Os painéis decorativos do salão nobre do Teatro Amazonas singularizam-se em relação ao restante da iconografia que decora o edifício, inaugurado em 1896. Na ocasião, as capitais do Pará e do Amazonas, enriquecidas pela economia gomífera, passaram por significativas transformações no tecido urbano e nas formas de sociabilidade, projetando-se nacional e internacionalmente. O artigo procura identificar paralelos entre as representações paisagísticas da natureza amazônica que decoram o salão nobre do edifício, a construção da cidade moderna e os usos sociais do Teatro Amazonas, símbolo do período e emblema da elite enriquecida que se afirmava no cenário regional e nacional. O Teatro Amazonas ocupou o centro da vida social da época, e em seu salão nobre ocorreram verdadeiros rituais de 'civilização' em que os convidados - brasileiros ou estrangeiros - tinham como cenário privilegiado a natureza amazônica representada nos painéis parietais decorativos.
iconografia; natureza; identidade; civilização