RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a série Licenciosidade dos cinematographos, veiculada pelo jornal A Gazeta, de São Paulo, em 1917. A questão central é observar a relação entre o consumo cinematográfico e o acionamento de medos a partir do lugar de “classe média”. Nosso argumento principal defende o estabelecimento de um modelo ideal de criança que precisava ser protegida para a reprodução material e simbólica da própria “classe média”. O argumento secundário infere como a ida ao cinema poderia se constituir como uma forma de afirmação e de manutenção de um repertório de classe usado para se diferenciar dos segmentos populares; revela-se nas respostas uma retórica racial de afirmação do ideal de branqueamento. A metodologia utilizada é o paradigma indiciário. As fontes são os periódicos e leis do período referentes à competência policial sobre a fiscalização e censura ao cinema. Como resultados, observamos que o jornal A Gazeta auxiliou na perpetuação de uma lógica excludente em termos de gênero, raça e classe.
Palavras-chave:
Cinema; imprensa; modernidade; Primeira República