Resumo
A pesquisa teve como tema e fonte de estudo a revista Voz do Estudante, editada pelos estudantes do Ateneu Piauiense (Ginásio Leão XIII) e da Academia de Comércio do Piauí. O recorte temporal analisado abrangeu os anos de 1940 a 1943, definido com base nas edições disponíveis e utilizadas na análise. O objetivo central incidiu em analisar como a revista foi utilizada como instrumento pedagógico que contribuiu para a formação dos estudantes piauienses. A investigação situa-se no campo da História da Educação, associada às postulações da Nova História Cultural e caracteriza-se como pesquisa do tipo documental, cuja análise ocorreu sobre seis edições da revista publicadas no período mencionado. O estudo revelou que o impresso fez circular regularmente matérias de caráter cívico, moral e literário que desempenharam um papel significativo na formação escolar e intelectual dos estudantes do período.
Palavras-chave:
estudantes; imprensa escolar; revista Voz do Estudante; Piauí
Resumen
El tema y la fuente de la investigación fueron la revista Voz do Estudante, publicada por los alumnos del Ateneu Piauiense (Gimnasio Leão XIII) y la Academia de Comércio do Piauí. El marco temporal analizado abarcó los años 1940 a 1943, definido a partir de las ediciones disponibles y utilizadas en el análisis. El objetivo principal fue analizar cómo la revista era utilizada como herramienta pedagógica que contribuía a la educación de los estudiantes de Piauí. La investigación se sitúa en el campo de la Historia de la Educación, asociada a las postulaciones de la Nueva Historia Cultural y se caracteriza como investigación documental, cuyo análisis se realizó sobre seis ediciones de la revista publicadas en el período mencionado. El estudio reveló que la revista difundía regularmente artículos de carácter cívico, moral y literario que desempeñaron un papel significativo en la formación escolar e intelectual de los estudiantes de la época.
Palabras clave:
estudiantes; prensa escolar; revista Voz do Estudante; Piauí
ABSTRACT
The subject and source of the research was the magazine Voz do Estudante, published by the students of the Ateneu Piauiense (Leão XIII Gymnasium) and the Academia de Comércio do Piauí. The time frame analyzed covered the years 1940 to 1943, defined on the basis of the editions available and used in the analysis. The main objective was to analyze how the magazine was used as a pedagogical tool that contributed to the education of students from Piauí. The research is located in the field of the History of Education, associated with the postulations of the New Cultural History and is characterized as documentary research, whose analysis took place on six editions of the magazine published in the period mentioned. The study revealed that the magazine regularly circulated articles of a civic, moral and literary nature which played a significant role in the educational and intellectual formation of the students of the period.
Keywords:
students; school press; Voz do Estudante magazine; Piauí
RÉSUMÉ
Le thème et la source de la recherche sont la revue Voz do Estudante, publiée par les étudiants de l'Ateneu Piauiense (Leão XIII Gymnasium) et de l'Academia de Comércio do Piauí. La période analysée couvre les années 1940 à 1943, définies sur la base des éditions disponibles et utilisées dans l'analyse. L'objectif principal était d'analyser la manière dont le magazine était utilisé comme un outil pédagogique contribuant à l'éducation des étudiants de Piauí. La recherche se situe dans le domaine de l'histoire de l'éducation, associée aux postulats de la nouvelle histoire culturelle, et se caractérise comme une recherche documentaire, qui a analysé six éditions de la revue publiées au cours de la période mentionnée. L'étude a révélé que la revue diffusait régulièrement des articles de nature civique, morale et littéraire qui ont joué un rôle important dans la formation scolaire et intellectuelle des élèves de l'époque.
Mots-clés:
étudiants; presse scolaire; revue Voz do Estudante; Piauí
Introdução
Em 30 de dezembro de 1940, chegou às mãos da mocidade estudiosa do Piauí o primeiro número de Voz do Estudante, uma revista editada sob a responsabilidade do Grêmio Literário “Da Costa e Silva” e vinculado às escolas de ensino secundário Ateneu Piauiense e Academia de Comércio do Piauí, em Teresina. Seu aparecimento a inscreveu como importante porta-voz dos assuntos escolares, assim como espaço de difusão das mais distintas formas de expressão cultural e literária da classe estudantil.
Editado em formato moderno e atrativo, ainda que produzido em âmbito escolar, o periódico passou a ocupar um lugar privilegiado entre a intelectualidade piauiense, em meados da década de 1940 e início dos anos 1950. Essa condição se deu em decorrência das colaborações que recebia, posto que, além dos estudantes, recebia escritos de professores, literatos, intelectuais e políticos, dando a perceber que o projeto editorial do periódico ultrapassou os limites das escolas às quais os editores estavam vinculados. Assim, o horizonte desse estudo centra-se na análise do referido periódico, buscando perceber de que maneira a revista contribuiu para a formação da mocidade estudiosa piauiense.
A realização do estudo foi motivada pelo interesse em compreender de que maneira Voz do Estudante contribuiu para a formação da juventude estudiosa no Piauí. As fontes mobilizadas foram seis edições do periódico, sendo a número 1 (1940), 2 ,4 (1942), 7, 9 (1942) e 12 (1943)1. Esses exemplares foram localizados no Arquivo Público do Piauí, em Teresina.
No contexto de aparecimento da Voz do Estudante, a publicação de periódicos escolares no Piauí ocorria com relativa intensidade. Isso sugere que tal periódico não circulou de forma isolada na cena escolar e cultual do Estado. Essas publicações foram estimuladas pelas instituições de ensino associadas às proposições de educadores adeptos do movimento da Escola Nova, que defendia a modernização da educação escolar e de suas práticas metodológicas (Bastos, 2013).
Do ponto de vista historiográfico, esses impressos tornaram-se um material fecundo para a pesquisa em história da educação em diferentes espaços e temporalidades, permitindo ao pesquisador uma aproximação com discussões, olhares sobre diversos aspectos de contextos e sujeitos escolares em determinado momento do passado. Dessa forma, “o interesse em se estudar periódicos para a realização de análises históricas reside na possibilidade da leitura de manifestações contemporâneas aos acontecimentos” (Vidal; Camargo, 1992, p. 408), a partir dos discursos difundidos na época.
Os postulados da História Cultural têm contribuído para a ampliação de temas e do sentido de fonte, permitindo olhar a imprensa como um campo promissor para apreender o passado. Portanto, analisar os periódicos escolares é olhar o passado a partir das versões dos sujeitos que testemunharam e imprimiram suas impressões sobre o cotidiano, funcionamento, normas, decisões, metodologias, comportamentos e tantos outros vieses presentes no meio educacional.
Nesse sentido, “a imprensa é um corpus documental de várias dimensões, pois é um testemunho vivo dos métodos e concepções pedagógicas de uma época e da ideologia moral, política e social de um grupo profissional. É um excelente observatório, uma fotografia da ideologia que preside” (Bastos, 2015, p. 21-22), podendo ser considerada como um guia acerca do cotidiano escolar e educacional. Assim, “como fonte e objeto de estudo no campo da História da Educação, os periódicos escolares têm se constituído em importantes meios para compreensão de vários aspectos da cultura escolar das instituições” (Vilanova, 2024, p. 3), que podem ser compreendidos como um “conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos” (Julia, 2001, p. 10).
De modo mais específico, a publicação é compreendida como um elemento da cultura material escolar que “se manifesta vivamente pela concretude não só dos objetos, mas, também, das práticas empreendidas com esses (e através desses) objetos, que precisam ser investigados a partir desse suporte material” (Abreu Junior, 2005, p. 146). Nesse sentido, a revista fazia parte das experiências da classe estudantil, por meio da qual se manifestava e dava a perceber suas práticas e interesses.
Naquele contexto, além de Voz do Estudante, outras escolas se dedicaram à elaboração de revistas. Entre elas, encontram-se: 4 de Outubro (1936), ligada ao Liceu Piauiense; Educação (1936), vinculada à Escola Normal Oficial; Primícias Literárias (1938), associada aos estudantes do Colégio Sagrado Coração de Jesus; Geração (1945), informativo do Colégio Estadual do Piauí (Liceu Piauiense) e Zodíaco (1943), do Ginásio Dr. Demóstenes Avelino.
Uma revista pensada pelo ateneu piauiense e pela Academia de Comércio do Piauí
De acordo com Certeau (2013, p. 47), “toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção socioeconômico, político e cultural”. Portanto, articular a produção da revista às instituições às quais os responsáveis pela sua publicação eram vinculados ajudam a compreendê-la como um recurso utilizado na formação de seus estudantes.
Voz do Estudante foi idealizada pelo Grêmio Literário “Da Costa e Silva”, criado pelos alunos da Academia de Comércio do Piauí e Ateneu Piauiense. De propriedade dos professores Felismino de Freitas Weser e Moaci Ribeiro Madeira Campos, essas escolas foram inauguradas em 1938 e funcionavam na Rua Teodoro Pacheco, números 1075 e 1095, no centro de Teresina. Eram escolas privadas, que ofertavam ensino secundário à mocidade da capital, de outras cidades do interior do Piauí e de estados vizinhos.
Ao tratar sobre a fundação dessas escolas, em texto publicado na edição inaugural da revista, em dezembro de 1940, o professor Valdemar Sandes rememorou o fato como uma grande conquista para a educação do estado, considerando que tal empreendimento se deu sob a desconfiança de segmentos da elite, de grupos políticos e intelectuais, contrários à ideia. O autor destaca as forças contrárias à fundação das instituições e exalta o espírito cívico-patriótico dos proprietários, que não desaminaram do propósito. Segue o texto:
Em 1938, a 23 de fevereiro e 15 de julho, atendendo a urgentes solicitações de comerciantes, comerciários e pais de famílias, os conhecidos e consagrados educadores piauienses Felismino Freitas Weser e Moaci Ribeiro Madeira Campos fundaram, em Teresina, a Academia de Comércio do Piauí e Ateneu Piauiense - estabelecimentos de ensino cujo progresso vem se processando de maneira assustadora e incrível. Filhos de uma época de descrença, de perseguições e de erros, de incertezas e de dúvidas, tiveram os noveis colégios que suportar duras provocações. [...] A sociedade, a opinião pública influenciadas pela doutrina de falsos demagogos, descriam na capacidade realizadora dos homens que tomaram a si o desempenho de tarefa tão árdua quão difícil (Sandes, 1940, p. 17-18).
Mesmo diante dos constrangimentos elencados, os professores Felismino Freitas Weser e Moaci Madeira Campos não deixaram se abater e levaram adiante o empreendimento educacional idealizado e, em pouco tempo, conquistaram o reconhecimento e a credibilidade daquela sociedade. A obstinação dos professores foi exaltada na mesma homenagem quando o autor comemora dizendo:
Lutaram e venceram. Venceram conquistando a simpatia do povo, a confiança absoluta da família piauiense. Triunfaram oferecendo ao ensino secundário e comercial do seu estado um trabalho que há de perdurar na história do Piauí pela extensão dos seus merecimentos, pela magnitude de seu mister - formando consciências, preparando homens, construindo valores para redenção, para a felicidade, para a glória do Brasil (Sandes, 1940, p. 18).
A importância das escolas em questão, pode ser percebida pelo reconhecimento dos trabalhos prestados pelos seus idealizadores à educação piauiense. No entanto, a leitura acerca das homenagens prestadas às escolas e seus idealizadores deve ser feita de maneira cuidadosa, uma vez que se observa uma espécie de exaltação cooperada entre os professores em um periódico produzido na escola que atuava e que tinham espaço privilegiada para emitir tais opiniões. Nesse sentido, “o papel dos professores era indispensável na seleção do que era considerado bom e deveria ser impresso, até mesmo porque eles estavam sempre à frente da redação das revistas” (Farias, 2015, p.112).
Acerca da organização, funcionamento e oferta de cursos, outros anúncios deixam importantes pistas para a compreensão do cotidiano da escola. Nessa perspectiva, é possível perceber mudanças importantes na organização das escolas. No final do ano de 1942, o professor Felismino Freitas Weser não aparece mais como diretor, tendo sido substituído por Antilhon Ribeiro Soares, que assume as funções administrativas ao lado do Professor Madeira Campos. Outro ponto que chama a atenção foi a mudança de nomenclatura do Ateneu Piauiense, que, em 1942, passou a ser chamado de Ginásio Leão XIII, em virtude das exigências estabelecidas pela Reforma Capanema2.
Com relação aos cursos ofertados, em 1940 o então Ateneu Piauiense anunciou a oferta de matrícula para os cursos médio, de admissão e ginasial, enquanto que a Academia de Comércio oferecia matrícula para o curso propedêutico e para o curso de guarda-livros, além da escola de datilografia. Em 1942, o Ginásio Leão XIII passou a anunciar a oferta dos cursos primário e complementar (para admissão ginasial), além do curso ginasial, enquanto a Academia de Comércio anunciava a oferta dos cursos, guarda-livros e contador.
A oferta de cursos preparatórios para exames de admissão também marca a trajetória do Ginásio e da Academia. Suas aulas preparam candidatos para cadeiras que essas escolas ofertavam matrícula. Em um de seus anúncios encontra-se escrito:
Acha-se funcionando regularmente na sede do Ginásio Leão XIII e da Academia de Comércio do Piauí, o curso de admissão a estes conceituados estabelecimentos de ensino e o curso preparatório de candidatos aos Exames de Licença Ginasial, cujo corpo docente é o mais selecionado possível. Aceitam-se alunos de ambos os sexos (Curso..., 1943. p. 27).
Os anseios, lutas e ideais dos estudantes dessas instituições resultaram na organização do Grêmio Estudantil “Da Costa e Silva”. Ao que parece, o movimento de luta por espaço e pela necessidade de se fazerem ouvir, a mocidade estudiosa filiada a essa agremiação enxergou na imprensa periódica o veículo de comunicação eficaz para dar visibilidade às questões e lutas de seu interesse. Essa atitude pode ter sido um dos principais fatores que colaboraram para o surgimento da revista que ora analisamos. Por isso, faço um convite para um passeio em suas páginas, na busca por indícios que permitam compreendê-la como um veículo utilizado para a formação da juventude estudantil do estado, do ponto de vista cívico, moral, religioso e cultural.
Voz do estudante: sugimento e caracterização
Voz do Estudante figurou como importante dispositivo usado para dar visibilidade aos assuntos de interesse do público escolar do Piauí. De publicação trimestral, seu primeiro número apareceu ao público em 30 de dezembro de 1940. Desde sua fundação, esteve sob as lentes de agentes escolares, educacionais, políticos, intelectuais e sociedade letrada de Teresina, de outras cidades e até mesmo dos estados vizinhos. O texto de apresentação da edição inaugural da revista destaca sua importância no cenário educacional da época, conforme se pode observar nos trechos a baixo:
Quem conhece de perto a história dolorosa do estudante piauiense, quem ouviu falar de sua vida tumultuosa onde, as derrotas e aos insucessos, se juntam fatores outros que contribuíram para o seu desmoronamento, ficará surpreso com as constantes e sucessivas transformações que se vem processando na estrutura do monumento educacional do nosso Estado. [...] VOZ DO ESTUDANTE, a elegante revista que a mocidade estudiosa do Ateneu Piauiense e Academia de Comércio do Piauí submete à apreciação dos intelectuais da nossa terra é bem uma confirmação desta assertiva. [...] VOZ DO ESTUDANTE aqui está. Há em cada uma de suas páginas, uma lágrima nossa e um sorriso. Lágrima bem chorada e bem sentida. Sorriso feliz e satisfeito que traduz, com a eloquência da verdade, os nossos anseios, os nossos sonhos, as nossas realizações. Certos de que seremos bem acolhidos por todos, agradecemos, sensibilizadíssimos, a cooperação que nos prestaram a sociedade e o público piauiense na continuação desta obra magnífica e de palpitante interesse para a mocidade das nossas escolas, para o Piauí, para o Brasil (Voz..., 1940, p.5).
Estava assim, inscrita como dispositivo pedagógico utilizado no cotidiano escolar para orientar a formação dos jovens estudantes. Pode ser entendida, portanto, como parte de um “conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos” (Julia, 2001, p. 10). A título de informação, a figura 1 apresenta a capa da primeira edição da revista.
Para examinar a revista como um artefato da cultura material escolar, elaborado a partir de um conjunto de intencionalidades, seguiu-se as orientações de Luca (2017), quando enfatiza que
[...] o conteúdo de jornais e revistas não pode ser dissociado das condições materiais e/ou técnicas que presidiram seu lançamento, dos objetivos propostos, do público a que se destinava e das relações que foram estabelecidas com o mercado, uma vez que tais opções colaboram para compreender outras como formato, tipo de papel, qualidade da impressão, padrão da capa/página inicial, periodicidade, perenidade, lugar ocupado pela publicidade, presença e ausência de material iconográfico, sua natureza, formas de utilização e padrões estéticos (Luca,2017, p. 2).
Olhando para alguns desses aspectos, na capa de sua primeira edição (figura 1) aparece a imagem daquele que era considerado como maior vulto literário do Piauí, o poeta Antônio Francisco da Costa e Silva, também chamado de “Príncipe dos Poetas” e que deu nome ao grêmio literário fundador da revista. Nessa edição, foram apresentados como diretores: Oliveira Saldanha e Cardoso Nunes; redator-chefe: professor Valdemar Sandes e redatores: Carlos Barreto, Antônio Carlos e Francisco Vieira. É importante destacar que esse corpo editorial sofreu alterações, pelo fato de que alguns membros concluíam seus cursos e deixavam a escola.
A redação tinha como logradouro a Rua Senador Teodoro Pacheco, 57-59 no centro de Teresina, para onde deveriam ser encaminhados os textos submetidos ao impresso. Assim, “Toda e qualquer correspondência deve ser endereçada à Redação. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores [e os textos submetidos], os originais, mesmo não publicados, não serão devolvidos” (Expediente, 1941, p. 39).
Chama a atenção o fato de um professor aparecer como redator-chefe do periódico estudantil, o que evidencia que havia um controle institucional sobre as matérias publicadas. Assim, a revista não pode ser pensada como um impresso elaborado exclusivamente por alunos e para alunos, posto que, “mesmo sendo periódicos produzidos pelos estudantes, devemos considerar que tais escritas não expressam um pensamento autônomo, pois estão vinculados a uma instituição, que de alguma forma exerce controle e vigilância no que está sendo publicado” (Bastos, 2015, p. 24-25). Seguindo essa proposição, compreendemos Voz do Estudante como um dispositivo planejado por seus agentes, alunos, professores e diretores para ser utilizado como recurso pedagógico e ideológico de formação dos estudantes.
Chama a atenção a boa qualidade do material utilizado na impressão da revista, o que mostra que, para sua publicação, havia apoio financeiro que ia além das propagandas comerciais anunciadas. Farias (2015) defende esse ponto de vista, quando diz que a exaltação dos políticos também era uma forma de agradecimento pelo seu apoio de “caráter material”. Assim, a revista contém um painel de ilustrações simples e muitos anúncios comerciais.
As capas apresentavam aspectos simples e, em alguns números, contém imagens que exaltavam personagens de elevado reconhecimento e respeito, como é o caso do poeta piauiense “Da Costa e Silva”, que aparece na primeira edição, assim como os presidentes Franklyn Roosevelt (Estados Unidos) e Getúlio Vargas (Brasil) ilustram a segunda edição. Em outros números aparecem apenas seus temas no centro da página, dentro de uma figura geométrica (quadrado ou losango), acompanhados do nome da revista centralizado com letras graúdas e em caixa alta. Tais edições aparecem ilustradas com fotografias em preto-e-branco.
As propagandas aparecem em grande quantidade nas edições, indicando a credibilidade da publicação junto aos diversos segmentos da sociedade. Parece não haver um parâmetro para a escolha dos produtos que seriam anunciados em suas páginas, pois a publicidade variava desde material escolar até bebida alcoólica. Há registro de propagandas de sapatarias, lojas de tecido, perfumaria, consultórios médicos e odontológicos, farmácia, medicamentos, papelarias, alfaiatarias, entre outros gêneros. Não foram identificados valores dos anúncios. No entanto, é possível que esses recursos fossem arrecadados para financiar a publicação do periódico.
Por se tratar de uma revista cuja impressão recebia apoio financeiro do poder público, é possível inferir que isso pudesse influenciar na definição daquilo que seria ou não anunciado em suas páginas, pois não se pode perder de vista as políticas de controle estabelecidas durante o Estado Novo getulista3, que foi marcado pela intensa fiscalização da imprensa por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Daí, independente do teor dos anúncios, as relações estabelecidas com o governo poderiam ser levadas em conta, quanto à sua publicação. A propósito dessa questão, as edições do impresso foram largamente utilizadas como veículo de divulgação das ações do governo.
Sua tiragem não aparece nos editoriais ou expedientes. Dessa forma não conseguimos informações precisas quanto a sua circulação. Contudo, algumas pistas mostram o circuito de comunicação em que estava inserido, uma vez que há indícios de sua circulação entre as agremiações, centros estudantis, bibliotecas, escolas e instituições do poder público. Serve como exemplo, uma manifestação acerca da revista, publicada no Diário Oficial do Estado datado de 2 de setembro de 1941 e reproduzida na própria revista:
Representa um alto e louvável esforço o 3º número da VOZ DO ESTUDANTE, órgão do Grêmio Literário “Da Costa e Silva” que está circulando desde alguns dias. Boa feição, material e farta e interessante colaboração tem a revista, em cujas páginas, ao lado dos nomes consagrados de nossas letras, surge outros reveladores de inteligência, bom gosto e cultura. Numa terra em que os esforços desse gênero quase sempre fracassam, à mingua de recursos, confiança nos resultados e persistência de atividades, o exemplo de VOZ DO ESTUDANTE é, sem dúvida, para aplaudir e louvar (Diário Oficial de 2-9-41) (Voz, 1941, p. 13).
Essas marcas tornaram a revista um dispositivo de credibilidade, com boa receptividade e aparência chamativa, atraindo estudantes e demais agentes escolares, literatos e a sociedade letrada a visitarem suas páginas e a testemunharem o projeto de formação que direcionava a mocidade escolar.
Com relação a sua periodicidade e ciclo de vida, o primeiro número da revista anunciou que ela teria circulação trimestral. A partir da análise das edições disponíveis, observa-se que essa periodicidade não se manteve por muito tempo e seu ciclo de vida foi marcado por interrupções e descontinuidades.
A revista e a formação da mocidade
Do ponto de vista de seu lugar na formação da mocidade estudiosa, Voz do Estudante teve papel relevante considerando-se alguns aspectos: a revista surgiu a partir de aspirações dos estudantes de duas instituições privadas, as quais recebiam constantemente recursos financeiros do governo estadual para sua manutenção. Por esse motivo, a sua direção também procurava manter-se articulada aos interesses dos governantes, posto que era de elevado valor a sua publicação. Farias (2015) observa esse alinhamento argumentando que,
na primeira página da Revista Voz do Estudante encontra-se a foto do interventor federal, Leônidas de Melo e Castro. Foi a forma que os estudantes encontraram para agradecerem o apoio recebido desse político que, segundo os mesmos, era também de caráter material, visto que custava caro a produção da revista confeccionada em São Luís, capital do Maranhão (Farias, 2015, p. 109).
Essa ligação aparece basicamente em todos os números examinados. Homenagens aos heróis, exaltação aos políticos locais e nacionais, exaltação aos atos cívicos, além de discursos patrióticos e vários outros textos que se encontram publicados no referido periódico. Essa percepção permite pensar seus enunciados, como uma rede de significados que visa promover uma reprodução de sentidos com a intencionalidade de serem utilizados como mecanismo de controle e dominação junto aos jovens estudantes (Foucault, 2010). Assim, “[...] não passavam despercebidos os heróis nacionais, os homens que se destacaram na história da pátria através das atuações nas atividades políticas, militares e nas letras. Cada data cívica era relembrada e comemorada” (Farias, 2015, p. 113). A título de exemplo, vale destacar um fragmento de um texto publicado em comemoração à Independência do Brasil:
O acontecimento que hoje festejamos em todo o território nacional recorda um dos episódios mais emocionantes da nossa história. O movimento que empreenderam os nossos antepassados, há 120 anos atrás, com o intuito de dar aos seus compatriotas uma condição de vida compatível com as suas aspirações, enchem de orgulho o espírito de todos os brasileiros. [...] Olha para o passado do nosso exército. Inspira-te nas tradições dos teus avós e prova ao mundo do que és capaz quando impunhas as tuas armas em defesa das causas justas. Nenhum passo atrás! (Sandes, 1942, p.1).
As edições de número 7 e 12, publicadas em 7 de setembro de 1942 e 1943, respectivamente, circularam em comemoração ao dia da pátria, publicaram matérias que tratam da data, dos líderes e do movimento emancipatório e seus feitos. Além dessas datas, a formação cívica também se dava por meio de homenagens a importantes personalidades. A nação e seus governantes, educadores, políticos, literatos, poetas e outras tantas figuras da intelectualidade local foram exaltados nas páginas da revista, com o intuito de inspirar e servir de modelo de conduta moral e intelectual para os estudantes piauienses.
Nessa mesma linha, matérias sobre os atos do poder público e balanços administrativos do governo local circularam por meio de narrativas carregadas de entusiasmos e exaltação.
A preocupação com a formação cívico-patriótica juntava-se à orientação moral, religiosa e cultural compondo assim, as matrizes fundamentais para a “boa formação” da juventude. Desse modo, em suas páginas aparecem inúmeras matérias com o propósito de nortear a mocidade para essa direção. Deveres escolares, exaltação ao trabalho, conduta cidadã e estudantil aparecem como elementos indispensáveis para a formação do cidadão útil ao estado e à nação. Foi nessa direção que, na edição inaugural da revista, Alda Cunha alertou a mocidade: “Cumpramos, com altivez e valor, os nossos deveres de moços idealistas, jamais nos descuremos dos assuntos intelectuais de que tanto depende o engrandecimento de um povo” (Cunha, 1940, p. 12).
Enfatizar os deveres inerentes a cada estudante era uma forma de mantê-los focados em sua formação escolar baseada em valores cívicos. Daí o chamado à missão de trabalhar para o desenvolvimento da pátria, zelando pelo cumprimento de seus deveres escolares e cívicos. Seguindo esse propósito, Oscar Duarte de Carvalho, em “A mocidade, seus deveres e seu futuro”, publicado na quarta edição da revista, de 25 de dezembro de 1941, argumentou o seguinte:
A nós estudantes está reservada a árdua missão do alevantamento da Pátria. O problema educacional dia a dia se complexa, dia a dia surgem novos óbices, novas dificuldades se nos deparam, mas temos que vencê-los, pois que não a outrem, senão aos moços estudiosos, senão a nós estudantes - está reservada a continuidade gloriosa do nosso Brasil (Carvalho, 1941, p.27).
A formação moral aparece como questão ordinária nas edições da revista. Ilustra bem tal preocupação uma série de matérias intitulada a mulher e o século. Foram localizados seis textos que, em linhas gerais, se referiam ao comportamento da mulher contemporânea, tecendo duras críticas às mudanças dos hábitos femininos, configurados pela busca de empregos e ocupação dos espaços públicos.
Nessas páginas, as mulheres eram convidadas a refletir sobre a necessidade de retomada das funções de donas de casa, mães e boas esposas e assim manter o perfil considerado ideal para uma mulher virtuosa. Essa visão foi propagada pelo corpo docente. Felismino Freitas Weser, professor e diretor do Ateneu Piauiense, foi um dos principais defensores da mulher como “anjo do lar”. Muitas das matérias analisadas foram assinadas por ele. Na primeira delas ele escreveu:
Sim; a mulher moderna sonha febrilmente com uma tal reivindicação de direitos que jamais lhe foram roubados, esquecendo-se de que o homem em tempo alguns lhe poderia ultrapassar em virtudes, heroísmos, abnegação e sacrifício, porque a mulher é um ser quase divino, e deve constituir o sustentáculo da família, o anjo do lar. E se hoje se sente num mundo vago e asfixiante, é porque abdicou, espontaneamente, imprudentemente, dessas excelsas qualidades que lhe foram dadas por Deus, qualidades tão elevadas e tão nobres que a nenhum outro mortal é dado possuí-las tão larga cópia. Volte a mulher moderna ao lar, outrora povoado de sua graça e do seu encanto, da sua meiguice e do seu amor e verificará quanto se afastou das belezas do céu, a caminho vertiginoso, rumo ao inferno. E porque negar que a educação atual da mulher está tão perto do caos, como distante de sua legítima finalidade? [...] quero a mulher com o conhecimento das ciências e das letras, das artes culinárias como do desenho, quero que saiba costurar e engomar, para o exercício elevado do anjo do lar, esteio formidável da família e da sociedade (Weser, 1940, p.8).
A conquista dos espaços públicos pela mulher, à época, firmava-se como uma preocupação da revista e da escola. Isso mostra que mantinham fortes ligações religiosas, visto que a Igreja tinha posições contrárias ao ingresso da mulher no mercado de trabalho, destinando a ela as funções domésticas e a docência que, nesse caso, aparece como uma missão, um sacerdócio associado à maternidade. Nesse sentido, o mesmo autor é enfático em dizer que “[...] só admiro a mulher na escola, como professora, de vez que, neste mister, nada mais realiza do que realizar a sua missão divina de mãe, ou nos hospitais amenizando com o bálsamo sublime do seu altruísmo edificante, o sofrimento e a dor do próximo” (Weser, 1940, p.8).
Articulada às questões morais, é possível notar a forte preocupação com relação à formação cristã/católica da mocidade. O caráter religioso fazia parte da identidade e dos valores das escolas a que a revista estava vinculada. Basta lembrar que o nome do Ateneu Piauiense foi modificado para Leão XIII, em homenagem ao Papa eleito líder da nação católica com esse nome. De modo semelhante, não por acaso, o internato articulado à escola se chamava São Vicente de Paula. Esses indícios anunciam, em certa medida, o modelo educacional proposto pela instituição a partir de uma formação voltada para os valores cristãos.
Assim, esse tema aparecia nas edições em datas festivas dedicadas aos santos católicos e em homenagens ao Cristo Jesus. A exemplo disso, as edições de número 4 e 9, ambas publicadas em 25 de dezembro nos anos de 1941 e 1942, respectivamente. As edições em comemoração ao Natal evidenciam a exaltação dos valores cristãos presentes no periódico. Além de matérias voltadas para o tema, com reflexões sobre o nascimento de Cristo e a propagação de princípios como bondade, piedade, fé e caridade, outros números também fazem importantes reflexões sobre a necessidade do homem se manter próximo a Deus, como foi o caso encontrado na edição de número 1, em que o jovem escritor José Newton de Freitas assina um texto intitulado “O caminho”, que faz alusão à vinda de Jesus, anunciando a necessidade dos cristãos estarem em vigília diante da vinda inesperada do salvador para os seus.
Como se tem pontuado até aqui, a revista contribuiu para a formação dos estudantes do Piauí por meio de seus discursos cívicos, morais e religiosos. Contudo, a formação intelectual se constituía, talvez, na maior preocupação do impresso. Nesse particular, a literatura parece ser, em suas páginas, a responsável pela formação ideal daqueles escolares, posto que textos dessa natureza povoam grande quantidade de páginas dos números examinados. Para ilustrar essa concepção foram tomados para análise as edições de 4, 7 e 12, publicadas nos anos 1941, 1942 e 1943, respectivamente. No caso da primeira, foram publicados um total de 24, (em 39 páginas), 21 na segunda (em suas 54 páginas) e a terceira somou 14 (em 40 páginas). São poemas de autoria de poetas renomados, jovens literatos e estudantes que se valiam da revista para o exercício dessa escrita.
Os poemas contemplavam temáticas diversas. Uns tratam de sentimentos amorosos, aflições e desejos, alguns deslocam-se para as questões pátrias, outros privilegiam a exaltam a natureza. Em alguns casos, páginas completas eram dedicadas aos versos de poetas de expressão da literatura piauiense, como foi o caso de uma página dedicada ao poeta Celso Pinheiro, que expõe quatro sonetos inéditos de sua autoria, o que mostra a importância do periódico para a intelectualidade local.
Além da marcante presença da poesia, síntese de obras literárias, biografias de literatos e notícias sobre o universo literário local e nacional ocupavam sistematicamente as páginas da revista. A exemplo disso, na edição inaugural foi publicada uma longa entrevista com o poeta piauiense “Da Costa e Silva”, que, à época, residia em Fortaleza - CE. Essa entrevista foi realizada a partir de um encontro que tivera em sua residência com Moaci Campos, Acilino Marcílio e Salustiano Coelho. A emoção diante do encontro com o poeta foi descrita da seguinte forma:
Estamos emocionados, corações comprimidos, diferentes. É que, abandonando as banalidades cotidianas, vamos viver uma hora sublime e eterna, conversando com um vulto sagrado, a expressão viva e grandiloquente da literatura do nosso Estado, o príncipe dos poetas piauienses, modelador supremo de símbolos que marcam uma época - Da costa e Silva, nome que é um sol a espargir raios de luz sobre todo o território nacional, numa luminosidade tão forte que os seus reflexos atingiram também a pátria de Castilho (Coêlho, 1940, p. 22).
As notícias do universo literário marcaram a revista. Os eventos de interesse de seus leitores ganhavam lugar de destaque e eram celebradas em suas páginas. Palestras, lançamentos de livros, visitas de intelectuais à capital, entre outros assuntos, eram recorrentes em suas páginas.
As páginas analisadas deram prioridade a poesias, contos, memórias, crítica literária e outras manifestações que davam visibilidade à literatura e aos homens de letras. Essa característica de Voz do Estudante nos leva a inferir que, ainda que fosse voltada para abordagens diversas, a revista priorizava as produções literárias, o objetivo de motivar o gosto pelas letras, colaborar para uma formação refinada de uma mocidade estudiosa ancorada no engajamento, no consumo e na produção literária.
Diante desse conjunto de escritos, parece pertinente sugerir que Voz do Estudante se constituiu em um dispositivo que estava imerso no projeto de formação para os jovens secundaristas no Piauí. Suas páginas serviam de espelho para a formação de cidadãos, alinhados aos interesses da nação e que pudessem contribuir para o seu progresso.
Além disso, contribuíam para que assimilassem valores como amor à pátria, a seus governantes, que fossem cristãos, que cumprissem seus deveres e que tivessem boa formação intelectual, pois o ensino secundário ainda era restrito a uma camada muito pequena da população piauiense. Por isso, esse nível de ensino era responsável pela formação de uma parcela da mocidade apta a colaborar para o progresso do país.
Considerações finais
O exame empreendido sobre Voz do Estudante revela a análise de uma abordagem realizada a partir da mobilização de um tipo de documentação ainda pouco explorada no campo da História da Educação no Piauí, uma vez que as pesquisas acerca desses impressos ainda são incipientes.
As edições analisadas revelaram o modo pelo qual a revista foi utilizada como recurso pedagógico que contribuiu para a formação da mocidade piauiense, a partir de escritos que privilegiavam questões relacionadas aos valores morais, cívicos, patrióticos e culturais.
Seu escopo mostra que estudantes, professores, dirigentes escolares, intelectuais e políticos articularam-se em torno da revista com o intuito de sugerir um conjunto de valores que moldasse o comportamento dos moços para que suas ações estivessem alinhadas aos interesses patrióticos da nação.
Voz do Estudante se configurou como um dispositivo utilizado pelas escolas, Academia de Comércio do Piauí e Ateneu Piauiense/Ginásio Leão XIII, para fazer circular enunciados que contribuíssem para a ampliação de saberes da classe estudantil, articulados a conjuntura política da época.
Portanto, o estudo do impresso constitui-se como importante contributo para o debate acerca das abordagens sobre imprensa escolar e estudantil, dando a percebê-lo como recurso disseminador das ideias e assuntos de interesse dos agentes escolares. Ao mesmo tempo, a revista foi utilizada como instrumento alinhado ao aparelho ideológico do Estado na formação dos estudantes piauienses.
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1
Além dos seis números analisados, foram localizadas outras três edições em avançado estado de deterioração. Esses números se encontram sem capas e com muitas páginas subtraídas. Por essa razão, esse material não foi utilizado nessa análise. Em seus fragmentos, foi possível perceber que dois números foram publicados em 1951 e 1952 respectivamente, o que permite inferir que, mesmo de forma descontínua, há indícios de sua circulação até, pelo menos, meados da década de 1950.
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2
A Lei Orgânica do Ensino Secundário, conhecida como Reforma Capanema, foi instituída pelo decreto-lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942 e foi responsável pela reformulação do ensino secundário, estabelecendo em seu art. 5º o ginásio e o colégio como os tipos de estabelecimentos reconhecidos para esse nível de ensino.
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3
Período do Governo Vargas conhecido como Estado Novo, ocorreu entre 1937 e 1945. Nessa fase, Getúlio Vargas, que já governava o Brasil desde de 1930, empreendeu um regime ditatorial marcado, essencialmente, pela centralização do poder, na figura do presidente da república com forte controle da sociedade civil e repressão política aos opositores do regime.
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Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
Disponibilidade de dados
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
03 Out 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
12 Abr 2025 -
Aceito
25 Maio 2025


Fonte: Voz do Estudante, ano 1, n. 1, Teresina 30 dez.