RESUMO
Estudamos pequenos negócios de venda de partes ideais de escravos registrados em Piracicaba, província de São Paulo, no período de 1861 a 1887, durante o qual a localidade teve sua economia marcada pela cafeicultura. Foram 17 transações envolvendo 9 homens, 6 mulheres e duas crianças de poucos meses de idade. Percebemos que esse tipo de negócio esteve frequentemente vinculado ao resultado de partilhas em processos de inventários. O recebimento como herança da propriedade parcial de escravos acarretava essas pequenas operações de compra e venda entre herdeiros, produzindo amiúde como resultado a posse “na íntegra” das pessoas herdadas pelos compradores das partes em questão. Dessa forma, transacionar “um pedaço” de uma pessoa, o mais das vezes, equivalia a tão-somente ajustar a matemática cega da divisão equânime de um patrimônio entre aqueles que o herdavam.
Palavras-chave:
Comércio interno de escravos; Expansão cafeeira paulista; Piracicaba; Economia da escravidão