Open-access Caracterização estrutural dos órgãos vegetativos aéreos de Clitoria fairchildiana R.A. Howard (Fabaceae, Papilionoideae)1

Structural characterization of the aerial vegetative organs of Clitoria fairchildiana R.A. Howard (Fabaceae, Papilionoideae

RESUMO

Clitoria fairchildiana R.A. Howard é uma árvore nativa do Brasil amplamente utilizada na arborização, que possui potencial medicinal, porém ainda não é compreendida quanto à sua estrutura anatômica. Assim, o presente trabalho objetivou caracterizar estruturalmente os órgãos vegetativos aéreos dessa espécie, mediante metodologia usual em anatomia vegetal. A folha é trifoliolada, dorsiventral, hipoestomática, com estômatos em criptas e nervuras que se estendem até ambas as epidermes. Tais características reduzem a transpiração e setorizam os espaços intercelulares do mesofilo. O pecíolo se caracteriza por um feixe vascular medular peculiar. O caule em estrutura primária possui um anel de fibras externamente ao floema. Em estrutura secundária, se caracteriza por raios xilemáticos extremamente altos, e expressiva representatividade de parênquima axial. Tricomas não-glandulares retos ou em forma de gancho, e glandulares clavados ocorrem na epiderme de todos os órgãos analisados. Destacam-se células secretoras medulares não usuais na folha e no caule.

Palavras-chave:
anatomia; azul de Toluidina; leguminosa; planta medicinal; xeromorfismo

ABSTRACT

Clitoria fairchildiana R.A. Howard is a tree native to Brazil widely used in urban forestry, with medicinal potential, but its anatomical structure is not yet understood. Thus, this study aimed to characterize the structure of the aerial vegetative organs of this species using standard plant anatomy methodology. The leaf is trifoliolate, dorsiventral, hypostomatic, with stomata in crypts and veins extending to both epidermises. Such characteristics reduce transpiration and compartmentalize the intercellular spaces of the mesophyll. The petiole is characterized by a peculiar medullary vascular bundle. The stem in primary structure has a ring of fibers external to the phloem. In secondary structure, it is characterized by extremely high xylem rays and significant representation of axial parenchyma. Straight non-glandular or hook-shaped trichomes and club-shaped glandular trichomes occur in the epidermis of all analyzed organs. Unusual medullary secretory cells are highlighted in the leaf and stem.

Keywords:
anatomy; legume; medicinal plant; Toluidine blue; xeromorphism

Introdução

Os representantes da família botânica Fabaceae, também conhecidos por leguminosas, podem ser encontrados nos mais diversos ecossistemas (Lewis et al. 2005). Atualmente, Fabaceae é subdivida em seis subfamílias: Cercidoideae, Detarioideae, Duparquetioideae, Dialioideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae, sendo esta última a maior dentre as seis, com 503 gêneros e cerca de 14.000 espécies (LPWG 2017). Trata-se de uma subfamília com especial importância ecológica pela ampla ocorrência de associação simbiôntica com bactérias fixadoras de nitrogênio nos nódulos radiculares (Lewis et al. 2005), promovendo, assim, adubação verde ao solo.

Anatomicamente, Papilionoideae possui grandes variações em todos os seus órgãos. As folhas são estruturalmente diversas, embora o mesofilo seja majoritariamente heterogêneo prevalecendo o tipo dorsiventral; o pecíolo possui estrutura muito variável quanto ao contorno e organização da vascularização. O caule pode realizar crescimento secundário não usual, aumentando ainda mais a diversidade de formas e de estrutura anatômica (Metcalfe & Chalk 1957). Também ocorrem estruturas secretoras diversas, como nectários florais (Sinjushin 2024) e extraflorais (Marazzi et al. 2019), osmóforos (Marinho et al. 2013), ductos (Paiva et al. 2008) e cavidades secretoras (Bento et al. 2020), e laticíferos (Teixeira et al. 2020).

Dentre os gêneros da subfamília, Clitoria L. abriga 66 espécies (KEW) de hábito variável, a saber: herbáceo, arbustivo e arbóreo. São de ocorrência principalmente na América do Sul e Central, porém com algumas espécies africanas, asiáticas e um único representante australiano (Lewis et al. 2005).

Clitoria fairchildiana R.A. Howard, vulgarmente conhecida como sombreiro, palheteira, sobreiro, sombra-de-vaca, é uma árvore de porte médio a grande (Lorenzi 1992). Proporciona ótima sombra, com o diferencial de se destacar pela beleza de suas flores. Com esses atributos, é uma ótima opção para arborização rural e urbana, em parques, jardins e beira de estradas (Paula & Alves 1997, Guajara et al. 2003). Em adição, trata-se de uma espécie nativa do Brasil, rústica e de rápido crescimento, portanto é extremamente útil no reflorestamento heterogêneo, na reconstituição de vegetação e recuperação de áreas degradadas (Lorenzi 1992, Portela et al. 2001). Sua versatilidade é ainda potencializada pelo fato de fornecer madeira e princípios bioativos (Lorenzi 1992, Silva & Parente 2002). Suas sementes e frutos são fontes de antioxidantes (Annegowda et al. 2013), e as raízes produzem rotenoides com atividade antimicrobiana comprovada (Santos et al. 2018).

Embora trate-se de uma espécie frequente nas cidades e beiras de estrada, em especial nas regiões Sudeste e Norte do Brasil, C. fairchildiana ainda é desconhecia sob o ponto de vista estrutural, uma vez que no levantamento bibliográfico realizado para o presente trabalho não foi encontrada nenhuma descrição de sua anatomia. Inclusive, para o gênero Clitoria, os dados anatômicos encontrados foram escassos e superficiais. O conhecimento da estrutura da espécie pode fornecer subsídios e parâmetros para diversas áreas de saber, como taxonomia (LPWG 2017), dendrologia e utilização da madeira (Paula & Alves 1997, Mertz, 2016), fisiologia (Taiz & Zeiger 1998), fitopatologia (Alfenas & Mafia 2007), ecologia (Keshavarzi 2020), farmacologia (Muliyah et al. 2018), controle de qualidade (Medeiros & Marques 2019), etnobotânica (Ferreira & Marques 2018) e biologia forense (Santos 2018). Considerando a importância de C. fairchildiana, o presente trabalho descreve a anatomia dos seus órgãos vegetativos aéreos, com o objetivo de caracterizar a estrutura anatômica da lâmina foliar, pecíolo, pulvino e caule em estrutura primária e secundária.

Material e métodos

Os indivíduos de Clitoria fairchildiana R.A. Howard estudados no presente trabalho (figura 1a, b), crescem na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista, BA, Brasil, coordenadas 14º53’21” S; 40º48’10” W, ca. 808m altitude. Trata-se de três árvores adultas, saudáveis e de fácil acesso. O material testemunha foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC sob os números de registro 21.967, 21.968 e 21.969.

Figura 1
Clitoria fairchildiana R.A. Howard. a. Indivíduo adulto. b. Detalhe do ápice do ramo floral. c. Detalhe de uma folha.
Figure 1
Clitoria fairchildiana R.A. Howard. a. Adult individual. b. Detail of the apex of the floral branch. c. Detail of a leaf.

Obtenção das amostras - As amostras destinadas à anatomia do caule e da folha (figura 1c) foram coletadas em janeiro de 2014, março de 2015, fevereiro a abril de 2017 e agosto de 2021. Para cada indivíduo estudado, foram obtidas três folhas vigorosas e totalmente expandidas, três entrenós em crescimento primário concluído e três segmentos de caule em crescimento secundário. As amostras foram imediatamente levadas ao laboratório. Para todos os procedimentos descritos a seguir, foram utilizadas pelo menos três repetições.

Microscopia de luz - Para o estudo anatômico, foram realizados cortes à mão livre mediante o emprego de lâmina de barbear (marca Wilkinson Sword), onde foram obtidos cortes frescos (Kraus & Arduin 1997) transversais da porção central e marginal do folíolo terminal, bem como cortes paradérmicos de ambas as faces da lâmina do mesmo. A porção média do pecíolo e o pulvino, foram seccionados transversalmente e longitudinalmente. Para observação da estrutura primária do caule, foram obtidos cortes transversais e longitudinais radiais do primeiro entrenó plenamente expandido. Para observação da estrutura secundária, foram obtidos cortes transversais, longitudinais radiais e tangenciais do entrenó de 2 a 3m do ápice caulinar.

Para caracterizar os estômatos da lâmina foliar, bem como para compreender alguns aspectos do pulvino que não foram possíveis mediante os cortes feitos à mão livre, amostras do folíolo terminal e do pulvino foram fixadas em solução contendo 0,5% de glutaraldeído, 4% de paraformoldeído, 3% de sacarose e 5 mmol/L de cloreto de cálcio em tampão fosfato a pH 7,2 por 24 h a 6ºC, sendo posteriormente lavadas no mesmo tampão (Karnovsky 1965) e desidratadas em série etílica, procedendo à inclusão em resina glicol-metacrilato (Historesin® Leica). As amostras incluídas foram seccionadas em micrótomo rotativo Leitz 1212 regulado para 3 µm de espessura, obtendo-se cortes seriados (Leitão, 2018) paradérmicos e longitudinais da lâmina foliar e do pulvino, respectivamente.

Os cortes à mão livre foram analisados frescos, com suas cores naturais, e também corados por 10 minutos com azul de Toluidina pH4,0 em tampão Mcllvaine (AT) e posteriormente lavados em água, para caracterização estrutural e obtenção de metacromasia. Alguns cortes da lâmina foliar foram previamente clarificados em hipoclorito de sódio 20% e lavados em água previamente à coloração com AT (O’Brien et al. 1964, Vidal 1977, Ribeiro & Leitão 2020). Para detecção de amido, cortes frescos foram corados com Lugol por 10 minutos (Johansen 1940); para detecção de lipídios insolúveis, os cortes frescos foram submetidos à solução saturada de Sudan IV em etanol 70% por 20 minutos (Gerlach 1984); e para detecção de compostos fenólicos foram submetidos ao dicromato de potássio 10% por 15 minutos (Gabe 1968). Após a coloração/testes histoquímicos, os cortes foram lavados em água destilada e acondicionados em lâmina histológica montadas com lamínula e água destilada para imediata análise ao microscópio.

Os cortes em resina glicol-metacrilato foram corados com AT por 10 minutos e lavados em água destilada.

As lâminas montadas foram analisadas em um fotomicroscópio Leica modelo DM750, equipado com luz polarizada e sistema de captura de imagens digitais ICC50 HD (Leica Microsystems, Wetzlar, Germany).

Microscopia eletrônica de varredura - Amostras da lâmina do folíolo maior foram fixadas em solução contendo 0,5% de glutaraldeído, 4% de paraformoldeído, 3% de sacarose e 5 mmol/L de cloreto de cálcio em tampão fosfato a pH 7,2 por 24h a 6ºC, sendo posteriormente lavadas no mesmo tampão (Karnovsky 1965) e desidratadas em série etílica/cetônica e submetidas ao ponto crítico do CO2 utilizando um Bal-tec CPD030 (Balzers, Schaan, Liechtenstein). As amostras foram acondicionadas em stubs de alumínio mediante fita adesiva dupla-face, sendo em seguida submetidas à pulverização catódica com ouro utilizando um Bal-tec SCD050 (Balzers, Schaan, Liechtenstein) (Bozzola & Russell 1992). As observações e documentação fotográfica foram realizadas mediante emprego de um microscópio eletrônico de varredura Quanta 250 (FEI Company, Oregon, USA) a 12 Kv, equipado com sistema de captura de imagens digitais.

Resultados

Lâmina foliar - A epiderme é unisseriada em ambas as faces (figura 2a). Na face adaxial (figura 3a), as células ordinárias são mais volumosas, com paredes anticlinais mais altas (figura 2a). Em corte paradérmico, essas células possuem contorno poliédrico, com as paredes anticlinais levemente sinuosas, porém essa sinuosidade é atenuada ou inexistente sobre as nervuras. Também, podem conter um corpúsculo esférico transparente que se cora de azul esverdeado com azul de Toluidina pH 4,0 (AT) em cortes de material incluído em resina glicol-metacrilato (figura 2b). No bordo, as células epidérmicas possuem a parede periclinal externa mais espessa (figura 2c). Na face abaxial, as células ordinárias são papilosas (figuras 2a, 3b-d). A folha é hipoestomática, estômatos são do tipo paracítico (figura 2d) e ocorrem em criptas (figuras 2a, d, 3b-d).

Figura 2
Cortes histológicos do folíolo terminal de Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Cortes à mão livre frescos não corados (c, e, g), frescos corados com azul de Toluidina (k), previamente fixados e clarificados e posteriormente corados com azul de Toluidina (a, f, h, i), e cortes histológicos de material em resina glicol-metacrilato corados com azul de Toluidina (b, d, j). a. Corte transversal da lâmina evidenciando papilas na epiderme abaxial (setas) e criptas (asteriscos). b. Corte paradérmico da epiderme da face adaxial evidenciando corpúsculos esféricos (setas). c. Corte transversal do bordo. d. Corte paradérmico da epiderme da face abaxial evidenciando estômatos (setas) dentro de cripta. e. Tricoma não-glandular reto na face abaxial. f. Tricoma não-glandular em forma de gancho na face abaxial. g. Tricoma glandular clavado na face abaxial. h. Detalhe de fibras da nervura de 1ª ordem, sob luz polarizada, evidenciando cristais prismáticos birrefringentes (setas). i. Panorama da nervura de 1ª ordem em corte transversal, evidenciando células secretoras medulares (seta) e feixes vasculares acessórios (setas largas). j. Corte longitudinal da nervura de 1ª ordem evidenciando células secretoras floemáticas (setas). k. Detalhe de células secretoras medulares de paredes espessadas, sob luz polarizada, evidenciando cristais prismáticos birrefringentes (setas). Abreviações: Co: colênquima. EAb: epiderme da face abaxial. EAd: epiderme da face adaxial. Fb: fibras. Fl: floema. PL: parênquima lacunoso. PP: parênquima paliçádico. Xi: xilema.
Figure 2
Histological sections of the terminal leaflet blade of Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Unstained fresh freehand sections (c, e, g), stained with Toluidine blue fresh freehand sections (k), previously fixed, clarified and later stained with Toluidine blue freehand sections (a, f, h, i), and histological sections stained with Toluidine blue of material embedded in glycol-methacrylate resin (b, d, j). a. Cross-section of the blade showing papillae in the abaxial surface epidermis (arrows) and crypts (asterisks). b. Paradermal-section of the adaxial surface epidermis showing spherical corpuscles (arrows). c. Cross-section of the edge. d. Paradermal-section of the abaxial surface epidermis showing stomata (arrows) inside the crypt. e. Straight non-glandular trichome on the abaxial surface. f. Non-glandular hook-shaped trichome on the abaxial surface. g. Glandular club-shaped trichome on the abaxial surface. h. Detail of 1st degree vein fibers under polarized light, showing birefringent prismatic crystals (arrows). i. Overview of the 1st degree vein in cross-section, showing medullary secretory cells (thin arrow) and accessory vascular bundles (wide arrows). j. Longitudinal-section of the 1st degree vein showing phloem secretory cells (arrows). k. Detail of the thickened-walled medullary secretory cells under polarized light, showing birefringent prismatic crystals (arrows). Abbreviations: Co: collenchyma. EAb: epidermis of the abaxial surface. EAd: epidermis of the adaxial surface. Fb: fibers. Fl: phloem. PL: spongy parenchyma. PP: palisade parenchyma. Xi: xylem.

Figura 3
Micrografias eletrônicas de varredura da epiderme do folíolo terminal de Clitoria fairchildiana R.A. Howard. a. Epiderme da face adaxial. b. Panorama da epiderme da face abaxial. Algumas criptas delimitadas por nervuras encontram-se indicadas por asteriscos. c. Maior aumento da epiderme da face abaxial. d. Detalhe de um estômato (seta larga) na epiderme da face abaxial. Abreviações: Pa: papila. TG: tricoma não:glandular em forma de gancho. TR: tricoma não:glandular reto.
Figure 3
Scanning electron micrographs of the epidermis of the terminal leaflet of Clitoria fairchildiana R.A. Howard. a. Epidermis of the adaxial surface. b. Overview of the epidermis of the abaxial surface. Some vein-delimited crypts are indicated with asterisks. c. Higher magnification of the epidermis of the abaxial surface. d. Detail of a stomata (large arrow) in the epidermis of the abaxial surface. Abbreviations: Pa: papillae. TG: hook-shaped non-glandular trichome. TR: Straight non-glandular trichome.

Ocorrem três tipos de tricomas: não-glandular reto (figura 2e), não-glandular em forma de gancho (figura 2f) e glandular clavado (figura 2g). Todos esses tricomas são pluricelulares, unisseriados e não-ramificados, segundo critérios de classificação de Theobald et al. (1988). A face adaxial é praticamente glabra (figuras 2b, 3a), ocorrendo apenas os tricomas não-glandulares retos restritos à nervura principal, enquanto na face abaxial ocorrem os três tipos de tricoma em relativa abundância por toda a epiderme (figuras 2e-g, 3c), principalmente nas nervuras de maior porte.

Mesofilo heterogêneo dorsiventral, com duas camadas de parênquima paliçádico, onde a camada superior possui células mais longas. O parênquima lacunoso varia de 1-3 camadas de células, com formato semelhante ao do parênquima paliçádico, porém mais curtas (figura 2a). O conteúdo da maioria das células do mesofilo apresentou afinidade ao AT, (figura 2a). No bordo foliar, ocorre 1-4 camadas de células colenquimatosas subjacentes à epiderme (figura 2c).

A nervura principal, ou seja, de 1ª ordem, é intensamente projetada para a face abaxial (figura 2i). A epiderme em ambas as faces é constituída por células ordinárias relativamente pequenas e não papilosas, além dos tricomas já descritos. Na face adaxial, há a descontinuidade do mesofilo pela ocorrência de cerca de quatro camadas de colênquima anular. Na face abaxial, o colênquima varia de angular a anular, organizando-se também em cerca de quatro camadas, sendo a terceira camada mais interna constituída por células colapsadas. Internamente ao colênquima, ocorre um anel de fibras que envolve a vascularização da nervura (figura 2h, i). As fibras mais externas são associadas a cristais prismáticos birrefringentes (figura 2h).

A vascularização da nervura de 1ª ordem consiste em um anel principal de feixes vasculares, e dois feixes acessórios, localizados adaxialmente a lateralmente ao anel principal. Os feixes vasculares são do tipo colateral, com o floema voltado para a periferia (figura 2i). Algumas células do floema acumulam material que se cora de azul escuro com o AT em cortes frescos, e de azul menos intenso com esse mesmo corante em cortes de material incluído em resina glicol-metacrilato (figura 2j). Na região medular, há um tecido parenquimático e um agrupamento de células longitudinalmente alongadas, de paredes espessadas que se coram de azul esverdeado com AT, e cujo conteúdo se cora de azul marinho com o AT em cortes frescos. Externamente a essas células, podem ocorrer cristais prismáticos birrefringentes (figura 2k).

As nervuras de 2ª ordem também se projetam para a face abaxial, embora sejam bem menos calibrosas (figura 4a). São estruturalmente semelhantes à nervura de 1ª ordem, com epiderme unisseriada em ambas as faces. Ocorre três camadas colênquima subjacente à epiderme de ambas as faces. Na face abaxial, a camada média do colênquima é colapsada. Subjacente a esse tecido, há um anel de fibras, cujas mais externas são associadas a cristais prismáticos. Internamente, encontra-se a vascularização, que é constituída por feixes vasculares colaterais dispostos em arco, além de dois feixes acessórios voltados para a face adaxial. No parênquima medular, ocorrem células secretoras de paredes espessadas semelhantes às descritas na nervura de 1ª ordem (figura 4a).

Figura 4
Cortes histológicos à mão livre da lâmina do folíolo terminal de Clitoria fairchildiana R.A. Howard, fixados, clarificados e corados com azul de Toluidina. a. Corte transversal da nervura de 2ª ordem evidenciando células secretoras medulares (seta) e feixes vasculares acessórios (setas largas). b. Corte transversal de nervura de 3ª ordem. c. Corte transversal de nervura de 4ª ordem. d. Corte transversal de nervura de 5ª ordem. e. Corte transversal de terminação vascular. Abreviações: Co: colênquima. Fb: fibras. Fl: floema. Hd?: possível hipoderme. Xi: xilema.
Figure 4
Freehand histological sections previously fixed, clarified and later stained with Toluidine blue of the terminal leaflet blade of Clitoria fairchildiana R.A. Howard. a. Cross-section of the 2nd degree vein showing medullary secretory cells (thin arrow) and accessory vascular bundles (wide arrows). b. Cross-section of 3rd degree vein. c. Cross-section of 4th degree vein. d. Cross-section of 5th degree vein. e. Cross-section of vascular end. Abbreviations: Co: collenchyma. Fb: fibers. Fl: phloem. Hd?: possible hypodermis. Xi: xylem.

As nervuras de 3ª ordem se projetam discretamente para a face abaxial. Subjacente à epiderme da face adaxial há duas camadas de células provavelmente hipodérmicas e, na face abaxial, apenas uma camada de células colenquimatosas. Internamente, na face adaxial, há um agrupamento de fibras, e na face abaxial, uma calota de fibras onde as mais externas são associadas a cristais prismáticos. A vascularização consiste em apenas um feixe vascular colateral (figura 4b).

As nervuras de 4ª ordem não são salientes para a face abaxial e também não possuem o colênquima abaxial. No lugar deste, há uma camada de células hipodérmicas. Ocorrem fibras em discretos agrupamentos em ambas as faces do feixe colateral único da nervura (figura 4c).

As nervuras de 5ª ordem podem não possuir fibras. Subjacente à epiderme de ambas as faces, ocorre hipoderme geralmente de duas camadas, com células alongadas no sentido dorsiventral, conectando indiretamente à bainha do discreto feixe colateral (figura 4d).

As terminações vasculares não possuem fibras e são conectadas apenas à epiderme abaxial por células hipodérmicas (figura 4e).

Pecíolo - A porção média do pecíolo possui formato circular tendendo a poligonal, quando analisado em corte transversal (figura 5a). A epiderme é constituída por células de tamanho e aspecto semelhante às células epidérmicas das nervuras mais calibrosas. Ocorrem tricomas não-glandulares de ambos os tipos: retos e em forma de gancho. Subjacente à epiderme ocorrem cerca de quatro camadas de colênquima angular e, subjacente, cerca de três camadas de parênquima clorofiliano (figura 5b). Internamente, há um anel de feixes vasculares colaterais (figura 5a), onde, associado ao floema, ocorre uma calota de fibras por feixe (figura 5a, b), cujas fibras mais externas são associadas a cristais prismáticos. Cristais semelhantes ocorrem eventualmente no floema. Neste tecido, assim como observado na nervura principal da lâmina foliar, há a presença de células que acumulam material de cor natural âmbar, que se cora intensamente de azul escuro com o AT (figura 5b). Internamente ao anel de feixes colaterais, em posição adaxial, ocorre um feixe vascular concêntrico anfivasal em formato de gota, embora o xilema não envolva completamente o floema (figura 5a, c). A medula é constituída por parênquima, cujas células mais periféricas são clorofilianas. Na medula ocorrem células secretoras de paredes espessadas semelhantes às descritas para as nervuras de 1ª e 2ª ordem. Essas células se conectam longitudinalmente, mantendo íntegras as suas paredes de contato (figura 5d).

Figura 5
Cortes histológicos do pecíolo de Clitoria fairchildiana R.A. Howard na região média (a-d) e no pulvino (e-j). Cortes à mão livre, frescos não corados (a, c, f, g, j), frescos corados com azul de Toluidina (b, d, e, i), e corte de material incluído em resina glicol-metacrilato e corado com azul de Toluidina (h). a. Panorama da porção média. A face adaxial está indicada com asterisco. b. Detalhe de um dos feixes vasculares e tecidos adjacentes, evidenciando células secretoras floemáticas (setas). c. Detalhe do feixe vascular medular indicado pelo retângulo em a. d. Corte longitudinal evidenciando células secretoras medulares. e. Panorama do pulvino. f. Detalhe de células corticais evidenciando cristais prismáticos (setas) e corpúsculos esféricos (setas largas). g. Como em f, porém sob luz polarizada. h. Detalhe de fibras septadas em corte longitudinal, evidenciando pontoações (setas). i. Corte longitudinal do xilema, evidenciando placa de perfuração simples (seta). j. Detalhe de células secretoras medulares e cristais prismáticos (setas). Abreviações: Co: colênquima. Cx: córtex. EV: elemento de vaso. Fb: fibras. FbSp: fibra(s) septada(s). FbX: fibras xilemáticas. Fl: floema. PCl: parênquima clorofiliano. Xi: xilema.
Figure 5
Histological sections of the petiole of Clitoria fairchildiana R.A. Howard in the middle region (a-d) and in the pulvinus (e-j). Unstained fresh freehand sections (a, c, f, g, j), stained with Toluidine blue fresh freehand sections (b, d, e, i), and histological section stained with Toluidine blue of material embedded in glycol-methacrylate resin (h). a. Overview of the middle portion. The adaxial surface is indicated with an asterisk. b. Detail of one of the vascular bundles and adjacent tissues, showing phloem secretory cells (arrows). c. Detail of the medullary vascular bundle indicated by the rectangle in a. d. Longitudinal-section showing medullary secretory cells. e. Overview of the pulvinus. f. Detail of cortical cells showing prismatic crystals (thin arrows) and spherical bodies (wide arrows). g. As in f, but under polarized light. h. Detail of septate fibers in longitudinal-section, showing pits (arrows). i. Longitudinal-section of the xylem, showing a simple perforation plate (arrow). j. Detail of medullary secretory cells and prismatic crystals (arrows). Abbreviations: Co: collenchyma. Cx: cortex. EV: vessel element. Fb: fibers. FpSp: septate fiber(s). FbX: xylem fibers. Fl: phloem. PCl: chlorenchyma. Xi: xylem.

O pulvino (proximal) possui formato quase perfeitamente circular em corte transversal (figura 5e). A epiderme é constituída por células ordinárias compactas, ocorrendo tricomas não-glandulares retos e em forma de gancho. O córtex é amplo, constituído por cerca de três camadas de parênquima clorofiliano subtendido por cerca de 30 camadas de parênquima fundamental (figura 5e). Muitas dessas células, principalmente na região média do córtex, possuem o corpúsculo transparente (figura 5f), semelhante ao descrito na epiderme da face adaxial da lâmina foliar. Ocorrem cristais prismáticos birrefringentes, principalmente nas células mais internas do córtex, bem como na segunda camada abaixo da epiderme (figura 5f, g). Internamente a essa, ocorre um feixe vascular concêntrico anficrival de formato tendendo ao cordiforme e cujo diâmetro equivale a cerca de um terço do diâmetro do pulvino (figura 5e). Na porção externa desse feixe, há um anel de fibras septadas com paredes espessas que adquirem metacromasia ao AT, e que possuem pontoações evidentes (figura 5e, h). Internamente às fibras, há um anel contínuo de floema, subentendido por um anel de xilema. O xilema tem aspecto lenhoso, rico em fibras cujas paredes assumem coloração azulada semelhante às paredes dos elementos de vaso nos cortes frescos à mão livre corados com AT (figura 5i). Na posição central, há discreta medula parenquimática, com células clorofilianas e cristalíferas. Ocorrem algumas células secretoras de paredes espessadas semelhantes às observadas nas nervuras e no pecíolo médio, que podem ser isoladas ou geminadas, além de cristais prismáticos que podem estar associados ou não a tais células (figura 5j).

Caule em estrutura primária - Possui formato poliédrico em secção transversal (figura 6a). Epiderme unisseriada, ocorrendo todos os tipos de tricomas descritos na folha. O córtex consiste em 1-2 camadas de parênquima clorofiliano, 3-8 camadas de colênquima anular subtendido por cerca de 3 camadas de parênquima clorofiliano (figura 6b, c). Internamente ao parênquima clorofiliano interno, há uma bainha cristalífera externa à cerca de 5 camadas de fibras com paredes secundárias (figura 6c) que se coram de azul claro com AT (figura 6a, b). Essas fibras formam um anel com interrupções relativamente discretas, segmentando-o em lobos associados ao floema de feixes vasculares maiores ou a grupos de feixes menores (figura 6a). Esses feixes vasculares são colaterais. Os maiores correspondem aos lobos na circunferência do caule, e geralmente apresentam tamanho desigual entre si em um mesmo corte.

Figura 6
Cortes histológicos do caule em estrutura primária de Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Cortes à mão livre frescos não corados (c, d, i), frescos corados com azul de Toluidina (a, b, e-g) e previamente fixado, clarificado e posteriormente corado com azul de Toluidina (h). a. Panorama do caule em corte transversal. b. Detalhe da porção cortical e de feixe vascular de caule em corte transversal, com uma estrutura secretora floemática em evidência (seta larga) e células secretoras floemáticas (setas). c. Detalhe da porção cortical evidenciando cristais (setas). d. Detalhe do floema com uma célula secretora (seta). e, f. Detalhe do xilema primário em corte longitudinal, evidenciando elementos de vaso com diferentes padrões de espessamento de parede. g. Detalhe de células secretoras medulares em corte longitudinal, evidenciando cristais (setas). h. Detalhe de células secretoras medulares em corte transversal. i. Porção cortical do caule evidenciando o felogênio recém-formado (asteriscos). Abreviações: Co: colênquima. Ep: epiderme. Fb: fibras. Fl: floema. Mx: metaxilema. PCl: parênquima clorofiliano. Px: protoxilema. Xi: xilema. 1: espessamento anelado. 2: espessamento espiralado. 3: espessamento escalariforme. 4: espessamento reticulado. 5: espessamento pontoado.
Figure 6
Histological sections of the stem in primary structure of Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Unstained fresh freehand sections (c, d, i), stained with Toluidine blue fresh freehand sections (a, b, e-g), and previously fixed, clarified and later stained with Toluidine blue freehand section (h). a. Overview of the cross-section of the stem. b. Detail of the cortical portion and vascular bundle of the stem in cross-section, with a phloem secretory structure in evidence (wide arrow) and phloem secretory cells (thin arrows). c. Detail of the cortical portion showing crystals (arrows). d. Detail of the phloem with a secretory cell (arrow). e, f. Detail of the primary xylem in longitudinal-section, showing vessel elements with different patterns of wall thickening. g. Detail of medullary secretory cells in longitudinal-section, showing crystals (arrows). h. Detail of medullary secretory cells in cross-section. i. Cortical portion of the stem showing the newly formed phellogen (asterisks). Abbreviations: Co: collenchyma. Ep: epidermis. Fb: fibers. Fl: phloem. Mx: metaxylem. PCl: chlorenchyma. Px: protoxylem. Xi: xylem. 1: annular thickenings. 2: helical thickenings. 3: scalariform thickenings. 4: reticulate thickenings. 5: pitted thickenings.

O floema segue o mesmo padrão observado nos feixes do pecíolo, podendo ocorrer células secretoras contendo material de cor natural âmbar (figura 6d) e que se cora com AT (figura 6b), semelhantes às descritas no floema foliar. Em alguns feixes vasculares foram observadas estruturas tratando-se provavelmente de ductos secretores, cujo conteúdo não reagiu com os testes histoquímicos empregados. Tais estruturas possuem lúmen circular revestido por um epitélio secretor (figura 6b). O xilema é constituído principalmente por fibras nos feixes vasculares menores (figura 6b). Ocorrem elementos de vaso com todos os cinco padrões típicos de espessamento de parede: anelado e espiralado no protoxilema; e escalariforme, reticulado e pontoado no metaxilema (figura 6e, f).

A medula consiste em amplo parênquima (figura 6a), com várias células secretoras de paredes espessadas semelhantes às descritas para a medula do pecíolo e das nervuras de 1ª e 2ª ordem, porém geralmente em agregados maiores. Tais células ainda se encontram em diferenciação (figura 6g, h).

O felogênio se forma por desdiferenciação de células do parênquima clorofiliano da camada subjacente ao colênquima (figura 6i).

Caule em estrutura secundária - Quando em estrutura secundária, o caule se caracteriza por uma periderme contínua, com súber possuindo lenticelas discretas (figura 7a). As células da feloderme acumulam um monocristal birrefringente e possuem paredes que se coram de azul esverdeado com AT (figura 7b), indicando lignificação. Subjacente, há parênquima clorofiliano (figura 7a) e, internamente, um anel constituído por grupos de fibras separados por braquiesclereides (figura 7a, c) que podem conter monocristais. Subjacente a esse anel, ocorrem poucas camadas de células de parênquima clorofiliano e de parênquima fundamental com alguns grupos de células colapsadas (figura 7c). A porção mais externa do floema secundário consiste em sequências de agrupamentos de elementos de tubo crivado e células companheiras colapsadas, de aspecto colenquimatoso, intercalados com agrupamento de fibras (figura 7d). Entre esses agrupamentos, ocorrem os raios floemáticos, centrifugamente mais largos, constituídos por células parenquimáticas que contém cloroplastos. Em corte transversal, percebe-se um número maior de séries de células na região mais larga dos raios no floema mais antigo (figura 7e). Também ocorrem as células secretoras de cor natural âmbar no floema secundário (figura 7f).

Figura 7
Cortes histológicos do caule em estrutura secundária de Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Cortes à mão livre frescos não corados (a, f, k) e corados com azul de Toluidina (b-e, g-j). a. Porção periférica do caule, evidenciando lenticela (asterisco). b. Detalhe da periderme, evidenciando cristais prismáticos (setas) em células da feloderme. c. Periferia do caule corado com azul de Toluidina, evidenciando células colapsadas (setas). d. Detalhe do floema secundário evidenciando células colapsadas (asteriscos). e. Detalhe de raio do floema, evidenciando a diferença de largura na porção interna (chave menor) e externa (chave maior). f. Floema secundário evidenciando células secretoras (setas). g. Panorama do lenho, evidenciando um par de elementos de vaso com material metacromático (seta). h. Corte longitudinal mostrando vaso com material metacromático e placas de perfuração simples (setas). i. Lenho em corte longitudinal tangencial, evidenciando raios (setas). j. Detalhe do raio xilemático em corte longitudinal radial. k. Detalhe de células secretoras medulares em corte longitudinal. Abreviações: CE: célula ereta. CP: célula procumbente. CQ: célula quadrada. Es: esclereides. Fb: fibras. FbX: fibras xilemáticas. Fd: feloderme. Fg: felogênio. PA: parênquima axial. PCl: parênquima clorofiliano. Pd: periderme. Su: súber.
Figure 7
Histological sections of the stem in secondary structure of Clitoria fairchildiana R.A. Howard. Unstained fresh freehand sections (a, f, k), and stained with Toluidine blue fresh freehand sections (b-e, g-j). a. Peripheral portion of the stem showing lenticel (asterisk). b. Detail of the periderm, showing prismatic crystals (arrows) in phelloderm cells. c. Periphery of the stem stained with Toluidine blue, showing collapsed cells (arrows). d. Detail of secondary phloem showing collapsed cells (asterisks). e. Detail of the phloem ray, showing the difference in width in the inner (smaller key) and outer (larger key) portions. f. Secondary phloem showing secretory cells (arrows). g. Overview of the wood, showing a pair of vessel elements with metachromatic material (arrow). h. Longitudinal-section showing vessel with metachromatic material and simple perforation plates (arrows). i. Wood in tangential longitudinal-section, showing rays (arrows). j. Detail of the xylem ray in radial longitudinal-section. k. Detail of medullary secretory cells in longitudinal-section. Abbreviations: CE: upright cell. CP: procumbent cell. CQ: square cell. Es: sclereids. Fb: fibers. FbX: xylem fibers. Fd: phelloderm. Fg: phellogen. PA: axial parenchyma. PCl: chlorenchyma. Pd: periderm. Su: cork.

Os elementos de vaso ocorrem isolados ou em pequenas séries radiais. Possuem espessura variável (figura 7g). Alguns elementos de vaso podem conter material fortemente metacromático ao AT (figura 7g, h). A placa de perfuração é do tipo simples (figura 6h). Parênquima axial paratraqueal variando de aliforme confluente a em faixas (figura 7g).

Os raios são muito variáveis, podendo ser unisseriados com quatro células de altura, a tri-tetrasseriados (figura 7i) com mais de 170 células (3 mm) em altura. São heterocelulares, prevalecendo as células procumbentes e quadradas, enquanto as eretas são mais raras (figura 7j).

Algumas células medulares podem conter um monocristal. As células secretoras de paredes espessadas encontram-se plenamente formadas e cheias de secreção (figura 7k).

Testes histoquímicos - O teste de dicromato de potássio revelou a presença de compostos fenólicos na cabeça secretora dos tricomas glandulares (figura 8a). Esse teste também corou os corpúsculos esféricos nas células ordinárias da epiderme adaxial da lâmina foliar (figura 8b) e do parênquima cortical do pulvino, que podem, inclusive, ocupar quase todo o conteúdo celular (figura 8c). Corou também o conteúdo de células de colênquima da nervura principal (figura 8d) e do caule (figura 8e). O conteúdo das células secretoras alongadas floemáticas da nervura principal (figura 8d), pecíolo e do caule em estrutura primária e secundária também reagiu positivamente. Por fim, o conteúdo das células secretoras alongadas de paredes secundárias lignificadas em posição medular nas nervuras de 1ª e 2ª ordem, pecíolo, pulvino e caule reagiu ao teste de dicromato de potássio, podendo também ocorrer do material secretado em espaços intercelulares adjacentes a essas células secretoras (figura 8f).

Figura 8
Cortes histológicos frescos à mão livre da lâmina do folíolo terminal (a, b, d), pecíolo médio (h), pulvino (c, g), caule em estrutura primária (e, i) e secundária (f, j, k) de Clitoria fairchildiana R.A. Howard, submetidos aos testes histoquímicos de dicromato de potássio (a-f) e Lugol (g-k). a. Detalhe de tricoma glandular clavado na face abaxial. b. Epiderme da face adaxial evidenciando corpúsculos esféricos (setas). c. Células corticais com corpúsculos esféricos. d. Corte transversal da nervura de 1ª ordem evidenciando célula secretora floemática (seta) e idioblasto fenólico do colênquima (seta larga). e. Corte transversal, evidenciando idioblastos fenólicos do colênquima (setas). f. Corte transversal de células secretoras medulares evidenciando secreção em espaço intercelular (asterisco). g. Corte transversal evidenciando bainha amilífera (elipse) e cristais prismáticos (setas) em células do parênquima cortical. h. Detalhe da porção periférica da medula. i. Detalhe da medula. j. Detalhe da medula. k. Detalhe do lenho em corte longitudinal tangencial. Abreviações: Co: colênquima. Cx: córtex. Fb: fibras. FbSp: fibras septadas. Fl: floema. PA: parênquima axial. PR: parênquima radial.
Figure 8
Fresh freehand histological sections of the terminal leaflet blade (a, b, d), middle petiole (h), pulvinus (c, g), stem in primary (e, i) and secondary structure (f, j, k) of Clitoria fairchildiana R.A. Howard, submitted to histochemical tests of potassium dichromate (a-f) and Lugol (g-k). a. Detail of club-shaped glandular trichome on the abaxial surface. b. Epidermis of the adaxial surface showing spherical corpuscles (arrows). c. Cortical cells with spherical corpuscles. d. Cross-section of 1st degree vein showing phloem secretory cell (thin arrow) and collenchyma phenolic idioblast (wide arrow). e. Cross-section showing phenolic idioblasts of the collenchyma (arrows). f. Cross-section of medullary secretory cells showing secretion in intercellular space (asterisk). g. Cross-section showing starch sheath (ellipse) and prismatic crystals (arrows) in cortical parenchyma cells. h. Detail of the peripheral portion of the medulla. i. Detail of the medulla. j. Detail of the medulla. k. Detail of the wood in tangential longitudinal-section. Abbreviations: Co: collenchyma. Cx: cortex. Fb: fibers. FbSp: septate fibers. Fl: phloem. PA: axial parenchyma. PR: radial parenchyma.

Já o teste de Lugol, detectou a presença de uma bainha amilífera na camada interna do córtex do pulvino, nas adjacências das fibras septadas (figura 8g). Também foi constatada a natureza amilífera nas células mais periféricas do parênquima medular do pecíolo (figura 8h) e de toda a medula do caule em estrutura primária (figura 8i) e secundária (figura 8j), embora, neste último, a quantidade de amido seja visivelmente menor em relação ao caule em estrutura primária. Por fim, também foram evidenciados grãos de amido no parênquima axial e radial do lenho do caule em estrutura secundária (figura 8k).

Discussão

Adaptações xeromórficas de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - Clitoria fairchildiana é uma árvore que, pela sua exuberância e copa relativamente ampla e densa, apresenta à primeira vista um aspecto mesomórfico. Não obstante, a análise detalhada, principalmente de suas folhas, revela adaptações xeromórficas notórias, o que justifica a ampla ocorrência da espécie nos mais variados ecossistemas em todo território da Colômbia e do Brasil (KEW). O mesofilo é dorsiventral, onde o parênquima paliçádico prevalece em relação ao parênquima lacunoso, uma característica xeromórfica (Fahn & Cutler 1992). Também, é interrompido por nervuras de todas as grandezas. Mesmo as nervuras de 5ª ordem possuem células parenquimáticas que se estendem da bainha do feixe à epiderme de ambas as faces, o que leva à segmentação do parênquima clorofiliano de acordo com o padrão das aréolas. A extensão de bainhas de feixe em nervuras de menor calibre também é descrito em leguminosas savânicas (Morretes 1966, Silva et al. 2012, Ferreira & Flores 2013, Carvalho et al. 2019). Folhas com essas características são tidas heterobáricas, e se caracterizam por possuírem uma limitação na circulação lateral de gases (Terashima 1992). Inclusive algumas espécies do gênero Acacia Mill. possuem um padrão de interrupção parcial do mesofilo por extensão de nervuras, que foi correlacionado com habitats áridos (Fahn & Cutler 1992). Além da atuação fisiológica, as extensões de bainha também podem proporcionar uma maior resistência mecânica à lâmina foliar (Ferreira et al. 2015).

Anatomia da lâmina foliar de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - A epiderme abaxial da lâmina foliar é invaginada entre as nervuras de até 4ª ordem, levando à formação de criptas em C. fairchildiana. Embora essas criptas não sejam tão profundas e com a entrada relativamente constrita, como o clássico exemplo de Nerium oleander L. (Apocynaceae) (Harshberger 1908), são revestidas por longas e adensadas papilas e margeadas por tricomas, principalmente o em forma de gancho. Essa conformação sugere uma barreira para a livre circulação de gases entre a atmosfera e as imediações dos estômatos que são exclusivos às criptas, auxiliando a manter uma atmosfera mais úmida no interior dessas estruturas. Uma diminuição de diferença de umidade dentro e fora do mesofilo nas adjacências dos estômatos leva a uma diminuição da difusão de água através deles (Taiz & Zeiger 1998), caracterizando mais uma adaptação xeromórfica. Segundo a classificação de Fahn & Cutler (1992), as xerófitas são divididas em duas categorias: leaf-xeromorfic xerophytes e axis-xeromorphic xerophytes. Assim, C. fairchildiana se enquadra na categoria “leaf-xeromorfic xerophytes”.

Os estômatos do tipo paracítico (rubiáceo), como os observados no presente trabalho, são possivelmente o tipo mais comum em Fabaceae (Metcalfe & Chalk 1957) e também descrito para C. ternatea (Chukwuma et al. 2014). A condição hipoestomática, corroborada com os dados obtidos no presente trabalho, é relatada para o gênero Clitoria (Metcalfe & Chalk 1957), embora não seja universal para esse grupo taxonômico (Chukwuma et al. 2014). Também, a diferença morfológica extrema entre as células ordinárias das epidermes adaxial e abaxial de C. fairchildiana destoa da condição descrita para C. ternatea (Chukwuma et al. 2014). Tais características epidérmicas, por suas particularidades, podem ser muito válidas como subsídios taxonômicos considerando o potencial das células epidérmicas em Fabaceae para essa finalidade (Shaheen et al. 2020).

A porção média do pecíolo de C. fairchildiana, à primeira vista, se destaca pelo seu contorno quase circular, sem projeções laterais ou formação de sulco pronunciado. Os feixes vasculares são individualizados e em disposição circular. Essa característica vascular condiz com o tipo Ie descrito por Metcalfe & Chalk (1957) para Papilionoideae, embora o sistema de classificação desses autores se baseia na porção terminal do pecíolo, e não na porção média, conforme tratado no presente trabalho. Contudo, a porção média do pecíolo é frequentemente relatada como estrutura de importância taxonômica em Fabaceae na distinção de espécies (Heneidak & Shahee 2007, Leme & Scremin-Dias 2014, Pereira et al. 2018, Matos et al. 2020) e inclusive de variedades (Seixas et al. 2019) e por isso foi aqui descrita.

Anatomia do pecíolo de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - No pecíolo de C. fairchildiana, a ocorrência de um feixe vascular quase anficrival interno ao anel de feixes vasculares, porém associado à porção mais adaxial desse anel é certamente uma condição de potencial taxonômico, ao menos distintivo para essa espécie, por destoar conspicuamente dos diversos relatos em Fabaceae (Metcalfe & Chalk 1957, Teixeira & Gabrielli 2006, Heneidak & Shaheen 2007, Jáuregui 2011, Leme & Scremin-Dias 2014, Dural & Citak 2015, Duarte & Krentkowski 2015, Pereira et al. 2018, Kamal-Kumar & Rajalakshmi 2019, Matos et al. 2020, Seixas et al. 2019), inclusive de tipos anatômicos que possuem feixe vascular medular (Zamora-Natera & Terrazas 2012). A ausência de feixes acessórios também complementa a caracterização vascular da porção média do pecíolo de C. fairchildiana. Esses feixes são muito comuns em diversos gêneros de Fabaceae, como Bauhinia Plum. ex L. (Antunes et al. 2021), Chamaecrista Moench (Matos et al. 2020), Bolusanthus Harms, Cajanus Adans., Derris Lour., Erythrina L., Glycine Wild., Pongamia Adans., Sophora L. (Heneidak & Shaheen 2007) e Centrosema (DC.) Benth. (Jáuregui 2011), estes três últimos da tribo Phaseoleae, que abriga Clitoria.

Pulvino de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - O pulvino de C. fairchildiana segue o padrão frequentemente descrito para Fabaceae, com amplo córtex parenquimático e um sistema vascular reduzido, com uma medula restrita. Tais características conferem flexibilidade a esse órgão (Rodrigues & Machado 2006, 2008). A presença de cristais, além de amido, nas células endodérmicas é relacionada a movimentos heliotrópitcos e nictinásticos lentos (Rodrigues & Machado 2006), o que condiz com a condição de C. fairchildiana. Os compostos fenólicos nas células corticais do pulvino desempenham importantes funções osmóticas responsáveis pelos fenômenos de turgescência que resultam nos movimentos foliares (Rodrigues & Machado 2006), o que explica a abundância dessa classe química no pulvino de C. fairchildiana.

A metacromasia conferida pelo AT às paredes das fibras septadas entre bainha amilífera e floema indica forte natureza péctica (Ribeiro & Leitão 2020), ou seja, gelatinosa, altamente hidrofílica. As pontoações dessas fibras são bem evidentes. Fibras com características semelhantes são relatadas em pulvinos de outras espécies de leguminosas (Rodrigues & Machado 2006, 2008, Antunes et al. 2021). A análise ao microscópio eletrônico de transmissão de Fabaceae evidenciou que tais células possuem paredes primárias espessadas. O citoplasma é rico em mitocôndrias, o que indica ativo metabolismo. Assim, essas células desempenham importante função na eficiente translocação simplástica a apoplástica para os eventos fisiológicos relacionados à movimentação foliar, sem comprometer a flexibilidade do pulvino (Rodrigues & Machado 2008).

Anatomia do caule primário de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - A organização do caule em estrutura primária de C. fairchildiana segue o padrão básico relatado para Fabaceae, em especial Papilionoideae, consistindo em epiderme com cutícula espessa, córtex com colênquima na porção periférica e, internamente, fibras (Metcalfe & Chalk 1957). No caule de C. fairchildiana, essas fibras ocorrem associadas ao floema dos feixes vasculares, em um aspecto de calotas, em um arranjo muito semelhante ao descrito no gênero relacionado Tephrosia Pers. (Saeed et al. 2019). A coloração azul assumida pelas fibras coradas pelo AT nos cortes frescos se assemelha às das fibras do xilema, e indica impregnação de lignina (Ribeiro & Leitão 2020), sendo assim as estruturas de sustentação do caule em estrutura primária. Externamente a essas fibras, ocorre uma bainha cristalífera, cujas células contém um cristal prismático birrefringente.

A estrutura primária do caule é de potencial taxonômico em Fabaceae, sendo utilizada como válidos parâmetros de delimitação de grupos na tribo Genisteae (Papilionoideae) (Norverto et al. 1994) e no gênero Scorpiurus L. (Papilionoideae) (Aqlan et al. 2018). Apesar do caule em estrutura primária de C. fairchildiana não possuir, em uma visão geral, nenhuma característica marcante, as estruturas secretoras medulares, bem como as estruturas secretoras floemáticas possuem potencial para serem um grande diferencial. Na relacionada Erythrina velutina (Phaseoleae) foram descritas cavidades no floema, sem, contudo, identificar o material secretado (Silva et al. 2013).

Em todos os órgãos analisados em estrutura primária, foram encontrados os tricomas não-glandulares retos de comprimento variável, os curtos em forma de gancho e os glandulares clavados. O tricoma não-glandular reto é considerado o mais simples e é quase universal na tribo Phaseoleae. Já o tricoma em forma de gancho é restrito a alguns gêneros da tribo. Por fim, o tricoma clavado aqui descrito é um dos tipos típicos encontrados na tribo, caracterizado pela cabeça pluricelular e o pedúnculo unisseriado (Lackey 1978).

Anatomia do caule secundário de Clitoria fairchildiana R.A. Howard - Embora não tenham sido feitas, no presente trabalho, análises quantitativas da representatividade dos parênquimas do xilema secundário de C. fairchildiana, é notável que o parênquima axial é bem desenvolvido. A madeira de C. fairchildiana é mole, medianamente resistente e de baixa durabilidade em condições naturais (Lorenzi 1992), o que condiz com a representatividade de parênquima no lenho observada no presente trabalho. Para a espécie próxima C. racemosa Benth., descreve-se madeira moderadamente leve, com densidade de 680Kg/m3 seca, de emprego na fabricação de papel ou de palito fósforo (Paula & Alves 1997). O parênquima xilemático axial e radial, além da função de armazenamento de água e carbono, atua também no reparo de embolia e na defesa mediante isolamento de ferimentos (Salleo et al. 2004, Słupianek et al. 2021). O acúmulo de água pode ser crítico para a sobrevivência da planta durante os períodos de estresse hídrico (Słupianek et al. 2021). Assim, o relativo grande volume de parênquima do lenho de C. fairchildiana pode ser interpretado como mais uma adaptação xeromórfica.

Os raios do lenho de C. fairchildiana são relativamente diversos, no geral uni a bisseriados, ocorrendo também raios tri a tetrasseriados. Quanto à altura, em geral, varia de quatro células a várias dezenas. Embora incomuns em Papilionoideae, são descritos para o gênero Clitoria raios xilemáticos demasiadamente altos (Paula & Alves 1997), com mais de 1 mm de altura (Metcalfe & Chalk 1957), conforme também observado no presente trabalho.

A ocorrência de placa de perfuração simples nos elementos de vaso é uma condição universal dentre as Fabaceae (Solereder 1908, Metcalfe & Chalk 1957), que também foi observada em C. fairchildiana. Uma característica chamativa foi a presença de material em alguns elementos de vaso. O preenchimento de material em elementos de vaso do lenho é um evento fisiológico decorrente da idade do tecido e é típico do cerne (Taylor et al. 2002). Também, a produção desse material pode ser por estímulos gerados pelo ataque de parasitas (Evert 2007). Geralmente descreve-se a intrusão de células parenquimáticas vizinhas ao elemento de vaso, ditas células de contato, através de pontoações. Essa intrusão se dá por meio de uma bolsa contendo substâncias geralmente fenólicas, muitas vezes revestidas de um material denominado goma (Bonsen & Kučera 1990). O depósito pode ser exclusivamente na forma de goma, como relatado na leguminosa Cercidium praecox (Ruiz & Pav.) Harms em resposta a ferimentos (Losano et al. 2000). Embora receba a denominação goma, esse material possui natureza péctica, sendo, portanto, sugerido a utilização do termo gel para denominá-lo (Rioux et al. 1998). No presente trabalho, as inclusões observadas nos elementos de vaso não aparentavam estar contidas em uma bolsa ou sáculo, e sim, soltas no lúmen da célula. Sua forte metacromasia ao AT indica abundância de radicais aniônicos, típica de substâncias pécticas (Ribeiro & Leitão 2020). Portanto, possui natureza hidrofílica, podendo agir como uma barreira de contenção, sem impedir por completo o fluxo de água (Rioux et al. 1998). Embora os ramos estudados no presente trabalho fossem vigorosos e de aspecto saudável, provavelmente a inclusão observada seja uma resposta a algum ferimento ou ataque de parasita por se encontrarem no alburno, visto que o cerne não foi analisado.

A origem do felogênio a partir da porção média do córtex caulinar observada no presente trabalho corrobora com o relatado para o gênero Clitoria por Solereder (1908) e Metcalfe & Chalk (1957). No processo de aumento de espessura do xilema secundário, há distensões na casca viva no sentido de aumentar a sua circunferência, bem como pressões internas para empurrar para fora os tecidos externos ao câmbio vascular (Evert 2007). O aumento da largura dos raios do floema secundário é um processo comum nas plantas que realizam crescimento secundário usual e pode ser resultado da expansão celular combinada com a divisão celular (Angyalossy et al. 2016). O maior número de células nas porções periféricas, ou seja, mais largas dos raios floemáticos em comparação com as porções mais internas e estreitas, indica que a dilatação dos raios floemáticos de C. fairchildiana ocorre pela combinação de divisão e expansão celular.

O anel esclerenquimatoso circundando o floema secundário, constituído por grupos de fibras intercalados com faixas de esclereides sugere que essas fibras sejam remanescentes das fibras externas ao floema primário, que foram segregadas em grupos com a proliferação de células concomitante ao aumento de circunferência. Essas novas células seriam os esclereídes entre os grupos de fibras. Porém, é necessária uma análise ontogenética para confirmar essa inferência. Esse padrão de disposição de células esclerificadas observado em C. fairchildiana é do tipo pericycle with alternating groups of fibers and sclereids in a continuous or nearly continuous ring (periciclo com grupos de fibras alternados com esclereídes em um anel contínuo ou quase contínuo) segundo o sistema de classificação proposto por Angyalossy et al. (2016).

Monocristais foram abundantes no córtex do pulvino, ocorrendo também associados às células secretoras medulares e à bainha cristalífera ao longo das nervuras mais calibrosas, do pecíolo e no caule em estrutura primária. Por serem birrefringentes, provavelmente se tratam de cristais de oxalato de cálcio (Pennisi et al. 2001). A ocorrência de células cristalíferas semelhantes é relatada em outras espécies da família, como Chamaecrista trichopoda (Benth.) Britton & Rose ex Britton & Killip (Francino et al. 2006) e Erythrina velutina Willd. (Silva et al. 2013), porém não é universal dentre todos os representantes Papilionoideae (Özgíșí et al. 2013). Tais cristais são numerosos dentre todas as Phaseoleae, não ocorrendo para essa tribo drusas, ráfides, nem tampouco areia cristalina (Lackey 1978).

Estruturas secretoras em Clitoria fairchildiana R.A. Howard - Em Papilionoideae, são descritas estruturas secretoras de material fenólico, como tubos fenólicos nas folhas de Adesmia cytisoides Griseb. e A. inflexa Griseb. (Caro et al. 2018), ductos e cavidades no córtex caulinar, peciolar, da raque e na nervura principal nas espécies do clado Dipterygeae (Palermo et al. 2017) e os tannin-sacs (sacos de tanino) (Solereder 1908); além de idioblastos e diferentes tipos de tricomas glandulares detalhadamente descritos em um amplo trabalho com mais de 150 espécies da subtribo Cajaninae (tribo Phaseoleae), dentre os quais os tricomas capitados (Vargas et al. 2018) semelhantes ao tricoma secretor clavado observado em C. fairchildiana. As células secretoras de paredes espessadas observadas na medula da nervura principal, pecíolo e caule de C. fairchildiana são bem distintas dos relatos de células fenólicas existentes na literatura. Tais células possuem paredes secundárias que se coraram de azul esverdeado com AT, coloração essa típica de paredes lignificadas (Ribeiro & Leitão 2020).

Já as estruturas secretoras fenólicas, encontradas no floema dos órgãos analisados, provavelmente se tratam dos tannin-sacs mencionados por Solereder (1908). Esses dois tipos de estruturas secretoras, medulares e floemáticas, são células longas, enfileiradas, com suas paredes terminais íntegras, com aspecto de laticíferos articulados não anastomosados.

Laticíferos são estruturas raramente descritas em Fabaceae. No levantamento bibliográfico realizado para o presente trabalho, os relatos foram em representantes de Papilionoideae (Lewinsohn 1991, Silva et al. 2010, Teixeira et al. 2020), sendo descritos principalmente no floema (Fernández-Dattoli et al. 2011, Oliveira et al. 2021), à semelhança do observado em C. fairchildiana. Porém, nesta espécie, não foi observada nenhuma secreção latescente a olho nu durante o seu manuseio, o que nos leva a inferir que as estruturas secretoras floemáticas e medulares aqui descritas sejam laticíferos com discreta secreção fenólica ou, talvez, estruturas secretoras distintas homólogas a laticíferos. As medulares, em particular, têm o diferencial de possuírem paredes secundárias lignificadas e associação com cristais, sendo assim, de potencial importância taxonômica.

Por fim, não foi possível compreender as discretas estruturas secretoras no floema do caule em estrutura primária de C. fairchildiana cuja secreção é incolor ou foi perdida durante o processamento das amostras. Tais estruturas não foram observadas com clareza nos cortes longitudinais e por isso não foi possível classificá-las como ductos ou cavidades.

Conclusões

Com os dados obtidos no presente trabalho, percebeu-se que Clitoria fairchildiana R.A. Howard possui várias características xeromórficas, como folhas heterobáricas com parênquima paliçádico expressivo e estômatos em criptas; o que possivelmente contribui para a grande versatilidade da espécie no emprego em arborização. Os compostos fenólicos, observados principalmente nas folhas, podem ter propriedades medicinais, à semelhança dos encontrados em outras partes da planta conforme relatos na literatura. Por fim, embora possua diversas características típicas de Papilionoideae, como tricomas retos e em forma de gancho, cristais prismáticos e anel esclerenquimatoso no caule, C. fairchildiana apresenta peculiaridades: a epiderme abaxial em criptas, o feixe vascular medular no pecíolo e as estruturas secretoras medulares com paredes lignificadas, que merecem atenção para fins taxonômicos e de identificação.

Declaração de disponibilidade de dados

O conjunto de dados deste artigo está disponível no SciELO Dataverse de Hoehnea, no link: https://doi.org/10.1590/2236-8906e362023.

Agradecimentos

Somos muito gratos ao Prof. Dr. Claudenir Simões Caires, do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, pela identificação da espécie; à Profª Drª Delmira da Costa Silva, do Departamento de Ciências Biológicas da UESB e ao MSc. Lucas Ribeiro, do Centro de Microscopia Eletrônica da UESC, pelo acesso e pelo suporte nos procedimentos em microscopia eletrônica de varredura; e aos acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal da UESB, Leohana Martins Machado e Vinícius Alves Rodrigues, e do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UESB, Valdir Carvalho Ribeiro, pelo auxílio em procedimentos em anatomia e histoquímica vegetal. Embora este trabalho não tenha sido contemplado com recursos para a sua execução, contou com a utilização de equipamentos adquiridos em projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.

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Editado por

  • Editor Associado:
    Ana Paula Souza Caetano.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Nov 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    08 Abr 2023
  • Aceito
    25 Nov 2024
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