciativa do uso do preservativo aparece sempre como sendo masculina, muito embora elas aleguem que o parceiro não gosta de usar ou que ambos consideram chato interromper a relação para colocar o preservativo, justificando assim a não adoção do sexo seguro. Conforme Inês, 17, o uso do preservativo causa a estranheza de tornar o relacionamento sexual frio, não sendo possível depositar confiança na fidelidade do parceiro. E a fidelidade é um aspecto considerado importante em uma relação amorosa, e por isso sexual, conforme as jovens.

Aos fatores mencionados anteriormente com relação ao não uso do preservativo, somam-se as considerações quanto à insegurança do método, o que promove a utilização da pílula, por ser considerada mais eficaz na prevenção da gravidez. Isso mostra que o uso da camisinha está associado mais diretamente à gravidez do que à prevenção de DST/AIDS entre as jovens. Observa-se, em quatro casos, resistência em adotar a pílula pelo aumento de peso que ela provoca.

A mudança de método contraceptivo ocorreu no caso de Bruna, 17 anos, que engravidou aos 16 ao esquecer de tomar regularmente a pílula. Bruna se iniciou sexualmente aos 15 anos com o namorado, que tinha 21. Sobre a primeira relação, comenta: "Acho que foi porque eu gostava dele. A gente transou umas quatro ou cinco vezes... Eu fiz aquilo porque gostava muito dele. Ele nunca pediu, nunca ameaçou terminar comigo se eu não fizesse. Mas eu queria mostrar o quanto ele era importante na minha vida". Em todas essas vezes, usaram camisinha. Ela não pensou em AIDS, buscavam evitar a gravidez. No namoro atual, o casal teve relações sexuais depois do terceiro mês. No início ela usava pílula, mas como começou a engordar, relaxou no uso desta. Transavam de duas a três vezes por semana, normalmente à tarde, na casa dela, quando não tinha ninguém. Outras vezes, iam a um motel, conforme permitiam as mesadas que recebiam. Bruna engravidou aos 16 anos e fez aborto.

Reportando-se aos dados sobre gravidez na adolescência, no sentido de relativizar essa questão, tem-se, em Longo e Rios-Neto, citando o estudo de Mello, que tais dados entre mulheres de 15 a 19 anos não demonstram mudanças no período de 1970 a 1991, considerando o contexto nacional. Entretanto, a participação relativa da fecundidade na adolescência na fecundidade total aumentou, no período, de 7,1% para 14,1%. Este indicador duplicou na razão do declínio da fecundidade dos demais grupos etários no período de 1970 a 1991.

A virgindade, no grupo, aparece como um valor pessoal e íntimo, e, desse modo, a escolha do namorado como parceria ideal para a iniciação sexual se justifica, sendo essa escolha auto-expressiva. De modo geral, as jovens declaram conversar com os namorados sobre não serem mais virgens ao iniciar um namoro.

A avaliação da iniciação sexual como precoce, aos 13 anos de idade, aparece em dois casos, encontrando-se ancorada nas preocupações com relação à reputação feminina. Milena, 17, fala da necessidade de a mulher se preservar, não se entregando para qualquer um, enquanto Magda, 16, pressupõe um envolvimento amoroso, desqualificando a curiosidade percebida como uma motivação infantil para ter relações sexuais.

Magda teve relações sexuais aos 13 anos com o namorado, que tinha 17. Avalia como "ridícula" a experiência, pois considera que era ainda muito jovem: "Aconteceu por acontecer". Na época não usava nenhum método contraceptivo. Relata o receio que tinha de não mais ter "controle" sobre a sexualidade, pois "depois que a gente perde a virgindade, dá uns amassos, se tem mais vontade". Tampouco contou para a mãe que estava tendo relações sexuais com esse namorado. Avalia como importante "se entregar" para uma pessoa de quem goste, com carinho. Depois que começou a ficar com Caio, não conseguiu se controlar, e diz que se sentia culpada por ter relações com alguém que ainda não era seu namorado. No início, usaram camisinha; depois Magda adotou a pílula. Hoje, não usam camisinha: "Em mim ele pode confiar plenamente". Também justifica o não uso do preservativo por não ter relações com "qualquer um", e que garante conhecer muito bem o parceiro para acontecer alguma coisa.

A preocupação com o recato, conforme o relato de Magda, impõe-se, havendo casos em que se observa a tendência de recrudescer esse comportamento de resistência nos relacionamentos posteriores. As jovens procuram não valorizar tanto o exercício da sexualidade, como Francine, ou resistem mais às iniciativas masculinas, como Milena e Magda.

Na relação com a mãe – citada como agente fundamental na veiculação das informações sobre sexo, com quem se tem certa cumplicidade, conversas abertas –, transparecem as ambigüidades do processo de afirmação das jovens face a família (Salem, 1980). Mesmo preponderando a concepção da sexualidade como uma esfera pessoal e íntima, sendo essa uma decisão que cabe ao casal tomar, a cumplicidade com a mãe aparece como importante. Desta feita, observa-se uma regularidade com relação ao modo como ela descobre que a filha mantém relações sexuais com o namorado. Irá saber, passado um tempo, ao encontrar a cartela de anticoncepcional ou ao ler o diário, atitudes percebidas pelas jovens como de invasão da privacidade, muito embora considerem que a mãe já desconfiava do fato. E, de outra maneira, sem ela perguntar diretamente, as jovens dizem que não teriam tido coragem para contar.

Diferente das demais, Clara, 17 anos, considera que a curiosidade foi o motivo para a sua iniciação sexual, apresentando a preocupação com o aprendizado técnico e satisfação pessoal. Nesse caso, entretanto, o amor passa a ser visto como um ingrediente essencial para o sexo. Pauta que parece nortear o comportamento de Clara na relação com o namorado atual, aparecendo inclusive as preocupações com relação à reputação feminina, sujeita, no caso, aos julgamentos familiares.

Clara tinha 16 anos quando teve a primeira relação sexual com o ficante sério. O rapaz tinha 24 anos e era estudante de medicina. Eles se conheceram na casa de uma amiga em comum, em um almoço. Estavam ficando já há um mês e meio quando tiveram relações sexuais com penetração. Segundo ela, esse processo de decisão se iniciou quando começaram a conversar sobre o assunto e também sobre ser virgem. A intimidade das carícias foi se intensificando: "Assim como o menino perde a virgindade em um prostíbulo só para conhecer, pra mim foi a mesma coisa. Ele queria se satisfazer, e eu queria conhecer e tentar me satisfazer". Disse estar "consciente" se ele a "largasse". Clara ficava com outros no mesmo período e acha que também ele tinha outros relacionamentos, pelo menos quando ele voltava para a sua cidade. Usaram camisinha na maioria das vezes, inclusive na primeira relação. Na última e em algumas outras, não, o que atribuiu ao fato de o parceiro não gostar de usar. Clara acha que namorar envolve transar, ainda mais depois de três meses: "porque é o tempo que eu tô esperando". No momento, ela e o namorado têm conversado muito sobre sexo. A família não sabe que ela já teve relações sexuais, por isso, pretende dizer que perdeu a virgindade com o atual namorado. Não falou antes porque tinha receio do julgamento familiar, principalmente o da irmã mais velha, que casou virgem.

Oito dos rapazes declararam ter se iniciado em uma ficada, fora do contexto de uma relação. Os outros quatro transaram pela primeira vez com a namorada. Em geral, consideram que transar em uma ficada "depende da guria". A situação é facilitada quando a jovem é mais velha, indicativo de que já teve relações sexuais, ou quando se fica continuamente com a mesma pessoa, o que permite, segundo os rapazes, romper as resistências femininas.

Leandro, 19, aos 14 anos ficou com uma jovem com quem transou pela primeira vez. Conta que havia bebido na festa, como todos. Eram colegas de aula. Passou um tempo só ficando. Sobre uma outra oportunidade, no carnaval, ele conta: "A gente saiu, arranjamos umas gurias e fomos pra casa. Eram uns caras mais velhos, eu fui com eles. Aí eles arranjaram uma mulher mais velha". Depois teve relações sexuais com uma guria com quem estava ficando. Por último, namorou outra por nove meses, ela era jovem, tinha 15 anos: no início ela não deixava tocar, foi deixando "até que rolou".

Observa-se, no discurso dos rapazes, a afirmação da intenção de ter relações sexuais, apresentando-se não como algo que acontece de repente como para as jovens, mas como o resultado da iniciativa masculina. Nesses termos, é declarado certo planejamento da noite, sendo comum portarem camisinha na carteira. Nessa aventura, os amigos são as companhias da festa, e, para eles, se impõe declarar o desempenho. Entretanto, observa-se uma distância entre o discurso e o desempenho dos rapazes. O caso mais evidente é o de Danilo, 17, que ficou com 120 jovens e se declarou virgem. Os receios masculinos com relação à iniciação sexual dizem respeito a não conseguir e a não saber o que fazer.

Francisco, 16, teve a primeira relação aos 14 anos; a parceira tinha 15. Diz que a sua primeira vez foi "horrível", porque "ninguém sabe nada, fazem do jeito que acham que é e sai horrível". Essa jovem ele conhecia desde menina, eram vizinhos. Começaram a ficar, ele passou a visitá-la à tarde "e aconteceu". Diz que para o guri é importante dizer para os outros que já teve relações sexuais; enquanto que "as gurias não podem falar pra ninguém, ainda mais quando é nova, tem 14 ou 15 anos, não quer que ninguém descubra". Para ele, as jovens querem que a primeira vez seja romântica, mas acha que nunca é assim, sendo sempre embaraçoso. O sexo é importante em uma relação de namoro, se não "o guri cai fora". Francisco foi obrigado a contar para o pai que tinha transado, pois a jovem engravidou. Diz-se traumatizado: "aborto é chato". Pensa em ter filhos só depois dos 25 anos, estando já estabilizado, com independência econômica. Considera que o ficar não envolve transar, acha "perigoso", "se a guria fizer com o cara na primeira, assim, é que a guria é meio perigosa, tem risco". Já em uma relação de namoro, acha que não tem perigo, pois a pessoa é conhecida. Acha "chato" usar camisinha porque quebra o clima. Usou sempre nos últimos três meses, porque a namorada não queria tomar pílula. Segundo o rapaz, a namorada não queria falar para a mãe dela que estava transando com ele.

No depoimento de dois rapazes é explicitado que a maneira de ficar se modifica depois da primeira relação sexual. O ficar várias vezes com a mesma pessoa se configura como uma estratégia masculina de transpor as resistências das jovens. Tem-se o conhecimento dos receios femininos com relação à reputação. Assim, ficar várias vezes com a mesma jovem possibilita que o casal se conheça e que o rapaz não seja mais considerado qualquer um.

A relação sexual com a namorada aparece como algo inevitável para eles, conseqüência da maior intimidade que tem o casal. Vicente, 19, tinha 14, e a namorada, 24, quando transaram pela primeira vez. Gosta de transar com Nádia, sua namorada atual, pois considera que ter relações sexuais gostando da pessoa é melhor. Como teve uma experiência anterior, sentiu-se "bastante preparado" quando conheceu Nádia. Caso não estivesse namorando, teria relações sexuais com "uma guria que chegasse". Cita como agentes de informação os amigos e as revistas. Nunca tratou desse assunto com o pai. E acha que a mãe tem uma "cabeça aberta". Considera que ela entende o fato de ter relações sexuais sem amor, insistindo no uso da camisinha. Vicente não tem preocupação alguma com a AIDS ou com doenças sexualmente transmissíveis: "Eu não tenho, eu transei só com duas gurias, como é que posso ter uma coisa assim". Nádia era virgem. Usou camisinha pela primeira vez com ela, para prevenir a gravidez: "Eu já tinha testado, sabe? Bem antes de namorar com ela. Fui no banheiro e coloquei".

As expectativas que recobrem a primeira experiência sexual se referem ao medo de não conseguir, conforme Felipe, 16 anos, ou não saber como fazer. Nas situações em que a jovem é experiente, quando as iniciativas passam a ser femininas, aumenta a insegurança dos rapazes. Nesses casos, a primeira relação aparece como um acontecimento súbito, invertendo o pressuposto de que o homem sempre tem outras intenções e a quem cabe tomar as iniciativas.

Esses roteiros sexuais revelam a necessidade da (re)afirmação da masculinidade, salientando-se o controle do grupo de amigos. Aspecto que se salienta no caso de Rafael, 19, que se iniciou sexualmente aos 16 anos, com uma prostituta. A situação foi preparada pelos amigos. Conta que, em uma "decisão conjunta", acompanhado pelo grupo de pares, foram três vezes em um bar: "menina assim comum eu nunca tive, eu nunca tive uma namorada". Usou sempre camisinha. Acha que no namoro, com o passar do tempo, deve acontecer de o casal ter relações sexuais. Quanto ao ficar, não sabe. Segundo ele, "a mãe sempre nos alertou", sempre conversou sobre sexo. Também considera os pares como agentes de informação.

Na família, a mãe aparece como o agente preocupado com a sexualidade, é quem alerta sobre o uso da camisinha. As cumplicidades são tramadas com o pai, embora observe-se a atitude de reserva maior dos filhos homens em compartilhar de sua intimidade na família. A relação com os amigos figura como "mais aberta".

Iniciação sexual e ficar: não envolve transar x depende da guria

Das jovens entrevistadas, 14 se declaram virgens. O momento, a "hora" da iniciação sexual aparece nos depoimentos ligado à uma avaliação da idade, por serem ainda "muito novas" para terem relações sexuais. Os riscos da gravidez na adolescência se somam a essa interpretação. Apresentada como uma fato freqüente, a gravidez nessa fase da vida é uma experiência que traz amadurecimento e atrapalha as oportunidades de liberdade que a idade oferece.

É consensual entre as jovens virgens que o ficar não envolve relações sexuais. Para Laura, 15 anos, no ficar "mal se conhece a pessoa". Já no namoro, depende das pessoas e de suas idades. Indagada sobre a primeira relação sexual, diz: "Depende muito do que eu tô sentindo por aquela pessoa, porque eu acho o sexo uma coisa muito importante. Eu acho que não é só chegar, transar e acabou, tem que ter intimidade entre as pessoas, tem que ter realmente amor entre as pessoas pra poder acontecer". Apresenta expectativa de uso da camisinha na primeira relação sexual, associando o uso à AIDS e à gravidez. Muito embora também considere que, se o casal não gosta de usar o preservativo masculino, a jovem deva adotar a pílula: "Eu acho que uma gravidez na nossa idade tira toda a liberdade da pessoa; depois que tem um filho, se amadurece muito rápido, corta um pedaço da vida da gente".

Dulce, 17, acha que não combina ter relações sexuais com ficar, pois considera como um relacionamento muito "frio". Pretende transar a primeira vez com o namorado porque não é qualquer pessoa. Conta que, se quisesse, já teria tido relações sexuais com o namorado atual, pois ele é muito carinhoso. Mas como não tem certeza se é isso que quer realmente, acha que ainda não é o momento. Faz pouco tempo que estão juntos. Para Dulce, quem tem relações sexuais tem a responsabilidade de adotar um método contraceptivo. Pretende ir ao médico caso mude de idéia e decida transar com o namorado. Cita a mãe e a escola como fontes de informação.

Esta é uma decisão, segundo as jovens, que pressupõe a "segurança" de um relacionamento "sério", a "certeza" dos sentimentos em relação ao outro e a essa opção, bem como a responsabilidade de enfrentar as "conseqüências". A expectativa de uso da camisinha aparece associada à gravidez, sendo cogitada a substituição pela pílula, que é vista como um método contraceptivo mais seguro.

A iniciação sexual aparece como uma conseqüência do namoro. Nesse sentido, contemplam-se as expectativas das jovens de se "entregar" para uma pessoa de quem gostem e que por isso se tornou conhecida.

Entre os jovens, seis relataram não ter experiência de relação sexual. Tal fato é atribuído à dependência de encontrar a pessoa certa, pois consideram como provável que a primeira relação aconteça com a namorada. O ficar para eles não envolve sexo. Observa-se que as expectativas dos jovens que não se iniciaram sexualmente é próxima a das jovens (virgens ou não).

Emílio, 16, considera que tanto o ficar quanto o namoro podem envolver relações sexuais com o parceiro, sendo inevitável quando a namorada é mais velha. Tem a expectativa de transar com uma pessoa especial, de quem goste. Associa o uso da camisinha à gravidez: "Se tu já conhece a pessoa, já sabe como ela é, sabe que não tem problema de pegar a doença; acho que é mais para evitar a gravidez". A mãe sempre pergunta se ele tem camisinha.

Álvaro, 15 anos, menciona os medos de não saber o que fazer na primeira vez. Diz estar mais preparado para ter relações com uma parceira porque tem "mais noção o que que é, sempre tive medo". Tem a expectativa de transar com uma namorada e gostaria que a jovem fosse virgem "pra gente compartilhar a mesma coisa". Acha necessário o uso do preservativo. O tio de Álvaro, irmão da mãe, morreu de AIDS em 1993. Diz ter um serviço de saúde dentro de casa: a mãe traz folhetos sobre o assunto e tem uma gaveta cheia de camisinha. "Eu tô falando com essa guria que eu te disse, no telefone, e ela [a mãe] chega, abre a porta e diz: não te esquece, camisinha! Camisinha! Diz no carro também: não te esquece, eu sou muito nova pra ser avó, camisinha! Camisinha!". Com relação aos agentes de informação, cita os meios de comunicação e os amigos.

A prática do sexo seguro é sempre evocada pela mãe. Entretanto, ao aparecer associada à gravidez, abre-se a possibilidade do não uso do preservativo masculino. Nesses casos, projeta-se a adoção da pílula pela namorada.

Em dois casos, a virgindade se apresenta como um problema para os rapazes com mais idade. Aparecem as pressões dos pares, sendo cobrada a falta de iniciativa masculina. Nesse sentido, Fábio, 19, menciona as observações da rede de amigos: "Bicho, com essa idade!". Já me disseram muito isso na cara. O rapaz tem expectativas de transar com uma pessoa especial e que o envolvimento amoroso seja recíproco. Pretende usar camisinha na primeira relação.

Conclusão

O contexto de Pelotas, de cidade do interior, salienta os aspectos de uma moralidade tradicional face à iniciação sexual na juventude de mulheres e homens. Abordada como uma experiência geracional, observa-se que a iniciação sexual é uma interdição prescrita para mulheres e homens quando se trata de uma relação de namoro.

Em outro nível, tem-se a perpetuação de uma assimetria de gênero coexistente com o investimento na sensibilidade das mulheres, que continuam a se perceber de modo relacional. As jovens vinculam sexo e amor em um relacionamento de namoro com a "pessoa certa".

Em oposição a essa idealização do amor, os jovens buscam se afirmar como indivíduos por meio da experiência da sexualidade, não pressupondo compromisso afetivo como o do namoro. O controle do grupo de pares, entretanto, é mais intenso sobre eles.

Apresentam-se os nexos entre sexualidade e sociedade em uma fase da vida onde a responsabilidade do sujeito é exclusiva à formação intelectual, em um contexto de camadas médias. A intensidade do sentir e o rompimento com o ordinário da vida, no caso da escola, permitem esboçar a subjetividade da juventude. Atenta-se para o aspecto da curiosidade de experimentar a vida. Ainda, por meio desses aspectos – de ordem e ruptura –, dimensiona-se a adesão dos sujeitos investigados com o ethos produtivo. Assim, justifica-se o ficar como uma forma descomprometida de envolvimento afetivo, ou como uma forma comum e prática de conhecer outras pessoas.

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  • VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1981.
  • 1
    Este artigo é uma síntese do capítulo de mesmo nome de minha Tese de Doutorado:
    Sexo, amor e moralidade: a iniciação na juventude de mulheres e homens, Pelotas (RS). Porto Alegre, UFRGS, jan. 2001.
  • 2
    DHS – Demografic Health Studies.
  • 3
    Abramo (1994), citando o trabalho
    O Problema das Gerações, de Mannheim, observa que a similaridade das experiências decorre das circunstâncias históricas vividas por um mesmo grupo etário. Nesse sentido, Abramo refere a construção de um "estilo peculiar de sentir, pensar e agir as experiências" durante a juventude, situando a contestação do processo de transmissão da herança cultural da sociedade no tempo presente, através da experimentação pessoal com a vida.
  • 4
    Foucault (1993), em
    História da Sexualidade – A Vontade de Saber, situa a sexualidade como um
    dispositivo histórico, produzido no interior de um determinado regime de poder/saber/prazer, o qual sustenta as discursividades sobre a sexualidade humana.
  • 5
    Segundo Duarte (1999, p. 24), "O eixo mais central e explícito aqui será, porém, a correlação entre a proposta de Foucault a respeito da sexualidade e a de Collin Campbell a respeito da ética romântica. Esses trabalhos nos indicam que entre os séculos XVII e XVIII se construiu no Ocidente o que poderíamos chamar de um 'dispositivo de sensibilidade', parafraseando a imagem de Foucault a respeito da sexualidade." Duarte identifica na contemporaneidade, a permanência das figuras da perfectibilidade, da experiência e do fisicalismo que consagram esta política. Assim, os seres humanos distinguidos pela razão são providos da capacidade do aperfeiçoamento na relação com o mundo, "o fato cognitivo da experiência se reduplica em fato emocional" (p. 25), e a apreensão do corpo se processa a partir de uma lógica das emoções sensíveis em uma versão de classe.
  • 6
    A esse respeito, ver Heilborn e Prado (1995).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Ago 2005
    • Data do Fascículo
      Jun 2002
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