Resumos
Em Machado de Assis, a loucura, seu lugar na sociedade de então e as tênues fronteiras que a separam da razão tornaram-se preocupação constante a partir de 1880, quando houve uma inflexão em sua obra. Por outro lado, o escritor foi referido inúmeras vezes em estudos clínicos interessados na investigação das relações entre arte e loucura. Neste artigo, indico de forma breve a visão da psiquiatria brasileira a respeito das artes, dos artistas e do processo de criação nas primeiras décadas do século XX. E apresento três estudos dedicados ao escritor Machado de Assis e sua obra, produzidos nesse período por psiquiatras que interpretaram fenômenos artísticos sob o ponto de vista da psicopatologia, buscando explicitar a lógica interna a essas abordagens.
loucura; literatura; terapia ocupacional; saúde mental; Brasil
Madness, its place in society, and the tenuous boundaries separating it from reason became a constant concern in Machado de Assis' literary production as of 1880, when a shift can be observed in his work. Clinical studies exploring the relations between art and madness have mentioned this writer countless times. The article offers an overview of Brazilian psychiatry's perception of the arts, artists, and the creative process in the early decades of the twentieth century. It presents three studies on Machado de Assis and his works, written during that period by psychiatrists who interpreted artistic phenomenon from the perspective of psychopathology, and endeavors to identify the inner logic of these approaches.
madness; literature; occupational therapy; mental health; Brazil
ANÁLISE
Machado de Assis e a psiquiatria: um capítulo das relações entre arte e clínica no Brasil*
Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima
Docente do Curso de Terapia Ocupacional/Faculdade de Medicina/Universidade de São Paulo (FMUSP); pesquisadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo em Terapia Ocupacional/Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional/FMUSP. Rua Cipotânea, 51 - Cidade Universitária - 05360-160 - São Paulo - SP - Brasil. beth.lima@usp.br
RESUMO
Em Machado de Assis, a loucura, seu lugar na sociedade de então e as tênues fronteiras que a separam da razão tornaram-se preocupação constante a partir de 1880, quando houve uma inflexão em sua obra. Por outro lado, o escritor foi referido inúmeras vezes em estudos clínicos interessados na investigação das relações entre arte e loucura. Neste artigo, indico de forma breve a visão da psiquiatria brasileira a respeito das artes, dos artistas e do processo de criação nas primeiras décadas do século XX. E apresento três estudos dedicados ao escritor Machado de Assis e sua obra, produzidos nesse período por psiquiatras que interpretaram fenômenos artísticos sob o ponto de vista da psicopatologia, buscando explicitar a lógica interna a essas abordagens.
Palavras-chave: loucura; literatura; terapia ocupacional; saúde mental; Brasil.
A literatura só se instala descobrindo sob as aparentes pessoas
a potência de um impessoal, que de modo algum é uma generalidade,
mas uma singularidade no mais alto grau ...
A literatura só começa quando nasce em nós uma
terceira pessoa que nos destitui do poder de dizer Eu.
Gilles Deleuze
A partir de 1880, naquela que ficou conhecida como sua segunda fase, ou da maturidade, Machado de Assis construiu personagens que perdem a coerência e se desviam do padrão de normalidade. O divisor de águas entre as duas fases da obra machadiana seria Memórias póstumas de Brás Cubas, cuja narração, em primeira pessoa, é assumida por um defunto-autor que apresenta ao leitor, logo no início do livro, a ideia fixa que considera a causa de sua morte. Descreve um delírio, observando que se "ainda ninguém relatou o seu próprio delírio; faço-o eu, e a Ciência mo agradecerá" (Assis, 1994a, p.14).
A partir de Memórias póstumas... surge na obra do escritor, registra Pereira (2008, p.23), um narrador "metido no texto". Segundo esse autor, a mudança de forma na narrativa está relacionada a movimento, verificável também no campo sociocultural, que tem a ver com a entrada na modernidade. Nesse contexto, Machado passou a explorar de forma mais acentuada, na construção de suas personagens, singularidades, pequenas diferenças, quase ínfimas expressões de vida. Como costumava dizer, ele gostava de "catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto" (citado em Teixeira, 1987, p.59). Essa característica revelaria a capacidade de focalizar detalhes, o que o levaria a se orgulhar até de sua miopia (Gledson, 1998).
Em Quincas Borba Machado de Assis (1994b) colocou a loucura no centro da cena nas figuras do filósofo que dá nome ao livro e de seu discípulo, Rubião. Por intermédio dessas personagens encontramos duas figuras de loucura: a primeira, ligada a uma forma de existência excêntrica, cuja exploração dos caminhos do pensamento parece ser consequência dos movimentos de um espírito criador; a outra, loucura de tonalidade tragicômica, mais triste, reveladora da solidão e do abandono a que muitas vezes o louco é condenado.
Foi, entretanto, no conto "O alienista" que o escritor explorou mais profundamente esse tema, elegendo-o como questão em torno da qual a escritura se desenvolve e tratando-o com lucidez e senso crítico aguçado. O centro temático dessa obra é, justamente, a discussão em torno da norma, de sua existência, de sua busca, da delimitação entre loucura e razão, objetivo de Simão Bacamarte, personagem referido no título do conto (Assis, 1977).
Relatando a história da criação de um asilo numa pequena cidade no interior do Brasil, o escritor nos oferece análise precisa e contundente, mas também extremamente irônica, do que foi a prática psiquiátrica brasileira em seu início. Satirizando a adesão incondicional à ciência e mostrando crítica ferina à psiquiatria que se desenvolvia no século XIX, Machado de Assis aborda inúmeras questões ao longo do conto: o processo de disciplinar e transformar em patologias as singularidades; a loucura, que aparece às vezes onde é esperada - nos loucos, no asilo -, às vezes onde não a procuramos - no médico, no poder político, nas relações conjugais.
Em Machado a loucura, seu lugar na sociedade de então e as tênues fronteiras que a separavam da razão tornaram-se preocupação constante a partir do momento em que houve uma inflexão em sua obra. Segundo Gledson (1998), nesse período Machado passou por crise de saúde que o fez ausentar-se por muito tempo do Rio de Janeiro. Haveria relação entre essa crise de saúde e a crise literária que envolveu o escritor, fazendo com que o interesse pelo psiquismo, pela subjetividade e suas vicissitudes tomasse a cena? Como poderíamos entender essa relação?
Alguns psiquiatras brasileiros, no início do século XX, estavam interessados nas relações entre doença e criação artística e tentaram responder a essa questão. Puseram-se, assim, a estudar a obra de Machado através das lentes da psicopatologia, relacionando-a a episódios de sua vida e a supostos traços de seu caráter, num movimento que fez parte da história das relações entre as artes e a psiquiatria. Se escritores haviam tomado a loucura e a psiquiatria como tema, os psiquiatras, por sua vez, tomaram escritores, artistas e obras correspondentes como objeto de sua investigação e direcionaram seu estudo para as relações da criação artística com a patologia.
Neste artigo apresento três estudos produzidos nos anos 1920 e 1930 por médicos e psiquiatras, dedicados ao escritor Machado de Assis e sua obra.1 Iniciemos com o delineamento do contexto em que esses estudos foram produzidos, indicando de forma breve a visão da psiquiatria brasileira sobre as artes, os artistas e o processo de criação no período. Mediante a apreciação dos estudos dedicados a Machado de Assis, tenho a intenção de surpreender um pensamento que interpretou fenômenos artísticos sob o ponto de vista da psicopatologia, operando e tomando como objeto um escritor consagrado, que, por sua vez, havia usado como tema em sua obra a psiquiatria e a loucura.
As artes e a criação na visão da psiquiatria brasileira das décadas de 1920 e 1930
Em 1932, com Di Cavalcanti e Antônio Gomide, Flávio de Carvalho fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM), centro de divulgação das pesquisas empreendidas pelos artistas e local de reunião animado por ateliês, onde foi organizado, no ano seguinte, o Mês dos Loucos e das Crianças, evento de programação intensa que contou com uma série de conferências e debates e a participação de artistas, médicos e intelectuais.2
Pacheco e Silva, então diretor do Hospital do Juqueri, apresentou a conferência "A arte e a psiquiatria através dos tempos". De início confessou sua ignorância em relação a tudo que dizia respeito à arte moderna: "quando se me deparam expressões artísticas que fogem às diretrizes clássicas que me habituei a ver e a ouvir desde a infância, tenho logo à primeira vista a mesma impressão que me causa, em medicina, a observação de um caso teratológico". Apesar disso, dizia ter aceitado o convite para participar do evento com a intenção de cumprir um dever: "seja para apoiar, criticar ou combater, a ninguém é lícito recusar o seu concurso quando chamado a opinar sobre assuntos de interesse social" (Pacheco e Silva, 1936, p.132).
Discorreu então sobre vários pontos em que, acreditava, arte e psiquiatria se aproximariam: o caráter instintivo, em sua opinião, da arte, o que poderia explicar o fato de certos doentes terem vocação artística; a contribuição que as expressões artísticas dos alienados poderia trazer aos estudos clínicos; a psiquiatria como campo fértil para os artistas, no estudo das expressões fisionômicas das emoções, passível de ser realizado com os "modelos escolhidos no manicômio". Por fim o psiquiatra apresentou vários autores que tratavam da relação entre gênio e loucura e concluiu afirmando que "existem 'gênios verdadeiros', que não são mórbidos, e 'gênios', por assim dizer patológicos, que não passam de 'pseudogênios'" (Pacheco e Silva, 1936, p.137).
Alguns dos convidados do CAM introduziram a psicanálise nessas discussões3, entre eles Durval Marcondes, que apresentou a palestra "Psicanálise dos desenhos dos psicopatas". Em 1928 esse autor havia desenvolvido um estudo sobre a utilização do instrumental psicanalítico na abordagem dos fenômenos estéticos. Marcondes foi o principal divulgador das ideias psicanalíticas no Brasil. Seu contato inicial com a psicanálise foi por intermédio de Franco da Rocha, em 1919, na aula inaugural do curso de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo. Fundador do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, Franco da Rocha foi o primeiro professor da Clínica Neuropsiquiátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo, e essa aula inaugural - que arriscava uma incursão no campo freudiano ao tratar da origem sexual dos fenômenos delirantes - foi publicada em 1920 como "A doutrina pansexualista de Freud".
A partir desse encontro com a psicanálise, Durval Marcondes não se afastou mais desse campo de conhecimento: formou-se de modo autodidático, ministrou cursos, fundou a Sociedade Brasileira de Psicanálise (Sagawa, 1994). Além de sua inserção no meio médico e sua luta, embora sem muito sucesso, pela introdução da psicanálise nesse meio, era também poeta e mantinha fortes relações com o grupo de escritores e artistas modernistas, tendo, aliás, publicado, em 1922, um poema na revista Klaxon (Bruno, 1994).
Escreveu, em 1926, O simbolismo estetico na literatura: ensaio de orientação para a crítica literária baseada nos conhecimentos fornecidos pela psicanálise, tese apresentada ao concurso para provimento da cadeira de Literatura, no Ginásio do Estado de São Paulo e publicada com prefácio de Franco da Rocha. Nesse texto o autor apresenta a psicanálise, esclarecendo que, tendo sido criada como método terapêutico, posteriormente invadiu outros domínios de investigação intelectual. Durval Marcondes se detém na contribuição dessa teoria para a estética literária. A contribuição estaria calcada, segundo ele, numa concepção de pensamento simbólico por meio da qual podem ser compreendidas a linguagem onírica e, por conseguinte, a linguagem das formas estéticas: "O estudo analítico do simbolismo estético tem o mesmo valor psicológico da interpretação onírica. Permite descer à profundeza da alma do artista e desvendar o mecanismo íntimo da criação da obra de arte" (Marcondes, 1926, p.12).
Como o sonho, a criação artística implicaria intensa atividade imaginativa, equivalente àquela peculiar à criança e ao homem de épocas remotas. Todavia, no adulto civilizado que sonha, na criança e no homem primitivo, a função imaginativa guardaria os limites fisiológicos normais, que poderiam ser ultrapassados se o indivíduo mergulhasse em seu mundo imaginário e perdesse a capacidade de diferenciar sonho e realidade, entrando no terreno patológico. Por isso, para o autor, o estado imaginativo característico da criação artística era de equilíbrio instável entre saúde e doença. O que diferenciaria o gênio do louco seria a capacidade de o primeiro retornar à realidade e exteriorizar em obras a experiência do mergulho naquele mundo imaginário.
Assim, segundo Marcondes (1926, p.12), a criação artística seria símbolo de uma realidade subjetiva inconsciente. Nesse sentido, à crítica de arte e à crítica literária caberia "analisar cuidadosamente a imagem estética e procurar o complexo inconsciente a que ela está ligada, desvendar as ideias latentes a que ela se prende na psique do artista". Para justificar esse procedimento crítico, o autor tomou como modelo o estudo empreendido por Freud sobre Leonardo da Vinci, que, segundo ele, demonstrava até onde poderia chegar um trabalho crítico bem conduzido, sendo "uma iniciativa que merece ser conhecida e imitada" (p.14).
Para concluir, Marcondes afirmava que artista e crítico são também psicólogos, mas, diferentemente do primeiro, o segundo é psicólogo consciente e por isso deve procurar na psicologia científica uma técnica que lhe será de grande auxílio. Em sua opinião, a interpretação do simbolismo nas formas estéticas, quando seguindo as "leis da psicologia", orientaria o trabalho crítico para o caminho da verdadeira ciência.
Essas discussões atravessaram o campo das artes no início do século XX, quando havia grande interesse pelo desenvolvimento de estudos voltados para a abordagem psicológica de artistas e obras, muitos deles focalizando as relações da criação artística com a patologia. Nesse contexto, a distinção entre gênio criativo e louco era temática recorrente, mas também eram frequentes aproximações dessas duas figuras, o que deu origem a uma série de estudos de vertente psicopatológica, com artistas e escritores consagrados como objeto. Alguns foram dedicados ao escritor Machado de Assis, com maior ou menor presença da psicanálise. Tomo aqui três deles, no intuito de ver operar um pensamento que interpretou fenômenos artísticos sob o ponto de vista da psicopatologia.
Personagens e escritor estudados como casos clínicos
Em texto de 1921, o doutor Luiz Ribeiro do Valle demonstrou seu interesse pela observação clínica da qual eram capazes muitos escritores brasileiros. Partindo da premissa de que, "numa época em que as observações clínicas são raríssimas, sem nenhum método, baseadas em empirismo estrito, a literatura apresenta tipos, que pela intuição genial dos autores, foram cientificamente observados" (Ribeiro do Valle, 1921, p.6), escreveu Certos escritores brasileiros psicopatologistas, em que tomava pela perspectiva psiquiátrica os personagens de alguns escritores, entre eles Coelho Netto, Renato Vianna e Monteiro Lobato. Nos de Coelho Netto, por exemplo, encontra "uma galeria brilhante de anormais", nos quais estariam encarnados certos quadros diagnósticos como a psicose, o sadismo, a psicastenia, a fobia, a obsessão, a amnésia, a epilepsia psíquica, a paranoia, o estado mental patológico dos tuberculosos, enfim toda uma gama de tipos patológicos - segundo ele, fielmente descritos. Já Monteiro Lobato teria tido o mérito de observar e relatar de forma feliz e inteligente, não só o estado mórbido do personagem Jeca Tatu, caracterizado por uma "preguiça patológica" - "consequência natural de sua astenia profunda e cachexia quase que incurável" -, como também várias verminoses e doenças tropicais de que esse tipo era portador (p.45).
Em Psicologia mórbida na obra de Machado de Assis (Ribeiro do Valle, 1918), o psiquiatra aplicou sua metodologia de análise dos personagens como casos clínicos ampliando-a em direção à interpretação do caráter mórbido do próprio escritor. Partindo da ideia de que, através de seu gênio, Machado de Assis soube descrever uma "legião de tipos de encerebração doentia, [trazendo] para a psicologia mórbida uma inestimável contribuição", afirmou que o estudo de sua obra sob o ponto de vista psiquiátrico se impunha de modo irrecusável (p.6). Em sua opinião, Machado de Assis realizava análise da alma humana e "só uma intuição genial poderia apresentar uma criação como Rubião, porque ali não é o professor primário subitamente enriquecido por uma herança, mas a paralisia geral, descrita magistralmente, capítulo de arte e de ciência, que o não faria o mais abalizado do todos os psiquiatras" (p.169).
Aos poucos o psiquiatra deslocava sua análise para fazer "referências à personalidade mental de Machado de Assis", justificando que a vida de um grande escritor é o melhor comentário e a melhor explicação de sua obra. Apresenta-nos então o caráter mestiço do escritor, a consciência de uma "inferioridade de raça" que nele estaria presente, sua gagueira e seu "estado mental patológico de epilético" (Ribeiro do Valle, 1918, p.167, 168).
Ao afirmar que não está, em nenhuma hipótese, diminuindo a importância e a genialidade do literato, Ribeiro do Valle (Ribeiro do Valle, 1918, p.170) se diz interessado em explorar as relações entre gênio e nevropatia. Para tanto Machado de Assis seria o melhor exemplo em terras brasileiras. Segue-se a apresentação de vários autores que se debruçaram sobre a questão e suas respectivas visões, com referências bastante próximas daquelas apresentadas por Pacheco e Silva no Clube dos Artistas Modernos, tendo chegado a conclusões também muito semelhantes: "Esta questão é muito complexa e todos estes autores vacilam num terreno ainda muito desconhecido, não podendo mesmo a ciência no estado atual dar uma solução que seja satisfatória" (p.179).
Embora consciente da debilidade do pensamento psiquiátrico para dar conta das questões das artes e da criação, Ribeiro do Valle evidencia, em sua análise, o caráter preconceituoso que pautava a abordagem psiquiátrica do sofrimento humano. Vemos, em seu texto, o raciocínio psicopatológico sendo construído a partir de uma série de noções discriminatórias, em particular no que diz respeito às características raciais e de origem, expressão da força com que o pensamento eugênico atravessava a psiquiatria da época. Assim, a mestiçagem de Machado de Assis foi apontada como causa de sua suposta doença, como, aliás, na maior parte dos estudos psiquiátricos a ele dedicados, que muitas vezes a consideravam a própria doença.
Esse olhar discriminatório e eugênico sobre a ascendência de Machado de Assis e a construção de relações entre características de seu estilo e suas supostas perturbações não foi prerrogativa da psiquiatria, mas apareceu também na crítica de arte. Na polêmica movida pelo crítico Sílvio Romero contra Machado, nas últimas décadas do século XIX, o escritor foi tratado segundo critério nacionalista de base etnográfica, como representante de uma "sub-raça brasileira cruzada", que revelaria, junto com seus personagens, a psicologia mestiça do povo brasileiro. O crítico afirmou que o escritor, como mestiço, teria pouca facilidade no manejo do vocabulário e da frase, o que seria "a fotografia exata de seu espírito, de sua índole psicológica indecisa". Fez ainda alusão a seus problemas de fala, ao sugerir que sua gagueira se refletiria na escrita: "vê-se que ele apalpa, tropeça, que sofre de uma perturbação qualquer nos órgãos da palavra" (citado em Ventura, 1991, p.56).
É importante ressaltar que essa visada violentamente preconceituosa - que, na crítica de arte, se fez presente nas últimas décadas do século XIX e que no XX já não tinha mais espaço no campo das artes - estava sendo reeditada pela psiquiatria em textos escritos trinta ou mesmo cinquenta anos depois, como veremos a seguir.
O estudo da psicologia do escritor pela análise da obra
Em 1930, Américo Valerio aprofundou o estudo psicológico de Machado de Assis e afirmou que o escritor seria "o avô do freudismo em nossa pátria"4, ideia que atravessa todo o livro Machado de Assis e a psicanálise. A capacidade e sensibilidade do escritor para conhecer e descrever o funcionamento inconsciente e os estados patológicos dele decorrentes estariam fundamentadas em sua "personalidade anormal", calcada em seu "passado hereditário mórbido" - caracterizado pela herança alcoólica e sifilítica e por ser descendente de negro - e na "latente psicose epilética" de que era portador. Segundo Valerio (1930, p.70), Machado de Assis "dissecou os instintos humanos pelo egoísmo de encontrar nos outros as mesmas faltas, erros e taras de sua organização doentia". "Nos indivíduos anormais - como no caso de Machado de Assis -, há tendências científico-artístico-literárias, mas há, especialmente obsessões constantes, alucinações habituais, frequente cortejo de ideias delirantes, dissociações de consciência e de personalidade" (p.223).
Essas obsessões e alucinações presentes no escritor seriam daí decalcadas para aparecer em seus personagens, revelando os "instintos freudianos" que existiriam em todas as pessoas, mas também o "senso psicológico freudiano" do escritor. Chegamos, assim, novamente à aproximação entre gênio e loucura: "Machado de Assis era um desequilibrado, que raiava pelo gênio" (Valerio, 1930, p.159), sendo que "toda a sua obra é, apenas, a expressão do próprio Machado de Assis" (p.224).
Nesse estudo, apesar de o uso que fez da psicanálise ser superficial, confuso e, por vezes, quase cômico para um leitor atual5 - o que decorreu, provavelmente, do pouco conhe-cimento que se tinha desse pensamento no Brasil - percebemos o fascínio de Américo Valerio pelas ideias freudianas, talvez em igual medida da admiração que devotava a Machado de Assis. Para ele, Machado era um caso clínico, mas também psicólogo freudiano e artista: "um psicopata que metempsicou uma vida de torturas freudianas em uma vida imortal" (p.217).
A descrição de Américo Valerio nos coloca diante de um personagem situado no ponto de convergência de sofrimentos advindos das mais diversas patologias, do conhecimento apurado e profundo dessas patologias (e portanto de um conhecimento clínico) e da prática artística encontrada como forma de seu tratamento, este último transformado em produto cultural. Estaríamos diante da figura híbrida de um "doente/criador/psicólogo", um psicólogo que destrincha a alma humana de forma artística e por "necessidade de desabafar". São "seus impulsos cerebrais e as suas obsessões de consciência que originam ideias psicológicas" (Valerio, 1930, p.223) que ganham, por outro lado, valor estético. Seria, então, também aquele que padeceria de tudo aquilo de que fala e que escreveria por necessidade e como forma de cura. Um clínico que aplicaria em si a terapia, a qual não seria outra coisa senão a própria criação artística.
Se, porém, essa confluência de linhas parece ser um achado interessante no estudo de Américo Valerio, a forma como o estudo foi desenvolvido denota uso extremamente violento do instrumental psicanalítico. E se, segundo o autor, a intenção não era desqualificar a "grandiosa obra" do "genial escritor", o efeito não poderia deixar de ser esse. Machado de Assis fica, nessa leitura, reduzido a um ser atormentado por obsessões e patologias - ainda que pressupostas -, marcado por maculada hereditariedade. Toda a sua obra expressaria apenas um amontoado de sintomas, sua tentativa de livrar-se dos tormentos que a doença lhe impingia e o desejo mesquinho de apontar, em seus personagens, "faltas, erros e taras" que eram seus chamando a atenção para a existência deles em outras pessoas.
A documentação e comprovação do diagnóstico a partir da obra
Comentemos por fim o livro de Peregrino Jr., Doença e constituição de Machado de Assis, publicado em 1938, no qual o pensamento psicopatológico está mais estruturado. Após apresentar o escritor como o grande nome da literatura nacional, "uma ilha solitária perdida no lago sem surpresas da literatura brasileira", o autor se propõe a documentar o diagnóstico constitucional que havia atribuído em ocasião anterior a Machado de Assis, classificando-o na "galeria dos gliscróides de Mme. Minkowska" e "procurando provar, com episódios de sua vida e elementos de sua obra, a realidade de seu temperamento epileptoide" (Peregrino Jr., 1938, p.11). Foi com esse intuito que apresentou, inicialmente, a biografia do escritor, na qual, à força dos poucos dados conhecidos de sua história, passou a destacar, mais uma vez, a "vergonha da origem", o "complexo de inferioridade", o "temperamento mórbido", a "constituição patológica", o "caráter epileptoide e esquizoide", o "substrato gliscroide da sua afetividade viscosa e concentrada" (p.21, 22, 24, 34, 37, 61).
No retrato que Peregrino Jr. (1938) pintou de Machado de Assis, vemos em funcionamento um dos aspectos mais assustadores da força de transformar em psicopatologias comportamentos e formas de existência. A capacidade de fazer amizades duradouras, de ser afetuoso e generoso com os amigos é interpretada como "afetividade adesiva", característica dos epilépticos e signo da "necessidade subconsciente de amparo e proteção", ao passo que o pouco número de amigos indica o componente "esquizoide" de seu caráter, que contrabalança "as tendências e os excessos da gliscroidia" (p.57-73).
O autor relacionou, então, os supostos sintomas e características mórbidas do escritor a seu estilo e aos procedimentos literários que lhe são próprios. Da ambivalência de pensamento e sentimento - para Peregrino Jr. (1938), um traço de gliscroidia -, a obra de Machado de Assis estaria cheia de exemplos típicos, principalmente no que chamou de "estilo de gago", que o caracterizaria: "um estilo ambivalente, que ora afirmava, ora negava, que ora avançava, ora recuava" (p.87). Também a "tendência explicativa ... uma preocupação minuciosa e inútil de tudo deixar claro e definido" (p.102), que, segundo o médico, é um dos traços mais curiosos da produção machadiana, seria marca do epileptoide. Também presente em sua obra, a 'zoopsia' se evidenciaria nas cenas frequentes em que os animais participam e conversam. Essa tendência, segundo Peregrino Jr., seria comum nos alcoólatras e seus descendentes, o que autorizaria a suposição de que os pais do escritor fossem alcoólatras (p.119).
A obsessão de Machado pelo problema da loucura e pela anormalidade seria prova da proximidade que com elas mantinha. Sua preferência por certos temas e imagens sensuais referentes a braços, olhos e cabelos das mulheres seria expressão de "certos complexos freudianos e certa tendência fetichista" presentes nesse "lascivo cerebral, cujo subconsciente era povoado dos recalques e complexos que o pesquisador a cada passo surpreende" (Peregrino Jr., 1938, p.103, 111). Haveria, também, na obra machadiana, uma constância rítmica ternária - do que o autor nos dá inúmeros exemplos6 - que simbolizaria as três fases da crise epiléptica, bem como se poderia tratar de uma expressão de aritmomania, comum nos psicastênicos (p.146).
Por fim, para Peregrino Jr. (1938), nas últimas obras de Machado de Assis estaria expresso o "agravamento de sua moléstia [através de] ideias e visões sombrias que lhe povoam o cérebro doente e surgem na obra sob o disfarce de um raciocínio implacável, sem bondade, sem piedade, que tudo disseca e desnuda inexoravelmente [e de] seus personagens todos eles loucos morais, anormais" (p.155).
Assim, segundo o psiquiatra, podemos acompanhar na produção do escritor o desenvolvimento progressivo da 'moléstia': acentuam-se o sadismo, o masoquismo, o narcisismo, o autismo, o autorreferimento e, principalmente, "um traço essencial da epileptoidia ... o amor ao acessório, às minúcias, aos pequenos detalhes de aparência insignificante ... É que sob as ruínas interiores de Machado, velho e doente, a moléstia implacável solapava o espírito e o caráter do escritor, acentuando-lhe os traços fundamentais da gliscroidia" (Peregrino Jr., 1938, p.157).
Peregrino Jr. encontrou, na obra de Machado de Assis, nas formas de sua escrita, nos procedimentos que lhe são peculiares, a confirmação do diagnóstico e da constituição mórbida que ele havia imputado ao escritor. Fez exatamente aquilo que é o objetivo dos psicopatólogos da expressão desde Simon que, já em 1876, pretendia chegar ao diagnóstico das diferentes doenças mentais utilizando as produções de seus pacientes e buscando variedades específicas de formas visuais, escritas e sonoras, para cada doença (Lafora, s.d.). Justificando o procedimento com a obra de Kretschmer, dedicada ao estudo dos homens de gênio, artistas e escritores, o autor afirma que o 'mestre alemão' encara os movimentos modernos da arte sob o ponto de vista dos temperamentos, dando atenção especial ao expressionismo.
Apontamentos finais
Se houve, como sugere Roudinesco (8 abr. 2001), uma querela entre literatura e psiquiatria em torno da tentativa de formular uma explicação para o fenômeno da loucura, aos olhos de nossa época os escritores parecem ter sido mais felizes do que a ciência psiquiátrica na compreensão desse fenômeno. E se hoje os estudos psiquiátricos sobre Machado de Assis - que tomaram artista e obra como doente e expressão da doença, respectivamente, e que procuraram nos procedimentos e na linguagem indícios de determinada patologia - estão ultrapassados, a obra machadiana torna-se, à medida que o tempo passa, cada vez mais forte e potente.
Com seu interesse pela exploração da alma humana, sua fineza e leveza no trato das questões mais complexas, Machado de Assis foi capaz de simultaneamente revelar certas experiências da loucura e descortinar os mecanismos de poder em jogo nas relações entre o Estado e a ciência psiquiátrica. Talvez por isso Américo Valerio (1930, p.216) tenha afirmado que o escritor "pressentiu o freudismo", e Nise da Silveira (Encontro..., 1992), declarado que "antes de ler um pesado manual de psiquiatria, melhor ler, pela décima vez, Machado de Assis".
Nos primeiros anos deste século, Lúcia Serrano Pereira desenvolveu estudo aprofundado do texto machadiano, sob a perspectiva do diálogo entre literatura e psicanálise. Estabelece a autora uma relação entre o romance Dom Casmurro e o texto "O estranho", de Freud, e considera que os dois autores trazem, em suas obras, iluminações que têm efeito na subjetividade de nosso tempo. Ao desdobrar seu estudo para a pesquisa do conto machadiano, no livro O conto machadiano: uma experiência de vertigem (Pereira, 2004), a autora aponta que Machado de Assis opera uma articulação entre forma e conteúdo e entre sujeito e social que muito se aproxima da concepção de funcionamento do sujeito proposto pela psicanálise (Pereira, 2008). Luiz Dantas (1985, p.152), por sua vez, enunciou a hipótese de que "O alienista" teria prenunciado a visão foucaultiana da loucura. Dessa forma, inverte-se o jogo, e em lugar de os psiquiatras esclarecerem as relações entre o escritor, sua vida e sua obra, é a literatura que nos oferece vislumbres dos mistérios da loucura e da criação e também nos revela a lógica subjacente aos discursos pautados na psicopatologia da expressão.
A crítica de Machado de Assis à psiquiatria explicita-se, em "O alienista", na forma como Simão Bacamarte constrói um sistema de classes em torno das pequenas diferenças que cada habitante de Itaguaí eventualmente apresenta. O alienista divide os "tipos de loucuras" em dois grandes grupos - o dos furiosos e o dos mansos - e em várias subclasses - as monomanias, os delírios, as alucinações diversas. De acordo com hábitos, simpatias, palavras, gestos, temas mais motivadores, novas classificações podem ser criadas. Assim, encontramos, entre os habitantes da pequena cidade, os loucos com mania de grandeza, os casos de monomania religiosa, aqueles que padecem do "amor das pedras", os muito generosos, os muito sovinas, aqueles muito vaidosos e outros sem vaidade nenhuma. São as pequenas dores cotidianas, os afetos e desafetos, os interesses, os modos de vida singulares que se nos descortinam sob a pena do escritor, mas também, através das lentes do alienista, se transformam em novos diagnósticos, novas formas de condutas a investigar, classificar e, por fim, curar. Nada mais próximo da forma como foi tratada a literatura de Machado de Assis pelos psiquiatras que aqui visitamos.
É preciso, porém, atentar para o fato de que a operação de tornar patológicos os modos de subjetivação minoritários - que vimos em funcionamento nos estudos dedicados a Machado de Assis e que o escritor pôs à mostra em um conto escrito algumas décadas antes, em inquietante inversão dos tempos históricos - não é coisa do passado. A grade teórica utilizada pelos autores aqui apresentados está atualmente obsoleta, mas a lógica de seu funcionamento ganhou novas forças no contemporâneo. Estamos, ainda hoje e talvez mais do que nunca, atravessados por essa lógica quando procuramos, nos comportamentos e nas produções, nas formas de falar, mover e agir, indícios e marcas de patologias a serem medicadas e curadas. Para que essas diferenças sejam conectadas ao mercado 'da saúde' (ou seria melhor dizer 'da doença'?), por meio da farmacologia ou da infinidade de serviços terapêuticos, elas são organizadas em síndromes, e a cada dia uma nova nos é apresentada com seus sintomas e suas curas. Cada um de nós poderia reconhecer, nos quadros de sintomas de tantas síndromes, atos, ritos, comportamentos que em algum momento nos compõem.
Criam-se classificações a partir de marcas de diferenças, o que possibilita agrupar, numa mesma categoria, todos os portadores daquele traço - apenas um traço entre tantos que compõem uma existência -, homogeneizando-o e despotencializando-o. Criam-se barreiras, enclausuramentos que depositam desvalor no sujeito e em tudo que ele produz ou possa vir a produzir, enfraquecendo-lhe a vida.
O que mais impressiona nos textos que fizeram de Machado de Assis um caso clínico é a afirmação, inconteste nos três autores, de admiração pelo escritor, que asseveram igualmente não estar colocando em questão seu valor. O que um tal tratamento faz, entretanto, é minar o valor de um criador e a potência de sua obra, reduzindo-a a um amontoado de sintomas dos quais não se poderia escapar. De tal ponto de vista o escritor não teria escolha, não teria vontade, e os procedimentos, em lugar de formas encontradas no trabalho estético, seriam meros sintomas pelos quais se faria presente na obra cada uma de suas patologias. Esse tipo de pensamento sustentou a desqualificação de criações de sujeitos que produzem fora do circuito institucionalizado da arte e ajudou a forjar distinção valorativa entre os procedimentos 'conscientemente' escolhidos pelo artista e aqueles determinados por seu funcionamento inconsciente. Essa é ideia que encontramos também no campo das artes quando se faz sua defesa, fechando suas portas para outras produções realizadas em espaços ou por sujeitos que lhe sejam externos. Nessa perspectiva pressupõe-se que o inconsciente seja a patologia e que haveria criações artísticas que não seriam atravessadas pelas forças do inconsciente. De outro lado, encontraríamos criações que seriam pura expressão da doença, sem que houvesse aí composição e organização das forças inconscientes, mas meros decalques delas, que encontrariam forma - absolutamente igual àquela presente no inconsciente - na materialidade do papel, da argila, da tinta, sem que houvesse trabalho.
Observados os três estudos médicos e psiquiátricos dedicados a Machado de Assis por um prisma contemporâneo, tornam-se visíveis as lentes com que a psiquiatria do período olhava para os fenômenos, os pacientes, as obras de arte, mas também uma lógica que, sob nova roupagem, nos atravessa até hoje. Apresentar estudos fundamentados na leitura psicopatológica sobre obra e escritor de qualidades inquestionáveis é estratégia que utilizamos para deixar às claras a violência que esse tipo de análise comporta e que, muitas vezes, quando realizada sobre trabalhos de sujeitos enredados nas malhas das instituições psiquiátricas, corre o risco de passar despercebida. O procedimento, porém, é também uma forma de apontar novas configurações nas relações entre criação e clínica. Se "a história, segundo Foucault, não diz o que somos, mas aquilo de que estamos em vias de diferir" (Deleuze, 1991, p.119), os estudos aqui apresentados nos servem para acessar certa formação histórica - certas práticas discursivas que compõem um campo de saber e estabelecem relações de força em seu interior -, mas também seus limiares, a partir dos quais uma mutação é possível. Talvez hoje o binômio expressão/patologia esteja perdendo sua força para dar lugar à pesquisa das implicações mútuas entre criação e saúde.
Como observa Deleuze (1997, p.13), "não se escreve com as próprias neuroses. A neurose e a psicose não são passagens de vida, mas estados em que se cai quando o processo é interrompido, impedido, colmatado". Quando alguém, uma pessoa qualquer, cria um texto, pinta um quadro, esculpe uma pedra, há uma produção cultural em gestação. E há também um processo sendo posto em marcha, uma saída da paralisia, uma busca de saúde. Nesse sentido, o filósofo francês nos propõe pensar a literatura como um empreen-dimento de saúde e o escritor, como um médico de si mesmo e do mundo. Nada mais próximo da ideia de Machado de Assis, para quem, "a arte é o remédio e o melhor deles" (citado em Lopes, 2001, p.43).
NOTAS
Recebido para publicação em abril de 2008.
Aprovado para publicação em março de 2009.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
22 Out 2009 -
Data do Fascículo
Set 2009
Histórico
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Aceito
Mar 2009 -
Recebido
Abr 2008