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Carta ao Editor

Na última década, houve particular estímulo por parte do governo brasileiro à divulga-ção científica. Ilustrativa desse apoio é a criação, em 2003, no âmbito do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, de um Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia que, por sua vez, alavancou uma série de ações que tem gerado suporte inclusive financeiro para a área.

No CNPq, a divulgação científica foi institucionalizada com a criação de um comitê assessor para a área, a concessão – a partir deste ano – de bolsas de produtividade para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, e a inclusão de uma aba na plataforma Lattes, com o intuito de dar visibilidade a ações nessa área.

A Casa de Oswaldo Cruz, unidade da Fiocruz que edita esta revista, tem a divulgação científica como uma de suas áreas principais – basta observar que um de seus departamentos é um museu de ciência interativo, o Museu da Vida, criado há quase 15 anos.

A divulgação científica e os estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade (a chamada área CTS) sempre ganharam espaço na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos . No entanto, por reconhecer a importância estratégica da área, em 2010 criou-se uma editoria específica.

Tão grande tem sido o número de artigos na área que foi possível reunir em uma edição contribuições e olhares distintos sobre a relação entre ciência e sociedade, com certo foco em meios de comunicação de massa – uma das principais fontes de informações científicas para os públicos não especializados.

Nessa linha, este número temático abrange estudos que analisam como distintas publicações constroem a imagem social de aspectos da ciência, da tecnologia e da saúde, incluindo iniciativas da primeira metade do século XX. Um contraponto interessante para essa perspectiva histórica é um olhar contemporâneo sobre a mesma questão.

Inclui-se também nessa discussão a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que teve sua 11 a edição em 2013 e tem grande valor social por conta de seu caráter mobilizador em todo o país.

Outra questão que dá particular tempero a este suplemento – fascinante e menos explorada – são as controvérsias da ciência, nas quais são consideradas, mais uma vez, discussões históricas, como a chegada da peste ao Brasil, e contemporâneas, como a pesquisa em células embrionárias humanas. O último tema em particular convida o leitor a refletir sobre a relação entre ciência, esferas midiáticas, controvérsias e tomada de decisão por legisladores.

Um componente fundamental – frequentemente esquecido nessas discussões e cuja promessa é feita no tema deste suplemento – refere-se aos públicos da ciência. Muitas vezes, ao se falar de esferas públicas da ciência, o foco incide sobre a comunidade científica e os distintos meios de comunicação de massa.

Em certa medida revertendo essa tendência, a América Latina testemunhou, na última década, a chegada de estudos mais sistemáticos que buscam compreender as percepções e as atitudes dos cidadãos perante a ciência e tecnologia. Um dos artigos traz essa discussão para a cena, colocando em xeque a crença de que as pessoas não aceitam avanços tecnológicos porque são ignorantes, questão que ganha particular relevância em temas controversos.

Esta edição não encerra o assunto. Ao contrário: abre muitas portas para discussões distintas. Esse é nosso objetivo.

Luisa Massarani
Editora de divulgação científica

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Nov 2013
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