Resumo
Os piratas instigam a imaginação coletiva desde quando saqueavam navios mercantes e lutavam por embarcações no Oceano Atlântico, durante a Idade da Vela. Não obstante, os piratas também contribuem para ilustrar um processo por vezes subestimado no estudo do desenvolvimento dos Estados e Impérios modernos: a luta entre atores estatais e não estatais para estabelecer o monopólio da violência no alto-mar. Este ensaio retoma esta disputa em torno da violência, dividindo-a em três blocos: no primeiro, o desafio imposto pelos piratas ingleses ao poder imperial dominante da Europa nos séculos XVI e XVII, a Espanha; depois, a ameaça feita por esses mesmos piratas ao emergente Império Britânico no final do século XVII e início do século XVIII; e, por fim, os esforços bem-sucedidos do Estado britânico para exercer controle sobre o Atlântico, lançando mão de formas de pirataria, de corsários e grupos de recrutamento patrocinados pelo Estado, no século XVIII. Assim, pretende-se apresentar como os britânicos estabeleceram a supremacia naval e consolidaram o controle imperial sobre o Atlântico, monopolizando os mesmos métodos violentos usados pelos piratas.
Palavras-chave
Pirata; Corsário; Bandos de Recrutamento; Alistamento Compulsório; Marinha; Estado Moderno; Violência; Max Weber