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Noel Nutels, a política indigenista e a assistência à saúde no Brasil central: 1943-73

TESES

Noel Nutels, a política indigenista e a assistência à saúde no Brasil central: 1943-73

Mariza Campos da Paz

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Medicina Social — Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Rua Alberto de Campos, 63/101 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22471-020

Esta dissertação discute a assistência médica prestada no Brasil Central através dos projetos ligados à Marcha para Oeste, movimento iniciado no governo Vargas, em 1943, que criou a expedição Roncador-Xingu e a Fundação Brasil Central.

Noel Nutels foi médico da expedição Roncador-Xingu. A experiência do atendimento às populações sertanejas e aos índios do Brasil Central e o número alarmante de casos de tuberculose encontrados levaram Nutels a propor a criação do Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (Susa), fundado em 1956 e por ele dirigido até 1973, quando faleceu. Nutels atuou como sanitarista, serranista, indigenista, tendo realizado, com os irmãos Villas Boas, uma experiência única de respeito à cultura de várias nações indígenas: o Parque Nacional do Xingu.

A noção de cidadania como eixo da prática clínica: uma análise do programa de saúde mental de Santos

Erotildes Maria Leal

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Medicina Social — Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Rua Capitão Salomão, 68/703 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22271-040

Este estudo tem por propósito apresentar a experiência de atendimento ao doente mental desenvolvida em Santos (SP), discutindo e analisando suas características. Toma-a enquanto expressão do Movimento de Reforma Psiquiátrica que, no final da década de 1980, estava

preocupado em romper com a tradição secular da psiquiatria, desenvolvendo uma prática assistencial que não produzisse a segregação e exclusão dos indivíduos considerados loucos. Esta experiência assumiu tal desafio, trazendo para o interior do campo da clínica a reivindicação de cidadania para o louco. Interessou-nos saber se houve um redimensionamento desta clínica promovido pela idéia de 'resgatar' a cidadania do louco, e que clínica era esta. O objetivo é discutir em que medida estas novas práticas assistenciais são capazes de delinear um outro lugar social para os loucos em nossa cultura.

De moléstia do trabalho a doença profissional: contribuição ao estudo das doenças do trabalho no Brasil

Anna Beatriz de Sá Almeida

Dissertação de mestrado, 1994 — Departamento de História — Universidade Federal Fluminense — Rua Lemos Cunha, 389/1103 — Niterói — RJ CEP 24230-131

Este trabalho contribui para o estudo do processo de constituição do campo das doenças do trabalho e da medicina do trabalho no Brasil ao longo das décadas de 1920, 1930 e 1940. O objetivo primordial foi analisar onde, como e por quem foram construídas as várias definições do que era doença do trabalho.

A reconstrução das experiências e percepções dos trabalhadores, durante as primeiras décadas deste século, acerca do papel exercido pelo trabalho na precariedade das suas condições de saúde, auxiliou a compreensão das diferentes formas de atuação do poder público frente a esta questão desde a década de 1920.

Constatamos, com o desenvolvimento da pesquisa, o papel fundamental exercido pelos médicos do trabalho na construção simultânea do campo da medicina do trabalho e da idéia de doença do trabalho. Estes atores ocuparam e circularam por agências públicas, associações e academias, ao longo do processo de construção de seu saber. Confirmou-se, no caso, como locus fundamental da constituição deste campo o Ministério do Trabalho, Industria e Comércio. Entre as fontes de pesquisa utilizadas para acompanhar estes atores, destacamos os periódicos Revista do Trabalho, Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, Revista Médica do Trabalho e Medicina e Engenharia do Trabalho.

Ao mesmo tempo em que este saber médico se estruturava, criava-se um novo direito. Portanto, também no campo da infortunística, localizamos outros importantes atores — médico-legistas e juristas — que interagiram no processo de elaboração da idéia de doença do trabalho. Nesse sentido, optamos por investigar as condições jurídico-legais de delimitação das definições de doença do trabalho.

Como estudo de caso, analisamos a polêmica da tuberculose como doença do trabalho, acompanhando o debate entre diferentes grupos médicos e a jurisprudência de processos de indenização por tuberculose decorrente do trabalho.

A comunicação serviços de saúde/população: modelos explicativos e desafios a partir das discussões recentes

Áurea Maria da Rocha Pitta

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Medicina Social — Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Rua Vitório da Costa, 6/01 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22261-060

Este texto buscou iluminar os modelos explicativos em comunicação social que sustentam as práticas de comunicação desenvolvidas pelo setor de saúde a partir da década de 1970. O texto foi construído a partir da análise de documentos institucionais e do manejo de uma bibliografia básica dos campos da saúde e da comunicação, procurando explorar pontes entre ambos.

História social da tuberculose e do tuberculoso: 1900-50

Claudio Bertolli Filho

Dissertação de doutoramento, 1993 Departamento de História — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas — Universidade de São Paulo — Rua Conselheiro Saraiva, 743 — São Paulo — SP CEP 02037-021

A pesquisa aborda as reações individuais e coletivas frente à tuberculose, tanto dos infectados quanto da sociedade abrangente, no transcorrer da primeira metade deste século. O papel social imposto ao tuberculoso e as respostas dadas pelos pectários frente ao que lhes era imposto definem-se como desdobramento necessário da proposta inicial.

O núcleo documental básico constitui-se em um conjunto de cerca de três mil prontuários elaborados no Hospital Sanatório São Luiz Gonzaga, localizado na periferia paulistana e considerado 'porta de entrada' para a rede sanatorial paulista.

A minúcia das anotações prontuariais deste sanatório permitiu a elaboração de uma pesquisa tematizada pela história social, levando ao estudo das condições de vida do paciente, suas próprias explicações sobre os motivos que o levaram a adoecer, os dramas de vida orquestrados pelo bacilo de Koch, a recorrência às terapias alternativas e, principalmente, as dificuldades de conviver com os sadios e de conseguir atendimento médico especializado. Além disso, os prontuários abriram possibilidades para o estudo dos posicionamentos dos clínicos e cirurgiões que atuavam no campo da tisiologia, até mesmo no que se refere à angústia gerada pelo óbito em série de pacientes, a precariedade e desmando das instituições médicas, o ralo interesse oficial em socorrer os enfermos e os meandros do relacionamento entre os médicos e seus pacientes, onde não faltavam, inclusive, situações amorosas, condenadas pela ética hipocrática. A utilização de entrevistas com antigos tuberculosos e tisiologistas, composições memorialísticas e textos clínicos e de educação em saúde permitiu expandir o conjunto de indagações, buscando assim associar a história da medicina com a história dos pacientes e dos médicos, proposta ainda pouco explorada pela historiografia nacional. A partir desta operação foi possível elaborar um estudo que privilegiou: a. as formas de luta contra a doença e a estigmatização: b. as estratégias empregadas pelos tuberculosos para se posicionarem frente à morte social e à morte física; c. o senso comunitário organizado nas 'estações de cura'. Ao mesmo tempo, também foi possível avaliar o papel dos tisiologistas enquanto representantes de uma especialidade com limitado poder para garantir a sobrevida de seus pacientes.

Poder e saúde: a República, a febre amarela e a formação dos serviços sanitários no Estado de São Paulo

Rodolpho Telarolli Junior

Dissertação de doutoramento, 1993 — Departamento de Medicina Preventiva — Faculdade de Ciências Médicas — Universidade Estadual de Campinas — Departamento de Ciências Biológicas — Rodovia Araraquara — Jaú, Km 1 — Araraquara — SP CEP 14801-902

Este trabalho tem por objetivo a investigação das mediações da organização política, em sua vertente estado/municípios, e dos fundamentos tecnológicos das práticas sanitárias, na formação dos serviços de saúde no Estado de São Paulo, entre a proclamação da República, em 1889, e 1911. A caracterização epidemiológica e demográfica do estado no período mostrou que o fio condutor da ação sanitária estadual foi o combate às doenças epidêmicas, em especial a febre amarela, que repercutia no funcionamento da máquina administrativa, no cotidiano da população e nas atividades do complexo cafeeiro, desde a imigração subsidia da até a exportação da produção. O padrão tecnológico dos serviços sanitários — de ações de polícia médica executadas na forma de campanhas sanitárias — teve seus fundamentos discutidos a partir dos debates médicos em torno das teorias sobre as formas de propagação, tratamento e profilaxia da febre amarela, encerrados no início do século XX, com a aceitação da teoria da transmissão da doença pelo vetor.

A formação e o funcionamento dos serviços sanitários no interior paulista apresentaram muitas particularidades em relação aos principais centros urbanos do estado. As relações das lideranças políticas municipais e estaduais, sob o chamado 'pacto coronelista', suporte regional para a estrutura de poder oligarquizada da Primeira República, foi fundamental na conformação assumida pelos serviços sanitários no período. Através dos debates no Legislativo estadual, identificou-se, na gestão dos serviços de saúde, o papel assumido por certos aspectos do ideário republicano, como a defesa do princípio da autonomia municipal e das liberdades individuais, A influência desses princípios foi mais marcante no início do período republicano, até 1896, quando predominou um modelo municipalizante dos serviços sanitários. A partir de então, saiu vencedor o pragmatismo das oligarquias cafeeiras, em defesa de seus interesses políticos e econômicos imediatos, resultando na estadualização das ações sanitárias.

Malária no sudoeste da Amazônia: uma meta-análise

Ana Lúcia Escobar

Dissertação de mestrado, 1994 — Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz — Rua 20, 429 — Porto Velho — RO CEP 78909-620

A produção científica sobre malária, envolvendo clínica, terapêutica, Parasitologia, imunologia, ciências sociais e epidemiologia, no sudoeste da Amazônia, foi analisada diante de alguns preceitos meta-analíticos. Buscou-se, inicialmente, uma classificação dos tipos de pesquisa realizados, além de uma identificação dos grupos, instituições e agências financiadoras dos estudos. Foi alvo de estudo o desenho de cada pesquisa, com seus procedimentos, amostras, critérios de inclusão e exclusão, variáveis utilizadas, análises estatísticas realizadas e resultados obtidos. Um conjunto de 134 trabalhos (teses, livros, artigos e relatórios inéditos) foi analisado. Em função da metodologia de vários dos estudos examinados, descobriu-se que os seus resultados só são aplicáveis a situações específicas estudadas, sendo impróprios para generalização.

A purgação do desejo: memórias de enfermeiras

Vera Regina Salles Sobral

Dissertação de doutorado, 1994 — Escola de Enfermagem Anna Nery — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Afonso Cavalcanti, 275 — Rio de Janeiro — RJ CEP 20211-110

O objeto de estudo é a memória da mulher enfermeira e suas representações sobre a sexualidade na formação profissional. A história oral permitiu a reconstrução da história da enfermagem nightingaliana brasileira que, ao centrar seu foco nos mecanismos de interdição da sexualidade instaurados nas primeiras décadas do século XX do Brasil republicano, desvendou rituais de neutralização de corpos erotizados como opção possível para a mulher enfrentar os desafios contidos no processo de transposição do aparato feminino e privado do cuidar para o espaço público.

Tais rituais tinham a função de metamorfosear o sujeito mulher e todo o seu legado cultural erótico, na personagem da enfermeira deserotizada, e são assim representados: a clausura do internato que, de parceria com a Igreja constrói uma relação de cumplicidade entre o comportamento das Filhas de Maria e o das enfermeiras; as técnicas de enfermagem, nas quais o toque erótico do mundo feminino transforma-se num detalhe frio e impessoal da própria técnica; e a catequese moralista e cristã como um laço que une os dois primeiros, com olhos por todos os lados a vigiar e controlar a formação da enfermeira.

Escola Nacional de Saúde Pública

Os resumos de dissertações de mestrado e de doutoramento defendidas na Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz entre 1980 e julho de 1994 podem ser consultados no Catálogo de teses e dissertações 1980-1994 [Jussara da S. Long e Regina G. Gandara (orgs.), 2ª ed. rev. e atual., Rio de Janeiro, ENSP, 1994] à disposição na Biblioteca Lincoln de Freitas Filho, à rua Leopoldo Bulhões, 1480, Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ, 21041-210.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 1995
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