RESUMO
Este escrito tenta escapar de leituras tradicionais feitas por alguns juristas, criminólogos, sociólogos e historiadores que analisam, por exemplo, as (in)adequações das ideias de Euclides da Cunha às teorias raciais europeias; as aproximações e os distanciamentos entre as ideias do autor e as de Nina Rodrigues ou o dito caráter racista de Os Sertões, todas em busca de uma espécie de concepção definitiva e fechada da obra. O problema aqui proposto é o seguinte: o que as seguintes ambiguidades entre contexto, acontecimento, autor e texto - a visão de Euclides da Cunha sobre Canudos antes e depois de testemunhar a quarta expedição militar contra a comunidade; a narrativa de Os Sertões, o discurso comum sobre a população canudense que circulou na sociedade brasileira e o próprio texto de Os Sertões - representam sobre a ação do Estado na Guerra de Canudos e em que medida essas ambiguidades materializaram o funcionamento de um imaginário punitivo brasileiro?
Palavras-chaves:
civilização; barbárie; Guerra de Canudos; sertões; imaginário punitivo brasileiro