Resumos
Com o objetivo de identificar as cultivares mais produtivas de pepino para conserva, instalou-se um experimento no período de agosto a outubro de 1988, no Campo Experimental de Gorutuba, em Porteirinha (MG). O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com dez cultivares (Colônia, Guaíra, Ginga AG-77, Indaial, Itapema, Levina, Pérola, Primepak, Score e Tamor) e quatro repetições. A parcela experimental foi composta por quatro linhas de 6 m de comprimento, com espaçamento de 1,00 x 0,30 m. As cultivares Indaial (29,72 t.ha-1), Score (26,46 t.ha-1), Colônia (26,43 t.ha-1) e Ginga AG-77 (26,12 t.ha-1) apresentaram as produtividades estatisticamente mais elevadas. Em termos de número de frutos por planta, as cultivares Indaial (7,72), Colônia (7,40), Ginga AG-77 (7,40), Score (6,94) e Tamor (6,68) apresentaram estatisticamente os melhores resultados. As cultivares Ginga AG-77 (77,96%), Levina (75,71%) e Tamor (73,58%) apresentaram as proporções significativamente mais altas de produção de frutos comerciais do tipo I, com comprimento entre 6 e 9 cm e maior valor comercial. Todas as cultivares apresentaram ciclo entre 76 e 82 dias, do plantio à última colheita.
Cucumis sativus; rendimento; peso médio de frutos; classificação
The experiment was carried out at the Gorutuba Experimental Station, in the Porteirinha county, Minas Gerais state, from August to October, 1988. The purpose of this study was to identify the highest yielding pickling cucumber cultivars. The experiment was laid out in a complete randomized block design, with ten cultivars (Colônia, Guaíra, Ginga AG-77, Indaial, Itapema, Levina, Pérola, Primepak, Score, and Tamor) as treatments, and four replications. Experimental plots consisted of four 6 m rows, with spaces of 1.00 x 0.30 m. Cultivars Indaial (29.72 t.ha-1), Score (26.46 t.ha-1), Colônia (26.43 t.ha-1), and Ginga AG-77 (26.12 t.ha-1) showed the significantly highest yields. Considering the number of fruits per plant, cultivars Indaial (7.72 fruits), Colônia (7.40), Ginga AG-77 (7.40), Score (6.94), and Tamor (6.68) showed statistically the best performance. Cultivars Ginga AG-77 (77.96%), Levina (75.71%), and Tamor (73.58%) had the significantly highest proportions of commercial fruits in class I, i.e., with lenght between 6 and 9 cm, and the highest commercial value. All cultivars, from sowing to last harvest, had a cycle between 76 and 82 days.
Cucumis sativus; yield; fruit average weight; grading
INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE
Produção de pepino para conserva na região Norte de Minas Gerais
Yield of pickling cucumber in the north region of Minas Gerais State, Brazil
Geraldo M. de Resende
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-000Petrolina-PE
RESUMO
Com o objetivo de identificar as cultivares mais produtivas de pepino para conserva, instalou-se um experimento no período de agosto a outubro de 1988, no Campo Experimental de Gorutuba, em Porteirinha (MG). O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com dez cultivares (Colônia, Guaíra, Ginga AG-77, Indaial, Itapema, Levina, Pérola, Primepak, Score e Tamor) e quatro repetições. A parcela experimental foi composta por quatro linhas de 6 m de comprimento, com espaçamento de 1,00 x 0,30 m. As cultivares Indaial (29,72 t.ha-1), Score (26,46 t.ha-1), Colônia (26,43 t.ha-1) e Ginga AG-77 (26,12 t.ha-1) apresentaram as produtividades estatisticamente mais elevadas. Em termos de número de frutos por planta, as cultivares Indaial (7,72), Colônia (7,40), Ginga AG-77 (7,40), Score (6,94) e Tamor (6,68) apresentaram estatisticamente os melhores resultados. As cultivares Ginga AG-77 (77,96%), Levina (75,71%) e Tamor (73,58%) apresentaram as proporções significativamente mais altas de produção de frutos comerciais do tipo I, com comprimento entre 6 e 9 cm e maior valor comercial. Todas as cultivares apresentaram ciclo entre 76 e 82 dias, do plantio à última colheita.
Palavaras-chave: Cucumis sativus, rendimento, peso médio de frutos, classificação
ABSTRACT
The experiment was carried out at the Gorutuba Experimental Station, in the Porteirinha county, Minas Gerais state, from August to October, 1988. The purpose of this study was to identify the highest yielding pickling cucumber cultivars. The experiment was laid out in a complete randomized block design, with ten cultivars (Colônia, Guaíra, Ginga AG-77, Indaial, Itapema, Levina, Pérola, Primepak, Score, and Tamor) as treatments, and four replications. Experimental plots consisted of four 6 m rows, with spaces of 1.00 x 0.30 m. Cultivars Indaial (29.72 t.ha-1), Score (26.46 t.ha-1), Colônia (26.43 t.ha-1), and Ginga AG-77 (26.12 t.ha-1) showed the significantly highest yields. Considering the number of fruits per plant, cultivars Indaial (7.72 fruits), Colônia (7.40), Ginga AG-77 (7.40), Score (6.94), and Tamor (6.68) showed statistically the best performance. Cultivars Ginga AG-77 (77.96%), Levina (75.71%), and Tamor (73.58%) had the significantly highest proportions of commercial fruits in class I, i.e., with lenght between 6 and 9 cm, and the highest commercial value. All cultivars, from sowing to last harvest, had a cycle between 76 and 82 days.
Keywords: Cucumis sativus, yield, fruit average weight, grading
No Brasil, o pepino é uma hortaliça muito popular, destacando-se o estado de Santa Catarina como maior produtor nacional de pepino para conserva, com rendimento médio de 12,5 t/ha (Nadal et al., 1986). Nos plantios em Santa Catarina, Silva et al. (1979) verificaram rendimentos variando de 12,3 a 28,6 t.ha-1, destacando-se a cultivar Pioneer como a mais produtiva, sendo classificados como comerciais os frutos entre 6 a 12 cm de comprimento. Usando duas cultivares (Score e Ginga AG-77), em plantios de setembro (maiores rendimentos), Silva et al. (1988), verificaram rendimento médio de 23,8 t.ha-1 de frutos comerciais e peso médio e frutos de 33,0 g.
Porém, plantas de pepino necessitam de grande intensidade de luz, longo período de temperatura elevada e não apresentam resistência a frio (Witaker & Davis, 1962; Knott, 1966). Por isso, o período de entressafra, correspondente ao inverno nas regiões Sul e Sudeste, é uma realidade e leva à ociosidade na indústria de transformação de pepino (Nadal et al., 1986).
Como opção ao plantio na região sul do Brasil, o pepino para conserva tem sido motivo de pesquisa em algumas outras regiões brasileiras. Pimentel (1985) relatou rendimentos variando de 10,0 a 15,0 t.ha-1, enquanto Kretchman (1988) obteve rendimentos médios entre 26,0 e 28,0 t.ha-1. Santos et al. (1979), por sua vez, observaram produtividade elevada para as cultivares Conda (26,5 t.ha-1), Pioneer (23,4 t.ha-1) e Explorer (22,8 t.ha-1). Cerne (1994), trabalhando com a cultivar Levina, verificou um rendimento de frutos comerciais ainda superior, 31,40 t.ha-1, ocorrendo 30% de frutos não comerciais (deformados). Resende & Pessoa (1996), verificaram ser viável a produção de pepino na região norte de Minas Gerais. Entretanto, naquele trabalho, Resende & Pessoa (1996), tinham por objetivo a avaliação de cultivares de pepino para produção de frutos do tipo "cornichon", onde são realizadas colheitas diárias de frutos bastante pequenos.
O presente trabalho objetivou indicar as cultivares de pepino para conserva mais produtivas e com melhor qualidade de frutos para as condições da região norte de Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental do Gorutuba, em Porteirinha (MG), com altitude de 516 m em solo aluvião eutrófico. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com quatro repetições e dez cultivares (Colônia, Guaíra, Ginga AG-77, Indaial, Itapema, Levina, Pérola, Primepak, Score e Tamor). À exceção da cultivar Pérola, monóica, todas as demais cultivares são híbridos ginóicos. As parcelas foram constituídas de quatro linhas de 6 m, sendo o espaçamento de 1,00 x 0,30 m, com duas plantas por cova. As linhas centrais constituíram a área útil. A adubação constou de 1.000 kg.ha-1 de 4-14-8 mais 10 t.ha-1 de cama de galinha, sendo realizadas duas coberturas com 100 kg.ha-1 de sulfato de amônio, 15 e 30 dias após plantio.
O plantio foi realizado em 10 de agosto de 1988, com irrigação por sulcos, duas vezes por semana. O plantio foi conduzido tutorado, sendo que os demais tratos fitossanitários empregados foram os usualmente utilizados em pepino, realizados somente até o início da floração (33 dias). Após este período, foram utilizados somente produtos a base de enxofre, pulverizados semanalmente até o fim da colheita.
As colheitas foram realizadas três vezes por semana, por um período de 40 dias, perfazendo um total de 16 colheitas, iniciadas 42 dias após o plantio. Foram avaliados rendimento comercial e não comercial (t.ha-1), peso médio de frutos (g), número de frutos por planta e proporção de frutos comerciais (Tipo 1: frutos com 9 a 12 cm de comprimento) e não comerciais (frutos com mais de 12 cm de comprimento, curvos e afilados). Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. Os dados originais para percentagem foram transformados para arco-seno para efeito de análise estatística.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se que o rendimento (Tabela 1) mais alto foi apresentado pela cultivar Indaial (29,72 t.ha-1), que não diferiu estatisticamente do resultado observado para as cultivares Score (26,46 t.ha-1), Colônia (26,43 t.ha-1) e Ginga AG-77 (26,12 t.ha-1). A cultivar Pérola foi a que apresentou a produtividade significativamente mais baixa (13,91 t.ha-1). O menor desempenho produtivo da cultivar Pérola, deve-se, além do fato da cultivar não ser um híbrido como as demais em experimentação neste trabalho, provavelmente, ao seu caráter monóico que, em condições de fotoperíodo longo e temperatura mais elevada, leva ao desenvolvimento de um maior número de flores masculinas. Estes resultados foram superiores aos observados por Pereira et al (1976), que verificaram rendimentos variando entre 2,2 a 4,3 t.ha-1, assim como superiores também aos resultados alcançados por Resende & Pessoa (1996), trabalhando com pepino do tipo "cornichon", e ao rendimento médio de Santa Catarina, entre 10 e 12 t.ha-1 (EMPASC, 1988). Os resultados obtidos neste trabalho foram similares aos de Kretchman (1988), que menciona rendimentos variando de 26 a 28 t.ha-1, assim como similares também aos resultados relatados por Santos et al. (1979), que obtiveram rendimentos de 22,8 a 26,56 t.ha-1, e por Silva et al. (1992), que verificaram um rendimento de 23,8 t.ha-1 na mesma densidade de plantio.
Para peso médio de frutos, observou-se uma variação de 49,17 a 67,35 g, sobressaindo-se a cultivar Pérola. Pereira et al. (1976), testando seis cultivares de pepino para conserva, verificaram valores inferiores a este para peso médio de frutos, variando entre 23,04 e 28,32 g. No que se refere ao número de frutos por planta, constatou-se que as cultivares Indaial, Score, Ginga AG-77 e Tamor apresentaram os melhores desempenhos (Tabela 1), não diferindo significativamente entre si. A cultivar Pérola, conforme já havia sido constatado para rendimento, foi aquela que apresentou o desempenho estatisticamente mais fraco, com apenas 3,18 frutos por planta. Esses resultados estão próximos aos obtidos por Silva et al. (1988), que observaram a ocorrência de 10,8 frutos/planta, e são semelhantes aos resultados relatados por Cantliffe & Phatak (1975), que verificaram 8,5 a 6,3 frutos por planta para as cultivares Bounty e Premier, em densidade populacional igual à do presente trabalho.
Em relação à classificação dos frutos (Tabela 2), verificou-se uma maior proporção de frutos Tipo 1, de maior cotação no mercado, para todas as cultivares. Embora as cultivares Ginga AG-77 (77,96%), Levina (75,71%) e Tamor (73,58%) tenham se sobressaído estatisticamente em relação às demais, observou-se pequena variação entre as cultivares testadas, demonstrando seu bom padrão no que se refere à produção de frutos adequados ao processamento na forma de conserva. Os resultados alcançados neste trabalho para a produção de frutos Tipo I são superiores aos resultados apresentados por Silva et al. (1979), que obtiveram o máximo de 66,57% de frutos Tipo 1, utilizando a cultivar Premier.
Analisando a porcentagem de frutos não comerciais, verificou-se uma variação de 22,45 a 37,14%, tendo as cultivares Levina, Tamor, Ginga AG-77 e Primepak apresentado as porcentagens estatisticamente mais elevadas (Tabela 2). As cultivares Indaial, Pérola, Colônia e Itapema foram as que apresentaram as proporções mais baixas de frutos não comerciais. Cerne (1994) observou até 30% de frutos não comerciais para a cultivar Levina, enquanto Silva et al. (1988) verificaram uma variação de 20,7% a 35,6% para as cultivares Score e Ginga AG-77, com diferentes densidades populacionais.
Em relação ao ciclo vegetativo, as cultivares apresentaram resultados similares, com pequenas variações de ciclo (76 a 82 dias), que não chegam porém a viabilizar um provável planejamento do período de produção. Para precocidade, verificou-se que as cultivares apresentaram o mesmo período de colheita inicial, à exceção da cultivar Pérola, que mostrou-se mais tardia iniciando sua colheita doze dias após as demais. No que se refere a ocorrência de pragas e doenças, não se observou a incidência de doenças foliares que causassem danos às cultivares. Entretanto, para pragas, observou-se, por ocasião das últimas colheitas, um maior ataque do ácaro-rajado, em reboleiras.
O bom desempenho das cultivares Indaial, Score, Colônia e Ginga AG-77, destacando-se nas diferentes características analisadas, as viabiliza como uma alternativa de plantio. As cultivares Tamor e Levina também apresentaram bons resultados, especialmente no que se refere à produção de frutos comerciais do tipo I.
LITERATURA CITADA
Aceito para publicação em 30 de novembro de 1998
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
05 Fev 2013 -
Data do Fascículo
Mar 1999
Histórico
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Aceito
30 Nov 1998