Open-access Réplica

Gostei imensamente de ler os três artigos escritos pelos professores Nildo Alves Batista e Sylvia Helena, Marcelo Viana da Costa e Marina Peduzzi, em resposta ao meu artigo de revisão sobre educação interprofissional (EIP). Acho que, juntas, essas contribuições abordam vários pontos muito importantes sobre EIP no contexto brasileiro. Cada artigo explorou cuidadosamente uma gama de elementos diferentes, mas interconectados, relacionados ao desenvolvimento e à implementação da EIP em um país que apenas recentemente se engajou nesse tipo de formação de profissionais da saúde.

Com base em minhas experiências com EIP no Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, o que venho fazendo há mais de vinte anos, posso afirmar que esses autores forneceram uma descrição bastante útil dos principais desafios pedagógicos, profissionais e organizacionais que podem impedir que a EIP seja semeada, alimentada e sustentada de forma bem-sucedida. Portanto, sugiro que os colegas brasileiros em vias de se engajar na EIP em suas respectivas instituições considerem os vários elementos destacados nesta coleção de artigos sobre o tema; assim, estarão mais preparados para lidar com uma série de questões (de ensino/aprendizagem, logísticas, financeiras, entre outras) que encontrarão em seus trabalhos de desenvolvimento de currículo baseados na EIP, e estarão mais preparados para superar tais questões.

Além disso, esses artigos fornecem um ponto-de-partida muito útil para que refletir sobre os próximos passos da EIP no Brasil. Neste ponto, alguém poderia fazer a seguinte pergunta: para onde iremos a partir daqui? De minha parte, acredito que a leitura crítica da literatura na área de EIP é extremamente importante. Isso ajudará colegas a revisarem a natureza da base de evidências da EIP para que compreendam quais abordagens têm sido bem-sucedidas e quais têm sido mais problemáticas. Obviamente, é necessário empreender uma interpretação contextual cuidadosa para garantir que os resultados de pesquisas geradas, por exemplo, na Europa Ocidental e na América do Norte, possam ser transferidos para o contexto brasileiro. Também acredito que engajar-se na teoria das ciências sociais é outro elemento-chave, não apenas para delinear e desenvolver a EIP, mas também para gerar análises detalhadas sobre a natureza desse tipo de educação e para perceber que fatores como desequilíbrios de poder/status profissional continuam a afetar profundamente as relações interprofissionais dos indivíduos que participam da EIP (desenvolvedores, facilitadores e aprendizes). Os leitores que desejarem se aprofundar nessas questões poderão se interessar pelas obras listadas abaixo1-3.

Acredito que o elemento central na construção da EIP no Brasil seja a necessidade de uma ação coletiva em meio a um grupo de colegas que tenham a mesma forma de pensar para que se possa expandir as atividades de EIP nos níveis local, regional e nacional. Colaborando uns com os outros, os colegas podem compartilhar seus sucessos, além de obter apoio e orientação. Com o tempo, isso pode produzir uma comunidade de prática brasileira em EIP vibrante e produtiva. Em relação a essa ideia, foi muito agradável saber que o trabalho aqui está em andamento e que os colegas estão começando a estabelecer uma rede nacional de EIP. Os esforços iniciais desse grupo interprofissional serão relatados neste periódico em breve.

Em resumo, conforme mencionado acima, os comentários dos meus colegas identificaram alguns elementos críticos a serem considerados ao se começar a implantar a EIP no Brasil. Espero que esses elementos, juntamente com as ideias que apresentei neste pequeno artigo-resposta, ofereçam materiais fundamentais para o avanço da EIP no país. Estou otimista e ansioso para receber notícias dos colegas sobre seu trabalho de construção de programas de EIP.

Referências bibliográficas

  • 1 Reeves S, Hean S. Why we need theory to help us better understand the nature of interprofessional education, practice and care. J Interprof Care. 2013; 27(1):1-3.
  • 2 Reeves S. The need to problematize interprofessional education and practice activities. J Interprof Care. 2010; 24 (4):333-5.
  • 3 Reeves S. Ideas for the development of the interprofessional field. J Interprof Care. 2010; 24(3):217-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2016

Histórico

  • Recebido
    26 Out 2015
  • Aceito
    27 Out 2015
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