Resumos
Nesta Nota problematizo alguns aspectos envolvidos com o processo de realização de uma pesquisa, em um laboratório dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico de novas vacinas. Ela sintetiza parte de um capítulo de minha tese de doutoramento intitulado Diário de uma pesquisa. O diário foi concebido, em parte, com o intuito de relatar como a pesquisa de campo foi realizada, salientando a experiência pessoal de vivência no laboratório, conversas e entrevistas com os pesquisadores e técnicos, bem como a aprendizagem sobre o trabalho e as tecnologias ali utilizadas. Procurei ater-me à proposta dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, portanto basear o estudo dos laboratórios na descrição densa desses espaços.
Estudos de laboratório; antropologia da ciência; técnicas de pesquisa social
This note explores some aspects of conducting research at a laboratory for the research and technological development of new vaccines. The note synthesizes part of a chapter of my doctoral dissertation, entitled "Diário de uma Pesquisa" (Diary of a research study). The idea of the diary is, in part, to show how the field research was conducted, and it underscores the personal experience of working in a laboratory, conversations and interviews with researchers and technical staff, and the process of learning about the work and the technology used. Since my interest is the social studies of science and technology, I have based the study on a dense description of these laboratory spaces.
laboratory studies; anthropology of science; social research techniques
NOTA DE PESQUISA
As ciências sociais entre biólogos e vacinas: agruras do estudo em um laboratório
The Social Sciences among biologists and vaccines: the hardships of study in a laboratory
Márcia de Oliveira Teixeira
Pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz Av. Brasil, 4365 21045-000 Rio de Janeiro RJ marciat@fiocruz.br; marciat23@hotmail.com
RESUMO
Nesta Nota problematizo alguns aspectos envolvidos com o processo de realização de uma pesquisa, em um laboratório dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico de novas vacinas. Ela sintetiza parte de um capítulo de minha tese de doutoramento intitulado Diário de uma pesquisa. O diário foi concebido, em parte, com o intuito de relatar como a pesquisa de campo foi realizada, salientando a experiência pessoal de vivência no laboratório, conversas e entrevistas com os pesquisadores e técnicos, bem como a aprendizagem sobre o trabalho e as tecnologias ali utilizadas. Procurei ater-me à proposta dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, portanto basear o estudo dos laboratórios na descrição densa desses espaços.
Palavras-chave: Estudos de laboratório; antropologia da ciência; técnicas de pesquisa social.
ABSTRACT
This note explores some aspects of conducting research at a laboratory for the research and technological development of new vaccines. The note synthesizes part of a chapter of my doctoral dissertation, entitled "Diário de uma Pesquisa" (Diary of a research study). The idea of the diary is, in part, to show how the field research was conducted, and it underscores the personal experience of working in a laboratory, conversations and interviews with researchers and technical staff, and the process of learning about the work and the technology used. Since my interest is the social studies of science and technology, I have based the study on a dense description of these laboratory spaces.
Keywords: laboratory studies, anthropology of science, social research techniques.
Introdução
Este texto sintetiza discussões presentes em um capítulo de minha tese de doutoramento Diário de uma pesquisa (Teixeira, 2001). Nela, analisei as práticas de produção de ordem que asseguram a realização dos experimentos e a produção da sociabilidade entre pesquisadores, técnicos e assistentes de pesquisa. Para tanto, ocupei-me de um laboratório ligado a um centro público de pesquisas, localizado no município do Rio de Janeiro, cujo intuito é explorar as potencialidades do emprego da tecnologia do DNA recombinante para o desenvolvimento de novos antígenos vacinais.
O diário é um registro de acontecimentos, impressões e confissões. Assim, o intuito primeiro era relatar como a pesquisa de campo foi realizada, deter-me na experiência de estar no laboratório, conversar com os pesquisadores e técnicos, entrevistá-los, aprender mais sobre o trabalho e as tecnologias ali utilizadas.
Nesta nota, contudo, prendo-me à realização de uma descrição densa desse laboratório e, por conseguinte, às considerações acerca da investigação sociológica das práticas tecnocientíficas. Falarei, fundamentalmente, da observação, abdicando de tratar dos processos de realização das entrevistas e de elaboração do texto final.
O início
O primeiro momento foi tomado pelo planejamento da pesquisa de campo, portanto de ponderações em torno das técnicas e dos métodos. Essas ponderações conduziram-me a novos modos de pensar o objeto e a amostra selecionada. Considerei a acessibilidade às práticas de organização por meio do acesso às narrativas do processo, elaboradas pelos envolvidos 'com esse' processo. As narrativas compreendem as inscrições científicas artigos, papers, relatórios técnicos etc. , além de anotações realizadas ao longo dos experimentos, reuniões técnicas e conversas informais. São relatos bastante diversos e de diferentes níveis de formalidade, sobre práticas e modos diversos de conectar humanos (pesquisadores e técnicos) e não-humanos (equipamentos, materiais).
Todavia, qual o sentido de considerar as narrativas relatos (diferentes) de organização? Relatos não descrevem um processo que se passa fora deles. Sigo as proposições da etnometodologia (Freitas, 1990; Coulon, 1995; Button et alii, 1998), segundo as quais as descrições são práticas da constituição do mundo social (Schutz, 1979). O argumento gira em torno do que está envolvido no narrar. Ao narrar uma situação, nós a estamos organizando segundo certos parâmetros (tempo, espaço, escala de valores), estabelecendo algumas relações e rupturas. No relato, diferenças e aproximações são estabelecidas, cadeias causais e temporais são tecidas, não há separação entre a performance1 1 Por 'performar' ou realizar uma performance designo a produção contínua, a materialização e, por vezes, a realização de algo no interior das interações sociotécnicas, numa clara alusão às proposições dos etnometodólogos. A performance realiza-se sempre entre aliados ou oponentes, em uma aliança entre dois ou mais indivíduos. e a sua narrativa. Porém, o narrar é uma dimensão acessível do organizar (Latour et alii, 1989), em geral a única acessível ao pesquisador.
Adotei, por conseguinte, como suposição prévia, que as narrativas embutem atribuições da ordem. Desse modo, instituem e reinventam, a cada instante, uma nova ordem ou, por vezes, atualizam um ordenamento estabelecido. Logo, necessitava de dispositivos capazes de garantir acessibilidade às interações entre humanos e não-humanos, porém não necessariamente situados no laboratório; outros atores, não situados ali e nem sempre diretamente relacionados àquele espaço, deveriam ser considerados. A discussão da organização dependia do acesso aos documentos, da realização de entrevistas com colaboradores e gestores e do acompanhamento das discussões formais ou informais, nas quais os humanos envolvidos se posicionam. São caminhos traduzidos em algumas técnicas entrevistas semi-estruturadas e entrevistas abertas.
Um segundo eixo preponderante foi a consideração do cotidiano, do acesso às práticas de pesquisa. Tratava-se de explorar a naturalização das práticas mais cotidianas, o modo como elas pautam as ações de todos e passam a ser compartilhadas como o "certo a ser feito" a cada momento e o modo "como deve ser feito" (Martins, 1998). E indagar, depois, como esse 'natural' é instaurado; como essa atribuição (natural) torna-se possível e atualiza-se (Woolgar, 1996).
Isso tem relação com o que nomeio 'organizar'. As normas, a rotina, tudo posto como 'natural' é produzido, é alvo de acordos não-cristalizados, não-perpetuados por si. São, por conseguinte, acordos provisórios, objetos de embates entre diferentes concepções de laboratório, estratégias experimentais e prioridades e alvos de ações de qualificação e controle. Parti, portanto, da suposição de que as normas e os modos de execução das práticas e a forma das rotinas são atribuições em processo (Teixeira, 1999). Caberia, então, uma análise mais detida nos modos utilizados pelo grupo para organizar o espaço, trabalhar em grupo, aprender, produzir e atualizar normas. Optei pela observação do trabalho no laboratório e dos espaços de reunião mantidos pelo grupo. A técnica selecionada foi a observação, na qual o pesquisador torna-se um "participante-como-observador" (Minayo, 1994).
O período de observação foi, de fato, a primeira fase do trabalho de campo. Anterior a ela houve apenas o levantamento de informações prévias sobre o laboratório e o primeiro contato com o seu chefe. A generalidade das informações reunidas já me indicava a necessidade de principiar por algo capaz de possibilitar uma visão mais 'próxima' do laboratório. Essa intenção calçou-se nas sugestões de Latour e Steve Woolgar (1989), bem como em pesquisas anteriormente realizadas por mim, também na área de laboratórios de pesquisa em saúde (Teixeira, op. cit.). Projetos anteriores contemplaram uma fase extensa de observação. Aqui, essa fase possibilitaria conhecer a formação e as atividades dos pesquisadores, assistentes e técnicos, identificar as principais técnicas, os equipamentos, os materiais empregados, a articulação interna entre os projetos, além de qualificar as relações com os interlocutores, destacando os principais. Porém era preciso, antes de tudo, contatar o chefe do laboratório e a equipe.
No meu primeiro encontro com o chefe, a conversa girou em torno da apresentação do projeto. Meu principal propósito era obter sua permissão para estudar o laboratório. Os objetivos do projeto foram apresentados e discutidos, e um resumo bastante detalhado lhe foi entregue na ocasião. Esbocei o desejo de marcar uma reunião com a equipe, com a mesma finalidade. Acertamos um encontro com o grupo, a ser realizado durante os trinta minutos iniciais de uma reunião já marcada.
Duas pesquisadoras da equipe não me eram de todo estranhas. Para ser mais precisa, já havia sido colega de trabalho de uma delas, Cristina. Na época Cristina também trabalhava com Marisa em um outro laboratório, a quem fui apresentada e com quem me encontrei em mais de uma ocasião. Ao longo da pesquisa, contudo, isso me causou algumas apreensões. Temia estar sendo parcial ao privilegiar, em alguns momentos, seus relatos, principalmente os de Cristina. Era mais fácil conversar com ela, assim como rever aspectos que não havia entendido. Não sabia se de fato podia tomá-la como informante, na acepção atribuída pelas pesquisas etnográficas. Preocupava-me sobremaneira o fato de os demais me acharem parcial. Esta é só uma das angústias que rondaram a pesquisa; voltarei a elas mais adiante.
O conhecimento prévio de duas pesquisadoras, sobretudo Cristina, facilitou o desenrolar do primeiro encontro. A tensão própria à ocasião foi amainada mas não de todo eliminada. Afinal não era uma mera visita; a proposta era estudar o grupo e eu teria de convencê-los a me aceitar ali. Porém, a despeito de minha apreensão, o primeiro encontro transcorreu com tranqüilidade. O resumo, anteriormente elaborado para o chefe do laboratório, foi entregue à equipe. Expus os objetivos da pesquisa e o modo como tencionava realizá-la. Disse algo também sobre a divulgação dos dados, por meio de papers e artigos científicos, além da tese propriamente dita. Muito dessa exposição foi auxiliada por questões argüídas pelo chefe do laboratório e, de algum modo, ele participou ativamente no convencimento do grupo. Notei, desde então, um interesse de sua parte em relação ao trabalho, ainda que muito difuso. O fato de ter selecionado o laboratório, entre tantas alternativas, pareceu ter sido significativo para ele.
Parte considerável da conversa circundou os possíveis 'ganhos' para a equipe. Naquele dia muitos deixaram entrever um sentimento que seria manifestado, de diversos modos, ao longo do trabalho. Eles demonstraram um vivaz interesse em saber como 'os outros' viam o laboratório. Curiosidade normal, porém aqui misturada com uma interpretação, disseminada entre o grupo, de que o laboratório ocupa uma posição débil em relação aos demais laboratórios da instituição.
A possibilidade de discutirmos posteriormente o trabalho e o acesso aos dados sistematizados sobre o laboratório e seu entorno foi destacada por mim. Comprometi-me com uma apresentação prévia, realizada em março de 2001. Em maio entreguei a cada membro da equipe as partes do texto nas quais ele era citado. A idéia era obter o consentimento do uso dos registros por parte de todos e efetuar em conjunto as correções. Esses cuidados tiveram uma inspiração ética, no entanto não se esgotavam nela. O intuito não era alcançar um consenso, uma concordância com as análises realizadas, mas algo que o grupo pudesse reconhecer como fruto efetivo do trabalho realizado. Um trabalho situado ali e relativo àquelas circunstâncias. Tencionava, por outro lado, esclarecê-los da melhor forma possível quanto aos objetivos da pesquisa.
Nesse primeiro encontro apresentei minha decisão de manter no anonimato o nome do laboratório, sua vinculação institucional e os nomes de todos os entrevistados, em especial os da equipe de pesquisa. Assim, cada pessoa seria designada por um nome fictício. Meu intuito inicial era preservá-los. Acreditava, também, na conveniência de ocultar o nome do laboratório, para afastar tentativas de tomar minha pesquisa como uma avaliação dele. Considerava ser, igualmente, um modo de reafirmar a intenção de estar realizando um estudo em 'um' laboratório. Ao final da reunião, ficou acertado o início da fase de observação.
A observação
A fase de observação seguiu-se à realização das duas reuniões e foi tomada por uma série de apreensões e dificuldades. A aproximação é sempre difícil, tanto quanto o sentimento de invasão do mundo de trabalho daqueles indivíduos. Antes de penetrar em um mundo desconhecido para mim, penetro no mundo cotidiano de outrem. Isso implica compartilhar boa parte de seu dia de trabalho, um dia repleto de alusões a outros mundos, outras situações à casa, aos cursos, a outros laboratórios e pleno de conflitos e tensões. Partilhar o espaço de trabalho é viver parte da intimidade daqueles que passam ali boa parte do seu dia. (Dodier, 1993; Boltanski et alii, 1991).
Procurei manter, ao longo de quase três meses, uma sistemática de, no mínimo, três visitas semanais, iniciadas em abril de 2000. Não tinha um horário rigoroso; às vezes permanecia nos dois turnos e outras, apenas em um. O tempo de permanência e a intensidade da freqüência obedeceram a algumas variáveis.
De início não tinha pensando em como organizar as 'visitas' ao laboratório. Imaginava ser necessário traçar uma estratégia capaz de viabi-lizar a obtenção das informações. A primeira visita foi de reconhecimento do espaço e teve uma duração de pouco mais de duas horas. Muito do que deveria ser alvo de uma observação mais atenta, posteriormente, já se apresentou nesse primeiro mapeamento. Relendo, hoje, as anotações realizadas naquele dia, encontro menção à diversidade de dispositivos para organização dos materiais, as escalas para uso de determinados equipamentos, a disposição das bancadas de trabalho e algumas diferenças quanto à formação e aos tipos de vínculos dos pesquisadores e assistentes. Nessa primeira visita, uma estratégia foi finalmente escolhida.
De fato, utilizei procedimentos já adotados. No primeiro projeto realizado em laboratórios de pesquisa em saúde, o período de observação foi todo ele organizado em torno da rotina individual de trabalho dos técnicos de nível médio (Teixeira, op. cit.). A estratégia aqui era seguir alguns, senão todos, os membros do laboratório, utilizando a 'observação'. Ela consistiu na análise de suas atividades ao longo de um dia, intercalando-a com conversas, ora sobre as práticas, ora sobre sua história com esse espaço e os objetivos mais gerais do experimento. O acompanhamento da rotina foi intercalado com a "vivência juntos de acontecimentos julgados importantes pelos entrevistados" (Minayo, op. cit., p. 142). Procurei imprimir um ritmo informal, capaz de possibilitar o partilhamento do cotidiano, embora o caráter temporário da relação, carregado da intencionalidade de estudá-los, não fosse esquecido.
A princípio não tinha claro se tal estratégia deveria ser usada para todos. E, na prática, ela foi flexibilizada. Alguns foram mais 'acompanhados' do que outros. Isso tem relação com o tempo, a intensidade de minha permanência no laboratório e com a concordância de cada um em participar da pesquisa.
A experiência anterior, de acompanhar técnicos em sua rotina, muito me havia dito. Na época ela 'funcionou' melhor com alguns técnicos do que com outros. Hoje, analisando retrospectivamente, atribuo as razões a tudo aquilo que é caro à microssociologia a situação, a posição de alguns em relação à equipe, os processos e os fluxos (Martins; Coulon, op. cit.). Todavia, antes o intuito era concentrar-me nas atividades e nas relações de trabalho mantidas pelos técnicos de nível médio; agora, tratava-se de abordar toda a equipe de pesquisa.
Pequenos aspectos contribuíram para a decisão de observar mais atentamente ou não cada membro2 2 'Membro' está sendo empregado na acepção etnometodológica: um indivíduo dotado de modos de agir, métodos e práticas compartilhadas por um grupo. da equipe. O processo de trabalho foi o mais destacado; há diferenças entre trabalhar sozinho ou realizar experimentos com alguém. O trabalho compartilhado implicava a presença simultânea de mais de um membro na bancada. Quando isso ocorre, a observação se complexifica muito e torna-se estratégica, por permitir o foco em um só ponto durante um intervalo de tempo, por mais que o acompanhemos na sua interação com outros. Para o pesquisador, naquele breve intervalo de tempo são as ações e relatos dos membros na bancada que organizam a interação, e mais nada.3 3 Este 'mais nada' deve ser posto sempre entre aspas. Um dos aspectos mais extenuantes da observação é estar atenta a uma situação (como, por exemplo, acompanhar Solange na realização de um experimento) e suficientemente conectada com o entorno para captar uma outra situação e se desviar do foco inicial, se for o caso. No laboratório encontrei duas situações: a execução eventual de experimentos em conjunto; e pesquisadores cujos experimentos são sempre realizados em dupla. Neste último caso, os pesquisadores costumam dividir a execução das etapas, e optei por consultá-los antes de escolher a estratégia mais adequada para obter informações. Como suspeitava, a opção deles recaiu na entrevista realizada fora do laboratório.
Um segundo aspecto relevante para a decisão foi o espaço no qual o trabalho está sendo realizado. As bancadas são apertadas e muitos falavam simultaneamente sobre diferentes assuntos. Em alguns períodos, como os que antecediam eventos científicos, a observação individual ficava comprometida. Nessas circunstâncias, para o observador, os desvios são incessantes e convidam à dispersão. Para ele, que problematiza a produção de ordenamentos, a disposição do espaço cedo torna-se também uma fonte de problematizações espaço quase permanentemente desordenado, mas repleto de dispositivos de ordenamento, o que leva a refletir sobre as relações entre ordem e desordem.
Um outro aspecto se encaixa no rol daqueles totalmente subjetivos, aqueles sobre os quais o leitor pode ficar indeciso entre a inabilidade do pesquisador para contornar a situação ou solidarizar-se com ele, admitindo a existência de dificuldades implícitas. Refiro-me aos desempenhos individuais, ao modo como cada um trabalha e se organiza para fazê-lo. Com o tempo, é possível perceber as diferenças. Alguns procuram definir qual experimento farão ao longo do dia e concentram-se em suas etapas em sua maioria, os experimentos de biologia molecular envolvem várias técnicas e cada uma divide-se em etapas. Outros realizam mais de um experimento ou procuram abreviar, o mais possível, a realização daqueles desdobrados em várias etapas. Isso se relaciona com o modo individual de trabalhar e, em alguma medida, no laboratório pesquisado, com o número de projetos com os quais cada um está envolvido e com a fase de cada um dos projetos. Assim, alguns realizam muitas tarefas quase simultaneamente, o que demanda o deslocamento físico permanente entre diferentes espaços e a interação com muitos outros membros em períodos muito curtos. Esse deslocamento inclui desde mover-se pelas salas do laboratório, por outros espaços no mesmo pavimento ou outros pavimentos, até o extremo de dirigir-se a outros prédios. No entanto, entender como a sucessão de deslocamentos inibe a observação implica o entendimento da incorporação dessa dinâmica no cotidiano de trabalho do pesquisador.
A ausência de alguns materiais obriga os pesquisadores a realizar esses deslocamentos com mais assiduidade do que muitos gostariam. Idas a outros andares, para uso de centrífugas e câmara escura, e até a outros centros de pesquisa são comuns. Entretanto, aponto esse aspecto como inibidor da observação quando o deslocamento torna-se uma prática incorporada à rotina, ou seja, quando não é impingido pela falta ocasional de algo. A organização do trabalho, da rotina daquele pesquisador incorpora o deslocamento. Este ocorre porque os pesquisadores estabelecem um cronograma extremamente apertado para realizarem seus experimentos. O efeito é o excesso de atividades em um único dia. Esta estratégia de organização, por seu turno, pode redundar em um efeito positivo. Quando visualizamos um período longo de tempo, ela implica a geração de um volume grande de resultados em um espaço curto. E, em alguma medida, esse deslocamento está relacionado às estratégias produzidas ao longo de sua formação e em outras experiências de trabalho, que o permitem lidar permanentemente com isso.4 4 Interessantes são os conflitos gerados a partir dessas diferenças, conflitos traduzidos sob a forma de expectativas quanto aos resultados, de ansiedade quanto à 'demora' para executar algum experimento. No geral, observei que essas diferenças geram cobranças mútuas e, em alguns casos, certa intolerância de uns em relação a outros.
O fato de alguns pesquisadores estarem permanentemente atribulados dificulta a observação. Nesses casos, considerei que minha insistência em 'perseguir' esses pesquisadores pelo laboratório poderia comprometer nossa interação. Assim, optei pela realização de entrevistas. Admito, talvez, ter cedido à minha inabilidade muito rapidamente, não tentando outras estratégias para efetuar a observação.
A permanência e a intensidade da observação foi obedecendo à sucessão desses episódios e à dinâmica de minha interação com o grupo. No entanto, muito contribuiu minha disponibilidade igualmente física e mental. É difícil expressar tudo o que está envolvido nessa proposta de trabalho. Um pouco das dificuldades sobre a invasão do cotidiano de estranhos já foi dito. Aliás, muito se escreve sobre o tema nas pesquisas que têm na etnografia sua ancoragem metodológica. Outro aspecto, já mencionado, é a atenção necessária ao interlocutor privilegiado, sem contudo desligar-se completamente do entorno. Outros procedimentos são a anotação de falas, situações e as próprias impressões; o registro do ocorrido, do relato sob o ocorrido e do contexto no qual esse relato está sendo feito, além de seu autor; o preenchimento, ao final do dia, das lacunas, inevitáveis, no caderno de campo. (Sim, pois é imprescindível um caderno de campo.) Deve-se, também, ficar atento àqueles momentos nos quais o caderno e a caneta precisam ser postos de lado. Igualmente é preciso perceber as ocasiões em que não se é bem-vindo, quase sempre as mais tensas e mais reveladoras. Não obstante, a atenção não se mantém sempre nos mesmos níveis, e às vezes não controlamos ou controlamos pouco as interações em uma pesquisa de campo. Porém, antes de tudo, o pesquisador está envolvido em uma série de situações, além de experimentar uma interação singular com cada membro do laboratório.
O entendimento das articulações entre os projetos, seus objetivos e os experimentos foram uma seara plena de dificuldades e armadilhas. As falas costumavam transcorrer em dois extremos: ou muito simplificadas, pecando pela incompletude, ou demasiado técnicas. Estas últimas normalmente se faziam acompanhar por um ritmo acelerado do relato, e as anotações eram sacrificadas para não interromper o entrevistado. Posteriormente, as dúvidas se multiplicavam. Assim, não raro, estava exausta após algumas poucas horas de trabalho, e o ânimo pelo desafio de estar diante do novo às vezes arrefecia.
Junto ao desgaste físico e mental, havia o envolvimento com o grupo. E aqui retomo o fato de conhecer previamente duas das pesquisadoras do laboratório. Isso foi importante por ter me permitido resgatar certas questões de cunho etnográfico, sempre presentes nos relatos e absolutamente fundamentais para o entendimento posterior do trabalho de pesquisa.
Ao instituir um 'informante', ou pelo menos algo parecido com um, o receio é incorrer na parcialidade. O informante está inserido no contexto interacional, desempenha agenciamentos, está envolvido nos conflitos e pode, até, ser um desencadeador deles. Ele não deve ser encarado como o melhor interlocutor, mas como o possível. Ainda me debato diante da dúvida de ter ou não atribuído a uma dessas pesquisadoras a posição de informante. Se o fiz, foi episodicamente. Relendo o caderno de campo, sobretudo o registro das primeiras semanas, percebo como as referências a ela são tímidas. Depois se intensificam um pouco, à medida que a fase de observação caminha para o final. Isso me sugeriu que, se fosse possível tomá-la como informante, seria mais adequado fazê-lo na fase seguinte à da observação, quando teria me distanciado do dia-a-dia do laboratório. Talvez configurasse, na verdade, uma tentativa de não me distanciar em demasia dele. Tomá-la, por algumas poucas vezes, como informante nessa fase também já não me parecia comprometedor, pois agora eu conhecia um pouco sobre algo absolutamente desconhecido anteriormente: sua posição nesse espaço interacional. Na fase subseqüente tive informantes de ocasião. Tê-los é fundamental para resgatar situações, contextualizar projetos, entender documentos, localizar colaboradores e esboçar as entrevistas.
Outros dilemas se impõem. Por um lado, o receio de ser parcial, de tomar uma posição ou levar os outros a acreditar que assim o fez. Por outro, o desejo de não ser apenas um 'estrangeiro' não de perder a perspectiva crítica e inquiridora, mas de gozar de proximidade com os membros da equipe. É um desejo que nos invade muito lentamente e manifesta-se na preocupação com os resultados das pesquisas, o reconhecimento do grupo, a renovação das bolsas de pesquisa. É como torcer tímida e silenciosamente para alguém.
Três situações que vivenciei, bem diferenciadas, darão maior nitidez aos dilemas a que me refiro. Primeiro episódio: Mônica, Cristina e Ana estão no escritório. Cristina indaga sobre a inclusão de alguns itens na solicitação de compras do laboratório. Elas tecem algumas considerações. Cristina pondera sobre os critérios a serem utilizados no pedido, atendo-se principalmente aos materiais relacionados aos projetos colaborativos. Mônica e Ana trabalham em um desses projetos. Após a saída de Ana, há uma conversa entre Mônica e Cristina sobre ele. (Há uma certa tensão entre os membros do laboratório, naquele momento, em relação ao assunto.) A certa altura, emito algumas considerações, não propriamente sobre o projeto mas relativas aos comentários e apreensões de ambas. A questão que me coloco é: eu deveria tê-las feito?
Segundo episódio: na sala de reuniões do laboratório, todos participam da apresentação dos resultados do projeto de Marisa. Nos últimos meses, muitos problemas ocorreram e a pesquisadora está visivelmente desanimada. A reunião transcorre num clima inusita-damente tenso. Há muitas opiniões divergentes sobre as possíveis perspectivas do projeto, e algumas discordâncias quanto ao modo de trabalhar e de organizar as atividades são manifestadas. Marisa me parece cada vez mais defensiva. Uma certa hostilidade em relação a algumas posições vai se esboçando, apesar da preocupação de não desencadear um confronto direto. As falas e ponderações não têm o mesmo peso, algumas estão investidas de mais 'poder', naquele momento. Ao final, o grupo se dispersa rapidamente. Cristina e Marisa resolvem sair logo para almoçar, convidam-me a acompanhá-las e eu aceito. A questão não é nova, e mais uma vez se resume em: eu deveria ter ido? Isso pode ser encarado como uma tomada de posição favorável à Marisa? O que está em jogo, nessas situações?
Terceiro episódio: no escritório, converso com Solange e Márcio sobre o andamento das obras para a mudança do laboratório. Ausentei-me por alguns dias e esperava encontrar o espaço pronto, no qual seria montado o escritório provisório. Márcio surpreendeu-se com minha crítica quanto à demora. Fiquei visivelmente atordoada com sua forte reação. Respondi com uma veemência que, pouco depois, assustou-me. Nossa conversa, felizmente, foi interrompida por um providencial telefonema. Deveria eu ter externado meu desconforto com a sua reação? Como seguiria, a partir daquele ríspido diálogo, nossa relação? Seus comentários estariam denunciando algum incômodo com minha permanência prolongada no laboratório?
Seria possível citar outros episódios que ilustram a ausência de limites claros e as dificuldades do pesquisador e do grupo pesquisado em controlar situações próprias da convivência cotidiana, na qual há uma assimetria de posições entre ambos. Não tenho respostas; no entanto, fazer essas perguntas com insistência é parte do processo da pesquisa.
Comentários finais
Em meu diário, de mais de um modo reportei-me a temas recorrentes no debate antropológico. Nele falo sobre pesquisas que transcorrem muito próximas das vivências comuns, estudadas pela antropologia ou à moda dela. O 'objeto' nunca esteve distante, pois não só lidei com práticas culturais semelhantes às minhas, como identificava questões vivenciadas por mim em outros contextos.
A opção pelo anonimato radical, de instituições e indivíduos, também converteu-se num ponto desconcertante tão logo encerrei o trabalho de escrita. Hoje duvido de sua propriedade, ou pelo menos da sua extensão. Essa questão foi comentada por John Law (1988) e eu conhecia as ponderações do autor, mas as ignorei por um bom tempo. Coloco o dilema nos seguintes termos o anonimato radical é compatível com uma análise densa5 5 Utilizo a expressão 'análise densa' como uma variante da 'descrição densa', esta conforme as proposições de Clifford Geertz (1989). Partindo de um trabalho anterior de Gilbert Ryle, Geertz emprega descrição densa para designar a prática em si da pesquisa antropológica, baseada, em geral, na etnografia. Geertz recusa-se a enveredar por uma discussão meramente tecnicista, como ocorre a alguns quando se propõem a refletir sobre essa prática, uma vez que a análise procura entender e conectar sentidos. A descrição densa é um tipo de descrição de situações, em geral bastante cotidianas, em que estão em jogo os sentidos socialmente atribuídos às ações em contextos específicos. Por outro lado, essa atribuição deve ser alvo de algumas problematizações, pois as descrições implicam na produção de estratégias de leituras/interpretação pelo pesquisador, na operação de cortes e na eleição de um informante ou de um grupo determinado. , que atribui destaque às interações locais. E mais: ao adotá-lo, estaria impondo barreiras intransponíveis ao entendimento do contexto pelo leitor? Hoje, eu teria imposto limites ao anonimato.
Indago freqüentemente se estudei 'um' laboratório ou se realizei um estudo 'em um' laboratório. Esta não é uma discussão recente na antropologia e nos estudos sociais da ciência e da tecnologia (ESCT) (Geertz, 2001), que defenderam com veemência a segunda proposta (Woolgar, 1982). Nos dois campos de discussão encontramos a mesma questão: trata-se de saber como, a partir das circunstâncias, de um inventário de particularidades, produz-se conhecimento. Trata-se, assim, de interrogar a possibilidade de, a partir do estudo em um laboratório, discorrermos sobre as tecnociências; a partir de uma aliança entre a sociologia e a antropologia, analisarmos o processo de produção de conhecimentos tecnocientíficos. Como Steve Woolgar (1982) fez anteriormente, também invoco Clifford Geertz: "A teoria que também é possível e necessária brota de circunstâncias particulares e, por mais abstrata que seja, é validada por sua capacidade de ordená-las em sua plena particularidade, e não por descartar essa particularidade. Deus pode não estar nos detalhes, mas 'o mundo' 'tudo que exemplifica a situação' certamente está" (Geertz, op. cit., p. 128).
Todavia considero que, quanto mais nos prendemos às circunstâncias particulares, mais devemos esclarecer sobre o modo como o fizemos. Comecei, por conseguinte, a escrever o diário pensando em fornecer ao leitor elementos sobre o modo como o levantamento dos dados me permitiram construir seis capítulos de minha tese. É preciso dizer que sempre fiquei intrigada com a carpintaria das monografias dos ESCT e com a brevidade das considerações realizadas por alguns dos seus principais autores. Porém retornar ao 'como' implicou defrontar-me com a validade de tudo que havia escrito. Salientar o 'como' implicou interrogar-me sobre a possibilidade de dizer algo para além daquele laboratório. Quis situar o leitor enquanto eu própria me situava, após algum tempo de imersão na pesquisa e no seu relato. Cedo descobri que não queria tranqüilizar os leitores em relação aos modos como produzi os dados; tudo isso apenas nos traz mais inquietação.
A discussão sobre os estudos 'de' laboratório ou 'nos' laboratórios (Woolgar, 1982) pode ser datada quando consideramos o contexto atual dos ESCT. Apesar de surgida e desenvolvida na década de 1980, entre nós ela deve ser considerada ainda atual. Entre nós, que iniciamos recentemente uma produção própria, que nos deparamos com um território ainda pouco explorado, mas discutido a partir de abordagens que duvidam das possibilidades explicativas da microssociologia, ela merece ser abordada. Entre nós, que mal começamos a indagar o que os estudos locais e densos de um laboratório podem nos dizer da C&T nacionais e que nos lançamos no debate entre disciplinas economia, sociologia, história que elegem, mais recentemente, as tecnociências como objeto de análise.
Do arsenal de problematizações caras às ciências sociais, destaco uma subjacente a algumas partes desta transcrição. Mencionei o 'interesse' do grupo em minha pesquisa. Desde o inicio ele levou-me à indagação da possibilidade de esse trabalho converter-se em matéria para análises do próprio grupo estudado. Tomo o cuidado de não considerá-lo intrinsecamente capaz de solucionar problemas ou transformar relações. Coloco-o em um outro patamar, o de torná-lo um interlocutor 'disponível' para auto-análises do grupo.
Novamente trata-se de lidar com expectativas, às vezes dispersas, às vezes contraditórias e, em geral, frustradas. Havia expectativas por parte do chefe do laboratório e de alguns pesquisadores, nada muito sistematizado e muito menos verbalizado, porém sempre presentes em nossas relações. Todavia há um abismo entre o entendimento de processos, a identificação de problemas e a proposição de soluções. Tal transposição não é imediata; ela exige estratégias analíticas e narrativas diversas. Podemos nos ater a situações consideradas não problemáticas e nossa problematização pode não encontrar, ao final, identidade com o grupo. O(s) problema(s) eleito(s) pode(m) não estar em sintonia com o(s) mais candente(s) para o grupo. É até possível elegermos o mesmo problema, mas ainda assim isso não implica construí-lo, como questão de investigação, de modo a produzir soluções.
Considero essa discussão importante quando penso nos ESCT entre nós. Ela não é nova para antropólogos e sociólogos, instados permanentemente a abandonar o diagnóstico pela proposição de soluções.6 6 Aludo a Clifford Geertz: "Uma das conclusões mais inquietantes a que me levou o ato de pensar sobre os novos países e seus problemas é que tal pensamento é muito mais eficaz para expor os problemas do que para encontrar soluções para eles. ... O sentimento trazido por esse tipo de recompensa pelo trabalho árduo é o que imagino em Charles Brown quando, numa tira de Peanuts, Lucy lhe diz: 'Sabe qual é o problema com você, Charlie Brown? O problema é que você é você.' Após um quadrinho de reflexão muda sobre a irrefutabilidade dessa observação, Charlie pergunta: 'Bem, e o que é que eu posso fazer?' E Lucy responde: 'Não dou conselhos, apenas aponto a raiz do problema'" (Geertz, 2001, p. 32). Não forneceremos respostas para a C&T nacionais, não reorientaremos políticas. Nada é tão simples, tão imediato, tão transformador. A pesquisa, por seu turno, foi organizada com base em um conjunto de referenciais. Por mais que seus objetivos tornem-se de domínio do grupo, isso não significa que eles sejam completamente entendidos. As ênfases entre pesquisador e grupo são diversas. Esquecemos, por vezes, que os grupos estudados não são passivos. Os problemas e as possíveis 'respostas' podem ser totalmente diversos dos produzidos pelo grupo, ao longo da nossa interação. O processo da pesquisa pode ter suscitado questões que escapam aos interesses e à observação do pesquisador. O grupo constitui expectativas e perguntas que se deslocam, alteram-se ao longo do tempo em relação à pesquisa, exatamente como as nossas próprias expectativas e questões.
Pensar em estratégias de discussão dos resultados com o grupo-alvo do estudo é um desafio sedutor para o pesquisador comprometido com os ESCT. É um desafio para quem atribui saliência aos processos de negociação, aos tempos curtos e à longa duração, à produção de sentido, à precariedade da ordem, à heterogeneidade do social. É um desafio, pois envolver o grupo estudado é um modo (um dos modos) de produzir a possibilidade de refletir sobre nossas próprias práticas de produção de ordem e, por conseguinte, sobre o conhecimento científico. Eis um desafio que merece ser enfrentado. E decerto, a exemplo de tantos outros, não consegui fazê-lo. Como a Nota de Pesquisa abriga relatos inacabados, devo emendar: 'ainda' não consegui fazê-lo. Lancei-me, todavia, à construção do diário, à sistematização de indagações suscitadas a cada etapa da observação. Eis um de seus propósitos incitar inquietações acerca das práticas de produção de dados, sua sistematização e, mormente, sua análise e divulgação.
NOTAS
- Boltanski, L. et al. 1991 De la justification: les économies de la grandeur Paris, Gallimard.
- Button et alii 1998 'The organizational accountability of technological work'. Social Studies of Science, 28:1, pp. 73-102.
- Dodier, Nicolas 1993 'Agir em diversos mundos'. Em Carvalho, M. C. (org.). Teorias da ação em debate São Paulo, Cortez Editora.
- Coulon, A. 1995 A Escola de Chicago Campinas, Papirus.
- Freitas. Renam S. 1990 'O antifundacionalismo e a ocasião de estrutura social'. Dados, 33:1, pp. 31-53.
- Geertz, Clifford 2001 'A situação atual'. Em Geertz, C. (org). Nova luz sobre a antropologia Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
- Geertz, Clifford 1999 O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa Rio de Janeiro, Vozes.
- Geertz, Clifford 1989 A interpretação das culturas Rio de Janeiro, Editora Guanabara.
- Latour, B. 1990 La Science en action Paris, Pandore.
- Latour, B. e Woolgar, S. 1989 La Vie de laboratoire: la production des faits scientifiques Paris, Pandore.
- Law, John 1994 Organizing modernity Great Britain, Blackwell.
- Minayo, Maria Cecília de S. 1994 O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde São Paulo, HUCITEC_ABRASCO.
- Martins, José Souza 1998 'O senso comum e a vida cotidiana'. Tempo Social, 10:1, pp. 1-8.
- Schutz, A. 1979 'Fenomenologia e relações sociais'. Em Schutz, A. Textos escolhidos. Wagner, H (org.). Rio de Janeiro, Zahar.
- Teixeira, Márcia 2001 Produzindo em um laboratório: uma análise sociotécnica de suas práticas de produção de ordem Tese de doutoramento, UFRJ/COPPE, Rio de Janeiro, (mimeo).
- Teixeira, Márcia et alii nov/1997-fev/1998 'Trabalho técnico em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento em saúde: um estudo de caso'. História, Ciência, Saúde Manguinhos, IV:3, pp. 493-512.
- Woolgar, Steve 1996 'O fim da cognição? Os estudos da ciência e tecnologia desafiam o conceito de agente cognitivo'. História, Ciência, Saúde Manguinhos, 2:3, pp. 105-33.
- Woolgar, Steve 1982 'Laboratory studies: a comment on the state of the art'. Social Studies of Science, 12, pp. 481-98.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
31 Jul 2004 -
Data do Fascículo
Abr 2004