Resumos
É escassa a produção de revisão de literatura sobre a cobertura jornalística de temas de interesse para a Saúde Coletiva. O presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil da produção científica, publicada de 2000 a 2015, voltada para a análise de notícias que tratam de temas da saúde das populações. Os 64 manuscritos incluídos foram organizados nas seguintes categorias: tema, produção de dados, métodos de análise e meios de comunicação investigados. A temática predominante foi a cobertura midiática sobre as enfermidades, com destaque para as infecciosas. Prevaleceram os estudos qualitativos, a pesquisa documental e análises de discurso e de conteúdo. O jornal foi o meio de comunicação mais pesquisado. Conclui-se que são importantes desafios deste campo: a baixa diversidade de temas e enfoques adotados, bem como de meios investigados, e a necessidade de se ampliar o escopo de estratégias metodológicas.
Scoping review; Mídia; Cobertura jornalística em saúde
Es escasa la producción de revisión de literatura sobre la cobertura periodística de temas de interés para la Salud Colectiva brasileña. El presente estudio tuvo el objetivo de caracterizar el perfil de la producción científica, publicada de 2000 a 2015, enfocada en el análisis de noticias que tratan de temas de la salud de las poblaciones. Los 64 manuscritos incluidos se organizaron en las siguientes categorías: tema, producción de datos, métodos de análisis y medios de comunicación investigados. La temática predominante fue la cobertura mediática sobre las enfermedades, con destaque para las infecciosas. Prevalecieron los estudios cualitativos, la investigación documental y análisis de discurso y de contenido. El periódico fue el medio de comunicación más investigado. Se concluye que en este campo son desafíos importantes: la baja diversidad de temas y enfoques, así como de medios investigados y la necesidad de ampliar el alcance de estrategias metodológicas.
Scoping review; Media; Cobertura periodística en salud
There is a lack of reviews regarding the journalistic coverage about topics of interest for the Brazilian Collective Health. This study aimed to analyze the profile of scientific publications between 2000 and 2015, about news reporting public health issues. It included 64 articles, organized in categories such as: subject, data production, methods of analysis and media investigated. The predominant theme was media coverage of diseases, with emphasis on infectious diseases. Qualitative studies, documentary research and both discourse and content analyses were prevalent. Newspapers were the most researched media. In conclusion, important challenges in this field emerge: the low diversity of themes and approaches adopted, as well as the media investigated, and the need to enlarge the scope of methodological strategies.
Scoping review; Media; Journalistic coverage of health
Introdução
Os meios jornalísticos vêm demonstrando um crescente interesse na veiculação de conteúdos sobre saúde11. Oliveira VC. Os sentidos da saúde nas mídias jornalísticas impressas. RECIIS, Rev Eletronica Comum, Inf Inov Saude. 2013; 6(4):1-14.,22. Silva MAR. Além do newsmaking: um olhar panorâmico para as pesquisas em jornalismo. In: Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014.. A maioria dos jornais de maior circulação no país (impresso e digital) conta com espaços destinados ao tema. No caso da Folha de São Paulo, há a editoria diária “Saúde + Ciência” e a semanal Equilíbrio e Saúde. Já o Globo veicula notícias sobre saúde, ciência e tecnologia na seção Sociedade. O Estadão tem a editoria diária Saúde, e o sulista Zero Hora, o suplemento semanal Caderno Vida33. Langbecker A, Catalan-Matamoros D. Las secciones de salud en los periódicos brasileños: el caso del diario Folha de São Paulo. In: Terrón JL, Peñafiel C, Catalan-Matamoros D. Avances en investigación y buenas prácticas en comunicación y salud. Cuadernos Artesanos de Comunicación. Tenerife: Latina; 2017..
Essa temática ainda pode estar presente em diversas editorias de um jornal diário, como: em Cidade, ao abordar questões relacionadas às unidades de pronto-atendimento; em Polícia, ao retratar a agressão a profissionais de saúde em hospitais públicos; na seção de Política, ao trazer a fala de autoridades sobre o financiamento do sistema público de saúde, assim como em Esportes, quando noticia alguma dieta para corredores22. Silva MAR. Além do newsmaking: um olhar panorâmico para as pesquisas em jornalismo. In: Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014..
Esse assunto também ganha, com periodicidade, as páginas das revistas Veja, Isto É e Época e de programas televisivos33. Langbecker A, Catalan-Matamoros D. Las secciones de salud en los periódicos brasileños: el caso del diario Folha de São Paulo. In: Terrón JL, Peñafiel C, Catalan-Matamoros D. Avances en investigación y buenas prácticas en comunicación y salud. Cuadernos Artesanos de Comunicación. Tenerife: Latina; 2017., além de sua presença em sites de notícias e nas redes sociais, ampliando as possibilidades de veiculação de conteúdos sobre saúde.
Como é, entretanto, a cobertura jornalística quando trata de temas de interesse para a saúde coletiva brasileira? Aqui compreendida como um campo interdisciplinar, voltando-se para a compreensão da saúde e a explicação dos determinantes sociais do processo saúde-doença. Seu olhar não é apenas para o indivíduo, mas para a coletividade, com enfoque prioritário na promoção da saúde, mas, também, contemplando a prevenção e o cuidado a agravos e doenças44. Silva LMV, Paim JS, Scharaiber LB. O que é saúde coletiva? In: Paim JS, Almeida-Filho N. Saúde coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Med Book; 2014..
Apesar da relevância dessa pergunta, são escassos os estudos de revisão no âmbito da comunicação e saúde que contribuam para iluminar tal questão. Segundo apontam Terrón et al.55. Terrón JL, Leyva FMR, Fernández SV, Jacobetty P. La comunicación en las revistas de salud pública de la biblioteca virtual Scielo. Rev Española Comun Salud. 2017; 8(2):165-83., ao analisarem as publicações sobre comunicação nas revistas de saúde pública disponíveis na base de dados Scielo, contemplando 11 países, entre eles, o Brasil, o número de artigos publicados sobre essa temática, pelo período de dez anos, foi inexpressivo.
Motivado por traçar um panorama amplo como, também, identificar lacunas, o presente trabalho buscou caracterizar o perfil da produção científica na área da saúde – no período de 2000 a 2015 – que analisou a cobertura jornalística sobre temas pertinentes a esse campo.
Estratégia metodológica
A scoping review – opção metodológica do presente trabalho – objetiva mapear os principais conceitos sobre determinado tema. Caracteriza-se por não partir de uma pergunta específica e, como se propõe a trazer um panorama geral, não faz uma análise qualitativa do material. Possibilita incluir estudos com diferentes desenhos e metodologias. Tem ainda, como principal função, apontar os hiatos no conhecimento do objeto em questão66. Arksey H, O’malley L. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005; 8(1):19-32.. Na América do Norte, especificamente no Canadá, é forte a tradição em desenvolver a scoping review; no Brasil, entretanto, ainda é escassa a utilização desse método.
Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que reúne bases nacionais e internacionais, de artigos em português, inglês e espanhol (Quadro 1), havendo sucesso nas bases descritas na Figura 1. O período investigado foi de 2000 a 2015, por ser mais representativo da produção científica do campo da comunicação e saúde no Brasil, pois sua estruturação é recente e as primeiras iniciativas mais significativas datam do final dos anos 199077. Araújo IS, Cardoso JM. Comunicação e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007.. O primeiro periódico científico no Brasil e América Latina com esse enfoque, a revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação, por exemplo, foi lançada em 199788. Cyrino AP, Lima EA, Garcia VL, Teixeira RR, Foresti MCPP, Schraiber LB. Um espaço interdisciplinar de comunicação científica na Saúde Coletiva: a revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Cienc Saude Colet. 2015; 20(7):2059-68..
Entendemos a cobertura jornalística não só como o ato de cobrir uma série de fatos, que resultam na notícia veiculada, mas também como uma “estratégia de apuração e angulação”99. Silva G, Soares RL. O método análise de cobertura jornalística e o acontecimento noticioso da doença do ex-presidente Lula. Rumores. 2013; 7(14):80-7. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2013.69431.
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X....
(p. 1), o que inclui o processo de produção de notícias. Ainda consideramos a perspectiva do público em relação à cobertura de determinando tema.
Foram adotados como critérios de inclusão: estudos empíricos cujo objetivo foi investigar a cobertura jornalística brasileira sobre questões, problemas ou temas pertinentes à Saúde Coletiva brasileira; estudos que analisaram os meios de comunicação generalistas, salvo os estudos que analisaram concomitantemente mídia generalista e especializada.
Foram excluídos: artigos em que o enfoque da cobertura jornalística sobre a saúde individual não estabeleceu qualquer ligação com uma perspectiva coletiva; estudos empíricos que fizeram referência aos meios sem apresentar dados relacionados à mídia; estudos que analisaram a mídia especializada.
As etapas do processo de obtenção dos artigos selecionados foram orientadas pelo “Guidance for conducting systematic scoping reviews”1010. Peters MD, Godfrey CM, Khalil H, Mclnerney P, Parker D, Soares CB. Guidance for conducting systematic scoping reviews. Int J Evid Based Healthc. 2015; 13(3):141-6.. Nesta proposta, o primeiro autor e o terceiro autor fizeram a seleção inicial dos artigos e o quarto autor fez a revisão final, dirimindo eventuais dúvidas. Para ampliar a busca, foram incluídos os artigos obtidos das referências cruzadas, que são as referências capturadas a partir de artigos incluídos na revisão (Figura 1).
Resultados e discussão
Foram selecionados 64 artigos para análise (Figura 1). Esses manuscritos foram organizados nas seguintes categorias: temas, produção de dados, métodos de análise e meios de comunicação investigados. Algumas subcategorias foram criadas a partir destas, tomando como referência a frequência de aparecimento dentro dos estudos investigados. Cumpriram, ainda, a função de agrupar elementos que se repetiram com pouca frequência dentre os artigos incluídos.
Foram categorizados 11 temas em que a produção científica enfocou, sobretudo, sua análise na cobertura jornalística sobre as ‘doenças físicas e mentais’, conforme especificado no Quadro 2. É importante salientar, entretanto, que não foram contempladas bases de dados do campo da comunicação, o que poderia trazer outra configuração a esses resultados, conforme nos alertam Terrón et al.55. Terrón JL, Leyva FMR, Fernández SV, Jacobetty P. La comunicación en las revistas de salud pública de la biblioteca virtual Scielo. Rev Española Comun Salud. 2017; 8(2):165-83.
Dentre as de origem física, destacaram-se as investigações sobre as doenças infecciosas (Quadro 3), tais como: gripe H1N1 (28,57%), dengue (21,43%), Aids (14,28%), febre amarela (14,28%), encefalite (7,14%), meningite (7,14%) e leishmaniose visceral (7,14%). Sobre as mais investigadas, os estudos verificaram que o enfoque da cobertura sobre a epidemia da gripe H1N1 centrou-se no pânico, risco e medo relacionados à doença. No caso da dengue, as pesquisas apontaram para uma responsabilização e culpabilização da população sobre sua ocorrência.
Para Waisbord7575. Waisbord S. Cuando la salud es titular: dengue, gripe A H1N1 y ciclos ‘mediáticos-epidémicos’. In: Petracci M, Waisbord S. Comunicación y salud en la Argentina. Buenos Aires: La Crujia; 2011. p. 93-103., essas duas doenças têm prioridade na agenda midiática latino-americana, compondo o que se denomina como ciclos “mediáticos epidêmicos” (relaciona-se à dinâmica de temas na agenda jornalística). Alguns fatores que, para o autor7575. Waisbord S. Cuando la salud es titular: dengue, gripe A H1N1 y ciclos ‘mediáticos-epidémicos’. In: Petracci M, Waisbord S. Comunicación y salud en la Argentina. Buenos Aires: La Crujia; 2011. p. 93-103., põem a gripe H1N1 e a dengue no ciclo informativo são, entre outros, orientados: pelo fato de a velocidade e a expansão de casos se adequarem ao requisito jornalístico de veicular informação atualizada diariamente; e as duas enfermidades extrapolarem as divisões sociais e geográficas de outras doenças ao se transmitirem com alta efetividade entre diferentes grupos. Como não se concentram somente em populações de baixo recurso, como ocorrem com outras doenças, instalam-se onde moram e trabalham os próprios meios de comunicação e suas audiências, contando, assim, com maior valor jornalístico.
Tais achados nos fazem refletir quanto as doenças tendem a ser mostradas pela mídia de forma isolada, sem se considerarem os determinantes sociais, podendo mudar o foco da percepção da população quanto à origem do problema, bem como legitimar a desresponsabilização do Estado em relação a isso7676. Fleury-Teixeira P, Bronzo C. Determinação social da saúde e política. In: Nogueira RP. Determinação social da saúde e reforma sanitária. Rio de Janeiro: Cebes; 2010.. Não se trata aqui de adotar uma atitude paternalista em relação à população e criminalista para com o Estado, mas, sim, oferecer oportunidade para que uma crítica mais abrangente seja feita por meio do que é veiculado pela imprensa.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – que impactam significativamente a população e o próprio sistema de saúde – representaram cerca de 70% das mortes em 2007, tornando-se uma demanda de saúde prioritária no país7777. Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. In: Victora CG, Leal MC, Barreto ML, Schmidt MI, Monteiro CA. Saúde no Brasil: a série The Lancet. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. p. 61-74.. Fazem parte desse rol as relacionadas ao sistema circulatório, o número um em causa de morte, seguidas pelo câncer, que ocupa o segundo lugar no ranking. Nesta revisão, não encontramos estudos sobre a cobertura jornalística voltada para as doenças circulatórias.
Referente ao câncer, a enfermidade crônica mais investigada, encontramos sete estudos1212. Castro C. Câncer na mídia: uma questão de saúde pública. Rev Bras Cancerol. 2009; 55(1):41-8.
13. Jurberg C, Macchiute B. Câncer nas ondas do rádio. Rev Bras Cancerol. 2007; 53(3):291-6.
14. Jurberg C, Verjovsky M. Nunca aos domingos: um estudo sobre a temática do câncer nas emissoras de TV Brasileiras. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2010; 17 Supl 1:149-63.
15. Jurberg C, Verjovsky M, Pereira G, Teixeira LA. Perfis das notícias sobre o câncer no correio da manhã e no The New York times nos anos 1931-1932 e 1948-1949. Rev Bras Cancerol. 2012; 58(2):143-52.
16. Jurberg C, Gouveia ME, Belisário C. Na mira do câncer: o papel da mídia brasileira. Rev Bras Cancerol. 2006; 52(2):139-46.
17. Jurberg C, Macchiute B. Um olhar sobre as revistas: o caso da divulgação em câncer. Intercom. 2006; 29(2):119-32.-1818. Bertol S. Comunicação da saúde: um estudo comparado sobre a divulgação do câncer de mama Brasil-EUA. Rev FAMECOS. 2009; 39:105-11., cuja maioria foi conduzida pelo mesmo pesquisador1313. Jurberg C, Macchiute B. Câncer nas ondas do rádio. Rev Bras Cancerol. 2007; 53(3):291-6.
14. Jurberg C, Verjovsky M. Nunca aos domingos: um estudo sobre a temática do câncer nas emissoras de TV Brasileiras. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2010; 17 Supl 1:149-63.
15. Jurberg C, Verjovsky M, Pereira G, Teixeira LA. Perfis das notícias sobre o câncer no correio da manhã e no The New York times nos anos 1931-1932 e 1948-1949. Rev Bras Cancerol. 2012; 58(2):143-52.
16. Jurberg C, Gouveia ME, Belisário C. Na mira do câncer: o papel da mídia brasileira. Rev Bras Cancerol. 2006; 52(2):139-46.-1717. Jurberg C, Macchiute B. Um olhar sobre as revistas: o caso da divulgação em câncer. Intercom. 2006; 29(2):119-32.. Parte deles mostrou que os meios de comunicação deram mais espaço para notícias sobre prevenção1212. Castro C. Câncer na mídia: uma questão de saúde pública. Rev Bras Cancerol. 2009; 55(1):41-8.
13. Jurberg C, Macchiute B. Câncer nas ondas do rádio. Rev Bras Cancerol. 2007; 53(3):291-6.-1414. Jurberg C, Verjovsky M. Nunca aos domingos: um estudo sobre a temática do câncer nas emissoras de TV Brasileiras. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2010; 17 Supl 1:149-63.,1616. Jurberg C, Gouveia ME, Belisário C. Na mira do câncer: o papel da mídia brasileira. Rev Bras Cancerol. 2006; 52(2):139-46., ainda que o enfoque na cobertura das pesquisas científicas também estivesse presente1212. Castro C. Câncer na mídia: uma questão de saúde pública. Rev Bras Cancerol. 2009; 55(1):41-8.,1717. Jurberg C, Macchiute B. Um olhar sobre as revistas: o caso da divulgação em câncer. Intercom. 2006; 29(2):119-32.,1818. Bertol S. Comunicação da saúde: um estudo comparado sobre a divulgação do câncer de mama Brasil-EUA. Rev FAMECOS. 2009; 39:105-11.. Encontramos somente um estudo sobre hipertensão1919. Silva JP, Bousfield ABS, Cardoso LH. A hipertensão arterial na mídia impressa: análise da revista Veja. Psicol Saber Soc. 2013; 2(2):191-203.. Todavia, não foram encontrados estudos sobre diabetes, apesar do aumento na prevalência dessa doença no país7777. Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. In: Victora CG, Leal MC, Barreto ML, Schmidt MI, Monteiro CA. Saúde no Brasil: a série The Lancet. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. p. 61-74..
Foi baixo o número de pesquisas que se debruçou sobre as doenças e transtornos mentais3737. Guarniero FB, Bellinghini RH, Gattaz WF. O estigma da esquizofrenia na mídia: um levantamento de notícias publicadas em veículos brasileiros de grande circulação. Rev Psiquiatr Clin. 2012; 39(3):80-4.,3939. Rios C, Ortega F, Zorzabelli R, Nascimento LF. Da invisibilidade à epidemia: a construção narrativa do autismo na mídia impressa brasileira. Interface (Botucatu). 2015; 19(53):325-35.
40. <underline>Santos JE, Cardoso CMS</underline>. Narrativas e experiências acerca da loucura: uma reflexão de profissionais de comunicação. Interface (Botucatu). 2011; 15(38):727-40. doi: 10.1590/S1414-32832011000300009.
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201100...
-4141. Machado AL. Reforma psiquiátrica e mídia: representações sociais na Folha de São Paulo. Cienc Saude Colet. 2004; 9(2):483-91., apesar de sua expressiva prevalência, atingindo entre 20% e 56% da população adulta brasileira, sobretudo mulheres e trabalhadores7878. Santos EG, Siqueira MM. Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. J Bras Psiquiatr. 2010; 59(3):238-46.. O impacto na qualidade de vida dessas pessoas e nas repercussões que têm no mundo do trabalho colocam os transtornos mentais como um sério problema de saúde pública7979. Gonçalves DM, Kapczinski F. Prevalência de transtornos mentais em indivíduos de uma unidade de referência para Programa Saúde da Família em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saude Publica. 2008; 24(9):2043-53.,8080. Neves RF, Nunes MO, Magalhães L. As interações entre os atores no retorno ao trabalho após afastamento por transtorno mental: uma meta etnografia. Cad Saude Publica. 2015; 31(11):2275-90..
A visibilidade de notícias sobre as doenças e transtornos mentais pode ser central na compreensão e percepção que se tem sobre elas. Entretanto, a baixa produção científica não nos dá muitos elementos para se estabelecer um panorama em relação à cobertura jornalística, considerando a diversidade de transtornos existentes. Dos quatro manuscritos, podemos apontar um estudo, relacionado à esquizofrenia, que constatou que os meios investigados reforçaram o estigma em relação à doença3737. Guarniero FB, Bellinghini RH, Gattaz WF. O estigma da esquizofrenia na mídia: um levantamento de notícias publicadas em veículos brasileiros de grande circulação. Rev Psiquiatr Clin. 2012; 39(3):80-4.. Esse estudo destacou ainda que as notícias não deram voz ao portador de esquizofrenia. Tal constatação vai ao encontro de uma tendência já demonstrada por diversos estudos da sociologia do jornalismo: os meios de comunicação priorizam as fontes(e (e) Uma fonte é uma pessoa que o jornalista entrevista e que fornece informações para compor a notícia. ) oficiais em detrimento das vozes da sociedade. Ao lançar mão dessa estratégia, a mídia tende a reproduzir simbolicamente a estrutura de poder existente na ordem institucional da sociedade8181. Hall S. The narrative construction of reality: an interview with Stuart Hall. Sout Rev. 1984; 17(1):3-17.. Sobre a depressão, houve um estudo que destacou que a mídia investigada enfatizou a medicalização como o tratamento prioritário, demonstrando que a concepção da cobertura noticiosa em relação à doença foi biomédica3939. Rios C, Ortega F, Zorzabelli R, Nascimento LF. Da invisibilidade à epidemia: a construção narrativa do autismo na mídia impressa brasileira. Interface (Botucatu). 2015; 19(53):325-35..
A segunda temática mais investigada foi sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) com nove artigos (Quadro 2). Resultado de longas lutas sociais, o SUS foi implementado, há mais de vinte anos, por meio da Lei Orgânica da Saúde, de 1990, tendo como proposta ser um sistema público de saúde de caráter universal, gratuito, descentralizado e democrático. Apesar dessa trajetória, para Paim8282. Paim JS. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2009., os políticos, profissionais de saúde, meios de comunicação e população conhecem pouco seu sistema de saúde e têm concepções distintas e distorcidas sobre ele.
Ao analisarmos a categoria SUS, identificamos cinco subtemas, encabeçando esse rol a cobertura jornalística sobre o Programa Mais Médicos (Quadro 4). Sua implantação ocorreu em 2013, sendo apresentado pelo governo federal como uma estratégia para o fortalecimento da Atenção Básica no país.
Os artigos analisados mostraram o papel que a mídia desempenhou na repercussão do programa Mais Médicos4545. Morais I, Alkiman D, Lopes J, Santos M, Leonel M, Santos R, et al. Jornais Folha de São Paulo e Correio Braziliense: o que dizem sobre o programa mais médicos? Rev Esc Enferm USP. 2014; 48 esp 2:112-20., sua interferência na concepção que se tem sobre os médicos estrangeiros, e na aceitação que o público poderia ter em relação a eles4545. Morais I, Alkiman D, Lopes J, Santos M, Leonel M, Santos R, et al. Jornais Folha de São Paulo e Correio Braziliense: o que dizem sobre o programa mais médicos? Rev Esc Enferm USP. 2014; 48 esp 2:112-20., identificando, ainda, um distanciamento da cobertura em relação aos objetivos da lei que criou o programa4747. Luz C, Cambraia CN, Gontijo ED. Monitoramento de terminologia na mídia: o Programa Mais Médicos. Tradterm. 2015; 25:199-233..
Em relação aos subtemas 2 e 3 (tabela 4), os estudos identificaram que a cobertura jornalística centrou-se nos períodos de crise dos serviços de saúde4242. Menegon VSM. Crise dos serviços de saúde no cotidiano da mídia impressa. Psicol Soc. 2008; 20 esp:32-40.,4343. Silva GM, Rasera EF. A construção do SUS: problema no jornal Folha de S. Paulo. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2014; 21(1):61-76., construindo uma desqualificação dos gestores e dos usuários do SUS4444. Silva GM, Rasera EF. Desqualificação do SUS na Folha de São Paulo: construção discursiva de gestores e usuários. Psico. 2013; 44(1):82-91.. Esses achados dialogam com Oliveira8383. Oliveira VC. A comunicação midiática e o Sistema Único de Saúde. Interface (Botucatu). 2000; 4(7):71-80., ao considerar que as principais imagens e informações divulgadas sobre o sistema partem de uma suposta ineficiência do Estado, incompetência das autoridades ou dos profissionais da área, levando à construção de uma ordem simbólica pouco reflexiva sobre o campo da política de saúde representada pelo SUS.
Para Araújo8484. Araújo IS. Um olhar sobre as relações entre o SUS e a mídia. In: Seminário SUS 20 anos: desafios para a informação e comunicação em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, ICICT; 2009. p. 62-9., todavia, é importante ter em conta os diferentes interesses que estão em jogo, considerando que tanto o SUS quanto a mídia não são homogêneos: “a sociedade contra a mídia”, “o SUS contra a mídia”, e que essa polarização “prejudica o entendimento real do processo de produção social dos sentidos […]”8484. Araújo IS. Um olhar sobre as relações entre o SUS e a mídia. In: Seminário SUS 20 anos: desafios para a informação e comunicação em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, ICICT; 2009. p. 62-9. (p. 69).
Abordagem metodológica: a predominância dos estudos qualitativos
A abordagem metodológica utilizada na maioria dos estudos foi a de cunho qualitativo. Houve apenas um estudo quantitativo, conforme especificado no Quadro 5. A maioria dos estudos valeu-se somente de uma técnica de produção de dados: a pesquisa documental (textos, em 93,85%; imagens, em 6,15%). Foram poucos que a combinaram com outras técnicas, como: entrevistas, grupos focais e aplicação de questionários (Quadro 6). Para Minayo8585. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 1992., a triangulação de técnica de obtenção de dados é um importante recurso para conferir maior validade ao estudo; contudo o uso ou não de variadas técnicas, ou mesmo de métodos de pesquisa, dependerá do objetivo da investigação e do objeto investigado. Estes, sim, têm a última palavra quanto a escolhas a serem feitas.
A observação não foi utilizada em nenhum estudo, apesar de ser um recurso possível para se analisarem as rotinas jornalísticas e a produção de notícias. No campo do jornalismo, a teoria interacionista parte da premissa de que a notícia é uma construção, resultante de processos complexos de interação social entre agentes sociais: os jornalistas e as fontes de informação; os jornalistas e a sociedade; os membros da comunidade profissional, dentro e fora da sua organização. Orienta-se para a produção e os produtores da notícia, ao estudar a influência da rotina jornalística na representação dos acontecimentos. A produção noticiosa é pensada como rotina industrial, e a notícia é vista como resultado dos diversos fatores, isto é: a ação pessoal, social, ideológica, cultural, do meio físico e histórico8686. Traquina N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular; 2012. v. 1..
Os estudos conhecidos como newsmaking se enquadram nessa perspectiva e lançam mão da observação participante. Com tradição nos estudos americanos8787. Tuchman G. Making news: a study in the construction of the reality. New York: The Free Press, London: Collier Macmillan Publishers; 1978., mostra-se potente, sobretudo se alinhado a outras técnicas de produção de dados, para se compreenderem os processos internos da produção da notícia (acompanhamento das reuniões e discussão de pautas, acompanhamento da cobertura e entrevistas com repórteres e editores).
Podemos considerar, entretanto, que há dificuldades e limitações para incluir a observação nas pesquisas no campo da comunicação e saúde, tanto pela viabilidade desse tipo de estudo – que demanda tempo e disponibilidade do pesquisador – como pela dificuldade de acesso aos meios de comunicação.
Sobre os estudos de noticiabilidade, Ponte8888. Ponte C. Para entender as notícias: linhas de análise do discurso jornalístico. Florianópolis: Insular; 2005. destaca a importância de articular várias estratégias de produção de dados, contemplando, nos estudos de redação a observação participante e a análise da cobertura jornalística por períodos mais longos para dar mais atenção às rotinas do que a eventos pontuais.
Outro aspecto verificado é o de que os estudos investigados centraram-se na análise do produto jornalístico (82,82%), indo ao encontro de uma tendência já identificada em pesquisas na área da comunicação8989. Silva G, Maia FD. Análise de cobertura jornalística: um protocolo metodológico. Rumores. 2011; 10(5):18-6. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2011.51250.
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X....
. Foram poucas as investigações que incluíram alguma dimensão relacionada ao processo de produção jornalística (10,93%); ou que analisaram a percepção do público sobre as notícias veiculadas, os chamados estudos de recepção, “um sujeito receptor que ressignifica as mensagens midiáticas, identificando suas negociações e resistências à lógica dos meios”9090. Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014. (p. 22), representando 6,25% dos estudos investigados. Em um breve mapeamento sobre a publicação de artigos em periódicos científicos de comunicação e saúde, Lerner e Sacramento9090. Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014. também chegaram à mesma constatação sobre a tímida presença de estudos voltados para a recepção.
Tais constatações remetem à repetição de fórmulas metodológicas comumente utilizadas em estudos sobre os meios de comunicação, e nos mostram certa dificuldade em incorporar essas abordagens, considerando os diversos processos que compreendem a cobertura jornalística – a fim de cercar esse fenômeno tão complexo por diversos prismas.
Ausência de informações sobre os métodos de análise empregados
Os métodos de análise mais frequentes – considerando aqueles que especificaram essa informação – foram análise do discurso e de conteúdo, tendência também presente em estudos sobre meios de comunicação8989. Silva G, Maia FD. Análise de cobertura jornalística: um protocolo metodológico. Rumores. 2011; 10(5):18-6. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2011.51250.
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X....
. No primeiro caso, alguns estudos basearam-se em autores como: Foucault, Orlandi, Charaudeau e Maingueneau (Quadro 6). Todavia, em alguns manuscritos, não houve referência direta a uma determinada corrente de análise de discurso ou, mesmo, quais autores haviam embasado essa escolha teórico-metodológica. Essas informações, entretanto, são relevantes se consideramos que há especificidades e nuances entre as diversas correntes, como a análise de discurso, de linha francesa, e análise crítica do discurso, de linha anglo-saxônica.
Em um artigo, os autores combinaram métodos diversos de análise: discurso com agenda setting e framing analysis. Já em relação à análise de conteúdo, a referência majoritária foi a de Bardin. Outros referenciais teórico-metodológicos utilizados foram: análise de enquadramento de notícias (framing analysis) e Representações Sociais (RS). No primeiro caso, nem todos os artigos fizeram uma referência a autores que embasassem essa opção, e os que o fizeram recorreram a Erving Goffman. No entanto, há uma diversidade de interpretações em termos conceituais sobre framing analysis bem como sobre sua aplicabilidade9191. Gutmann JF. Quadros narrativos pautados pela mídia: framing como segundo nível do agenda-setting? Contemporanea. 2006; 4(1):25-50.,9292. Rosseto GPN, Silva AM. Agenda-setting e framing: detalhes de uma mesma teoria? Intexto (Porto Alegre). 2012; 26:98-114., por isso essa escolha deveria ser bastante clara e embasada na metodologia. Em relação às representações, o autor de referência foi Serge Moscovici. Em três casos, as RS foram combinadas com outros métodos, como análise de conteúdo e Discurso do Sujeito Coletivo9393. Deslandes SF, Iriart JAB. Usos teórico-metodológicos das pesquisas na área de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. Cad Saude Publica. 2012; 28(12):2380-6.. Houve um número considerável de artigos em que a informação sobre o método de análise não estava disponível. Esta informação é, entretanto, importante para que os leitores possam avaliar os resultados apresentados nas publicações. Os métodos que apareceram somente em um manuscrito ou que não foram combinados com outras metodologias foram agrupados em ‘Outros’ (Quadro 7).
Jornal: o meio de comunicação mais investigado
Sobre os meios investigados, conforme o Quadro 8, o predomínio foram os jornais, como também identificado por Catalan-Matamoros e Peñafiel-Saiz9494. Catalan-Matamoros D, Peñafiel-Saiz C. The use of traditional media for public communication about medicines: a systematic review of characteristics and outcomes. Health Commun. Forthcoming 2018 [citado 22 Dez 2017]. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10410236.2017.1405485. doi: 10.1080/10410236.2017.1405485.
https://www.tandfonline.com/doi/full/10....
e Terrón et al.55. Terrón JL, Leyva FMR, Fernández SV, Jacobetty P. La comunicación en las revistas de salud pública de la biblioteca virtual Scielo. Rev Española Comun Salud. 2017; 8(2):165-83. Houve somente três que investigaram programas de televisão, todos veiculados pela Rede Globo; um estudo analisou o conteúdo divulgado em um programa de rádio e outro investigou sites de notícias, entretanto, esse manuscrito não especificou, na metodologia, quais foram os sites investigados, sendo possível perceber tal informação durante a apresentação dos resultados.
É possível ainda inferir que essa tendência de escolher a análise de jornais pode estar relacionada à facilidade de viabilizar esse tipo de estudo: ter acesso ao objeto (jornal) é mais fácil55. Terrón JL, Leyva FMR, Fernández SV, Jacobetty P. La comunicación en las revistas de salud pública de la biblioteca virtual Scielo. Rev Española Comun Salud. 2017; 8(2):165-83. porque, em geral, principalmente nos jornais de circulação nacional, o conteúdo está disponível na internet.
Para análise de outros meios, como rádio e televisão, é necessário gravar o conteúdo, quando nos referimos à atualidade, ou recorrer ao banco de dados das emissoras, quando nos referimos aos períodos anteriores, o que, em ambos os casos, pode representar um empecilho. Outro aspecto é o tempo curto de duração dos estudos, que pode restringir o investigador limitando-o a estudar mídias que exigem menos disponibilidade e tempo8989. Silva G, Maia FD. Análise de cobertura jornalística: um protocolo metodológico. Rumores. 2011; 10(5):18-6. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2011.51250.
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X....
.
Não houve a análise das redes sociais dos meios informativos, como Facebook, Twitter, o que poderia ser interessante para se refletir sobre o importante papel que essas mídias vêm desempenhando na sociedade atual, além de se mostrar uma possibilidade para acessar os diversos públicos em uma investigação sobre suas audiências.
Uma análise que contemplasse a diversidade dos meios poderia ainda nos oferecer mais elementos para aprofundar nossa compreensão relacionada à cobertura jornalista sobre a saúde pública brasileira. Não se pode confundir os diferentes suportes mediáticos porque estes não seguem as mesmas regras de funcionamento: “No trabajan con el mismo material y no producen los mismos tipos de efecto sobre un público que además no es el mismo”9595. Charaudeau P. ¿Nos manipulan los medios? Cuad Inf Comun. 2005; (10):319-30. (p. 321).
Entre os jornais mais investigados, estavam aqueles relacionados à grande imprensa, como Folha de São Paulo, o Globo e Estado de São Paulo. Houve, entretanto, estudos de periódicos regionais, sobretudo aqueles que contemplaram, em sua amostra, uma quantidade maior de publicações. As análises de revistas foram menos frequentes, e os estudos centraram seu olhar sobre as mais tradicionais e de alcance nacional, como Veja, Isto É e Época. A maioria dos estudos – que analisou jornais e revistas concomitantemente – não considerou algumas diferenças desses meios durante sua análise: os jornais são diários, tendem a enfocar notícias factuais, e as revistas semanais tendem a trazer reportagens mais aprofundadas, elementos que poderiam ter implicações durante a análise dos resultados.
Em relação aos estudos comparativos, houve poucos que se utilizaram desse recurso; mesmo aqueles que analisaram mais de um veículo não o fizeram, na maioria dos casos, em uma perspectiva comparativa. Houve dois estudos, por exemplo, que compararam a cobertura em jornais brasileiros e americanos, ambos relacionados ao câncer1515. Jurberg C, Verjovsky M, Pereira G, Teixeira LA. Perfis das notícias sobre o câncer no correio da manhã e no The New York times nos anos 1931-1932 e 1948-1949. Rev Bras Cancerol. 2012; 58(2):143-52.,1818. Bertol S. Comunicação da saúde: um estudo comparado sobre a divulgação do câncer de mama Brasil-EUA. Rev FAMECOS. 2009; 39:105-11.. Essa metodologia vem sendo utilizada em outras áreas do conhecimento, mas, na Comunicação, embora o volume de investigação seja alto em relação às notícias, poucas são comparativas, mostrando ser baixo o número de estudos em jornalismo com esse perfil8686. Traquina N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular; 2012. v. 1.. Já na Saúde Coletiva, seu uso é relativamente novo9696. Conill EM, Mendonça MH, Silva RAPR, Gawryszewski V. Organização dos serviços de saúde: a comparação como contribuição. Cad Saude Publica. 1991; 7(3):328-46.. Para Conill9696. Conill EM, Mendonça MH, Silva RAPR, Gawryszewski V. Organização dos serviços de saúde: a comparação como contribuição. Cad Saude Publica. 1991; 7(3):328-46., “comparar é buscar semelhanças, diferenças ou relações entre fenômenos que podem ser contemporâneos ou não, que ocorram em espaços distintos ou não para melhor compreendê-los” (p. 564). Por esse motivo, a utilização dessa metodologia mostra-se potente para identificar diferenças ou semelhanças na cobertura jornalística considerando os diferentes contextos sociais de produção das notícias.
Considerações finais
Esta revisão trouxe um amplo panorama da produção científica sobre temas da Saúde Coletiva brasileira. Todavia, nos indicou a existência de várias lacunas: houve poucos estudos sobre as doenças crônicas e as doenças negligenciadas, que impactam significativamente a saúde da população. Novos estudos poderiam oferecer um panorama sobre: a frequência desses conteúdos, qual abordagem utilizada, se trazem alguma perspectiva sobre promoção de saúde, se centram na descoberta de novos medicamentos, na qualidade da informação, ou, mesmo, com outro enfoque teórico-metodológico, como são os sentidos e discursos produzidos sobre essas DCNT nos meios de comunicação.
É possível fazer, ainda, uma reflexão se a própria agenda midiática pode ter pautado a produção científica na área, considerando que as doenças epidêmicas foram um dos temas mais investigados. Em relação à categoria SUS, o ‘Programa Mais Médicos’ – que recebeu ampla cobertura jornalística – também foi um dos temas que mais despertou interesse por parte dos investigadores.
Referente à metodologia, houve baixa diversidade de técnicas de produção de dados, não ocorrendo,, em nenhum estudo a utilização de observação. Poucos trabalhos contemplaram outros aspectos que também estão relacionados à cobertura jornalística, como a produção de notícias e a percepção dos usuários sobre seus conteúdos. Tais constatações nos levam a refletir sobre a importância de novas investigações que possam englobar esses outros processos. Em relação ao método de análise, houve um número considerável de artigos que não especificou essa informação. Essa questão metodológica mostra-se um desafio a ser enfrentado pelos pesquisadores em novos estudos nesse campo. É importante ainda destacar a baixa diversidade de meios de comunicação investigados.
Referências
-
1Oliveira VC. Os sentidos da saúde nas mídias jornalísticas impressas. RECIIS, Rev Eletronica Comum, Inf Inov Saude. 2013; 6(4):1-14.
-
2Silva MAR. Além do newsmaking: um olhar panorâmico para as pesquisas em jornalismo. In: Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014.
-
3Langbecker A, Catalan-Matamoros D. Las secciones de salud en los periódicos brasileños: el caso del diario Folha de São Paulo. In: Terrón JL, Peñafiel C, Catalan-Matamoros D. Avances en investigación y buenas prácticas en comunicación y salud. Cuadernos Artesanos de Comunicación. Tenerife: Latina; 2017.
-
4Silva LMV, Paim JS, Scharaiber LB. O que é saúde coletiva? In: Paim JS, Almeida-Filho N. Saúde coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Med Book; 2014.
-
5Terrón JL, Leyva FMR, Fernández SV, Jacobetty P. La comunicación en las revistas de salud pública de la biblioteca virtual Scielo. Rev Española Comun Salud. 2017; 8(2):165-83.
-
6Arksey H, O’malley L. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005; 8(1):19-32.
-
7Araújo IS, Cardoso JM. Comunicação e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007.
-
8Cyrino AP, Lima EA, Garcia VL, Teixeira RR, Foresti MCPP, Schraiber LB. Um espaço interdisciplinar de comunicação científica na Saúde Coletiva: a revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Cienc Saude Colet. 2015; 20(7):2059-68.
-
9Silva G, Soares RL. O método análise de cobertura jornalística e o acontecimento noticioso da doença do ex-presidente Lula. Rumores. 2013; 7(14):80-7. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2013.69431.
» https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2013.69431 -
10Peters MD, Godfrey CM, Khalil H, Mclnerney P, Parker D, Soares CB. Guidance for conducting systematic scoping reviews. Int J Evid Based Healthc. 2015; 13(3):141-6.
-
11Diniz D, Guedes C. Informação genética na mídia impressa: a anemia falciforme em questão. Cienc Saude Colet. 2006; 11(4):1055-62.
-
12Castro C. Câncer na mídia: uma questão de saúde pública. Rev Bras Cancerol. 2009; 55(1):41-8.
-
13Jurberg C, Macchiute B. Câncer nas ondas do rádio. Rev Bras Cancerol. 2007; 53(3):291-6.
-
14Jurberg C, Verjovsky M. Nunca aos domingos: um estudo sobre a temática do câncer nas emissoras de TV Brasileiras. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2010; 17 Supl 1:149-63.
-
15Jurberg C, Verjovsky M, Pereira G, Teixeira LA. Perfis das notícias sobre o câncer no correio da manhã e no The New York times nos anos 1931-1932 e 1948-1949. Rev Bras Cancerol. 2012; 58(2):143-52.
-
16Jurberg C, Gouveia ME, Belisário C. Na mira do câncer: o papel da mídia brasileira. Rev Bras Cancerol. 2006; 52(2):139-46.
-
17Jurberg C, Macchiute B. Um olhar sobre as revistas: o caso da divulgação em câncer. Intercom. 2006; 29(2):119-32.
-
18Bertol S. Comunicação da saúde: um estudo comparado sobre a divulgação do câncer de mama Brasil-EUA. Rev FAMECOS. 2009; 39:105-11.
-
19Silva JP, Bousfield ABS, Cardoso LH. A hipertensão arterial na mídia impressa: análise da revista Veja. Psicol Saber Soc. 2013; 2(2):191-203.
-
20França E, Abreu D, Siqueira M. Epidemias de dengue e divulgação de informações pela imprensa. Cad Saude Publica. 2004; 20(5):1334-41.
-
21Ferraz LMR, Gomes IM. A construção discursiva sobre a dengue na mídia. Rev Bras Epidemiol. 2012; 15(1):63-74.
-
22Villela EFM, Natal D. Mídia, saúde e poder: um jogo de representações sobre dengue. Saude Soc. 2014; 23(3):1007-17.
-
23Malinverni C, Cuenca AMB, Brigagão JIM. Epidemia midiática: produção de sentidos e configuração social da febre amarela na cobertura jornalística, 2007-2008. Physis. 2012; 22(3):853-72.
-
24Lódola S, Góis Júnior E. Teorias sobre a propagação da febre amarela: um debate científico na imprensa paulista, 1895-1903. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2015; 22(3):687-704.
-
25Maciel-Lima SM, Rasia JM, Bagatelli RC, Gontarski G, Colares MJD. A repercussão da gripe A (H1N1) nos jornais paranaenses. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2015; 22(1):273-91.
-
26Medeiros FNS, Massarani L. A cobertura da gripe A (H1N1) 2009 pelo Fantástico. Intercom. 2011; 34(1):41-59.
-
27Medeiros FNS, Massarani L. Pandemic on the air: a case study on the coverage of new influenza A/H1N1 by Brazilian prime time TV news. J Sci Commun. 2010; 9(3):1-7.
-
28Ferraz LMR, Gomes IM. Ameaça e controle da gripe A (H1N1): uma análise discursiva de Veja, Isto É e Época. Saude Soc. 2012; 21(2):302-13.
-
29Silva AB, Camargo BV. A difusão cientifica da aids na mídia impressa. Psico. 2004; 35(2):169-76.
-
30Spink MJP, Medrado B, Menegon VM, Lyra J, Lima H. A construção da AIDS: notícia. Cad Saude Publica. 2001; 17(4):851-62.
-
31Rangel-S ML. Epidemia e mídia: sentidos construídos em narrativas jornalísticas. Saude Soc. 2003; 12(2):5-17.
-
32Bevelacqua PD, Paixão HH, Castro MCPS, Modena CM. Leishmaniose visceral: história jornalística de uma epidemia em Belo Horizonte, Brasil. Interface (Botucatu). 2000; 4(7):83-102.
-
33Villela EFM, Natal D. Encefalite no litoral paulista: a emergência da epidemia e a reação da mídia impressa. Saude Soc. 2009; 18(4):756-61.
-
34Schneider CM, Tavares M, Musse C. O retrato da epidemia de meningite em 1971 e 1974 nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo. RECIIS Rev Eletronica Comun Inf Inov Saude. 2015; 9(4):1-13.
-
35Rangel-S ML. Imagens e sentidos no discurso da mídia impressa acerca de uma epidemia de intoxicação ocupacional por benzeno. Interface (Botucatu). 2006; 10(19):77-92.
-
36Tomita NE, Padula NAMR. Intoxicação por chumbo em crianças e o discurso da imprensa. Cienc Saude Colet. 2005; 10 Supl:111-9. doi: 10.1590/S1413-81232005000500014.
» https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000500014 -
37Guarniero FB, Bellinghini RH, Gattaz WF. O estigma da esquizofrenia na mídia: um levantamento de notícias publicadas em veículos brasileiros de grande circulação. Rev Psiquiatr Clin. 2012; 39(3):80-4.
-
38Soares GB, Caponi S. Depressão em pauta: um estudo sobre o discurso da mídia no processo de medicalização da vida. Interface (Botucatu). 2011; 15(37):437-46.
-
39Rios C, Ortega F, Zorzabelli R, Nascimento LF. Da invisibilidade à epidemia: a construção narrativa do autismo na mídia impressa brasileira. Interface (Botucatu). 2015; 19(53):325-35.
-
40<underline>Santos JE, Cardoso CMS</underline>. Narrativas e experiências acerca da loucura: uma reflexão de profissionais de comunicação. Interface (Botucatu). 2011; 15(38):727-40. doi: 10.1590/S1414-32832011000300009.
» https://doi.org/10.1590/S1414-3283201100030000 -
41Machado AL. Reforma psiquiátrica e mídia: representações sociais na Folha de São Paulo. Cienc Saude Colet. 2004; 9(2):483-91.
-
42Menegon VSM. Crise dos serviços de saúde no cotidiano da mídia impressa. Psicol Soc. 2008; 20 esp:32-40.
-
43Silva GM, Rasera EF. A construção do SUS: problema no jornal Folha de S. Paulo. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2014; 21(1):61-76.
-
44Silva GM, Rasera EF. Desqualificação do SUS na Folha de São Paulo: construção discursiva de gestores e usuários. Psico. 2013; 44(1):82-91.
-
45Morais I, Alkiman D, Lopes J, Santos M, Leonel M, Santos R, et al. Jornais Folha de São Paulo e Correio Braziliense: o que dizem sobre o programa mais médicos? Rev Esc Enferm USP. 2014; 48 esp 2:112-20.
-
46Scremin L, Javorski E. O enquadramento das notícias sobre os estrangeiros do Programa Mais Médicos. Cad Esc Comun. 2014; esp:1-15.
-
47Luz C, Cambraia CN, Gontijo ED. Monitoramento de terminologia na mídia: o Programa Mais Médicos. Tradterm. 2015; 25:199-233.
-
48Ortona C, Fortes PAC. Jornalistas que escrevem sobre saúde conhecem a humanização do atendimento. Saude Soc. 2012; 21(4):909-15.
-
49Silva AEFA, Pereira JR, Lopes Filho BB. Doação de sangue: a cobertura do jornalismo local e sua contribuição para a formação da opinião pública. RECIIS Rev Eletronica Comun Inf Inov Saude. 2015; 9(4):1-16.
-
50Lacerda AE, Mastroianni FC, Noto AR. Tabaco na mídia: análise de matérias jornalísticas no ano de 2006. Cienc Saude Colet. 2010; 15(3):725-31.
-
51Romanini M, Roso A. Mídia e crack: promovendo saúde ou reforçando relações de dominação? Psicol Cienc Prof. 2012; 32(1):82-97.
-
52Conceição VM, Silva SED, Araujo JS, Santana ME, Vasconcelos EV. As representações sociais da bebida alcoólica e suas consequências na sociedade expressas pela mídia impressa. Enferm Foco. 2012; 3(1):42-5.
-
53Macedo FS, Roso A, Lara MP. Mulheres, saúde e uso de crack: a reprodução do novo racismo na/pela mídia televisiva. Saude Soc. 2015; 24(4):1285-98.
-
54Noto AR, Baptista MC, Faria ST, Nappo SA, Galduróz JCF, Carlini EA. Drogas e saúde na imprensa brasileira: uma análise de artigos publicados em jornais e revistas. Cad Saude Publica. 2003; 19(1):69-79.
-
55Ronzani TM, Fernandes AGB, Gebara CFP, Oliveira SA, Scoralick NN, Lourenço LM. Mídia e drogas: análise documental da mídia escrita brasileira sobre o tema entre 1999 e 2003. Cienc Saude Colet. 2009; 14(5):1751-62.
-
56Ortega F, Barros D, Caliman L, Itaborahy C, Junqueira L, Ferreira CP. A ritalina no Brasil: produções, discursos e práticas. Interface (Botucatu). 2010; 14(34):499-512.
-
57Nascimento MC. Medicamentos, comunicação e cultura. Cienc Saude Colet. 2005; 10 Sup:179-93.
-
58Diniz D, Castro R. O comércio de medicamentos de gênero na mídia impressa brasileira: misoprostol e mulheres. Cad Saude Publica. 2011; 27(1):94-102.
-
59Leandro JA, Santos FL. História da talidomida no Brasil a partir da mídia impressa (1959-1962). Saude Soc. 2015; 24(3):991-1005.
-
60Saraiva J, Silva Júnior LR, Mortari R, Porto D. A ética da responsabilidade no discurso de revistas semanais brasileiras. Rev Bioética. 2005; 13(1):11-23.
-
61Njaine K. Sentidos da violência ou a violência sem sentido: o olhar dos adolescentes sobre a mídia. Interface (Botucatu). 2006; 10(20):381-92.
-
62Garbin AC, Fischer FM. Assédio moral no trabalho e suas representações na mídia jornalística. Rev Saude Publica. 2012; 46(3):417-24.
-
63Campos MATF, Vieira CDD, Mota JAC. A infância sem segredos: a noticiabilidade jornalística do crime de exploração sexual de crianças e adolescentes. Interface (Botucatu). 2009; 13(30):17-29.
-
64Saraiva ERA, Coutinho MPL. Meios de comunicação impressos, representações sociais e violência contra idosos. Psicol Estud. 2012; 17(2):205-14.
-
65Di Giulio GM, Figueiredo BR, Ferreira LC, Anjos JASA. Experiências brasileiras e o debate sobre comunicação e governança do risco em áreas contaminadas por chumbo. Cienc Saude Colet. 2012; 17(2):337-49.
-
66Spink MJP, Medrado B, Mello RP. Perigo, probabilidade e oportunidade: a linguagem dos riscos na mídia. Psicol Reflex Crit. 2002; 15(1):151-64.
-
67Di Giulio GM, Pereira NM, Figueiredo BR. O papel da mídia na construção social do risco: o caso Adrianópolis, no Vale do Ribeira. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2008; 15(2):293-311.
-
68Cavaca AG, Gentilli V, Zandonade E, Cortellete JM, Emmerich A. A saúde bucal na mídia impressa: análise das matérias jornalísticas nos anos de 2004-2009. Cienc Saude Colet. 2012; 17(5):1333-45.
-
69Cavaca AG, Gentilli V, Marcolino EM, Emmerich A. As representações da saúde bucal na mídia impressa. Interface (Botucatu). 2012; 16(43):1055-68.
-
70Fontes MLA. O enquadramento do aborto na mídia impressa brasileira nas eleições 2010: a exclusão da saúde pública do debate. Cienc Saude Colet. 2012; 17(7):1805-12.
-
71Souza RA, Brandão ER. À sombra do aborto: o debate social sobre a anticoncepção de emergência na mídia impressa brasileira (2005-2009). Interface (Botucatu). 2012; 16(40):161-75.
-
72Stacheski DR, Massi GAA. Índices sociais de valor: mas media, linguagem e envelhecimento. Interface (Botucatu). 2011; 15(37):425-36.
-
73Oliveira MS, Paiva LHC, Costa JV, Pinto-Neto AM. Saúde da mulher na imprensa brasileira: análise da qualidade científica nas revistas semanais. Interface (Botucatu). 2009; 13(30):7-16.
-
74Côrte B, Khoury HTT, Mussi LH. Suicídio de idosos e mídia: o que dizem as notícias? Psicol USP. 2014; 25(3):253-61.
-
75Waisbord S. Cuando la salud es titular: dengue, gripe A H1N1 y ciclos ‘mediáticos-epidémicos’. In: Petracci M, Waisbord S. Comunicación y salud en la Argentina. Buenos Aires: La Crujia; 2011. p. 93-103.
-
76Fleury-Teixeira P, Bronzo C. Determinação social da saúde e política. In: Nogueira RP. Determinação social da saúde e reforma sanitária. Rio de Janeiro: Cebes; 2010.
-
77Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. In: Victora CG, Leal MC, Barreto ML, Schmidt MI, Monteiro CA. Saúde no Brasil: a série The Lancet. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. p. 61-74.
-
78Santos EG, Siqueira MM. Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. J Bras Psiquiatr. 2010; 59(3):238-46.
-
79Gonçalves DM, Kapczinski F. Prevalência de transtornos mentais em indivíduos de uma unidade de referência para Programa Saúde da Família em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saude Publica. 2008; 24(9):2043-53.
-
80Neves RF, Nunes MO, Magalhães L. As interações entre os atores no retorno ao trabalho após afastamento por transtorno mental: uma meta etnografia. Cad Saude Publica. 2015; 31(11):2275-90.
-
81Hall S. The narrative construction of reality: an interview with Stuart Hall. Sout Rev. 1984; 17(1):3-17.
-
82Paim JS. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2009.
-
83Oliveira VC. A comunicação midiática e o Sistema Único de Saúde. Interface (Botucatu). 2000; 4(7):71-80.
-
84Araújo IS. Um olhar sobre as relações entre o SUS e a mídia. In: Seminário SUS 20 anos: desafios para a informação e comunicação em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, ICICT; 2009. p. 62-9.
-
85Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 1992.
-
86Traquina N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular; 2012. v. 1.
-
87Tuchman G. Making news: a study in the construction of the reality. New York: The Free Press, London: Collier Macmillan Publishers; 1978.
-
88Ponte C. Para entender as notícias: linhas de análise do discurso jornalístico. Florianópolis: Insular; 2005.
-
89Silva G, Maia FD. Análise de cobertura jornalística: um protocolo metodológico. Rumores. 2011; 10(5):18-6. doi: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2011.51250.
» https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2011.51250 -
90Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014.
-
91Gutmann JF. Quadros narrativos pautados pela mídia: framing como segundo nível do agenda-setting? Contemporanea. 2006; 4(1):25-50.
-
92Rosseto GPN, Silva AM. Agenda-setting e framing: detalhes de uma mesma teoria? Intexto (Porto Alegre). 2012; 26:98-114.
-
93Deslandes SF, Iriart JAB. Usos teórico-metodológicos das pesquisas na área de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. Cad Saude Publica. 2012; 28(12):2380-6.
-
94Catalan-Matamoros D, Peñafiel-Saiz C. The use of traditional media for public communication about medicines: a systematic review of characteristics and outcomes. Health Commun. Forthcoming 2018 [citado 22 Dez 2017]. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10410236.2017.1405485 doi: 10.1080/10410236.2017.1405485.
» https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10410236.2017.1405485 -
95Charaudeau P. ¿Nos manipulan los medios? Cuad Inf Comun. 2005; (10):319-30.
-
96Conill EM, Mendonça MH, Silva RAPR, Gawryszewski V. Organização dos serviços de saúde: a comparação como contribuição. Cad Saude Publica. 1991; 7(3):328-46.
-
(e)
Uma fonte é uma pessoa que o jornalista entrevista e que fornece informações para compor a notícia.
-
*
O presente artigo é resultado da tese de doutorado do primeiro autor, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Abr 2019 -
Data do Fascículo
2019
Histórico
-
Recebido
02 Mar 2018 -
Aceito
18 Set 2018