Este artigo, baseado em pesquisa na área da Antropologia Médica, pretende analisar alguns fatores culturais que influem no desenvolvimento de crianças e adolescentes vivendo com HIV em casas de apoio. Existem semelhanças e diferenças nos padrões de criação de cada instituição e, em conseqüência, no desenvolvimento individual e social das crianças e adolescentes. Uma semelhança marcante é que a melhora na qualidade de vida e o aumento da sobrevida (com muitos virando adolescentes) parece ter-se convertido em um problema para os adultos que cuidam deles. Minha intenção é explicar como este problema deve-se, em grande parte, às idéias e ao imaginário do que a criança com Aids no Brasil representa. Essas idéias são culturalmente construídas e estão em sincronia com as categorias e discussões modernas sobre criança, desenvolvimento e respostas sociais moralmente aceitáveis. O desenvolvimento de crianças e adolescentes vivendo com HIV/Aids questiona as ditas categorias ameaçando, inclusive, os padrões de criação estabelecidos pelos adultos e as estruturas das instituições.
Criança; adolescência; HIV; casas para recuperação; cultura