Resumo
O artigo discorre sobre o surgimento da imprensa infanto juvenil na França e no Brasil, problematizando os usos que pesquisadores das Ciências Humanas têm dado a este corpus documental potencialmente atraente. Discute a emergência deste nicho de mercado numa perspectiva transnacional, cotejando dialogicamente duas revistas ilustradas emblemáticas: a francesa La Semaine de Suzette e a brasileira O Tico-Tico, ambas nascidas em 1905. Analisa quatro capas inaugurais desses dois sucessos comerciais incontestes, procurando evidenciar a existência de uma particularidade constitutiva das capas da revista brasileira em relação às da congênere francesa: a presença da carnavalização discursiva, nos termos preconizados por Bakhtin (1980). Demonstra-se que O Tico-Tico subverte hierarquias de gênero, etárias e de classe social, particularmente àquelas relativas aos modos de ser idealizado dos filhos em relação aos pais, e dos alunos em relação aos professores.
Palavras-chave:
imprensa infanto-juvenil; revistas ilustradas para crianças; La Semaine de Suzette; O Tico-Tico; fontes impressas