Resumo
Constituiu objetivo deste estudo mapear entre os alunos de graduação a produção científica resultante das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação. Como se delineia, entre os discentes do curso de Pedagogia, a produção de conhecimento derivada das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação? Realizou-se análise bibliográfica e documental com foco nas produções dos discentes na disciplina História da Educação, ministrada no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará. O tempo histórico da investigação se desdobrou no intervalo de 1996 a 2023. Concluiu-se que, no âmbito da prática docente universitária na disciplina História da Educação, os discentes têm sido instigados e orientados a produzirem conhecimentos sobre fatos histórico-educativos, seja na forma de pesquisa exploratória, da elaboração de memoriais acadêmicos e da construção de artigos científicos, elegem múltiplas temáticas, constroem objetos de estudos diferenciados, trilham caminhos metodológicos variados e tratam de assuntos em tempos históricos distintos.
Palavras-chave:
História da Educação; Produção de conhecimento; Curso de Pedagogia
RESUMEN
El objetivo de este estudio fue mapear la producción científica resultante de las actividades académicas aplicadas en la disciplina Historia de la Educación entre estudiantes de pregrado. ¿Cómo se perfila entre los estudiantes de Pedagogía la producción de conocimientos derivados de las actividades académicas aplicadas en la disciplina Historia de la Educación? Se realizó un análisis bibliográfico y documental centrado en las producciones de los estudiantes de la disciplina Historia de la Educación, impartida en la carrera de Pedagogía de la Universidad Federal de Pará. El período histórico de la investigación se desarrolló entre 1996 y 2023. Se concluyó que, En el ámbito de la práctica docente universitaria en la disciplina Historia de la Educación, los estudiantes han sido instigados y guiados a producir conocimientos sobre hechos histórico-educativos, ya sea en la forma de investigaciones exploratorias, la elaboración de memorias académicas y la construcción de artículos científicos. , eligiendo múltiples temas, construyen diferentes objetos de estudio, siguen diferentes caminos metodológicos y abordan temas en diferentes momentos históricos.
Palabras clave:
Historia de la Educación; Producción de conocimiento; Curso de Pedagogía
ABSTRACT
The objective of this study was to map the scientific production resulting from academic activities applied in the History of Education discipline among undergraduate students. How is the production of knowledge derived from academic activities applied in the History of Education discipline outlined among Pedagogy students? A bibliographic and documentary analysis was carried out focusing on the productions of students in the History of Education discipline, taught in the Pedagogy course at the Federal University of Pará. The historical period of the investigation unfolded between 1996 and 2023. It was concluded that, in the Within the scope of university teaching practice in the History of Education discipline, students have been instigated and guided to produce knowledge about historical-educational facts, whether in the form of exploratory research, the preparation of academic memorials and the construction of scientific articles, choosing multiple themes, they construct different objects of study, follow different methodological paths and deal with subjects in different historical times.
KEYWORDS:
History of Education; Knowledge production; Pedagogy Course
RÉSUMÉ
L'objectif de cette étude était de cartographier la production scientifique résultant des activités académiques appliquées dans la discipline Histoire de l'éducation chez les étudiants du premier cycle. Comment se dessine la production de connaissances issues des activités académiques appliquées dans la discipline Histoire de l’éducation chez les étudiants en Pédagogie ? Une analyse bibliographique et documentaire a été réalisée en se concentrant sur les productions des étudiants de la discipline Histoire de l'Éducation, enseignées dans le cours de Pédagogie de l'Université Fédérale du Pará. La période historique de l'enquête s'est déroulée entre 1996 et 2023. Il a été conclu que, Dans le cadre de la pratique pédagogique universitaire dans la discipline Histoire de l'éducation, les étudiants ont été incités et guidés à produire des connaissances sur les faits historico-éducatifs, que ce soit sous la forme de recherches exploratoires, de préparation de mémoriaux académiques et de construction d'articles scientifiques, choisissant plusieurs thèmes, ils construisent différents objets d'étude, suivent différents chemins méthodologiques et abordent des sujets de différentes époques historiques.
MOTS CLÉS:
Histoire de l’éducation; Production de connaissances; Cours de Pédagogie
Introdução
A construção do conhecimento tem sido objeto de estudos em diferentes perspectivas: sobre o ensino de História na educação básica (CRUZ, 2019, p. 429); a produção do conhecimento histórico em espaços escolares, acadêmicos e públicos (PEREIRA, 2017, p. 65); que problematizaram a utilização dos conceitos científicos nos processos de ensino e aprendizagem (LIZZI e SFORNI, 2023, p. 1); que analisou o saber histórico em sala de aula (SCHMIDT, 2005, p. 1); que investigou a importância da produção de conhecimento em educação (NIEDERMAYER, 2021, p. 1); o processo de pesquisa e a construção do conhecimento no ensino de História (SOUZA, 2010, p. 55); abordando os métodos investigativos da historiografia em educação (COSTA; SALVIANO, 2018, p. 92); com foco na pesquisa da área de História da Educação (INÁCIO FILHO, 2010, p. 23); e enfatizando a relação pesquisa e produção de conhecimento em educação (HAYASHI, 2013, p. 45).
Ao analisar a relação produção de conhecimento, ensino/aprendizagem e educação, Severino (1998, p. 11-12) problematizou a assertiva de que “a educação não se efetiva como construção do desenvolvimento humano do educando apenas com base nos processos epistêmico-psíquico-pedagógicos”. Em refutação a esse pressuposto, afirmava que no caso dos “processos de construtividade presentes nas situações de produção do conhecimento e de realização do ensino/aprendizagem”, pois, verificou que tais processos “só se legitimam como mediadores da educação quando marcados também pela historicidade típica da prática real que constitui a substância do próprio existir concreto dos homens”. E enfatizava que “Sem dúvida, a substância do existir é a prática. Não é a expressão teórica, em si mesma, que efetiva nossa existência real. Só se é algo mediante um contínuo processo de agir, só se é algo mediante a ação”.
A produção de conhecimento em História da Educação, portanto, além de demandar leituras e apropriações dos fundamentos epistêmicos e conceituais sobre determinadas temáticas, requer processos didático-pedagógicos capazes de mobilizar estratégias que estimulem os alunos ao desenvolvimento de práticas investigativas, tornando-os sujeitos ativos dessa construção.
Nunes (2003, p. 115-121) ao refletir a respeito do ensino de História da Educação, ressaltou que a partir das interações pedagógicas decorrentes das ações docentes em sala de aula, podem ser construídos “múltiplos sentidos”, uma vez que “O ensino, como qualquer outra atividade considerada profissional, depende das pessoas nele envolvidas e da situação em que se inserem”. Além disso, “A aprendizagem e o ensino configuram-se numa complicada urdidura na qual se articulam o conhecimento existente, o funcionamento cognitivo individual e os processos sociais de transmissão dos saberes”, o que deve ser promovido mediante a efetivação de “práticas significativas” capazes de mobilizar os sujeitos (professor e estudantes) à ação/produção de conhecimento.
O exercício da docência utilizando a estratégia didático-pedagógica da pesquisa exploratória no magistério da disciplina História da Educação, foi impulsionado mediante a reforma curricular do curso de Pedagogia implementada a partir da Resolução nº 2.669, de 05 de outubro de 1999, do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Pará. Essa iniciativa impactou sobre a forma de realizar os processos avaliativos, passando-se a demandar dos graduandos estudos temáticos baseados na historiografia educacional e a produção de textos em formato de artigos científicos ou de memoriais da formação acadêmico-profissional.
Decorridos quase 25 anos dessa prática inicial, parte dos trabalhos realizados por mim, estão preservados e catalogados em arquivos digitais (no formato word ou pdf), o que facilitou o acesso e organização da produção acadêmica dos alunos de graduação, resultante da aplicação das avaliações finais nas disciplinas História Geral da Educação (HGE) e História da Educação Brasileira e da Amazônia (HEBA).
A produção deste texto foi orientada pelo seguinte problema de pesquisa: Como se delineia, entre os discentes do curso de Pedagogia, a produção de conhecimento derivada das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação?
Considerando-se tal problema de investigação, defini como objetivo deste estudo mapear entre os alunos de graduação a produção científica resultante das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação.
Os procedimentos metodológicos adotados envolveram a análise de fontes bibliográficas oriundas da historiografia educacional brasileira relativa à produção de conhecimento em História da Educação, mas também houve consultas a documentos institucionais e aos textos de autoria dos alunos de graduação, resultantes das pesquisas exploratórias desenvolvidas na disciplina HGE e HEBA, ministradas respectivamente no primeiro e quarto semestres do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação (FACED) do Instituto de Ciências da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus de Belém, destacando-se o tipo de trabalho (pesquisa exploratória temática, artigo científico ou memorial), temática, objeto, metodologia e o período histórico de abrangência do estudo.
A pesquisa de caráter bibliográfica e documental, desdobrou-se em um tempo histórico que preencheu o intervalo de 1996 a 2023. O início da série considerou a data de publicação mais antiga, enquanto o tempo final se refere ao período em que ocorreram as recentes produções textuais dos alunos em sala de aula.
Os resultados sistematizados, abrangem informações sobre as pesquisas exploratórias temáticas, bem como os artigos científicos e o memorial acadêmico-profissional1.
No primeiro ciclo das produções, foram catalogados 30 textos, o equivalente a 12% do acervo analisado; no segundo, a somatória resultou em 128 trabalhos, correspondente a 52%; no terceiro, fez-se a seleção de 89 textos que representaram 36% do total consultado.
Entre os anos de 2006 a 2023, coordenei as disciplinas HGE e HEBA, ministradas no ensino de graduação do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da FACED do ICED2 da UFPA.
Conforme informações extraídas do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) da UFPA, no intervalo de 2006 a 2023, ministrei no ensino de graduação os componentes curriculares HGE e HEBA ao total de 48 turmas.
Enquanto nos dois primeiros quinquênios meu plano de trabalho contemplava tanto HGE quanto HEBA, a partir do ano de 2016, preponderou a disciplina HEBA, perfazendo a média de 97% nesse intervalo, correspondente a 65%, quando considerado todo o período analisado.
O trabalho com essas disciplinas, coincidiu com duas reformas curriculares efetivadas no curso de Pedagogia da UFPA: na primeira, aplicou-se a Resolução nº 2.669, de 06 de outubro do ano de 1999; na segunda, sob a vigência da Resolução nº 4.102, de 23 de fevereiro do ano de 2011.
Catalogou-se a produção discente resultante dos trabalhos finais solicitados nas disciplinas HGE e HEBA, abrangendo-se 41 turmas de graduação e o total de 246 textos, tendo sido selecionados para análise 219 produções e excluídos os 27 textos relativos ao memorial acadêmico-profissional, por considerar que nesse acervo as temáticas entrecortam histórias de vidas peculiares e seus objetos são direcionados para a trajetória de escolarização e atuação no campo de trabalho.
Ao longo de toda a série histórica, as pesquisas exploratórias temáticas representaram 12% dos trabalhos realizados, os artigos científicos 77%, enquanto os memoriais acadêmico-profissionais atingiram 11% do total das produções sistematizadas pelos alunos.
No período correspondente aos anos de 2011-2015, a ênfase dos trabalhos finais recaiu sobre a elaboração de pesquisas exploratórias temáticas, cujos assuntos poderiam incidir sobre objetos histórico-educativos envolvendo fatos nacionais, regionais da Amazônia e locais (do Estado do Pará ou de seus municípios).
Diante desse propósito, como parte das atividades curriculares práticas, os grupos de trabalhos compostos pelos alunos deveriam selecionar e analisar a escrita da historiografia educacional e a formação de professores a partir de alguns eixos temáticos, tais como: a escola normal; formação de professores; práticas educativas docentes nas instituições escolares.
Partiu-se do entendimento de que o conhecimento constitui dimensão central no “processo do trabalho escolar” posto que esse fazer “tem por objeto a produção e desenvolvimento de conhecimentos”, daí a importância de se pensar a interação efetivada entre professor/aluno/conhecimento, conforme ressaltou Catapan (1996, p. 93).
Diante dessa perspectiva epistemológica, considerando-se a lógica do conhecimento histórico estruturada segundo as temáticas específicas, com base no texto escolhido pelos alunos, dever-se-ia destacar o tempo histórico abrangido, autores adotados na fundamentação, objetos das pesquisas históricas, objetivos da investigação, problemas de pesquisa, abordagem metodológica, fontes históricas utilizadas, as principais conclusões dos estudos, e interpretações da equipe de trabalho, tendo por referência artigos científicos, dissertações e teses armazenadas no Banco de Dados das Bibliotecas Digitais situadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação e nos Periódicos, por meio do acesso às revistas de História da Educação, bem como aos eventos científicos da área de educação e de História da Educação.
A partir dos períodos de 2016-2020 e 2021-2023, passei a priorizar o artigo científico e o memorial acadêmico-profissional enquanto formatos de trabalhos finais nas disciplinas HGE e HEBA, pois a Resolução nº 01, de 03 novembro de 2016, em seu art. 4º, inciso II e V, previu essas estratégias como tipos de trabalhos que poderiam ser convertidos em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Assim, essa seria uma oportunidade de exercitar essas formas textuais entre os discentes, de modo a familiarizá-los com tais produções, contribuindo com suas formações profissionais e enquanto sujeitos epistêmicos.
Decorridos quatro anos desse texto resolutivo, uma nova alteração sobreveio para regulamentar o TCC na FACED do ICED da UFPA, mediante a Resolução nº 01, de 10 de março de 2020, mantendo-se em seu art. 4º os mesmos tipos de trabalhos já previstos anteriormente.
É importante ressaltar que, na autoria desses trabalhos, envolvem-se discentes (homens e mulheres), com o maior protagonismo exercido pelas pessoas do sexo feminino, uma vez que atualmente o curso de Pedagogia concentra esse gênero como a maioria de sua composição.
Do ponto de vista das temáticas priorizadas nas pesquisas, viu-se que 121 produções, (82%) do total, estavam relacionadas aos eixos com maiores repercussões, dentre os quais o acesso e permanência no ensino superior (20%), reformas e políticas educacionais (12%), currículo e formação no curso de Pedagogia (11%), educação cidadania e lutas sociais (11%), história da formação de professores (11%), eleição direta e gestão democrática na educação (11%), história e política de educação inclusiva (11%), relações raciais e educação (8%), qualidade da educação (7%).
Quando verificados os objetos de estudos com maior propulsão nas pesquisas, chegou-se ao total de 89 textos, representados entre aqueles dedicados à qualidade na educação (25%), acesso e permanência na educação superior (21%) historiografia educacional e epistemologia (17%), educação e relações étnico-raciais (11%), evasão e história do curso de Pedagogia (11%), práticas educativas (8%), reformas curriculares e processos de ensino (8%) e a formação de professores (7%).
Na dimensão metodológica, a investigação demonstrou a intensa repercussão dos estudos em que os coautores escolheram as fontes bibliográficas e documentais (67%) para construção do conhecimento histórico-educativo, porém, houve grupos que preferiram a consulta bibliográfica (31%) e outros que sedimentaram o percurso com a análise bibliográfica, documental e aplicação de formulário (2%).
Sobre o tempo histórico escolhido para abrangência dos trabalhos, viu-se que, no universo amostral majoritário de 193 investigações, os recortes analíticos fluíram para o Século XX ao XXI (52%), o Século XXI (37%), o Século XIX ao XXI (8%) e o Século XX com 3% das representações.
Esses indicadores gerais, evidenciam o quão relevante tem sido o processo de construção do conhecimento a partir do ensino realizado na disciplina História da Educação, principalmente por meio da elaboração dos artigos científicos, uma vez que esse tipo de atividade curricular contribui com o processo de autonomia discente enquanto sujeito epistêmico, promove a coautoria nas investigações, impulsiona a eleição de temáticas e construções de objetos de estudos que demandam análises bibliográficas e documentais em diferentes tempos históricos.
A hipótese delineada para esta pesquisa, ressalta que no âmbito da prática docente universitária na disciplina História da Educação, os discentes têm sido instigados e orientados a produzirem conhecimentos sobre fatos histórico-educativos, seja na forma de pesquisa exploratória, da elaboração de memoriais acadêmicos e da construção de artigos científicos, elegem múltiplas temáticas, constroem objetos de estudos diferenciados, trilham caminhos metodológicos variados e tratam de assuntos em tempos históricos distintos. Logo, as investigações suscitadas, além de estimularem o protagonismo estudantil, contribuem tanto com o aprofundamento teórico quanto com o exercício da prática científica, a partir do processo ensino-aprendizagem decorrente das atividades aplicadas nesse componente curricular de frequência obrigatória no curso de Pedagogia.
Além desta introdução, o texto está organizado em três seções: na primeira, discorre sobre temáticas, objetos de estudos, metodologias e tempos históricos dos trabalhos desenvolvidos no período de 2011 a 2015; na segunda, os mesmos temas conduziram as reflexões, mas com ênfase no período de 2016 a 2020; na terceira, seguiu-se a mesma lógica, porém incidindo no período de 2021 a 2023; em seguida foram apresentadas as conclusões e listadas as referências consultadas.
TEMÁTICAS, OBJETOS DE ESTUDOS, METODOLOGIAS ADOTADAS E TEMPO DE ABRANGÊNCIA NO PERÍODO 2011-2015
Quanto às temáticas priorizadas nos trabalhos desenvolvidos pelos alunos, ocorreu a variação das opções, configurando-se em 15 tipos diferentes. Entretanto, a história da formação de professores (20%) foi o eixo mais expressivo, seguido pelo de relações raciais e escolarização (10%), o lúdico e educação infantil (10%), e o de avaliação e métodos de ensino (10%).
Outros temas receberam atenção nos estudos, acumulando-se 35% dos trabalhos, tais como: a música como ferramenta pedagógica (7%); escola inclusiva (7%); história da Escola Normal (7%); planos de educação (7%); e representações sociais e educação (7%).
Entre as menores incidências ficaram representados os seguintes temas: a feminização do magistério (3%); cotas raciais nas universidades (3%); ensino médio integrado (3%); financiamento da educação (3%); gestão democrática (3%); e história da escola primária (3%) (Gráfico 1).
Nota-se que as temáticas desenvolvidas pelos alunos convergem com os conteúdos que configuram as Unidades Didáticas do Plano de Ensino aplicado na disciplina HEBA, pois versaram sobre a formação do Estado nacional e a gênese da educação escolar no Brasil; as reformas educacionais e democratização da escola pública na história da educação no Brasil e na Amazônia; como também abordam as instituições educativas e a história da formação de professores no Brasil e na Amazônia; ou analisam as reformas do Estado e implicações nas instituições educativas e na formação de professores no Brasil contemporâneo.
Concernente aos objetos de estudos que se tornaram foco dos trabalhos finais construídos nas disciplinas de História da Educação, sua distribuição ocorreu em treze eixos, com a preponderância daquele identificado como práticas educativas (23%), seguido pelo de formação de professores, o qual atingiu a proporção de 20% dos casos.
O eixo políticas e reformas educativas e o de relações raciais e escolarização, alcançaram 10% cada um, somando-se 20% dos trabalhos. Por sua vez, as menores representatividades ficaram com eleição direta e gestão democrática na educação, cotas raciais nas universidades, financiamento da educação, gravidez, evasão e repetência, história da educação infantil, relações de poder e educação, representações sociais e educação, respectivamente com 3% para cada um, porém, acumulando 21% do total (Gráfico 2).
As práticas educativas e a formação de professores representaram a maior parcela dos objetos de estudos priorizados pelos coautores dos trabalhos desenvolvidos, demonstrando-se que para muitos alunos o interesse epistemológico sobre o conteúdo abordado na Unidade Didática 3 do Plano de Ensino de HEBA, na qual são estudadas as instituições educativas e a história da formação de professores no Brasil e na Amazônia.
A respeito das estratégias metodológicas acionadas pelos alunos a fim de dar efetividade aos estudos em torno das pesquisas exploratórias temáticas, foram identificados cinco tipos de estratégias eleitas como prioridade, sendo que a pesquisa bibliográfica, além de ser a mais proeminente (47%), permeia todo o conjunto da amostra analisada, mediante diferentes combinações (Gráfico 3).
A ênfase na pesquisa bibliográfica e documental (20%) e bibliográfica, documental e entrevistas (17%), mobilizaram um total de onze grupos de alunos, ou seja, 37% dos estudos desenvolvidos em relação à totalidade dos trabalhos considerados para efeito das análises. Com menores incidências nas predileções, estão as combinações entre bibliográfica e entrevistas (13%), assim como a bibliográfica, documental, observação e entrevistas (3%).
Para um total de 12 trabalhos, correspondentes a 40% da amostra, além das fontes históricas bibliográficas, a pesquisa documental foi eleita como essencial, de modo a subsidiar a construção do conhecimento histórico-educativo a respeito das temáticas investigadas. No caso das entrevistas, foi ampla sua representatividade, pois constaram de 10 trabalhos, obtendo uma proporção de 33%. Embora a observação tenha sido assumida somente em um dos trabalhos, isto evidencia que também essa estratégia metodológica pode ser considerada para fins de realização dos estudos no campo do ensino e pesquisa em História da Educação.
Conforme o previsto no Plano de Ensino de HEBA, recomenda-se a realização de trabalhos que priorizem a análise bibliográfica e documental, por duas razões: a) Devido à facilidade de acesso via internet ao acervo de periódicos e documentos; b) O pouco tempo disponível para o planejamento e execução das pesquisas durante o andamento da disciplina.
Quando inspecionado o tempo histórico de abrangência das pesquisas exploratórias temáticas, percebeu-se que os trabalhos realizados pelos graduandos incidiram em sete diferentes periodizações, mas as maiores proporções foram ocupadas por aqueles concentrados entre os séculos XX ao XXI (33%) e as produções escritas dedicadas ao XXI (33%) (Gráfico 4).
O Século XX recebeu a atenção em 20% das pesquisas exploratórias temáticas, representando uma boa densidade dos estudos; enquanto os séculos XVI ao XXI, XVII ao XXI, XIX ao XX e XIX ao XXI obtiveram 3% cada, totalizando 12% das ocorrências.
Excetuando os trabalhos cujos grupos de alunos elegeram o Século XX como única referência de temporalidade, todos os demais (80%) optaram pela combinação de períodos históricos, possibilitando-se a verificação dos temas no transcurso do tempo, relacionando o presente com o passado e o entendimento deste mediante análises incidentes em acontecimentos contemporâneos.
Destaque-se que em 66% dos estudos os alunos manifestaram interesses por conhecer os fenômenos histórico-educativos a partir do Século XX ao XXI, o que demonstra suas preocupações com as transformações políticas, econômicas, culturais, sociais e educacionais que impulsionaram expressivas modificações no Brasil e na Amazônia.
Considerando-se o modo como se organiza o conteúdo ministrado na disciplina HEBA, os tempos indicados nos trabalhos evidenciam os interesses dos alunos em pensar o fenômeno histórico-educativo em contextos de épocas mais remotas e atuais.
TEMÁTICAS, OBJETOS DE ESTUDOS, METODOLOGIAS ADOTADAS E TEMPO DE ABRANGÊNCIA NO PERÍODO 2016-2020
Quando considerado o tipo de trabalho construído sob a forma de artigo científico, observou-se a variação de temáticas configuradoras das pesquisas desenvolvidas no período de 2016 a 2020, sendo as mais expressivas o acesso e permanência na educação superior (13%), reformas e políticas educacionais (11%), currículo e formação no curso de Pedagogia (10%), Educação, cidadania e lutas sociais (10%), e relações raciais e educação (8%) (Gráfico 5).
Embora com menor incidência em relação às pesquisas exploratórias mencionadas acima, a qualidade da educação (6%), a educação inclusiva (5,51%), a eleição direta e gestão democrática na educação (5,51%), mulher e educação (4%) e a violência escolar (4%) também obtiveram elevadas representatividades dentre os estudos.
Em seguida, houve trabalhos cujos autores investigaram temas como: evasão na educação superior e curso de Pedagogia (3%), iniciação científica e pesquisa (3%), o trabalho docente e critérios de contratação (3%) e a educação ribeirinha e em áreas periféricas (2%).
Outras temáticas recorrentes versaram sobre educação e abuso sexual (2%), educação em sistema prisional (2%) financiamento da educação (2%), formação de professores na Escola Normal (2%), história da educação superior (2%) e tecnologias e alfabetização (2%). A avaliação educacional (1%) e a formação em instituições não escolares (1%) ocuparam as menores proporções no universo das produções textuais.
A pluralidade das temáticas eleitas para os estudos decorreram dos interesses acadêmicos de cada grupo de trabalho, tendo suas emergências a partir das percepções dos graduandos acerca dos acontecimentos históricos ou impulsionadas pelas leituras dos trabalhos selecionados para comporem as Unidades Didáticas do Plano de Ensino aplicado em História da Educação Brasileira e da Amazônia.
Ainda que o eixo currículo e a formação de professores no curso de Pedagogia tenha se constituído uma das temáticas investigativas, fica evidente que, concomitante a esse assunto, há tantas outras preocupações relacionadas ao fenômeno educativo que mobilizam as atenções dos estudantes durante o processo formativo. Isto demonstra a importância do exercício da produção autoral durante esse percurso acadêmico.
Quando submetidos às análises os trabalhos a partir dos objetos de estudos priorizados para a construção de sua escrita, o eixo historiografia educacional e epistemologia acumulou 12% das produções discentes, seguido pelo referente à qualidade da educação (9%), o acesso e permanência na educação superior (8%), educação e relações étnico-raciais (8%), e o de evasão e história do curso de Pedagogia (8%).
Outros objetos de estudos foram investigados pelos graduandos, tais como: eleição direta e gestão democrática na educação e a escolarização de mulheres, cada um com 6% do total das pesquisas exploratórias empreendidas no período considerado; educação, cidadania e lutas sociais (5%); história da formação de professores (5%); e reformas educativas e curriculares (5%).
As políticas de cotas raciais na educação canalizaram os interesses dos coautores de 4% dos trabalhos, enquanto a carreira e trabalho docente, história e política de educação inclusiva, iniciação científica e pesquisa educacional, políticas educacionais, e a violência em instituições escolares mobilizaram 3% das pesquisas em cada um desses eixos (Gráfico 6).
Os objetos de estudos com menores impactos ficaram representados pelos eixos gestão universitária e política de extensão (2%); abuso sexual de crianças e adolescentes (1,5%); educação e sistema carcerário (1,5%); financiamento da educação (1,5%); tecnologias e processos de ensino e aprendizagem (1,5%). Ainda são raros os trabalhos abordando as metas e estratégias do Plano Nacional de Educação (1%), assim como no que se refere ao sistema de avaliação da educação (1%).
Uma vez apuradas as opções metodológicas adotadas pelos coautores das pesquisas exploratórias desenvolvidas sob a forma de artigos científicos, evidenciou-se que a pesquisa bibliográfica esteve presente em todas as produções realizadas. Todavia, ocorreu seu desdobramento em seis tipos de combinações: bibliográfica e documental (74%); bibliográfica (22%); bibliográfica, documental e relato de experiência (1%); bibliográfica, documental, entrevista e questionário (1%); bibliográfica, documental e entrevista (1%) e bibliográfica, documental e observação (1%) (Gráfico 7):
Os trabalhos desenvolvidos com suporte das fontes bibliográficas e documentais, ficaram representados por 78% das produções, porém, em algumas delas os coautores recorreram, de forma complementar, ao relato de experiência, às entrevistas e à observação. Em outra parte dos estudos os coautores alimentaram suas formulações apoiados em artigos científicos publicados em periódicos ou em anais de eventos da área de educação.
Embora os trabalhos de caráter bibliográficos e documentais componham a maioria das metodologias empregadas, faculta-se sua combinação com relatos de experiências dos próprios estudantes a respeito do objeto investigado, assim como a aplicação de entrevistas e de formulários, visto que as novas tecnologias da informação e comunicação facilitam a interatividade para aplicação desses instrumentos.
Observando-se os tempos históricos abrangidos pelos trabalhos acadêmicos, as produções remontam aos fatos histórico-educativos transcorridos entre o período colonial e a fase contemporânea do Brasil (Gráfico 8).
Dentro da amostra analisada, os artigos científicos cujos estudos versaram sobre o Século XX ao XXI acumularam as maiores proporções (49%), demonstrando o forte interesse dos alunos de graduação por assuntos educacionais transcorridos nesse contexto diacrônico. Entretanto, as pesquisas dedicadas somente às primeiras duas décadas do Século XXI perfizeram 33% dos casos.
As produções cujos tempos históricos se desdobraram sobre o Século XIX ao XXI, ocuparam a terceira colocação (8%), seguidas daquelas concentradas no Século XVI ao XXI (6%). Por sua vez, o Século XX foi o intervalo eleito por 1,5% dos coautores, porém, raríssimas investigações elegeram o Século XVI ao XVIII (1%), o Século XVIII ao XIX (1%) e o Século XIX ao XX (1%). Uma parte dos estudos concentrou no Século XVI o tempo histórico inicial (7%), enquanto para 1% foi o Século XVIII, 9% o Século XIX, 50% o Século XX e 33% o Século XXI. Tratando-se do período final de realização dos trabalhos, o Século XXI recebeu a atenção de 96%, ficando os Séculos XIX e o XVIII com 1% cada.
Essa diversificação do tempo histórico está em sintonia com a Ementa da disciplina HEBA, na qual se tem como foco a História e Historiografia da Educação relacionada a acontecimentos nacionais e locais: História e Historiografia da Educação e suas interfaces no processo de formação social, política, econômica e cultural do Brasil e da Amazônia. Marcos estatais legislacionais: institucionalização do ensino. Estado, Escola e Educação: políticas e acontecimentos históricos educacionais. Sistema de Ensino e cultura escolar. Educação e Sociedade na Amazônia: trajetória, balanços e perspectivas comparada de propostas e práticas educativas entre o nacional e o regional.
Logo, a perspectiva da História da Educação comparada tem sido ressaltada como importante estratégia para realização das pesquisas exploratórias na disciplina HEBA.
TEMÁTICAS, OBJETOS DE ESTUDOS, METODOLOGIAS ADOTADAS E TEMPO DE ABRANGÊNCIA NO PERÍODO 2021-2023
Consultando o acervo digital onde estão disponíveis cópias dos artigos científicos produzidos pelos alunos de graduação na disciplina História da Educação Brasileira e da Amazônia, no período de 2021-2023, contabilizei 62 trabalhos desenvolvidos por esses discentes no curso de Pedagogia, Campus de Belém. Contudo, a essa quantidade poderia ser adicionada a de mais 15 trabalhos cujas informações constavam do quadro de grupos que cumpriram essa atividade, após intensa pesquisa na pasta de documentos de meu computador, não foram encontrados, portando, deixaram de ser considerados para efeito das análises.
Nesse terceiro ciclo de produções analisadas, as temáticas eleitas pelos discentes coautores dos artigos científicos mantiveram sua diversidade, porém, algumas foram mais acentuadas do que outras, conforme distribuição representada nos dezenove eixos constitutivos do gráfico abaixo (Gráfico 9).
A história da formação de professores (11%) e o acesso e permanência no ensino superior (11%) concentraram as maiores proporções dos trabalhos, seguidos por aqueles focados na história e política de educação inclusiva (10%), a eleição direta e gestão democrática na educação (10%), o de política de cotas raciais na educação (8%) e o de educação e relações étnico-raciais (6%).
Um outro grupo de trabalhos foi distribuído com a mesma proporção de 5% para cada, quais sejam: direito à educação infantil; ensino remoto e educação a distância; qualidade da educação; reformas educativas e curriculares, atingindo 20% da quantidade apreciada. Entretanto, com valor percentual de 3% a cada caso, ficaram representados os eixos temáticos carreira e trabalho docente; educação de jovens e adultos; educação, cidadania e lutas sociais; financiamento da educação; história da educação ambiental; e o de políticas educacionais, acumulando-se 18% do total avaliado.
Embora constituídos com baixas representatividades de 2% para cada ocorrência, há de se destacar a presença de estudos cujos coautores abordaram a escolarização de mulheres; a música e currículo escolar e a violência em instituições escolares, somando 6% em relação ao quantitativo da amostra geral.
Assim, os conteúdos ministrados nas Unidades Didáticas 3 e 4 do Plano de Ensino de HEBA, impulsionaram pesquisas exploratórias sobre temáticas diversas, porém, ressalta-se a presença de trabalhos cujos autores abordaram a história e política de educação inclusiva, ou a política de cotas raciais na educação, e a educação e relações étnico-raciais com foco na educação básica e superior, uma vez que são conteúdos que permeiam os textos selecionados como leituras obrigatórias no desenvolvimento das atividades da referida disciplina.
Quanto ao cenário dos objetos de estudos, foi possível verificar que os coautores também construíram suas produções a partir de diferentes perspectivas, demonstrando-se que as investigações histórico-educativas são essenciais no ensino de História da Educação, principalmente porque permitem explorar uma pluralidade de objetos derivados das curiosidades epistemológicas manifestadas pelos estudantes (Gráfico 10).
A qualidade da educação e aprendizagem (16%), assim como o acesso e permanência na educação superior (15%) e as reformas curriculares e processos de ensino (11%), corresponderam aos objetos com maiores incidências nas pesquisas realizadas, somando-se 42% do total dos trabalhos.
Tais interesses investigativos derivam das Unidades Didáticas 2, 3 e 4 do Plano de Ensino da disciplina HEBA, as quais incidem nas reformas educacionais e a democratização da escola pública; na relação entre as instituições educativas e a formação de professores; e nas reformas do Estado e suas implicações sobre as instituições educativas e a formação de professores.
As trajetórias e características da gestão democrática e a formação inicial e continuada de professores, também teve acentuado impacto nos resultados apresentados, acumulando 10% em cada eixo temático contido na representação gráfica acima. De outra parte, o sistema de cotas raciais na educação superior, a educação, racismo e desigualdade social e o direito à educação, atingiram 6% cada, ou seja, 18% da quantidade dos artigos científicos desse período.
Outros objetos de estudos focaram o ensino remoto e história da educação a distância (5%), o financiamento e privatização da educação (3%) e os critérios para contratação de professores (3%), enquanto que políticas educacionais, historiografia educacional e epistemologia, história da violência escolar, história da educação ambiental e o ensino da música na legislação e formação, impactaram com igual proporção de 2% para cada eixo.
Na tessitura metodológica dos trabalhos desse período, o recurso às fontes bibliográficas permeou a construção de todas as pesquisas efetivadas nesse período e, a partir delas, várias combinações foram arquitetadas pelos coautores dos estudos, resultando na variedade das opções de suas caminhadas epistemológicas (Gráfico 11).
As pesquisas bibliográficas e documentais somaram 52% dos casos, enquanto as de caráter bibliográfico ficaram representadas com 31% das ocorrências, seguidas pelas bibliográficas, documentais e aplicação de formulário que atingiram 8% e as bibliográficas, documentais e relato de experiência com 5%. As menores incidências foram ocupadas pelas pesquisas bibliográficas e entrevista, bibliográficas e relatos de experiências e as bibliográficas, documentais e de campo com 2% para cada.
Além de recorrerem às fontes bibliográficas e documentais, algumas pesquisas subsidiaram as análises com os relatos de experiências dos próprios coautores dos estudos, das entrevistas aplicadas a docentes, gestores de instituições educativas e alunos da educação superior, assim como o trabalho de campo nas escolas. De outra parte, a aplicação de formulários eletrônicos também foi um importante recurso acionado, tendo em vista a utilização das tecnologias para obtenção de informações necessárias aos processos investigativos.
A propagação do acesso à internet, facilitou o desenvolvimento de consultas a banco de dados que se encontram armazenados nos arquivos digitais, tais são os casos dos portais de periódicos, banco de teses e dissertações, sítios institucionais, anais de eventos, cujas produções científicas estão acessíveis e permitem consultas a fontes bibliográficas e documentais, otimizando-se o tempo de busca, leitura e análise dessas fontes históricas, bem como minimizando os custos para sua obtenção e fruição.
Durante o processo de orientação para a construção metodológica desses estudos, há expressa recomendação feita pelo docente para que os graduandos recorram a fontes bibliográficas e documentais, por dois motivos: primeiro, devido ao limite de tempo a ser cumprido nas composições escritas dos textos, que é o intervalo previsto no Plano de Ensino aplicado no semestre letivo; segundo, em razão da existência e acessibilidade a diversos periódicos e documentos em formatos digitais, particularmente no campo da História da Educação. No entanto, excepcionalmente, certos grupos de coautores adicionam aos procedimentos os relatos de experiências, as entrevistas e aplicação de formulários, desde que sejam imprescindíveis e adequados ao tipo de estudo pretendido.
A respeito do período histórico abrangido pelos trabalhos, notou-se que os coautores dos estudos percorreram diferentes temporalidades, seja com a exclusividade de um século, ou, combinando-os em intervalos diacrônicos, cujos assuntos discorridos podem ser caracterizados como de “longa duração, ciclos de média duração e eventos” (CRACCO, 2009, p. 73-85), pois exploraram temáticas relacionadas ao momento de formação colonial até a história contemporânea brasileira. Fez-se, portanto, a escrita da História da Educação em sua relação com o tempo, e este é predominantemente representado pela longa duração dos acontecimentos, mas também refere a eventos da sociedade atual (BARROS, 2018, p. 182).
Na distribuição da produção dos artigos científicos desse período, tem-se a maior proporção representada pelos Século XX ao XXI (45%), seguida pelo Século XXI (31%) e o Século XIX ao XXI (10%). Esses três eixos temporais somaram 86% das investigações desenvolvidas pelos discentes das turmas assumidas, à época (Gráfico 12).
Certos grupos de coautores dos artigos optaram por construir os estudos a partir de fatos históricos que remeteram ao período colonial em combinação com os séculos XIX, XX e XXI, totalizando 6%, porém, em determinados textos houve recortes analíticos para o Século XVIII ao XIX (2%), Século XIX (2%), Século XIX ao XX (3%) e Século XX (2%).
Considerando-se o conjunto de todos os trabalhos cujas análises adentraram o Século XXI, obtém-se o total de 57 textos, isto é, o equivalente a 92% dos casos registrados que recorreram ao passado a partir do presente a fim de entenderem as implicações e repercussões das temáticas no momento contemporâneo. Tal empreitada tem sido promissora e possível de realizar tanto em razão da utilização das pesquisas exploratórias do tipo bibliográfica e documental, quanto pela mediação da internet e as novas tecnologias da informação, comunicação e difusão.
Conclusão
Com a realização desta pesquisa, atingiu-se seu objetivo principal que visava mapear entre os alunos de graduação a produção científica resultante das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação, assim como discutir o problema de pesquisa proposto em torno da produção de conhecimento entre os discentes do curso de Pedagogia, a partir das atividades acadêmicas aplicadas na disciplina História da Educação.
Foi assertiva a dimensão metodológica desta pesquisa porque demandou não só a fundamentação teórica sobre o assunto versado, mas por ter possibilitado explorar diversos documentos institucionais e os produtos das atividades curriculares desenvolvidas na disciplina História da Educação, no período de 2011 a 2023, armazenados sob a forma de arquivos digitais do autor da investigação e docente desse componente no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará.
A iniciativa de transformar o ensino de História da Educação em componente curricular para produção de conhecimento, exigiu o redimensionar das atividades didático-pedagógicas do docente, considerando-se a própria estrutura normativa existente na instituição e sua experiência enquanto pesquisador consolidado na área de educação.
Os resultados confirmam as análises teóricas adotadas como fundamentos neste estudo, uma vez que tanto as pesquisas exploratórias temáticas, quanto os artigos científicos e os memoriais acadêmico-profissionais foram convertidos em atividades curriculares indutoras do processo formativo, valorizando-se os saberes e experiências dos acadêmicos universitários em suas inicializações como sujeitos ativos na construção do conhecimento.
Assim, verificou-se serem diversas as temáticas priorizadas pelos trabalhos discentes, mas ganharam amplas investidas o acesso e permanência no ensino superior, as reformas e políticas educacionais, o currículo e formação no curso de pedagogia, a educação cidadania e lutas sociais, a história da formação de professores, a eleição direta e gestão democrática na educação, história e política de educação inclusiva, relações raciais e educação, qualidade da educação.
No caso dos objetos de estudos, os textos enfatizaram os problemas decorrentes da qualidade na educação, o acesso e permanência na educação superior, a historiografia educacional e epistemologia, a educação e relações étnico-raciais, a evasão e história do curso de Pedagogia, as práticas educativas, as reformas curriculares e processos de ensino, assim como a formação de professores.
Vista a partir da perspectiva metodológica, a produção discente analisada priorizou diferentes fontes históricas, mas foi significativa a quantidade dos trabalhos respaldados em consultas bibliográficas, aqueles que combinaram as bibliografias com documentos, e também a proporção daqueles coautores discentes cujas investigações amalgamaram as bibliografias, documentos e aplicação de formulários.
Sobre o tempo histórico de abrangência dos estudos, verificou-se que a ampla maioria dos trabalhos se concentrou no intervalo dos Séculos XX ao XXI ou na exclusividade do XXI, porém, diversos outros períodos compuseram os processos das escritas dos acadêmicos: Século XVI ao XIX, Século XVIII ao XXI, Século XIX ao XXI, Século XX.
Confirma-se, portanto, a hipótese anunciada na introdução deste texto, posto que, a partir da iniciativa docente na disciplina História da Educação, há estímulos didático-pedagógicos e atividades curriculares planejadas para que os discentes aprimorem a formação teórica e a prática científica, mediante processos de produção de conhecimento sistematizado sob a forma de pesquisa exploratória temática, memorial acadêmico e artigo científico.
Referências
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1
Nos trabalhos do tipo memorial, aplica-se um formulário contendo as orientações indispensáveis a sua produção. A elaboração escrita deve articular a história pessoal com a reflexão teórica no campo das ciências humanas e sociais. Além disso, os coautores elegem no grupo de trabalho um protagonista sobre quem será construída a narrativa dos acontecimentos históricos relacionados ao processo de escolarização e atuação profissional desse sujeito. Isto envolve a escrita de um texto com introdução, desenvolvimento, conclusão e referências, bem como a inserção de fontes documentais acerca dos fatos descritos.
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2
Em função dos artigos 30 e 31 previstos no Estatuto da Universidade Federal do Pará, do ano de 2006, os Institutos correspondem a uma das formas de configuração das Unidades Acadêmicas. Disponível em: https://ppca.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/regimento_e_normas/Estatuto-da-Universidade-Federal-doPara.pdf Acesso em: 30 mar. 2024. Impulsionado por esse novo texto legal, o então Centro de Educação sofreu reestruturação com a Resolução nº 649, de 10 de março de 2008, com a qual foi criado o atual Instituto de Ciências da Educação. Disponível em: https://iced.ufpa.br/images/Documentos/Regimento-Iced.pdf Acesso em: 30 mar. 2024.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Abr 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
03 Jul 2024 -
Aceito
29 Nov 2024













Fonte: Acervo documental digital do autor.
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