Acessibilidade / Reportar erro

Briófitas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil

Bryophytes in Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia, São Paulo State, Brazil

RESUMO

O Núcleo Santa Virgínia é um dos centros administrativos do extenso Parque Estadual da Serra do Mar que foi criado para proteger a rica biodiversidade da Mata Atlântica do Estado de São Paulo. Esse domínio fitogeográfico possui a maior riqueza e endemismo de espécies de briófitas do país. Foram encontradas 386 espécies de briófitas (196 hepáticas, 188 musgos e dois antóceros), 32 (8%) espécies endêmicas brasileiras, 24 novos registros para o Estado de São Paulo e quatro novas ocorrências para a Mata Atlântica (Cheilolejeunea beyrichii (Lindenb.) Reiner, Microlejeunea acutifolia Steph, Lepidopilum pallidonitens (Müll. Hal.) Paris e Bryum leptocladon Sull.). A família de hepáticas Lejeuneaceae foi a mais rica, com 90 espécies, enquanto Pilotrichaceae apresentou maior riqueza para os musgos, com 20 espécies. A maioria das espécies encontradas apresenta uma distribuição moderada para o país e são neotropicais.

Palavras-chave:
antóceros; Mata Atlântica; biodiversidade; hepáticas; musgos

ABSTRACT

The Núcleo Santa Virgínia is one of the administrative centers of the extensive Parque Estadual da Serra do Mar that was created in order to protect the rich São Paulo State Atlantic Forest biodiversity. This phytogeographical domain is the richest in bryophyte species and endemic species of the country. Altogether, we found 386 bryophyte species (196 liverworts, 188 mosses, and two hornworts); 32 (8%) are Brazilian endemic species; 24 new records are registered for São Paulo State and four new records for Atlantic Forest (Cheilolejeunea beyrichii (Lindenb.) Reiner, Microlejeunea acutifolia Steph, Lepidopilum pallidonitens (Müll. Hal.) Paris, and Bryum leptocladon Sull). The liverwort family Lejeuneaceae was the richest with 90 species found in the area, while Pilotrichaceae showed greater richness for mosses, with 20 species. Most species reveal a moderate distribution for the country and are neotropical.

Keywords:
Atlantic Forest; biodiversity; hornworts; liverworts; mosses

Introdução

O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) é uma unidade de conservação criada em 1977 pelo Decreto n° 10.251 (30/08/1977) com o intuito de preservar a rica biodiversidade de fauna e flora existente nos ameaçados domínios da Mata Atlântica. Com 332.690 ha, ele representa a maior unidade de conservação de Mata Atlântica existente no país, além disso, em virtude de seu extenso território e pela vasta heterogeneidade sociocultural e de paisagens naturais existentes, atualmente o PESM é administrado por vários núcleos independentes que se encontram em diferentes fases de implantação (Instituto Ekos Brasil 2006Instituto Ekos Brasil. 2006. Plano de Manejo Parque Estadual da Serra do Mar. Disponível em http://www.ekosbrasil.org/anexos/1.%20Resumo%20Executivo.pdf (acesso em 12-XI-2015).
http://www.ekosbrasil.org/anexos/1.%20Re...
, SMA 2015Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 2015. O Parque Estadual da Serra do Mar. Núcleo de Santa Virgínia. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-santa-virginia/sobre-o-parque/ (acesso em 12-XI-2015).
http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-ser...
).

O Núcleo Santa Virgínia do PESM desenvolve diversos tipos de atividades voltadas à conservação do parque, trabalhando em pesquisas científicas nas áreas de biodiversidade e ecologia, além de atuar em projetos educacionais voltados à conscientização ambiental e importância das florestas da Mata Atlântica (Pires 2015Pires, R.M. 2015. Políporos (Basidiomycota) do núcleo de Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, SP, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo.). Ele abrange uma área de 17.500 ha. e foi criado a partir de desapropriações da fazenda Santa Virgínia (que deu origem ao nome), sendo 68% de suas terras de domínio público e 32% pertencentes ao domínio privado. O principal propósito da criação desse Núcleo consta na proteção da maior parte das florestas intactas da região do Vale do Paraíba e do Rio Paraibuna, importante corpo hídrico formador de corredeiras e cachoeiras dentro do PESM (SMA 2015Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 2015. O Parque Estadual da Serra do Mar. Núcleo de Santa Virgínia. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-santa-virginia/sobre-o-parque/ (acesso em 12-XI-2015).
http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-ser...
).

Em relação aos estudos de briófitas feitos para a Mata Atlântica ao longo de toda a costa litorânea brasileira, temos uma ampla bibliografia disponível, com vários trabalhos tanto com enfoques florísticos quanto ecológicos (Costa & Lima 2005Costa, D.P. & Lima, F.M. 2005. Moss diversity in the tropical rainforests of Rio de Janeiro, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 28: 671-685., Valente & Pôrto 2006Valente, E.B. & Pôrto, K.C. 2006. Hepáticas (Marchantiophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 433-441., Santos & Costa 2008Santos, N.D. & Costa, D.P. 2008. A importância de Reservas Particulares do Patrimônio Natural para a conservação da brioflora da Mata Atlântica: um estudo em El Nagual, Magé, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 359-372., Costa & Santos 2009Costa, D.P. & Santos, N.D. 2009. Conservação de hepáticas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil: uma análise regional no Estado do Rio de Janeiro. Acta Botanica Brasilica 23: 913-922., Santos & Costa 2010aSantos, N.D. & Costa, D.P. 2010a. Phytogeography of the liverwort flora of the Atlantic Forest of southeastern Bazil. Journal of Bryology 32: 9-22., bSantos, N.D. & Costa, D.P. 2010b. Altitudinal zonation of liverworts in the Atlantic Forest, Southeastern Brazil. The Bryologist 113: 631-645., Silva & Pôrto 2010Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2010. Spatial structure of bryophyte communities along an edge-interior gradient in an Atlantic Forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 32: 101-112., Costa et al. 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
e Silva & Pôrto 2015Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.). A Mata Atlântica é o domínio fitogeográfico que apresenta as maiores taxas de endemismo e de riqueza de briófitas para o país (Costa et al. 2011Costa, D.P., Pôrto, K.C., Luizi-Ponzo, A.P., Ilkiu-Borges, A.L., Bastos, C.J.P., Câmara, P.E.A.S., Peralta, D.F., Bôas-Bastos, S.B.V., Imbassahy, C.A.A., Henriques, D.K., Gomes, H.C.S., Rocha, L.M., Santos, N.D., Siviero, T. S., Vaz-Imbassahy, T.F. & Churchill, S.P. 2011. Synopsis of the Brazilian moss flora: checklist, distribution and conservation. Nova Hedwigia 93: 277-334.), mesmo com apenas 11% de sua vegetação remanescente, ela ainda é um dos domínios mais ameaçados pelas pressões antrópicas e considerada um hotspot mundial (Fundação SOS Mata Atlântica 2015Fundação SOS Mata Atlântica. 2015. Mata Atlântica. Disponível em https://www.sosma.org.br/nossa-causa/a-mata-atlantica/ (acesso em 12-XI-2015).
https://www.sosma.org.br/nossa-causa/a-m...
).

Para o Estado de São Paulo encontramos uma série de trabalhos com briófitas ocorrentes em regiões da Mata Atlântica, (Visnadi 2002Visnadi, S.R. 2002. Meteoriaceae (Bryophyta) da Mata Atlântica do estado de São Paulo. Hoehnea 29: 159-187. , Visnadi 2004Visnadi, S.R. 2004. Briófitas de praias do Estado de São Paulo, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 91-97., Visnadi 2005Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231., Visnadi 2006Visnadi, S.R. 2006. Sematophyllaceae da Mata Atlântica do nordeste do Estado de São Paulo. Hoehnea 33: 455-484. , Yano & Peralta 2007Yano, O. & Peralta, D.F. 2007. Briófitas da Ilha do Bom Abrigo, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 34: 87-94., Peralta & Yano 2008Peralta, D.F. & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Iheringia 63: 101-127., Yano & Peralta 2008Yano, O. 2008. Catálogo de antóceros e hepáticas brasileiros: literatura original, basiônimo, localidade-tipo e distribuição geográfica. Boletim do Instituto de Botânica 19: 1-110., Visnadi 2009Visnadi, S.R. 2009. Briófitas do Caxetal, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. Tropical Bryology 30: 8-14., Peralta & Yano 2012Peralta, D.F. & Yano, O. 2012. Briófitas da Serra do Itapeti. In: M.S.C. Morini, & V.F.O. Miranda (org.). Serra do Itapeti: Aspectos Históricos, Sociais e Naturalísticos. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Grafica e Editora, v. 1. pp. 1-397. e Visnadi 2013Visnadi, S.R. 2013. Briófitas de áreas antrópicas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi 8: 49-62.), os quais contribuíram com o conhecimento da distribuição e ocorrência de briófitas, resultando em dados compilados atualmente de 890 espécies ocorrendo na Mata Atlântica, o que representa ca. de 99% das briófitas totais estimadas para o Estado (Costa & Peralta 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
).

O conhecimento da biodiversidade de briófitas auxilia, e justifica, a manutenção das unidades de conservação, bem como estabelece meios de divulgação de informação sobre a diversidade de briófitas brasileiras (Visnadi 2005Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231., Peralta & Yano 2012Peralta, D.F. & Yano, O. 2012. Briófitas da Serra do Itapeti. In: M.S.C. Morini, & V.F.O. Miranda (org.). Serra do Itapeti: Aspectos Históricos, Sociais e Naturalísticos. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Grafica e Editora, v. 1. pp. 1-397.). Sendo assim, o objetivo desse estudo foi apresentar uma lista das espécies ocorrentes no Núcleo Santa Virgínia dentro da Mata Atlântica e, dessa forma, contribuir ainda mais com os estudos de briófitas sobre sua distribuição geográfica brasileira, os domínios fitogeográficos que ocupam e sua relação com a distribuição mundial, visto que, muitas vezes, essas informações carecem em outros trabalhos desenvolvidos para essa área e, até o momento, ainda não existem inventários florísticos de briófitas dentro dessa importante parcela da reserva.

Material e métodos

O Núcleo Santa Virgínia do PESM abrange os municípios de São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra, localizando-se aproximadamente nas coordenadas geográficas 45°03' - 45°11'O e 23°17' - 23°24'S. Possui uma área total de 17.000 ha, amplitude altitudinal de 860 m a 1.650 m e temperaturas média de 21 °C, com máxima de 35 °C, e mínima de -3 °C (Pires 2015Pires, R.M. 2015. Políporos (Basidiomycota) do núcleo de Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, SP, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo.). A sua vegetação é composta basicamente pela Floresta Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Alto Montana, com alguns pequenos trechos de Campos de Altitude e de Floresta de Neblina (SMA 2015Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 2015. O Parque Estadual da Serra do Mar. Núcleo de Santa Virgínia. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-santa-virginia/sobre-o-parque/ (acesso em 12-XI-2015).
http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-ser...
).

Foram realizadas expedições de coletas nos anos de 2013 e análises de materiais depositados no herbário do Instituto de Botânica Maria Eneyda Pacheco Kauffman Fidalgo (SP). Foram estudadas 1918 amostras (exsicatas) provenientes do PESM no Núcleo Santa Virgínia. As coletas foram realizadas por meio de caminhadas livres e em todos os tipos de substratos disponíveis que as briófitas pudessem colonizar. A metodologia para a coleta, herborização e preservação do material seguiu Gradstein et al. (2001)Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577. e todo o material obtido nas coletas está depositado no herbário SP.

As referências usadas para a identificação das espécies foram Frahm (1991)Frahm, J.P. 1991. Dicranaceae: Campylopodioideae, Paraleucobryoideae. Flora Neotropica Monograph 54: 1-237. , Sharp et al. (1994)Sharp, A.J., Crum, H. & Eckel, P. 1994. The Moss Flora of Mexico. Memoirs of The New York Botanical Garden 69: 1-1113., Buck (1998)Buck, W.R. 1998. Pleurocarpous Mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 1: 1-401. , Gradstein et al. (2001)Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577., Gradstein & Costa (2003)Gradstein, S.R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden 87: 1-318., Câmara & Costa (2006)Câmara, P.E.A.S. & Costa, D.P. 2006. Hepáticas e antóceros das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Hoehnea 33: 79-87., Câmara (2008aCâmara, P.E.A.S. 2008a. Musgos pleurocárpicos das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 573-581., b)Câmara, P.E.A.S. 2008b. Musgos acrocárpicos das Matas de Galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 1027-1035., Ballejos & Bastos (2009)Ballejos, J. & Bastos, C.J.P. 2009. Musgos Pleurocárpicos do Parque Estadual das Sete Passagens, Miguel Calmon, Bahia, Brasil. Hoehnea 36: 479-495., Yano & Peralta (2009)Yano, O. & Peralta, D.F. 2009. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais. Briófitas (Bryophyta e Marchantiophyta). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 27: 1-26., Yano & Peralta (2011)Yano, O. & Peralta, D.F. 2011. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Briófitas (Anthocerotophyta, Bryophyta e Marchantiophyta). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 29: 135-211. e Bordin & Yano (2013)Bordin, J. & Yano, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-72.. Os sistemas de classificação adotados foram Renzaglia et al. (2009)Renzaglia, K.S., Villarreal, J.C. & Duff, R.J. 2009. New insights into morphology, anatomy and systematics of hornworts. In: B. Goffinet & A.J. Shaw. Bryophyte Biology. Second Edition. Cambdrige University Press, pp. 139-171. para Anthocerotophyta, Crandall-Stotler et al. (2009)Crandall-Stotler, B., Stotler, R.E. & Long, D.G. 2009. Morphology and classification of the Marchantiophyta. In: B. Goffinet & A.J. Shaw Bryophyte Biology. 2 ed. Cambdrige University Press, pp. 1-54. para Marchantiophyta e Goffinet et al. (2009)Goffinet, B., Buck, W.R. & Shaw, A.J. 2009. Morphology, anatomy and classification of the Bryophyta. In: B. Goffinet & A.J. Shaw. Bryophyte Biology. 2 ed. Cambdrige University Press, pp. 56-138. para Bryophyta.

A lista das espécies está organizada em ordem alfabética por divisão, família, gênero e espécie. A distribuição geográfica brasileira das espécies é apresentada discriminada em ampla, moderada e rara seguindo a metodologia utilizada por Valente & Pôrto (2006)Valente, E.B. & Pôrto, K.C. 2006. Hepáticas (Marchantiophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 433-441., bem como a distribuição mundial e dos domínios fitogeográficos brasileiros que as briófitas ocupam, conforme Gradstein & Costa (2003)Gradstein, S.R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden 87: 1-318., Yano (2008)Yano, O. & Peralta, D.F. 2008. Briófitas da Ilhabela, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 35: 111-121., Forzza et al. (2010)Forzza, R.C., Leitman, P.M., Costa, A.F., Carvalho, J.R., Peixoto, A.L., Walter, B.M.T., Bicudo, C., Zappi, D., Costa, D.P., Lleras, E., Martinelli, G., Lima, H.C., Prado, J., Stehmann, J.R., Baumgratz, J.F.A., Pirani, J.R., Sylvestre, L., Maia, L.C., Lohmann, L.G., Queiroz, L.P., Silveira, M., Coelho, M.N., Mamede, M.C., Bastos, M.N.C., Morin, M.P., Barbosa, M.R., Menezes, M., Hopkins, M., Secco, R., Cavalcanti, T.B. & Souza, V.C. 2010. Introdução. In: Lista de espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. v. 1. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pp. 452 - 521. , Costa et al. (2011)Costa, D.P., Pôrto, K.C., Luizi-Ponzo, A.P., Ilkiu-Borges, A.L., Bastos, C.J.P., Câmara, P.E.A.S., Peralta, D.F., Bôas-Bastos, S.B.V., Imbassahy, C.A.A., Henriques, D.K., Gomes, H.C.S., Rocha, L.M., Santos, N.D., Siviero, T. S., Vaz-Imbassahy, T.F. & Churchill, S.P. 2011. Synopsis of the Brazilian moss flora: checklist, distribution and conservation. Nova Hedwigia 93: 277-334. e Costa & Peralta (2015)Costa, D.P., Santos, N.D., Rezende, M.A., Buck, W.R. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Bryoflora of the Itatiaia National Park along an elevation gradient: diversity and conservation. Biodiversity and Conservation..

Resultados e Discussão

Foram encontradas 386 espécies distribuídas em 57 famílias e 24 novas ocorrências de briófitas para o Estado de São Paulo. A divisão dos musgos apresentou 37 famílias e 188 espécies; as hepáticas resultaram em 19 famílias e 196 espécies, enquanto para os antóceros foram encontradas apenas duas espécies representadas em apenas uma família (tabela 1). Esse número de espécies representa 43% das briófitas registradas para o estado de São Paulo, 25% das registradas para o Brasil e 10% das encontradas para a América tropical (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577., Costa & Peralta 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
) (tabela 2).

Tabela 1
Lista das espécies ocorrentes no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil. AM: Amazônia, CA: Caatinga, CE: Cerrado, MA: Mata Atlântica, PM: Pampa, PN: Pantanal. Distr. Brasil (Distribuição brasileira). Distr. Mundial (Distribuição mundial). *: Nova ocorrência para o estado de São Paulo.
Table 1
List of species occurring in the State Park of Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia, São Paulo State, Brazil. AM: Amazon, CA: Caatinga, CE: Cerrado, MA: Atlantic Forest, PM: Pampa, PN: Pantanal. Distr. Brasil (Brazilian Distribution). Distr. Mundial (Worldwide distribution). *: New occurrence for the State of São Paulo.
Tabela 2
Relação da distribuição e da riqueza de espécies encontradas no Núcleo de Santa Virgínia com outras escalas regionais. Os números entre parênteses representam a porcentagem relacionada com a riqueza encontrada no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil.
Table 2
Distribution and richness of species found in the Núcleo Santa Virgínia in relation to other regional scales. The numbers in parentheses represent the percentage related to the richness found in the Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia, São Paulo State, Brazil

Para os musgos, a família Pilotrichaceae teve maior riqueza apresentada, sendo encontradas 20 espécies, enquanto as famílias Fissidentaceae e Sematophyllaceae apresentaram 15 espécies, Bryaceae e Orthotrichaceae 12 espécies e Leucobryaceae com 11 espécies (figura 1). A região sudeste do país pode ser considerada um dos centros de diversidade para a família Pilotrichaceae (Vaz & Costa 2006Vaz, T.F. & Costa, D.P. 2006. Os gêneros Lepidopilidium, Lepidopilum, Pilotrichum e Thamniopsis (Pilotrichaceae, Bryophyta) no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 975-993.), conforme os resultados desse estudo, essa informação é corroborada pela elevada riqueza e número de novas ocorrências encontradas. Em outros trabalhos realizados no estado de São Paulo, essa família também foi bem representativa, esteve entre as mais abundantes e ricas (Visnadi 2005Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231., Visnadi 2009Visnadi, S.R. 2009. Briófitas do Caxetal, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. Tropical Bryology 30: 8-14., Yano & Peralta 2007Yano, O. & Peralta, D.F. 2007. Briófitas da Ilha do Bom Abrigo, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 34: 87-94., Peralta & Yano 2008Peralta, D.F. & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Iheringia 63: 101-127.) bem como as famílias Fissidentaceae, Sematophyllaceae, Bryaceae, Orthotrichaceae e Leucobryaceae. Em levantamentos florísticos realizados em outras áreas de Mata Atlântica pelo país, essas famílias de musgos também estão entre as mais representativas (Santos & Costa 2008Santos, N.D. & Costa, D.P. 2008. A importância de Reservas Particulares do Patrimônio Natural para a conservação da brioflora da Mata Atlântica: um estudo em El Nagual, Magé, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 359-372., Valente et al. 2009Valente, E.B., Pôrto, K.C., Vilas Bôas-Bastos, S.B. & Bastos, C.J.P. 2009. Musgos (Bryophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 369-375., Costa et al. 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
e Silva & Pôrto 2015Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.).

Figura 1
Riqueza das espécies de musgos (Bryophyta) por famílias que apresentaram cinco ou mais espécies.
Figure 1
Richness of families mosses species (Bryophyta) which have five or more species.

A família Lejeuneaceae foi a família de hepáticas que apresentou a maior riqueza, com 90 espécies (figura 2), o que representa ca. de 46% das hepáticas encontradas nesse trabalho, destacou-se também pelo número de amostras que obteve, com 664 espécimes e representando ca. de 35% do total. Para o Brasil são relacionadas aproximadamente 285 espécies de Lejeuneaceae distribuídas em 55 gêneros (Costa et al. 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
), além disso, essa família também foi a mais rica em demais trabalhos nos estados de São Paulo (Visnadi 2005Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231., Visnadi 2009Visnadi, S.R. 2009. Briófitas do Caxetal, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. Tropical Bryology 30: 8-14.; Yano & Peralta 2007Yano, O. & Peralta, D.F. 2007. Briófitas da Ilha do Bom Abrigo, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 34: 87-94., Peralta & Yano 2008Peralta, D.F. & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Iheringia 63: 101-127.), bem como para outras áreas pelo Brasil (Valente & Pôrto 2006Valente, E.B. & Pôrto, K.C. 2006. Hepáticas (Marchantiophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 433-441., Santos & Costa 2008Santos, N.D. & Costa, D.P. 2008. A importância de Reservas Particulares do Patrimônio Natural para a conservação da brioflora da Mata Atlântica: um estudo em El Nagual, Magé, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 359-372., Costa et al. 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
, Reis et al. 2015Reis, L.C., Oliveira, H.C. & Bastos, C.J.P. 2015. Hepáticas (Marchantiophyta) epífitas de duas áreas de Floresta Atlântica no estado da Bahia, Brasil. Pesquisas, série botânica 67: 225-241. e Silva & Pôrto 2015Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.). Ela é muito bem representada na Mata Atlântica em virtude do clima úmido e da presença de muitos substratos disponíveis onde essas espécies podem crescer, desde galhos, troncos de árvores vivas ou caídas, até rochas, solos e folhas vivas (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.).

Figura 2
Riqueza das espécies de hepáticas (Marchantiophyta) por famílias que apresentaram cinco ou mais espécies.
Figure 2
Richness of families liverworts species (Marchantiophyta) which have five or more species.

Para os antóceros, apenas a família Dendrocerotaceae foi encontrada, apresentando as espécies Dendroceros crispus (Sw.) Nees e Nothoceros minarum (Ness) J.C. Villarreal., as quais foram encontradas crescendo em diferentes substratos no Núcleo Santa Virgínia nos dois municípios.

Em relação à distribuição geográfica das espécies encontradas no Brasil do Núcleo Santa Virgínia, observamos que 166 espécies (43%) apresentaram uma distribuição considerada moderada (Valente & Pôrto 2006Valente, E.B. & Pôrto, K.C. 2006. Hepáticas (Marchantiophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 433-441.), ou seja, ocorriam de cinco a nove Estados brasileiros, enquanto para uma distribuição ampla (as que ocorrem em 10 ou mais Estados brasileiros) foram encontradas 131 espécies (34%) e 89 espécies (23%) apresentaram uma distribuição rara ou mais restrita (1-4 Estados brasileiros) (tabela 1). Quando aumentamos a escala da distribuição geográfica para um nível mais global, observamos a predominância de espécies neotropicais, com 146 espécies (38%), 123 espécies (32%) ocorrendo na América tropical, 35 espécies (9%) pantropicais e apenas 27 (7%) cosmopolitas (tabela 1).

Entre as briófitas endêmicas do Brasil, 32 espécies (8%) foram encontradas no Núcleo Santa Virgínia, sendo entre essas espécies quatro registradas como novas ocorrências para o Estado de São Paulo, identificadas como Bryum subapiculatum Hampe, Schlotheimia elata Mitt., Lepidopilum caudicaule Müll. Hal. e Orthostichopsis latifolia Sehnem.

Foram encontradas ao todo 24 espécies (6%) como novas ocorrências para o Estado de São Paulo, das quais 21 apresentaram uma distribuição rara pelo país, enquanto as três restantes uma distribuição moderada; 11 espécies ocorrem no Neotrópico, seis se distribuem para a América tropical, uma pantropical (Brachythecium ruderale (Brid.) Buck) e duas são cosmopolitas (Bryum muehlenbeckii Bruch & Schimp. e Hedwigidium integrifolium (P. Beauv.) Dixon) (tabela 1). Esses resultados ressaltam a importância dos trabalhos de levantamentos florísticos para o conhecimento da biodiversidade de briófitas existentes nos domínios da Mata Atlântica para o Estado de São Paulo, bem como estão de acordo com conclusões de outros trabalhos já feitos para esse mesmo domínio (Yano & Peralta 2008Yano, O. & Peralta, D.F. 2008. Briófitas da Ilhabela, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 35: 111-121., Peralta & Yano 2012Peralta, D.F. & Yano, O. 2012. Briófitas da Serra do Itapeti. In: M.S.C. Morini, & V.F.O. Miranda (org.). Serra do Itapeti: Aspectos Históricos, Sociais e Naturalísticos. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Grafica e Editora, v. 1. pp. 1-397.).

A Mata Atlântica é o domínio mais rico de espécies de briófitas existente no país (Costa et al. 2011Costa, D.P. & Peralta, D.F. 2015. Briófitas In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128472 (acesso em 12-XI-2015).
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/f...
), sendo assim, o Núcleo Santa Virgínia, e outras reservas existentes para sua proteção, garantem a importância de manter essas áreas como locais de conservação e reservatórios de diversidade no Estado de São Paulo (Visnadi 2005Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231.). De acordo com os resultados desse estudo, 382 (99%) das espécies encontradas ocorrem na Mata Atlântica, sendo que destas, 152 (40%) foram registradas exclusivamente para o domínio da Mata Atlântica do Brasil. As espécies que ainda não tinham sido classificadas como ocorrentes dentro desse domínio foram Cheilolejeunea beyrichii (Lindenb.) Reiner, a qual era encontrada apenas na Caatinga e no Cerrado brasileiro, e é endêmica do Brasil; as espécies Lepidopilum pallidonitens (Müll. Hal.) Paris e Microlejeunea acutifolia Steph., que até então tinham sido encontradas apenas na Amazônia e que são novas ocorrências para o Estado de São Paulo e Bryum leptocladon Sull., a qual só era conhecida para o Cerrado e também se caracteriza como uma nova ocorrência, todas essas espécies citadas anteriormente apresentam uma distribuição rara, ou restrita, para o Brasil (tabela 1) (Costa et al. 2011Costa, D.P., Pôrto, K.C., Luizi-Ponzo, A.P., Ilkiu-Borges, A.L., Bastos, C.J.P., Câmara, P.E.A.S., Peralta, D.F., Bôas-Bastos, S.B.V., Imbassahy, C.A.A., Henriques, D.K., Gomes, H.C.S., Rocha, L.M., Santos, N.D., Siviero, T. S., Vaz-Imbassahy, T.F. & Churchill, S.P. 2011. Synopsis of the Brazilian moss flora: checklist, distribution and conservation. Nova Hedwigia 93: 277-334., Costa & Peralta 2015Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jab...
).

Os dados apresentados nesse trabalho de levantamento florístico para o Núcleo Santa Virgínia acrescentaram informações relevantes sobre a diversidade, ocorrência e distribuição das briófitas na Mata Atlântica para o estado de São Paulo. O Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia, apresentou 1/4 da diversidade de briófitas estimadas para o país inteiro e um número significativo de espécies endêmicas e novas ocorrências para o Estado, o que revela a importância dessa unidade de conservação para a proteção da biodiversidade de briófitas na Mata Atlântica, por outro lado, esse trabalho revela a importância dos trabalhos de inventários florísticos e a necessidade de estudos de briófitas com enfoque para outras áreas como a ecologia, fitogeografia e diversidade genética.

Agradecimentos

Ao Instituto de Botânica de São Paulo (Ibt) por fornecer a assistência e estrutura necessária para a realização desse trabalho. À organização e administração do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia, pela hospedagem e auxílio de campo e aos colegas Dra. Adriana Gugliota, Msc. Ricardo Matheus Pires e Cecília Mayumi pela companhia e auxílio durante as coletas.

Literatura citada

  • Ballejos, J. & Bastos, C.J.P. 2009. Musgos Pleurocárpicos do Parque Estadual das Sete Passagens, Miguel Calmon, Bahia, Brasil. Hoehnea 36: 479-495.
  • Bastos, C.J.P. & Vilas Bôas-Bastos, S.B. 2008. Musgos Acrocárpicos e Cladocárpicos (Bryophyta) da Reserva Ecológica da Michelin, Igrapiúna, Bahia, Brasil. Stientibus Série Ciências Biológicas 8: 275-279.
  • Bastos, C.J.P., Yano, O. & Vilas Bôas-Bastos, S.B. 2000. Briófitas de Campos rupestres da Chapada Diamantina, Estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 23: 357-368.
  • Bordin, J. & Yano, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-72.
  • Buck, W.R. 1998. Pleurocarpous Mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 1: 1-401.
  • Câmara, P.E.A.S. 2008a. Musgos pleurocárpicos das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 573-581.
  • Câmara, P.E.A.S. 2008b. Musgos acrocárpicos das Matas de Galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 1027-1035.
  • Câmara, P.E.A.S. & Costa, D.P. 2006. Hepáticas e antóceros das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Hoehnea 33: 79-87.
  • Costa, D.P. & Lima, F.M. 2005. Moss diversity in the tropical rainforests of Rio de Janeiro, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 28: 671-685.
  • Costa, D.P. & Santos, N.D. 2009. Conservação de hepáticas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil: uma análise regional no Estado do Rio de Janeiro. Acta Botanica Brasilica 23: 913-922.
  • Costa, D.P. & Peralta, D.F. 2015. Briófitas In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128472 (acesso em 12-XI-2015).
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128472
  • Costa, D.P., Bastos, C.J.P. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Lejeuneaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355(acesso em 12-XI-2015).
    » http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB97355
  • Costa, D.P., Pôrto, K.C., Luizi-Ponzo, A.P., Ilkiu-Borges, A.L., Bastos, C.J.P., Câmara, P.E.A.S., Peralta, D.F., Bôas-Bastos, S.B.V., Imbassahy, C.A.A., Henriques, D.K., Gomes, H.C.S., Rocha, L.M., Santos, N.D., Siviero, T. S., Vaz-Imbassahy, T.F. & Churchill, S.P. 2011. Synopsis of the Brazilian moss flora: checklist, distribution and conservation. Nova Hedwigia 93: 277-334.
  • Costa, D.P., Santos, N.D., Rezende, M.A., Buck, W.R. & Schäfer-Verwimp, A. 2015. Bryoflora of the Itatiaia National Park along an elevation gradient: diversity and conservation. Biodiversity and Conservation.
  • Crandall-Stotler, B., Stotler, R.E. & Long, D.G. 2009. Morphology and classification of the Marchantiophyta. In: B. Goffinet & A.J. Shaw Bryophyte Biology. 2 ed. Cambdrige University Press, pp. 1-54.
  • Forzza, R.C., Leitman, P.M., Costa, A.F., Carvalho, J.R., Peixoto, A.L., Walter, B.M.T., Bicudo, C., Zappi, D., Costa, D.P., Lleras, E., Martinelli, G., Lima, H.C., Prado, J., Stehmann, J.R., Baumgratz, J.F.A., Pirani, J.R., Sylvestre, L., Maia, L.C., Lohmann, L.G., Queiroz, L.P., Silveira, M., Coelho, M.N., Mamede, M.C., Bastos, M.N.C., Morin, M.P., Barbosa, M.R., Menezes, M., Hopkins, M., Secco, R., Cavalcanti, T.B. & Souza, V.C. 2010. Introdução. In: Lista de espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. v. 1. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pp. 452 - 521.
  • Frahm, J.P. 1991. Dicranaceae: Campylopodioideae, Paraleucobryoideae. Flora Neotropica Monograph 54: 1-237.
  • Fundação SOS Mata Atlântica. 2015. Mata Atlântica. Disponível em https://www.sosma.org.br/nossa-causa/a-mata-atlantica/ (acesso em 12-XI-2015).
    » https://www.sosma.org.br/nossa-causa/a-mata-atlantica/
  • Goffinet, B., Buck, W.R. & Shaw, A.J. 2009. Morphology, anatomy and classification of the Bryophyta. In: B. Goffinet & A.J. Shaw. Bryophyte Biology. 2 ed. Cambdrige University Press, pp. 56-138.
  • Gradstein, S.R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden 87: 1-318.
  • Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.
  • Instituto Ekos Brasil. 2006. Plano de Manejo Parque Estadual da Serra do Mar. Disponível em http://www.ekosbrasil.org/anexos/1.%20Resumo%20Executivo.pdf (acesso em 12-XI-2015).
    » http://www.ekosbrasil.org/anexos/1.%20Resumo%20Executivo.pdf
  • Peralta, D.F. & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Iheringia 63: 101-127.
  • Peralta, D.F. & Yano, O. 2012. Briófitas da Serra do Itapeti. In: M.S.C. Morini, & V.F.O. Miranda (org.). Serra do Itapeti: Aspectos Históricos, Sociais e Naturalísticos. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Grafica e Editora, v. 1. pp. 1-397.
  • Pires, R.M. 2015. Políporos (Basidiomycota) do núcleo de Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, SP, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo.
  • Reis, L.C., Oliveira, H.C. & Bastos, C.J.P. 2015. Hepáticas (Marchantiophyta) epífitas de duas áreas de Floresta Atlântica no estado da Bahia, Brasil. Pesquisas, série botânica 67: 225-241.
  • Renzaglia, K.S., Villarreal, J.C. & Duff, R.J. 2009. New insights into morphology, anatomy and systematics of hornworts. In: B. Goffinet & A.J. Shaw. Bryophyte Biology. Second Edition. Cambdrige University Press, pp. 139-171.
  • Santos, N.D. & Costa, D.P. 2008. A importância de Reservas Particulares do Patrimônio Natural para a conservação da brioflora da Mata Atlântica: um estudo em El Nagual, Magé, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 359-372.
  • Santos, N.D. & Costa, D.P. 2010a. Phytogeography of the liverwort flora of the Atlantic Forest of southeastern Bazil. Journal of Bryology 32: 9-22.
  • Santos, N.D. & Costa, D.P. 2010b. Altitudinal zonation of liverworts in the Atlantic Forest, Southeastern Brazil. The Bryologist 113: 631-645.
  • Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 2015. O Parque Estadual da Serra do Mar. Núcleo de Santa Virgínia. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-santa-virginia/sobre-o-parque/ (acesso em 12-XI-2015).
    » http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-santa-virginia/sobre-o-parque/
  • Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2010. Spatial structure of bryophyte communities along an edge-interior gradient in an Atlantic Forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 32: 101-112.
  • Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.
  • Sharp, A.J., Crum, H. & Eckel, P. 1994. The Moss Flora of Mexico. Memoirs of The New York Botanical Garden 69: 1-1113.
  • Valente, E.B. & Pôrto, K.C. 2006. Hepáticas (Marchantiophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 433-441.
  • Valente, E.B., Pôrto, K.C., Vilas Bôas-Bastos, S.B. & Bastos, C.J.P. 2009. Musgos (Bryophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 369-375.
  • Vaz, T.F. & Costa, D.P. 2006. Os gêneros Lepidopilidium, Lepidopilum, Pilotrichum e Thamniopsis (Pilotrichaceae, Bryophyta) no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 975-993.
  • Visnadi, S.R. 2002. Meteoriaceae (Bryophyta) da Mata Atlântica do estado de São Paulo. Hoehnea 29: 159-187.
  • Visnadi, S.R. 2004. Briófitas de praias do Estado de São Paulo, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 91-97.
  • Visnadi, S.R. 2005. Brioflora da Mata Atlântica do estado de São Paulo: região norte. Hoehnea 32: 215-231.
  • Visnadi, S.R. 2006. Sematophyllaceae da Mata Atlântica do nordeste do Estado de São Paulo. Hoehnea 33: 455-484.
  • Visnadi, S.R. 2009. Briófitas do Caxetal, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. Tropical Bryology 30: 8-14.
  • Visnadi, S.R. 2013. Briófitas de áreas antrópicas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi 8: 49-62.
  • Yano, O. 2008. Catálogo de antóceros e hepáticas brasileiros: literatura original, basiônimo, localidade-tipo e distribuição geográfica. Boletim do Instituto de Botânica 19: 1-110.
  • Yano, O. & Peralta, D.F. 2007. Briófitas da Ilha do Bom Abrigo, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 34: 87-94.
  • Yano, O. & Peralta, D.F. 2008. Briófitas da Ilhabela, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 35: 111-121.
  • Yano, O. & Peralta, D.F. 2009. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais. Briófitas (Bryophyta e Marchantiophyta). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 27: 1-26.
  • Yano, O. & Peralta, D.F. 2011. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Briófitas (Anthocerotophyta, Bryophyta e Marchantiophyta). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 29: 135-211.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    16 Dez 2015
  • Aceito
    20 Abr 2016
Instituto de Pesquisas Ambientais Av. Miguel Stefano, 3687 , 04301-902 São Paulo – SP / Brasil, Tel.: 55 11 5067-6057, Fax; 55 11 5073-3678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: hoehneaibt@gmail.com