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'É... tá grávida mesmo! E ele é lindo!' A construção de 'verdades' na ultra-sonografia obstétrica

O ultra-som obstétrico sofreu uma transformação peculiar no Brasil, sendo uma tecnologia de imagem médica que progressivamente transformou-se em uma modalidade de 'consumo' e 'lazer'. Analisa-se a produção de 'verdades' construídas durante exames de ultra-som, calcadas nas crenças médicas e não-médicas acerca da 'objetividade' da imagem técnica. Baseia-se em material etnográfico obtido em clínicas de imagem do Rio de Janeiro. Os exames de ultra-som sublinham a questão da subjetividade/objetividade presente em todas as tecnologias de imageamento médico, por ser uma tecnologia dinâmica e interativa. Durante os exames os atores são agentes ativos, produzindo e reproduzindo 'verdades' médicas e não-médicas sobre a gravidez e o feto. Essas 'verdades' desempenham papel relevante no processo em que, simultaneamente, é reconfigurada a gravidez, o feto é subjetivado e uma prática médica se transforma em espetáculo. Essa produção funciona como um mecanismo de realimentação, reassegurando os atores acerca da saúde da gestante e do feto e, ao mesmo tempo, reafirmando o lugar da tecnologia de imagem médica como produtora privilegiada de verdades sobre os corpos.

tecnologia de imagem médica; objetividade; subjetividade; gravidez; feto


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