Pasteur descobriu, construiu, inventou o ácido lático? Este nó górdio dos estudos sociais das ciências é alegremente cortado quando a cena vivida em 'Lille-1857' se povoa dos personagens conceituais whiteheadianos. A 'natureza' a que se dirige Pasteur não fala a linguagem dos enunciados científicos, mas nem por isso é muda. Ela está saturada de proposições. Na medida em que o personagem de Pasteur é o de um cientista, ele 'é agido' por uma proposição singular, "a tale that perhaps might be told", como diria Whitehead, mas que só se tornará verdadeira ou falsa se Pasteur conseguir fazer corresponder a ela um mundo real capaz de fornecer-lhe seus sujeitos lógicos de um modo que seja prova para "quem quer que julgue com imparcialidade". Híbrido-mediador-tradutor das proposições pastorianas e microrganísmicas, o meio experimental "faz o acontecimento", encontro de onde surgem um novo Pasteur e um novo fermento, parceiros de uma nova história.
Pasteur; Whitehead; ácido láctico; historicidade