icse
Interface - Comunicação, Saúde, Educação
Interface (Botucatu)
1414-3283
1807-5762
UNESP
Botucatu, SP, Brazil
El objetivo fue analizar la literatura científica cerca de la identidad de actores de la salud pública en Brasil, de 1990 a 2011. Se realizó una revisión sistemática de la literatura, deresúmenes, artículos y trabajos académicos, a partir de las bases de datos LILACS, SciELO y CAPES. De las publicaciones seleccionadas después de un análisis surgieron tres categorías: construcción de la identidad, formación e identidad y mercado de trabajo eidentidad. En casi todos los estudios las discusiones se refieren poco a un cuerpo básico que establece la identidad en salud pública y sía un conjunto de valores en los que surgen convergencias. Es necesario reflexionar sobre la complejidad de este proceso, especialmente con el surgimiento de la formación de sanitaristas, a partir de la graduación, señalando, por lo tanto hacia una posible profesionalización.
ARTIGOS
Construção da identidade dos atores da Saúde Coletiva no Brasil: uma revisão da literatura
Construction of the identity of Public Health players in Brazil: a review of the literature
La construcción de la identidad de los actores de la salud pública en Brasil: una revisión de la literatura
Vinício Oliveira da SilvaI; Isabela Cardoso de Matos PintoII
IMestrando, Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Rua Basílio da Gama, s/n, Campus Universitário, Canela. Salvador, BA, Brasil. 40110-040. vinicio_oliveira@hotmail.com
IIISC/UFBA
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar a produção científica sobre a identidade de atores da Saúde Coletiva no Brasil, entre 1990 e 2011. Realizou-se um estudo de revisão da literatura, a partir de resumos, artigos e trabalhos acadêmicos, como teses e dissertações, nas bases de dados LILACS, SCIELO e CAPES. Das publicações selecionadas, após análise, emergiram três categorias: construção da identidade, formação e identidade, e mercado de trabalho e identidade. Verifica-se, na quase totalidade dos estudos, que as discussões pouco se referem a um corpo básico que configura a identidade em Saúde Coletiva, mas, sim, a um conjunto de valores nos quais aparecem convergências. É necessário refletir sobre a complexidade implicada nesse processo, especialmente com a emergência da formação de sanitaristas, a partir da graduação, apontando, portanto, para uma possível profissionalização.
Palavras-chave: Saúde Pública. Identidade profissional. Profissionais de saúde.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the scientific production on the identity of Public Health players in Brazil, between 1990 and 2011. A systematic review of the literature was conducted, from abstracts, articles and academic papers such as theses and dissertations, in the LILACS, SciELO and CAPES databases. From analysis on the published texts selected, three categories emerged: construction of identity; training and identity; and labor market and identity. In almost the studies, it was seen that the discussions had little to do with a basic body that establishes identity within Public Health, but rather, with a set of values in which convergences appear. It is necessary to reflect on the complexity implied in this process, especially with the emergence of health worker training through undergraduate courses, thus pointing towards possible professionalization.
Keywords: Public Health. Professional identity. Health professionals.
RESUMEN
El objetivo fue analizar la literatura científica cerca de la identidad de actores de la salud pública en Brasil, de 1990 a 2011. Se realizó una revisión sistemática de la literatura, deresúmenes, artículos y trabajos académicos, a partir de las bases de datos LILACS, SciELO y CAPES. De las publicaciones seleccionadas después de un análisis surgieron tres categorías: construcción de la identidad, formación e identidad y mercado de trabajo eidentidad. En casi todos los estudios las discusiones se refieren poco a un cuerpo básico que establece la identidad en salud pública y sía un conjunto de valores en los que surgen convergencias. Es necesario reflexionar sobre la complejidad de este proceso, especialmente con el surgimiento de la formación de sanitaristas, a partir de la graduación, señalando, por lo tanto hacia una posible profesionalización.
Palabras clave: Salud Pública. Identidad profesional. Profesionales de salud.
Introdução
Nas ultimas décadas, o mundo do trabalho vem passando por constantes transformações, a partir das quais as profissões vêm ganhando novos delineamentos e os profissionais enfrentando novos desafios. Nesse cenário, entram em jogo: autonomia, ética, vocação, identidade, status, posição econômica e reconhecimento dos profissionais. Com a reestruturação da prática profissional e crescente especialização no campo do trabalho, a identidade profissional, por sua vez, vem sendo questionada por diferentes áreas do conhecimento (Beck, Young, 2008; Hall, 2000).
No caso da saúde, o trabalho, nesse setor, tem especificidades que se expressam na sua organização institucional, quais sejam: a forma de articulação da prestação de serviços; o ritmo de avanço das inovações tecnológicas; as atividades altamente especializadas. Entre outras, e, em particular, no caso brasileiro, que conta com um sistema de saúde público e universal, com princípios finalísticos que implicam a transformação do modelo de atenção em saúde, e, consequentemente, nos processos de trabalho, tais elementos, indubitavelmente, implicam a identidade dos profissionais (Campos, Albuquerque, 1998).
Com a emergência e o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, diversas ações estratégicas, políticas e novos programas de saúde vêm sendo implementados no país, resultando na expansão e reconfiguração do mercado de trabalho em saúde e em transformações no campo da Saúde Coletiva (Varella, Pierantoni, 2008). Essas mudanças exigem um novo perfil profissional, capaz de atender às demandas sociais e políticas da população brasileira. Tais fatores devem ser considerados na definição e/ou na transformação da identidade dos trabalhadores que atuam nessa área, bem como na incorporação de novas características ao perfil profissional.
A identidade profissional tem sido utilizada para compreender a inserção do sujeito no mundo do trabalho e sua relação com o outro. Identidade configura-se em um conceito dinâmico, o qual desconstrói a ideia de uma identidade única e integral, podendo ser compreendida como algo múltiplo, coletivo, e não como uma realização individual. Caracteriza-se, portanto, como um processo de mudança pela qual os papéis vão adquirindo contornos, de acordo com os contextos sociais. É, por conseguinte, produto de sucessivas socializações, permanentemente reconstruída para o próprio indivíduo ao longo do tempo (Coutinho, Krawulski, Soares, 2007).
Já Dubar (1997) compreende que a identificação é estabelecida pela socialização, a qual revela o sentimento de pertencer a determinado grupo, assumindo suas atitudes e valores que guiam as condutas. A identidade é, portanto, "resultado simultaneamente estável e provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo, biográfico e estrutural, dos diversos processos de socialização que, em conjunto, constroem os indivíduos e definem as instituições" (Dubar, 1997, p.105).
A identidade torna-se um tema relevante, especialmente no âmbito da Saúde Coletiva, que corresponde a um campo científico de saberes e práticas, agregando profissionais de diversas modalidades de formação, trajetória, e identidade daqueles que atuam nesse segmento. Nas últimas décadas, os trabalhadores da Saúde Coletiva vêm ocupando novos espaços e desenvolvendo uma prática cada vez mais específica com ênfase no SUS e compromisso com a Reforma Sanitária Brasileira , assim viabilizando a construção de uma nova identidade do sanitarista brasileiro.
Entretanto, essa questão torna-se complexa, pois o campo da Saúde Coletiva agrega diversas categorias profissionais e não apenas profissionais da área da saúde. Caracteriza-se, pois, pela grande heterogeneidade no que diz respeito à qualificação e formação, envolvendo, nessa direção, os profissionais com especializações lato sensu, residência profissional, mestrados acadêmicos e profissionais, doutorados, e, atualmente, graduados em Saúde Coletiva. Essa reconfiguração vem apontando para a definição de uma identidade específica de seus integrantes e uma possível profissionalização, conformando-se, desse modo, uma área dinâmica, composta por distintas trajetórias e múltiplas interfaces com outros grupos profissionais (Bosi, Paim, 2010).
Nesse particular, os conhecimentos produzidos nessa área podem ser aplicados por diferentes categorias profissionais, até mesmo advogados, arquitetos, cientistas sociais, físicos, assistentes sociais, dentre outros, os quais têm recebido títulos de mestre e doutor em Saúde Coletiva, concedidos pelos distintos programas de pós-graduação strictu senso. Contudo, existe um corpo básico que confere identidade ao "pensar" e ao "fazer" (aspas do autor) em Saúde Coletiva, a partir de um conjunto de valores, semelhante às demais profissões (Bosi, Paim, 2010, p.2033).
Na literatura científica, poucos são os estudos que discutem acerca da identidade específica dos trabalhadores da Saúde Coletiva, havendo, assim, inúmeras lacunas do conhecimento sobre essa temática. A Saúde Coletiva configura-se em uma importante área do conhecimento, com importantes contribuições ao sistema público de saúde no Brasil, sendo que, nos últimos anos, tem demonstrado grande evolução muitos cursos de pós-graduação se expandiram pelo país e, atualmente, está inserida a graduação em Saúde Coletiva. Por conta desse processo evolutivo e da sua significância, que é, sem dúvida, fruto do seu amadurecimento, a área vem adquirindo reconhecimento internacional, merecendo, assim, uma investigação sobre a identidade dos que atuam nesse segmento.
Considerando-se as inúmeras variáveis no que diz respeito à trajetória dos atores da saúde coletiva, e reconhecendo-se a importância de discutir e tomar, como categoria de análise, a identidade profissional nessa área, o presente trabalho teve como objetivo analisar os estudos produzidos sobre a identidade dos atores da Saúde Coletiva no Brasil, segundo a literatura científica, no período de 1990 a 2011. Nesse sentido, poderá trazer elementos para reflexão e compreensão acerca da conformação da identidade dos recursos humanos na Saúde Coletiva, bem como seus percursos e trajetórias de construção.
Procedimentos metodológicos
Realizou-se um estudo de revisão da literatura, a partir de resumos, artigos e trabalhos acadêmicos, como teses e dissertações, publicados dentro da temática "Identidade dos atores da Saúde Coletiva no Brasil". O período dessa revisão foi determinado de acordo com o momento histórico de construção de um novo sistema de saúde no país, oficialmente a partir de 1990, com a promulgação das leis orgânicas da saúde, após longas lutas, movimentos sociais e ideológicos, tendo em vista a democratização da saúde, que impulsionou significativas mudanças no mercado de trabalho nesse setor, passando a Saúde Coletiva a se ocupar com a formação de um novo perfil profissional.
Foram consideradas publicações nacionais com texto em qualquer língua, entre 1990 e 2011, no Scientific Electronic Library Online/Scielo, na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde/LILACS e no portal de periódicos CAPES. Em cada uma dessas bases, foram utilizadas as seguintes palavras de busca: saúde coletiva; saúde pública; saúde comunitária; medicina preventiva e medicina social cada uma em combinação com as palavras: identidade, profissional e sanitarista, separadamente e em qualquer parte do texto.
A escolha por publicações científicas exclusivamente brasileiras, no presente estudo, baseia-se no fato de que os profissionais sanitaristas são trabalhadores que lidam com questões específicas da população e do sistema público de saúde do Brasil, considerando-se, portanto, que sua práxis e sua identidade são construídas em um universo sociocultural específico. Foram excluídos trabalhos relativos às diversas categorias profissionais em saúde que não tinham como foco a identidade no âmbito da Saúde Coletiva e na perspectiva dos princípios e diretrizes do SUS, a exemplo de estudos que abordam a alta complexidade da atenção em saúde com enfoque meramente biológico.
Em alguns casos, quando se utilizaram diferentes descritores ou bases de dados, ocorreu duplicidade de publicações, sendo consideradas apenas uma vez. Após a seleção, procedeu-se à análise das informações de cada estudo, realizando-se leitura interpretativa, sistematização e catalogação, a partir de uma planilha em Excel® contendo: identificação do estudo, palavras-chave, tipo de estudo (ensaios teóricos / artigos de discussão / opinativos; estudos empíricos; revisões da literatura e relatos de experiência), objetivos, metodologia, resultados, análise e conclusões.
Para a análise, recorreu-se aos textos completos dos trabalhos selecionados, dos quais sete (quatro dissertações e três teses) não foram encontradas, utilizando-se apenas os seus resumos, que pouco ofereceram elementos necessários para análise na construção desse trabalho. Os estudos foram lidos atentamente para se encontrarem pontos de convergência entre os assuntos tratados, sendo extraídas/definidas as seguintes categorias temáticas sobre identidade profissional na Saúde Coletiva:
Construção da identidade Estudos que abordam distintas categorias profissionais que desenvolvem suas atividades na área da Saúde Coletiva, enfocando a construção/transformação da sua identidade a partir da trajetória, prática profissional e relações envolvidas nesse processo;
Formação profissional e identidade Estudos que abordam o processo educacional em Saúde Coletiva em diversas modalidades, escolha vocacional, estrutura e conteúdos curriculares relacionados à identidade dos trabalhadores;
Mercado de trabalho e identidade Estudos sobre as diversas interfaces da identidade com a estruturação do mercado de trabalho em saúde, campo de atuação profissional em uma perspectiva econômica e de carreira.
Resultados e discussão
A busca de trabalhos sobre a temática no período compreendido entre 1990 e 2011 resultou na seleção de setenta trabalhos (vinte resumos de artigos, 34 resumos de mestrado acadêmico e 16 resumos de teses) para uma análise preliminar. Após a exclusão dos trabalhos que não atendiam aos critérios de inclusão deste estudo, foram analisados: quatro resumos de artigos, seis resumos de mestrado acadêmico e três resumos de teses, totalizando 13 publicações que se enquadram nos critérios de seleção. Os resultados apontam para um número pouco expressivo de estudos sobre a temática da identidade dos atores da Saúde Coletiva no Brasil, como mostra a Tabela 1.
Observa-se que o número de publicações na década de 1990 foi bastante reduzido, contribuindo apenas com 15,38% da produção, enquanto, na ultima década, verificou-se a concentração de 84,62% dos estudos publicados. Quanto à natureza da publicação, as dissertações de mestrado ocupam 50%, artigos (28,57%) e teses de doutorado (21,43%).
Em relação ao tipo de estudo, 23% (três) são ensaios teóricos e 77% (dez) são empíricos. Referindo-se às categorias analíticas, 76,92% (dez) são publicações sobre a Construção da identidade, 15,38% (dois) sobre Mercado de trabalho e identidade, e 7,7% (um) correspondem à Formação e identidade.
Categoria 1. Construção da identidade
As pesquisas sobre a construção da identidade dos atores da Saúde Coletiva mostraram-se frequentes nesse levantamento, representando o maior quantitativo (dez estudos), os quais apresentam especificidades e diferentes perspectivas que merecem ser destacadas. São estudos sobre distintas categorias profissionais que desenvolvem suas atividades na área da Saúde Coletiva, enfocando, portanto, a construção ou transformação da identidade desses atores, a partir de sua trajetória e prática profissional na perspectiva dessa área do conhecimento, bem como nas relações envolvidas nesse processo.
Em enfermagem, foram encontrados dois estudos. Gomes e Oliveira (2005) descrevem e analisam as imagens profissionais presentes nas representações de enfermeiros de saúde pública. Faria (2006) discute o papel dos centros de saúde na formação do enfermeiro e na construção de uma identidade profissional "feminina", a partir da história das educadoras sanitárias e das enfermeiras de Saúde Pública na primeira metade do século XX, mostrando o desafio das mulheres de demarcar um território de decisões e atuação.
O estudo de Faria (2006) revela que a criação e valorização do espaço da enfermagem de Saúde Pública no Brasil foi fruto do esforço inicial da Escola Anna Nery e do Instituto de Higiene de São Paulo, a partir de 1925, com a criação do Curso de Educação Sanitária além dessas instituições, contou com o apoio da Fundação Rockefeller, que desempenhou um importante papel nesse processo. Dentre os obstáculos enfrentados para a inserção da mulher no mercado de trabalho e na constituição de sua identidade profissional, estava a rígida diferenciação de papéis sociais entre homens e mulheres, além de questões relacionadas à autonomia profissional.
Segundo Gomes e Oliveira (2005), os enfermeiros identificam uma imagem do seu trabalho junto à população a partir da relação existente entre eles, gerando, assim, certa credibilidade. Por outro lado, a sociedade demonstra não diferenciar o enfermeiro e a equipe de enfermagem, além de não haver clareza entre identidade e papel profissional do enfermeiro e do médico, ficando implícitos os conflitos relacionados às questões hegemônicas de poder e as múltiplas interfaces da identidade do enfermeiro.
Sobre a identidade do médico na Saúde Coletiva, foram encontrados três estudos: a tese de Andrade (2011) sobre os caminhos institucionais e cognitivos percorridos pelo médico Heraclídes de Souza Araújo, que se dedicava a temas sanitários, bem como os personagens que participaram e o auxiliaram na construção de sua trajetória, e como se modelou sua identidade profissional; a tese de Bonet (2003), que analisa o processo de construção da identidade profissional dos médicos de família como um grupo social, a partir da institucionalização e da epistemologia, e a dissertação de Almeida (2010), que investiga a construção da identidade profissional do médico, considerando a diversidade de relações envolvidas nesse processo.
Outros dois estudos foram encontrados nessa categoria sobre a identidade do psicólogo na Saúde Coletiva. Santos (2002), em sua dissertação, se propôs a compreender de que forma foi possível o psicólogo que atua na Saúde Pública manter ou transformar sua identidade, a qual, segundo a autora, também se constitui das políticas de Saúde Pública. O estudo revela que houve pouca mudança na identidade desse profissional, que desenvolve sua prática no âmbito da Saúde Pública, ou seja, estes continuam atuando, enfaticamente, como psicoterapeutas.
Já Castanho (1996) investiga como os psicólogos que atuam em unidades básicas de saúde reagem e assimilam a transferência da educação para a saúde, a partir da implantação de uma nova política de saúde mental no município de São Paulo, utilizando pressupostos teóricos do conceito de identidade, cujos resultados revelam que os psicólogos estão conquistando a sua autonomia e que o fortalecimento de uma identidade necessita de debates na perspectiva da formação e da prática profissional.
A identidade do farmacêutico na Saúde Coletiva foi estudada por Saturnino (2008), a qual analisou a contribuição do Internato Rural do curso de Farmácia da UFMG na formação, resgatando historicamente a construção da sua identidade profissional e sua inserção no SUS. O estudo revela que há um limitado conhecimento sobre o SUS e que o Internato Rural é considerado um importante meio de construção do conhecimento. Ainda afirma a autora que o profissional farmacêutico passa por rompimento de paradigmas e inicia uma nova fase de reconstrução de sua identidade como profissional da saúde.
Nesse sentido, Mazer e Melo-Silva (2010) corroboram que mudanças de paradigmas afetam as identidades dos profissionais ao passarem por processos de modificação e transformações na carreira. Cabe destacar que a formação e a prática profissional em Saúde Coletiva estão sustentadas por um corpo de conhecimentos, diferentemente das bases teóricas das diversas profissões da saúde que têm seu foco em aspectos meramente biológicos e no tratamento de patologias. Essa situação tem forte influência na construção de um outro profissional, que incorpore os valores inerentes à área da Saúde Coletiva dificultando a consolidação de uma identidade clara.
O estudo de Costa, Fernandes e Pimenta (2008) analisa o processo de conformação da vigilância sanitária no Brasil, sua inserção nas políticas de saúde, a construção da identidade de seus trabalhadores e sua especificidade, o qual revela que, com a reorganização administrativa do Ministério da Saúde no final de 1976, e o reconhecimento da importância da vigilância sanitária no âmbito da Saúde Pública, reafirmou-se a configuração de um novo perfil profissional o técnico de vigilância sanitária , construindo-se, então, uma identidade própria e um saber específico desse trabalhador da saúde. Assim, entram em pauta discussões, seminários e oficinas de trabalho a respeito dos requisitos necessários à formação desses profissionais, emergindo cursos de diversas modalidades, tendo um grande significado no reconhecimento e construção da identidade do profissional de vigilância sanitária.
Ainda segundo Costa, Fernandes e Pimenta (2008), a realização de concurso público na década de 2000 passa a constituir a trajetória do profissional de vigilância sanitária, bem como fortalece a sua identidade. A construção da identidade desses profissionais, nos últimos dez anos, tem forte afirmação diante das políticas de saúde, no Brasil, associada à maior visibilidade da área no campo da Saúde Coletiva.
Peixoto (2010) investiga sobre a dinâmica do encontro entre duas dimensões da identidade profissional a do grupo de formação acadêmica e a do grupo de trabalho , quando o indivíduo se insere em uma equipe multiprofissional. Os resultados revelaram que a dinâmica interativa entre a identidade do grupo de formação e a do grupo de trabalho se complementam, e afirmaram que a construção ou manutenção de uma identidade sofre forte influência de fatores grupais, podendo ser fortalecida quando há reconhecimento dos integrantes sobre sua importância para as relações no âmbito das equipes multiprofissionais.
A diversidade de modalidades de formação na Saúde Coletiva e a necessidade de fazer parte de um dado segmento profissional também podem ser consideradas responsáveis pela imagem que o sanitarista elabora de sua prática e de seu campo específico de atuação. Nos espaços de socialização, nas relações entre atores da Saúde Coletiva e, até mesmo, no meio acadêmico, são notáveis as diversas maneiras como alguns sujeitos se apresentam: "sou enfermeiro de formação", "sou odontólogo de formação", "sou médico sanitarista", dentre outras tantas formas. Tais profissionais, ao se expressarem, parecem ter perdido referência da formação inicial, ou seja, da formação graduada, embora essas autodenominações possam ter relação com a construção de uma nova identidade na Saúde Coletiva.
Nesse sentido, cabe questionar se, para esses profissionais, a formação pós-graduada é apenas um upgrade que imprime um status diferenciado, e qual identidade prevalece se a inicial, adquirida no processo de se graduar em determinada profissão, ou se a identidade adquirida ou reconstruída em sua trajetória a partir da inserção e prática profissional no âmbito da Saúde Coletiva. São essas as questões, sobre a identidade dos que atuam nesse segmento, ainda sem respostas na literatura científica.
Segundo Dubar e Triper (1998), os processos de construção de identidades são influenciados tanto por fatores profissionais quanto pelas formas típicas de trajetórias individuais e de mundos sociais, sistemas de crenças e de práticas, habitus e projetos de vida. Para Vieira (2007), a dimensão central das identidades se constitui pela questão do trabalho, de seu lugar na sociedade e do sentido que lhes é atribuído. Tais identidades são as formas socialmente construídas pelos indivíduos de se reconhecerem uns aos outros no campo do trabalho e do emprego.
A literatura evidencia que a construção da identidade profissional está fortemente ligada à escolha de uma área e ao processo formativo na graduação. Nesse sentido, cabe refletir se a pós-graduação em Saúde Coletiva oferece elementos suficientes para dar conta de transformar/reconstruir essa identidade, ou, até mesmo, se é responsável por isso. Eis, portanto, uma dificuldade a ser superada pelos profissionais, os quais, ao serem formados pelos diversos cursos de graduação da área da saúde com caráter e predominância terapêutica e insuficiência de conhecimentos na Saúde Coletiva, ao se inserirem nesse campo, passam por diferentes sensações e situações que requerem a quebra de paradigmas na reconfiguração de sua identidade, ou, caso contrário, sua prática poderá reproduzir o modelo de atenção em saúde hegemônico.
Algumas características da formação e da identidade profissional dos atores da Saúde Coletiva no Brasil têm relação direta com: o processo histórico de desenvolvimento da Reforma Sanitária Brasileira, o amadurecimento, construção e difusão do conhecimento técnico-científico da área. As mudanças em processo nas práticas, nos saberes e na formação refletem no modo de trabalhar e fazem com que a identidade se constitua conforme o envolvimento, a atuação e o papel desempenhado por esses atores na sociedade brasileira.
Os estudos demonstram que os profissionais passam por uma reconstrução de sua identidade na Saúde Coletiva, porém com dificuldades no rompimento de paradigmas e na incorporação de novas práticas e valores inerentes a essa área do conhecimento, ocasionando, assim, uma crise de identidade. Apontam, ainda, que tais mudanças necessitam de debates na perspectiva da formação e da prática profissional.
Categoria 2. Formação profissional e identidade
A relação entre a formação profissional e a identidade do trabalhador da Saúde Coletiva foi questão discutida em apenas um estudo desta revisão. No artigo intitulado "Graduação em saúde coletiva: limites e possibilidades como estratégia de formação profissional", de Bosi e Paim (2010), os autores problematizam a Saúde Coletiva como âmbito de profissionalização, sistematizando alguns fundamentos teóricos, sociais e ético-políticos de uma formação em nível de graduação. Para tanto, recuperam a trajetória em que se vem dando a formulação desses cursos e resgatam alguns elementos sobre a identidade desses atores.
Para os autores, o elemento essencial na constituição de uma carreira com destaque no âmbito da profissionalização em saúde e que confere identidade própria ao profissional não é dado pela especialização, mas constrói-se na experiência de se graduar em uma determinada área e fazer parte de um segmento profissional. A construção de identidades, em determinado momento histórico, implica relações de poder, como pode ser observado na história das profissões que foram se estabelecendo ao longo do tempo. Bosi e Paim (2010), em seu importante artigo, levantam uma série de questões sobre elementos que são relevantes na construção da identidade dos que atuam nesse segmento:
São necessários jovens profissionais em início de carreira, que demarcarão suas trajetórias delineando sua identidade na experiência de ser um sujeito-agente da Saúde Coletiva, sem se submeter a uma "regraduação" ou "desconstrução" ao ingressar com suas formações de origem no campo da Saúde Coletiva, em nível da pós-graduação. Talvez a isso se vincule a nebulosidade observada no que concerne à identidade do campo e dos próprios atores, pós-graduandos, advindos das mais diversas formações da saúde, grosso modo pautadas em núcleos de saberes distantes ou mesmo conflitantes com aqueles que norteiam a identidade profissional da Saúde Coletiva. (Bosi, Paim, 2010, p.2033)
Nesses aspectos, se considerarmos que a construção da identidade profissional é legitimada pela experiência de se graduar em determinada área, observa-se que, diferentemente de outras categorias profissionais, na Saúde Coletiva aconteceu o inverso. Isso porque a graduação em Saúde Coletiva surgiu após anos de amadurecimento e acúmulo de conhecimentos nessa área, a partir dos programas de pós-graduação que se expandiram por todo o Brasil e das disciplinas que compõem os currículos dos cursos de graduação da área da Saúde. Sendo assim, reforça o questionamento sobre qual identidade profissional do agente da Saúde Coletiva prevalece: se a identidade dada pela formação inicial graduada ou a identidade conferida pela pós-graduação, ainda uma lacuna do conhecimento não preenchida pelos estudos encontrados nesta revisão da literatura.
Antes da recente abertura dos cursos de graduação em Saúde Coletiva, um aspecto a ser considerado no processo de construção da identidade a partir da formação é o de que o desejo de ser sanitarista não começava a ser despertado durante a escolha e interesse de se graduar em determinada área, como ocorre nas outras profissões, mas, sim, no decorrer do processo formativo na área escolhida, em cujo percurso, ao se aproximar de conteúdos da Saúde Coletiva e de representações sobre a prática do sanitarista, pode surgir o interesse em fazer a pós-graduação. Porém, a identidade desses trabalhadores, para além da formação e da adoção de valores inerentes à prática desenvolvida nessa área, certamente envolve um complexo conjunto de experiências internas e externas, as quais constituem base importante para os primeiros significados atribuídos.
Como afirmam Bosi e Paim (2010), a graduação pode conferir uma identidade específica que não se confunde com a dos demais, pois Saúde Coletiva não é especialidade médica, nem de outras profissões da saúde. Nesse sentido, as semelhanças e diferenças na preparação acadêmica dos profissionais sanitaristas com distintas trajetórias e diversos modelos de formação, seus papéis, diversidade e complexidade dos assuntos relacionados a esse campo de atuação mostram uma obscura identidade dos seus atores.
Para além dos estereótipos, ser sanitarista graduado em Saúde Coletiva ou pós-graduado constitui um importante elemento da identidade profissional, podendo-se destacar que a experiência de se graduar influencia na elaboração das identidades, uma vez que se aprende a ser sanitarista desde a graduação, a partir de vivências, estágios, envolvimento com a atuação e a prática, diferentemente de se pós-graduar, com um novo caminho a ser percorrido e construído, na maioria das vezes, prioritariamente com disciplinas teóricas, compreendendo o currículo como limitador. Como afirmam Bosi e Paim (2010, p.2033): "Em termos de identidade, ser pós-graduado é um estatuto distinto de graduado. Não obstante se reconheça a "reconfiguração identitária" oportunizada pela pós-graduação em Saúde Coletiva, o curso de graduação deverá ajudar na demarcação mais clara dos contornos dessa identidade".
Os cursos de graduação em Saúde Coletiva, no Brasil, vêm sendo implantados por diversas instituições, em sua quase totalidade em universidades federais nesse particular, cabe destacar que esses cursos estão sendo ofertados com distintas nomenclaturas. Outra questão relevante a ser observada é se suas matrizes curriculares são compatíveis e se estão organizadas em um corpo básico de elementos, princípios e valores que convergem, capazes de formar sujeitos com um perfil semelhante. Tais aspectos merecem atenção e reflexão sobre suas influências no perfil do egresso e na conformação de sua identidade. Nesse sentido, conforme apontam Bosi e Paim (2010, p.2033), "é previsível e promissor que se interrogue essa nova identidade, ou seja, esse fenômeno inaugural da graduação em Saúde Coletiva no Brasil e seus efeitos identitários sobre o campo".
Tal fenômeno já põe em pauta uma série de dúvidas e indagações dos profissionais dessa área, seja em ambiente acadêmico, profissional ou em espaços de discussões, como seminários, congressos, dentre outros. Um fato recente se refere à mudança do nome da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva para Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a alterações no seu estatuto, com o objetivo de incorporar a graduação. Tais mudanças mobilizaram os sanitaristas, cujo título foi obtido através da realização de curso de pós-graduação na área da Saúde Coletiva/Saúde Pública, produzindo questionamentos sobre a formação do graduado. Desse modo, no momento em que os cursos de graduação em Saúde Coletiva começam a lançar profissionais no mercado de trabalho, surge um conjunto de preocupações sobre a "imagem" e o "espaço" que cada um desses perfis ocupa no mercado, o que pode ser considerado no desenvolvimento de crises de identidade.
Categoria 3. Mercado de trabalho e identidade
Foram dois os estudos encontrados que pesquisaram questões relacionadas ao mercado de trabalho e a identidade dos trabalhadores. Ávila (1998) estudou sobre a especialidade do médico sanitarista com enfoque na Residência Médica, privilegiando a opinião dos estudantes de medicina sobre a escolha desta especialidade como carreira profissional, buscando as razões pelas quais tais discentes não optam pela medicina sanitária, além de analisar os fatores que estariam provocando a diminuição da procura dos médicos pela carreira de sanitarista. Segundo a autora, a partir de uma perspectiva econômica, a escolha de carreira do médico tem sido orientada pelas condições externas do mercado de trabalho, e não pelo processo de socialização ocorrido na sua formação. Dessa forma, nos últimos anos e, sobretudo, a partir da década de 1980, tem diminuído a inserção dos médicos em programas de pós-graduação para a formação de sanitaristas. Tal situação se reflete a partir de questões relacionadas ao mercado de trabalho do sanitarista, caracterizado pela inserção no setor público, com baixos salários e perda de status, em comparação com demais especialidades médicas, além da falta de incentivo na graduação.
Ávila (1998, p.62) afirma ainda que, pela natureza interdisciplinar e multiprofissional do objeto da Saúde Coletiva, essa área foi se expandindo, não sendo exclusividade da ciência médica, haja vista a participação de outras áreas do conhecimento. Embora seja reconhecida a importância da multiprofissionalidade na área da Saúde Coletiva, essa configuração produziu, de certa forma, uma "indefinição" (aspas do autor) de um perfil para o sanitarista e a categoria médica, além de ter deixado uma falta de clareza sobre suas atividades.
Já Dubar (1997) menciona que a saída da universidade e o confronto com o mercado de trabalho estão entre os acontecimentos mais consideráveis e essenciais na construção da identidade profissional. Seguramente, a diversidade de escolhas e a inserção em uma especialidade configuram-se como importante elemento a ser ponderado na constituição da identidade. Porém, o maior desafio identitário está no confronto com o mercado de trabalho, que assume variados significados de acordo com o país, o nível escolar e a origem social dos atores.
Para Vieira (2007), o trabalho assalariado, caracterizado por diferenciações internas, pela expansão dos serviços e segmentação dos empregos, fomenta uma individualização dos comportamentos no trabalho, além de romper com os interesses dos trabalhadores e provocar o desaparecimento de sua consciência de classe. Já Dubar (2007) afirma que a dimensão profissional da identidade adquiriu importância particular, com o argumento de que, se o emprego condiciona a construção das identidades, o trabalho causa suas transformações. Nesse sentido, muito para além do período escolar, a formação influencia nas dinâmicas identitárias.
Ainda, segundo Dubar (1997), a identidade profissional pode ser definida pela interseção de três campos, quais sejam: o mundo vivido do trabalho; a trajetória socioprofissional, e os movimentos de emprego (relação dos trabalhadores com a formação, a forma como aprenderam o trabalho que fazem ou que irão fazer). Tais aspectos apresentam, simultaneamente, certa coerência e dinâmica que implicam significativas respostas aos padrões de emprego e do mercado de trabalho. Nessa perspectiva, a identidade é o que identifica o profissional, visto que o modo como ele se apresenta é algo que vai se construindo ao longo do tempo com suas experiências de trabalho, incorporando, assim, o seu papel.
Chaves (2005) analisa os discursos dos odontólogos sobre a sua atuação profissional no Programa de Saúde da Família (PSF), com ênfase nos significados das explicações desses profissionais acerca de: suas expectativas, motivações da escolha profissional, constatações sobre as restrições atuais do mercado de trabalho e o funcionamento do PSF como campo de atuação profissional e prática de trabalho. O resultado do seu trabalho aponta para uma crise de identidade profissional entre os cirurgiões-dentistas que atuam no PSF, determinada pelas condições do mercado de trabalho e pela conjuntura das políticas públicas de saúde bucal no país. Embora em condições restritas, o PSF tem sido uma alternativa para o odontólogo diante da saturação do mercado de trabalho no setor privado para este profissional.
Dubar (1997) reforça essa reflexão, ao observar que a crise de identidade, da qual muito tem se falado, está relacionada: às dificuldades de inserção profissional, exclusão social, mal-estar relacionado às constantes mudanças vividas no mundo do trabalho e desagregação das categorias que implicam definições de si e dos outros.
Considerando esses aspectos, a graduação em Saúde Coletiva, além de fortalecer o interesse sobre a identidade nessa área, aponta mudanças no mercado de trabalho, a partir de uma possível profissionalização, a qual, de acordo com a sociologia das profissões, repercute na definição da aplicação de conhecimentos específicos e em uma prática restrita a categorias profissionais. Consequentemente, caso ocorra sua regulamentação, com a criação de um conselho, torna-se pertinente refletir se provocará uma reserva de mercado. Nesse particular, cabe um questionamento sobre como ficaria a situação dos profissionais das demais categorias, já que, no momento atual, a regulamentação e a inserção do graduado nos Planos de Cargos, Carreiras e Vencimentos são objeto de discussão.
Considerações finais
Este estudo permitiu a sistematização da produção científica brasileira sobre a identidade dos atores da Saúde Coletiva, evidenciando um baixo volume da produção sobre essa temática, a qual, por ser bastante limitada, reafirma que a identidade desses profissionais não é claramente percebida. Verifica-se, na quase totalidade dos estudos, que as discussões pouco se referem a um corpo básico que configura a identidade em Saúde Coletiva, mas, sim, a um conjunto de valores nos quais aparecem convergências.
A identidade profissional nessa área é frequentemente confundida com fundamentos das demais categorias profissionais, configurando-se em uma identidade "híbrida", que não se ancora a um corpo básico de elementos capazes de conferir uma identidade específica na Saúde Coletiva, corroborando, assim, com o que apontam Bosi e Paim (2010) sobre a nebulosa identidade profissional dessa área.
Os estudos não revelam até que ponto o profissional dessa área tem uma visão da dimensão político-social do seu papel na sociedade, na qual está inserida sua intervenção, e se tais profissionais têm compromisso com o social e com os valores inerentes à prática nesse campo, que certamente são elementos a serem considerados na sua identidade.
É necessário refletir sobre a complexidade implicada nesse processo, cada vez mais heterogêneo e de difícil delimitação, bem como nos desafios a serem enfrentados na construção e fortalecimento de uma identidade específica dos atores da Saúde Coletiva, especialmente com a emergência da formação de sanitaristas, a partir da graduação, apontando, assim, para uma possível profissionalização. É possível afirmar que essa identidade sempre esteve e está em um processo de construção, e ainda sem uma clara delimitação, havendo necessidade de investigações que contemplem as lacunas do conhecimento.
Tornam-se, pois, pertinentes algumas indagações acerca do nosso objeto, a saber: a diversidade constitutiva do ser sanitarista permitiria a consolidação de uma identidade específica para esse grupo profissional? Quais repercussões podem surgir entre as diferentes identidades profissionais na Saúde Coletiva perante uma possível profissionalização? Embora os profissionais tenham feito pós-graduação em Saúde Coletiva, há predominância da identidade adquirida na formação inicial graduada? A diversidade de nomenclaturas e desenhos de curso que ora se apresentam no cenário de criação das novas graduações em Saúde Coletiva tem contribuído para a consolidação de uma identidade ou contribuirá para o aumento da nebulosidade dessa identidade?
Esses questionamentos são, por assim dizer, uma tentativa de redirecionamento para um novo e amplo debate acerca do tema aqui delineado, no entendimento de que a Saúde Coletiva é uma área que suscita inúmeros desdobramentos de abordagens no campo da investigação científica.
Colaboradores
Os autores Vinício Oliveira da Silva e Isabela Cardoso de Matos Pinto participaram, igualmente, de todas as etapas de elaboração do manuscrito.
Recebido em 16/04/13
Aprovado em 19/06/13
ALMEIDA, M.T. A ordem médica e a desordem do sujeito na formação da identidade profissional médica. 2010. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. 2010.
A ordem médica e a desordem do sujeito na formação da identidade profissional médica.
2010
ALMEIDA
M.T.
ANDRADE, M.M. Capítulos da história sanitária no Brasil: a atuação profissional de Souza Araujo entre os anos 1910 e 1920. 2011. Tese (Doutorado) Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 2011.
Capítulos da história sanitária no Brasil: a atuação profissional de Souza Araujo entre os anos 1910 e 1920
2011
ANDRADE
M.M.
ÁVILA, C.S. Médico-sanitarista: ainda uma escolha de carreira. 1998. Dissertação (Mestrado) Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 1998.
Médico-sanitarista: ainda uma escolha de carreira
1998
ÁVILA
BECK, J.; YOUNG, M.F.D. Investida contra as profissões e reestruturação das identidades acadêmicas e profissionais. Cad. Pesqui., v.38, n.135, p.587-609, 2008.
Investida contra as profissões e reestruturação das identidades acadêmicas e profissionais
Cad. Pesqui.
2008
587
609
135
38
BECK
J.
YOUNG
M.F.D.
BONET, O.A.R. Os médicos da pessoa: um estudo comparativo sobre a construção de uma identidade profissional. 2003. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2003.
Os médicos da pessoa: um estudo comparativo sobre a construção de uma identidade profissional
2003
BONET
O.A.R.
BOSI, M.L.M.; PAIM, J.S. Graduação em Saúde Coletiva: limites e possibilidades como estratégia de formação profissional. Cienc. Saude Colet., v.15, n.4, p.2029-38, 2010.
Graduação em Saúde Coletiva: limites e possibilidades como estratégia de formação profissional
Cienc. Saude Colet.
2010
2029
38
4
15
BOSI
M.L.M.
PAIM
J.S.
CAMPOS, F.E.; ALBUQUERQUE, E.M. As especificidades contemporâneas do trabalho no setor saúde: notas introdutórias para uma discussão. Rev. Econ. Contemp., v.3, n.2, p.97-123, 1998.
As especificidades contemporâneas do trabalho no setor saúde: notas introdutórias para uma discussão
Rev. Econ. Contemp.
1998
97
123
2
3
CAMPOS
F.E.
ALBUQUERQUE
E.M.
CASTANHO, M.I.S. O psicólogo da Educação para a Saúde: processo de construção de uma identidade. 1996. Tese (Doutorado) Universidade de São Paulo, São Paulo. 1996.
O psicólogo da Educação para a Saúde: processo de construção de uma identidade
1996
CASTANHO
M.I.S.
CHAVES, M.C.C. Crise de identidade profissional dos cirurgiões-dentistas que atuam no programa de saúde da família. 2005. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Ceará, Salvador. 2005.
Crise de identidade profissional dos cirurgiões-dentistas que atuam no programa de saúde da família
2005
CHAVES
M.C.C.
COSTA, E.A.; FERNANDES, T.M.; PIMENTA, T.S. A vigilância sanitária nas políticas de saúde no Brasil e a construção da identidade de seus trabalhadores (1976-1999). Cienc. Saude Colet., v.13, n.3, p.995-1004, 2008.
A vigilância sanitária nas políticas de saúde no Brasil e a construção da identidade de seus trabalhadores (1976-1999)
Cienc. Saude Colet.
2008
995
1004
3
13
COSTA
E.A.
FERNANDES
T.M.
PIMENTA
T.S.
COUTINHO, M.C.; KRAWULSKI, E.; SOARES, D.H.P. Identidade e trabalho na contemporaneidade: repensando articulações possíveis. Psicol. Soc., v.19, ed.esp., p.29-37, 2007.
Identidade e trabalho na contemporaneidade: repensando articulações possíveis
Psicol. Soc.
2007
29
37
19
COUTINHO
M.C.
KRAWULSKI
E.
SOARES
D.H.P.
ed.esp.
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora, 1997.
A socialização: construção das identidades sociais e profissionais
1997
DUBAR
C.
DUBAR, C.; TRIPIER, P. Sociologie des professions. Paris: Editions Armand Colin, 1998.
Sociologie des professions
1998
DUBAR
C.
TRIPIER
P.
FARIA, L. Educadoras sanitárias e enfermeiras de saúde Pública: identidades profissionais em construção. Cad. Pagu, n.27, p.173-212, 2006.
Educadoras sanitárias e enfermeiras de saúde Pública: identidades profissionais em construção
Cad. Pagu
2006
173
212
27
FARIA
L.
GOMES, A.M.T.; OLIVEIRA, D.C. A auto e heteroimagem profissional do enfermeiro em saúde pública: um estudo de representações sociais. Rev. Latino-am. Enferm., v.13, n.6, p.1011-8, 2005.
A auto e heteroimagem profissional do enfermeiro em saúde pública: um estudo de representações sociais
Rev. Latino-am. Enferm.
2005
1011
8
6
13
GOMES
A.M.T.
OLIVEIRA
D.C.
HALL, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T.T.; HALL, S.; WOODWARD, K. (Orgs.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p.103-33.
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais
2000
103
33
HALL
S.
SILVA
T.T.
HALL
S.
WOODWARD
K.
MAZER, S.M.; MELO-SILVA, L.L. Identidade profissional do psicólogo: uma revisão da produção científica no Brasil. Psicol. Cienc. Prof., v.30, n.2, p.276-95, 2010.
Identidade profissional do psicólogo: uma revisão da produção científica no Brasil
Psicol. Cienc. Prof.
2010
276
95
2
30
MAZER
S.M.
MELO-SILVA
L.L.
PEIXOTO, L.S.A. A dinâmica da identidade profissional em equipes multiprofissionais. 2010. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2010.
A dinâmica da identidade profissional em equipes multiprofissionais
2010
PEIXOTO
L.S.A.
SANTOS, E.M.B. Aspectos identitários do psicólogo no serviço público de saúde (1989-2000). 2002. Dissertação (Mestrado) Universidade São Marcos, São Paulo. 2002.
Aspectos identitários do psicólogo no serviço público de saúde (1989-2000)
2002
SANTOS
E.M.B.
SATURNINO, L.T.M. O farmacêutico na saúde coletiva: sua identidade, demandas do SUS e o papel do Internato Rural na sua formação. 2008. Dissertação (Mestrado) Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte. 2008.
O farmacêutico na saúde coletiva: sua identidade, demandas do SUS e o papel do Internato Rural na sua formação
2008
SATURNINO
L.T.M.
VARELLA, T.C.; PIERATONI, C.R. Mercado de trabalho: revendo conceitos e aproximando o campo da saúde: a década de 90 em destaque. Physis, v.18, n.3, p.521-44, 2008.
Mercado de trabalho: revendo conceitos e aproximando o campo da saúde: a década de 90 em destaque
Physis
2008
521
44
3
18
VARELLA
T.C.
PIERATONI
C.R.
VASCONCELOS, I.F.G.; VASCONCELOS, F.C. Gestão de recursos humanos e identidade social: um estudo crítico. Rev. Adm. Empresa, v.42, n.1, p.64-78, 2002.
Gestão de recursos humanos e identidade social: um estudo crítico
Rev. Adm. Empresa
2002
64
78
1
42
VASCONCELOS
I.F.G.
VASCONCELOS
F.C.
VIEIRA, M. Trabalho, qualificação e a construção social de identidades profissionais nas organizações públicas de saúde. Trab. Educ. Saude, v.5, n.2, p.243-60, 2007.
Trabalho, qualificação e a construção social de identidades profissionais nas organizações públicas de saúde
Trab. Educ. Saude
2007
243
60
2
5
VIEIRA
M.
Articles
Construction of the identity of Public Health players in Brazil: a review of the literature
The objective of this study was to analyze the scientific production on the identity of Public Health players in Brazil, between 1990 and 2011. A systematic review of the literature was conducted, from abstracts, articles and academic papers such as theses and dissertations, in the LILACS, SciELO and CAPES databases. From analysis on the published texts selected, three categories emerged: construction of identity; training and identity; and labor market and identity. In almost the studies, it was seen that the discussions had little to do with a basic body that establishes identity within Public Health, but rather, with a set of values in which convergences appear. It is necessary to reflect on the complexity implied in this process, especially with the emergence of health worker training through undergraduate courses, thus pointing towards possible professionalization.
Public Health
Professional identity
Health professionals
Construction of the identity of Public Health players in Brazil: a review of the literature
Construção da identidade dos atores da Saúde Coletiva no Brasil: uma revisão da literatura
La construcción de la identidad de los actores de la salud pública en Brasil: una revisión de la literatura
Vinício Oliveira da SilvaI,*; Isabela Cardoso de Matos PintoII
IMestrando, Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Rua Basílio da Gama, s/n, Campus Universitário, Canela. Salvador, BA, Brasil. 40110-040. vinicio_oliveira@hotmail.com
IIISC/UFBA
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the scientific production on the identity of Public Health players in Brazil, between 1990 and 2011. A systematic review of the literature was conducted, from abstracts, articles and academic papers such as theses and dissertations, in the LILACS, SciELO and CAPES databases. From analysis on the published texts selected, three categories emerged: construction of identity; training and identity; and labor market and identity. In almost the studies, it was seen that the discussions had little to do with a basic body that establishes identity within Public Health, but rather, with a set of values in which convergences appear. It is necessary to reflect on the complexity implied in this process, especially with the emergence of health worker training through undergraduate courses, thus pointing towards possible professionalization.
Keywords: Public Health. Professional identity. Health professionals.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar a produção científica sobre a identidade de atores da Saúde Coletiva no Brasil, entre 1990 e 2011. Realizou-se um estudo de revisão da literatura, a partir de resumos, artigos e trabalhos acadêmicos, como teses e dissertações, nas bases de dados LILACS, SCIELO e CAPES. Das publicações selecionadas, após análise, emergiram três categorias: construção da identidade, formação e identidade, e mercado de trabalho e identidade. Verifica-se, na quase totalidade dos estudos, que as discussões pouco se referem a um corpo básico que configura a identidade em Saúde Coletiva, mas, sim, a um conjunto de valores nos quais aparecem convergências. É necessário refletir sobre a complexidade implicada nesse processo, especialmente com a emergência da formação de sanitaristas, a partir da graduação, apontando, portanto, para uma possível profissionalização.
Palavras-chave: Saúde Pública. Identidade profissional. Profissionais de saúde.
RESUMEN
El objetivo fue analizar la literatura científica cerca de la identidad de actores de la salud pública en Brasil, de 1990 a 2011. Se realizó una revisión sistemática de la literatura, deresúmenes, artículos y trabajos académicos, a partir de las bases de datos LILACS, SciELO y CAPES. De las publicaciones seleccionadas después de un análisis surgieron tres categorías: construcción de la identidad, formación e identidad y mercado de trabajo eidentidad. En casi todos los estudios las discusiones se refieren poco a un cuerpo básico que establece la identidad en salud pública y sía un conjunto de valores en los que surgen convergencias. Es necesario reflexionar sobre la complejidad de este proceso, especialmente con el surgimiento de la formación de sanitaristas, a partir de la graduación, señalando, por lo tanto hacia una posible profesionalización.
Palabras clave: Salud Pública. Identidad profesional. Profesionales de salud.
Introduction
In the last decades, the labor market has been undergoing constant changes, leveraging professions to get new designs and professionals to cope with new challenges. In this scenario, autonomy, ethics, vocation, identity, status, economic status and professional recognition come into play. With the professional practice restructuring and increasing specialization of labor, professional identity, in turn, has been challenged by different knowledge areas (Beck and Young, 2008; Hall, 2000).
With regard to health, the work in this sector has specificites which are expressed in institutional organization, namely: the way service provision is articulated, the pace of technological advancement, and the highly specialized activities. Among other cases and, particularly, in Brazil, with its universal and Public Health system, with finalistic principles bringing about the healthcare model transformation and, consequently, a change in the work processes, such elements undoubtedly imply the identity of professionals (Campos and Albuquerque, 1998).
With the emergence and development of the Unified Health System (SUS) in Brazil, several strategic actions, policies and new health programs are being implemented in the country, resulting in the expansion and reconfiguration of the labor market in health as well as in changes in the Public Health area (Varella and Pierantoni, 2008). These changes require a new professional profile that can meet the social and political demands of the Brazilian population. Such factors should be taken into account in the definition and/or in the identity transformation of professionals working in this area, and in the incorporation of new features to the professional profile as well.
The professional identity has been used in order to understand the subject insertion in the labor market and his relationship with the other. The identity is configured in a dynamic concept that deconstructs the idea of a unique and comprehensive identity which can be understood as multiple, collective, rather than as an individual accomplishment. It is therefore characterized as a changing process whereby the roles acquire contours according to the social settings. Hence, it is the product of successive socializations, permanently reconstructed to the individual himself over time (Coutinho, Krawulski and Soares, 2007).
Dubar (1997), on the other hand, understands that identification is established by means of socialization, revealing the feeling of belonging to a given group, assuming its attitudes and values that guide behavior. Hence, identity is the "result simultaneously stable and provisional, individual and collective, subjective and objective, biographical and structural of numerous processes of socialization that, jointly, construct individuals and define institutions" (Dubar, 1997, p. 105).
Identity becomes a relevant issue, especially within the Public Health framework which corresponds to a scientific field of knowledge and practices. It aggregates professionals of different educational backgrounds and trajectories and the identity of those who operate in this segment. In the last decades, the Public Health workers have been occupying new spaces and developing a practice increasingly specific - with emphasis on the Unified Health System and commitment to the Brazilian Public Health Reform -, thus enabling the construction of a new identity of the Brazilian Public Health worker.
Nevertheless, this is a complex issue as the Public Health field brings together various professional categories, rather than just health professionals. It is characterized by a highly heterogeneous qualification and professional development, involving, in this direction, professionals with specialization courses, multiprofessional residence, academic and professional masters, doctorates and, currently, undergraduates in Public Health. This reconfiguration is pointing towards the definition of a specific identity of its members and a possible professionalization, thus complying to a dynamic area comprised of distinct trajectories and multiple interfaces with other professional groups (Bosi and Paim, 2010).
In this respect, knowledge produced in this area can be applied by different professional categories, even by lawyers, architects, social scientists, physicists, social workers, among others, who have received master's and doctoral degrees in Public Health granted by distinct graduate programs. Nevertheless, there is a basic body which confers identity to "thinking" and "doing" (quote from the author) in Public Health from a set of values similar to other professions (Bosi and Paim, 2010, p. 2033).
Due to the few existing studies discussing about the specific identity of the Public Health workers, there are numerous lacks on this topic in the scientific literature. Public Health is an important area of knowledge, with relevant contributions to the Public Health system in Brazil. In the last years, it has shown great progress - there has been an increase in the number of graduate courses in Brazil and undergraduate courses in Public Health are being currently offered. Because of this evolutionary process and its significance, which is undoubtedly the fruit of its maturity, the area has been acquiring international recognition, thus deserving an investigation into the identity of those who work in this segment.
Given the countless variables regarding the trajectory of the Public Health players and recognizing the importance of discussing and taking the professional identity in this area as a category of analysis, the present study aimed at analyzing the studies produced on the identity of the Public Health players in Brazil, according to the scientific literature in the period 1990-2011. In this sense, this study may provide some elements for reflecting and understanding shaping the human resources identity in Public Health and their paths and trajectories of construction as well.
Methodological procedures
A systematic literature review was conducted from abstracts, papers and academic studies, such as mastering thesis and doctoral dissertations, published on the theme "Identity of the Public Health players in Brazil." The period of this literature review was determined by the historical moment of building a new healthcare system in the country, officially from the 1990s, with the enactment of organic laws of health, after long struggles, social and ideological movements, aiming at the democratization of health that drove significant changes in the labor market in this sector. As a consequence of those changes, the Public Health began to focus on the professional development of a new professional profile.
We researched national publications with texts in any language, in the period 1990-2011, published in the Scientific Electronic Library Online (SciELO), in the Latin American and Caribbean Health Sciences Literature Database (LILACS) and in CAPES publications portal. The following search words were used in these three databases: collective health, public health, community health, preventive medicine and social medicine - each in combination with the words 'identity', 'professional' and 'Public Health worker,' both separately and in any part of the text.
The choice for exclusively Brazilian scientific publications to conduct the present study is based on the fact that Public Health workers are professionals who deal with specific issues related to the Brazilian population and Public Health system, thus considering that their praxis and identity are built in a specific socio-cultural universe. We excluded studies related to several health professional categories which did not focus on identity in the Public Health framework and on the perspective of principles and guidelines of the Unified Health System, as some studies that approach the high complexity of healthcare with entirely biological focus.
In the cases where there was the presence of double publications, even though either different descriptors or databases were used, just one of the publications was considered. After selection, we analyzed the information from each study, performing interpretive reading, systematization and cataloging from an Excel spreadsheet containing: study identification, key-words, study type (theoretical essays/ discussion papers/ opinion articles, empirical studies, literature reviews, experience reports), objectives, methodology, results, analysis and conclusions.
In order to carry out the analysis, we used full texts of the selected studies. However, as seven of them (four mastering thesis and three doctoral dissertations) were not available as full texts, we used only their abstracts which offered little information for the present paper. The texts were carefully read to find convergence points in the subjects treated. The following thematic categories on professional identity in Public Health were extracted/ defined:
. Identity construction - Studies which tackle distinct professional categories that develop their activities in the Public Health area, focusing on the construction/ transformation of identity from the trajectory, professional practice and relationships involved in the process;
. Professional development and identity - Studies that address the educational process in Public Health in different modalities, vocational choice, structure and curriculum content related to the health workers' identity;
. Labor market and identity - Studies on the manifold interfaces of identity with the structuring of the labor market in health, professional field from an economic and career perspective.
Results and discussion
The search for studies on the aforementioned theme in the 1990-2011 period resulted in the selection of seventy studies (comprised of 20 abstracts of papers, 34 abstracts of mastering thesis and 16 abstracts of doctoral dissertations) for a preliminary analysis. After excluding the studies that did not meet the inclusion criteria for the present study, the following works were selected for analysis: 4 abstracts of papers, 6 abstracts of mastering thesis and 3 abstracts of doctoral dissertations, totaling 13 publications which fit the selection criteria. As shown in Table 1 below, the findings point toward a not expressive number of studies on the identity of Public Health workers in Brazil.
It can be noted from the above table that the amount of publications in the 1990s was quite small, contributing to only 15.38% of the total production, whereas there was a concentration of 84.62% of studies published in the last decade. As for the nature of publication, the mastering thesis represented 50%, the papers, 28.57%, and the doctoral dissertations, 21.43%.
With regard to the type of study, 23% (three) were theoretical and 77% (ten) were empirical studies. Referring to the analytical categories, 76.92% (ten) were publications on the construction of identity, 15.38% (two) were on labor market and identity, whereas 7.7% (one) was related to professional development and identity.
First category: Identity construction
Researches on the construction of Public Health players' identity were frequent in the survey, accounting for the largest amount of studies (ten) with specificities and different perspectives which should be highlighted. They are studies on distinct professional categories that develop their activities in Public Health, therefore focusing on the identity construction or transformation of these professionals from their trajectory and professional practice within this knowledge-area perspective, as well as on the relationships involved in this process.
We found two studies in nursing. In the first one, Gomes and Oliveira (2005) describe and analyze the professional images present in the representations of Public Health nurses. In the second one, Faria (2006) discusses the role of healthcare centers in nursing professional development and in the construction of a "female" professional identity from the history of both female health educators and Public Health nurses in the first half of the twentieth century, showing the challenge women had to face in demarcating a territory of decision making and performance.
The study carried out by Faria (2006) reveals that the creation and appreciation of the Public Health nursing space in Brazil resulted from the initial effort of the Anna Nery School and the Institute of Hygiene of São Paulo, from 1925, with the creation of the Public Health Education Course. Apart from these institutions, it had the support of the Rockefeller Foundation which played an important role in this process. Among the obstacles faced for women entering the labor market and building their professional identity, there was a rigid differentiation of social roles between men and women, in addition to issues related to professional autonomy.
According to Gomes and Oliveira (2005), nurses identify an image of their work with the population from the existing relationship between them, engendering thereby some credibility. On the other hand, society demonstrates that it does not distinguish between the nurse and the nursing team, in addition to not differentiating between identity and professional role of the nurse and the doctor. Hence, conflicts related to hegemonic issues of power and the multiple identity interfaces of the nurse become implicit.
Three studies were found on the identity of the doctor in Public Health: Andrade's doctoral dissertation (2001) about the institutional and cognitive ways covered by the doctor Heraclídes de Souza Araújo, who dedicated himself to health issues, as well as the people who took part and helped him building up his career, and how his professional identity was shaped; Bonet's doctoral dissertation (2003), analyzing family doctors' professional identity construction process as a social group from institutionalization and epistemology; and finally, Almeida's mastering thesis (2010), investigating the doctor's professional identity construction, considering the diversity of relations involved in this process.
Two other studies were found in this category about the psychologist identity in Public Health. In his mastering thesis, Santos (2002) aimed at understanding how it was possible to the psychologist who works in Public Health maintain or change his identity which, according to the author, is also consisted of Public Health policies. The study reveals that there were a few changes in the identity of this professional that develops his practice in the scope of Public Health, i.e., he keeps emphatically acting as a psychotherapist.
Castanho (1996), in turn, using theoretical assumptions of the identity concept, investigates how psychologists, who work in Basic Healthcare Units, react and assimilate the transfer from education to health through the implementation of a new mental health policy in São Paulo city. The results reveal that psychologists are conquering their autonomy and that the strengthening of an identity needs debates in professional development and professional practice perspectives.
Saturnino (2008) investigated the pharmacist identity in Public Health, analyzing the contribution of Rural Internship of the Pharmacy course at UFMG for professional development and historically rescuing the construction of his professional identity and insertion in the Unified Health System. The study shows that there is a limited knowledge about the Unified Health System as well as that the Rural Internship is considered an important means of knowledge construction. The author also states that the pharmacist, confronted with breaking of paradigms, starts a new phase of rebuilding his identity as a health professional.
In this sense, Mazer and Melo-Silva (2010) corroborate that changing paradigms affect the identities of professionals while going through changing processes in their careers. It is worth highlighting that the professional development and professional practice in Public Health are supported by a knowledge body, unlike the theoretical bases of several health professions which focus on merely biological factors and on treating pathologies. This situation has a strong influence on the construction of another professional that incorporates values inherent to the Public Health area, thereby hindering the consolidation of a clear identity.
Costa, Fernandes and Pimenta (2008) analyze the process of establishing health surveillance in Brazil, its insertion in public policies, the construction of the workers' identity and their specificity. The study reveals that, with the management reorganization of the Health Ministry in late 1976 and the recognition of health surveillance importance in the scope of Public Health, it was restated the configuration of a new professional profile - the Public Health surveillance technician -, thus constructing an own identity and a specific knowledge of this Public Health worker. Thence, enters the agenda discussions, seminars and workshops related to requirements necessary for the professional development of these professionals, emerging courses of several modalities, having a great significance in recognizing and building the identity of the Public Health surveillance professional.
Still according to Costa, Fernandes and Pimenta (2008), holding public tender in the 2000s constitutes the career of the health surveillance professional and strengthens his identity as well. The identity construction of these professionals in the last ten years has a strong claim on Public Health policies in Brazil, associated with a greater visibility of the area in the Public Health field.
Peixoto (2010) investigates the dynamics of meeting two dimensions of professional identity - one of the academic group and the other one of the work group - when the individual is inserted into a multiprofessional team. The findings revealed that the interactive dynamics between the academic group identity and the work group identity were complementary, as well as that the construction or maintenance of an identity suffers strong influence of group factors, but it can be strengthened when there is recognition of participants on its importance for relationships within the multiprofessional teams.
The diversity of modalities in Public Health professional development and the need to be part of a particular professional segment can also be held responsible for the image that the Public Health worker produces from his practice and from his specific field of expertise. It is remarkable the various ways some people present themselves in the socialization spheres, in the relationships between Public Health players and even in the academic environment: "I'm a nurse by profession," "I'm a dentist by profession," "I'm a Public Health worker by profession," among so many other forms. When these professionals express themselves, they seem to have lost reference of their initial education, i.e., the undergraduate education, although these self-denominations may be related to the construction of a new identity in Public Health.
In this sense, it is worth questioning if, for these professionals, the graduate degree is just an upgrade that gives a better status and which identity prevails: if the first one, acquired in the undergraduate process in a given profession, or if the second one, acquired or rebuilt in the trajectory from the insertion and professional practice in the Public Health context. These are questions regarding the identity of those who work in this segment which have not yet been answered by the scientific literature.
According to Dubar and Tripier (1998), the identity construction processes are influenced both by professional factors and by typical forms of individual trajectories and social worlds, systems of beliefs and practices, habitus and life projects. For Vieira (2007), the central dimension of identities is constituted by the work issue, by the place it occupies in society and the meaning attributed to work. Such identities are forms socially constructed by individuals recognizing each other in the fields of work and employment.
The literature shows that the professional identity construction is strongly linked to the choice of an area and to the educational process during the undergraduate course. In this sense, it is worth reflecting upon if the graduate course in Public Health offers enough elements to account for transforming/ rebuilding this identity, or even if it is responsible for that. This is therefore a difficulty to be overcome by professionals who, when they get their degree in one of the various undergraduate courses in health with therapeutic feature and predominance and insufficient knowledge of Public Health, they experience different sensations and situations, when inserted in this field, which require the breaking of paradigms in the reconfiguration of their identity; otherwise, their practice may reproduce the hegemonic model of healthcare.
Some characteristics of the professional development and professional identity of the Public Health players in Brazil are directly related to the historical development process of the Brazilian Health Reform as well as the ripening, construction and dissemination of technical-scientific knowledge of the area. The ongoing changes in practice, knowledge and professional development reflect on the ways to work, making that the identity is constituted according to the involvement, performance and role played by these professionals in the Brazilian society.
The studies show that the professionals go through a reconstruction of their identity in Public Health, although with difficulties in breaking paradigms and incorporating new practices and values inherent to this knowledge area, thereby engendering an identity crisis. The studies also indicate that such changes require debates from the perspective of professional development and professional practice.
Second category: Professional development and identity
We found a single study showing the relationship between professional development and worker's identity in Public Health. In the paper entitled "Undergraduate degree in Public Health: limits and possibilities as a professional development strategy," by Bosi and Paim (2010), the authors question Public Health as a framework of professionalization, systematizing some theoretical, social and ethical-political foundations of a professional development at the undergraduate level. To this end, they recover the trajectory that has been given to the formulation of these courses and rescue some elements about the identity of these players.
For the authors, the essential element in establishing a career - emphasizing the context of health professionalization and providing a self-identity to the professional - is not given by specialization, but constructed on the experience of getting an undergraduate degree in a certain area and being part of a professional segment. The construction of identities at any given historical moment implies power relations, as can be seen in the history of professions that have been settled over time. Bosi and Paim (2010), in a relevant paper, raise a number of issues on the elements that are important in the identity construction of those who work in this segment:
It is necessary to have young professionals beginning their careers and who will set their trajectories outlining their identity on the experience of being subject-agents of Public Health without undergoing a "reundergraduate process" or a "deconstruction" when enrolling with their initial undergraduate degree at a graduate program in Public Health. Perhaps this is bound to the vagueness observed regarding the identity of the field and of the players themselves, graduate students who have the most diverse health educational backgrounds, broadly guided by a core knowledge distant or even conflicting with those guiding the Public Health professional identity. (BOSI and PAIM, 2010, p. 2033)
In this respect, if we consider the professional identity construction as legitimized by the experience to undergraduate in a given area, it can be noted that, differently from other professional categories, it happened the opposite in Public Health. That because an undergraduate degree in Public Health came up, after years of maturity and knowledge buildup in this area, from graduate programs which have expanded throughout Brazil and from the disciplines that comprise the curricula of the undergraduate courses in health. Thus, it reinforces the questioning on which professional identity of the Public Health agent prevails: whether the identity given by the initial undergraduate education or by the identity conferred by the graduate education. This still unanswered question is a lack of knowledge not filled by the studies of the literature review we carried out.
Prior to the recent opening of undergraduate courses in Public Health, an aspect to be considered in the identity construction process from professional development is that the desire to be a Public Health worker did not start to be awakened during the selection and interest to undergraduate in a certain area, as it happens in other professions, but rather throughout the professional development process in the chosen area in whose route, when approaching the contents of Public Health and the representations on the Public Health worker practice, may arise the interest in taking a graduate course. However, the identity of these workers, beyond the professional education and adoption of values inherent to the practice developed in this area, certainly involves a complex set of internal and external experiences that constitute an important basis for the first attributed meanings.
As stated by Bosi and Paim (2010), the undergraduate education may confer a specific identity which is distinct from the others, as Public Health is neither a medical specialty nor a specialty of other health professions. In this sense, similarities and differences in the academic preparation of Public Health workers - with distinct trajectories and different professional development models, their roles, diversity, and the complexity of subjects related to this work field - show an obscure identity of their players.
Beyond the stereotypes, being either an undergraduate or a graduate Public Health worker constitutes an important element of professional identity. It is worth noting that the experience of getting an undergraduate degree influences in identity formation, once one learns to be a Public Health worker since the undergraduate period from experiences, internships, involvement with performance and practice, thus differing from getting a graduate degree, which implies a new way to be followed and built most often, primarily with theoretical academic disciplines, comprising the curriculum as a limiter. As Bosi and Paim (2010, p. 2033) state, "In terms of identity, having a graduate degree is a distinct status of having an undergraduate degree. Despite being recognized the "identity reconfiguration" nurtured by the graduate degree in Public Health, the undergraduate course shall help in a clearer demarcation of the contours of this identity."
The Public Health undergraduate courses have been implemented in Brazil by several institutions, almost exclusively by federal universities. In this regard, it is worth highlighting that these courses are being offered with various nomenclatures. Another relevant matter to be mentioned is if their curricular matrices are compatible and if they are organized into a basic body of elements, principles and values that converge, able of forming professionals with a similar profile. Such aspects deserve attention and reflection upon their influences on the student profile and on shaping his identity. In this sense, as reported by Bosi and Paim (2010, p. 2033), "it is predictable and promising inquiring this new identity, i.e., to question this inaugural phenomenon of undergraduate degree in Public Health in Brazil and their identity effects on the field."
Such phenomenon has already put on the agenda a host of doubts and questionings of the health professionals, whether in an academic environment, in a professional environment, or in discussion spaces as seminars, conferences, among others. A recent fact refers to the change of the name Brazilian Association of Graduate Studies in Public Health to Brazilian Public Health Association (Abrasco) and to changes in its statute in order to incorporate the undergraduate program. Such changes mobilized Public Health workers whose title was obtained by taking a graduate course in Collective Health/ Public Health, generating questionings about the professional education of the undergraduate student. Thereby, at the moment undergraduate courses in Public Health start to insert professionals into the labor market, many concerns come up on the "image" and the "space" each one of these profiles holds in the labor market, what can be seen in the development of an identity crisis.
Third category: Labor market and identity
We found two studies that researched issues related to labor market and workers' identity. Ávila (1998) carried out a study on the specialty of the Public Health physician, focusing on Medical Residence. The author gave priority to the opinion of medical students on the choice of that specialty as a professional career, looking for reasons that could explain why those students do not choose to take medical health. Furthermore, she analyzes the facts that would be leading to a decline in demand of doctors for a Public Health career. According to the author, the choice for a medical career, from an economic perspective, has been driven by the labor market external conditions, rather than by the socialization process occurred in the professional development of doctors. Hence, it has decreased the insertion of doctors in graduate programs for Public Health physicians in the last years, mainly from the 1980s. Such situation is reflected from issues related to Public Health physicians in the labor market, characterized by the insertion in the public sector with low wages and loss of status in comparison to other medical specialties, in addition to the lack of incentives in undergraduate programs in health.
Ávila (1998, p. 62) also states that this area has been expanding due to the interdisciplinary and multiprofessional nature of the Public Health object, not being an exclusiveness of the medical science, given the participation of other knowledge areas. In spite of recognizing the importance of the multiprofessionality in the Public Health area, this configuration, to a certain extent, led to a "lack of definition" (quote from the author) towards a profile for the Public Health physician and the medical category, besides leaving a lack of clarity on his activities.
Dubar (1997), on the other hand, mentions that exiting university and confronting the labor market are among the most considerable and essential happenings in the construction of professional identity. Certainly, the diversity of choices and the insertion in a specialty are important elements to be reflected upon in identity formation. Nevertheless, the greatest identity challenge lies in the confrontation with the labor market that assumes various meanings according to the country, the formal education level and the social level of the players as well.
Vieira (2007) argues that wage labor, characterized by internal differences, services expansion and employment segmentation, fosters a behavioral individualization at work, in addition to breaking with the workers' interests and provoking the loss of class consciousness. Dubar (2007), in turn, states that the identity professional dimension has acquired a particular importance through the argument that if employment influences the construction of identities, the work, alternatively, leads to the transformation of identities. In this regard, far beyond the school term, professional development influences the identity dynamics.
Dubar (2007) also notes that professional identity can be defined by the intersection of three fields: the world of work experience, the socio-professional trajectory and the employment movements (the relationship of workers with professional development and the way they learned the work they perform or will perform). Such aspects simultaneously present a degree of consistency and dynamics which imply significant answers to employment standards and the labor market. In this perspective, identity is what identifies the professional, considering the way he presents himself is gradually constructed with his work experiences, thus incorporating his role.
Chaves (2005) analyzes the dentists' discourses about their professional performance in the Family Health Program, emphasizing the meanings of the explanations of these professionals on the following issues: their expectations, their motivations for professional choice, their assertion on the current restrictions of the labor market, and the functioning of the Family Health Program as a professional performance field and work practice. The findings of his study point towards a professional identity crisis among the surgeon dentists who work at the Family Health Program, determined by the labor market conditions and by the public policies for oral health in Brazil. Even though there are restricted conditions, the Family Health Program has been an alternative to the dentist facing the labor market saturation in the private sector.
Dubar (1997) reinforces this discussion by observing that the identity crisis, of which much has been said, is related to difficulties of professional insertion, social exclusion, malaise arising from constant changes experienced in the labor market, and disaggregating categories that entail definitions of self-others.
Taking into consideration the aforementioned aspects, the undergraduate degree in Public Health, in addition to strengthening the interest about the identity in this area, points to changes in the labor market from a possible professionalization which, according to the sociology of professions, reflects in the definition of specific knowledge application and in a practice restricted to professional categories. Consequently, in case of regulation with the creation of a board, then it is pertinent to reflect upon if it will provoke a market reserve. In this perspective, it is worth questioning on how would be the situation of professionals of other categories, given that, at present, the regulation and the insertion of the undergraduate in Planning Jobs, Careers and Salaries are under discussion.
Final remarks
This study has allowed a systematization of the Brazilian scientific production about the identity of Public Health players, showing a small amount of academic studies on this topic. Due to its restricted number, it reaffirms that the identity of these professionals is not clearly perceived. In nearly all the studies can be found that the discussions present quite a small reference to a basic body that shapes the identity in Public Health; they, otherwise, refer to a set of values which show convergences.
The professional identity in this area is often mistaken for foundations of other professional groups, setting up a "hybrid" identity which is not anchored to a basic body of elements which can confer a specific identity in Public Health, thus corroborating to Bosi and Paim's (2010) point of view about a nebulous professional identity on this area.
The studies do not reveal up to which extent the professionals of this area understand the socio-political dimension of their role in the society in which their interventions are inserted, as well as if these professionals are committed to the social and to the values inherent in the practice in this field - elements which are certainly to be considered in their identity.
It is necessary to reflect upon the complexity implied in this process, increasingly heterogeneous and hard to be delimited, as well as upon the challenges to be confronted in the construction and strengthening of a specific identity of the Public Health players, especially with the emergency of the professional development of Public Health workers from the undergraduate courses, thus pointing towards a possible professionalization. It is possible to state that this identity has always been, and still is, in a construction process and still without a clear delimitation. Hence, it is necessary to have researches that contemplate the unfilled knowledge gaps.
It is therefore relevant to make some pertinent inquiries about our object of study, namely: Would the evidencing diversity of the Public Health worker allow a consolidation of a specific identity for this professional group? Which repercussions may arise among the different Public Health professional identities dealing with a possible profissionalization? Although the professionals have a graduate degree in Public Health, is there a predominance of identity acquired in the undergraduate course? Have the diversity of nomenclature and of course designs, present in the development of new undergraduate courses in Public Health, contributed to the consolidation of an identity or will it contribute to the increase of unclearness of this identity?
This questionings are, so to speak, an attempt of redirecting towards a new and wide debate about the issue outlined in this study, with the understanding that Public Health is an area which gives rise to countless approaches in scientific research.
Contributors
The authors Vinício Oliveira da Silva and Isabela Cardoso de Matos Pinto have equally participated in all stages of this study.
References
Autoría
Vinício Oliveira da Silva
Isabela Cardoso de Matos Pinto
SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS
Universidade Federal da Bahia, Instituto de Saúde Coletiva , Salvador, Bahia, BrazilUniversidade Federal da BahiaBrazilSalvador, Bahia, BrazilUniversidade Federal da Bahia, Instituto de Saúde Coletiva , Salvador, Bahia, Brazil
Universidade Federal da Bahia, ISC , Bahia, BrazilUniversidade Federal da BahiaBrazilBahia, BrazilUniversidade Federal da Bahia, ISC , Bahia, Brazil