Região Norte Mineira |
Antes da Incorporação à SUDENE
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Tradições resultantes de heranças passadas que geravam laços de solidariedade e se tornavam bases de sustentação dessas populações, como trabalho em mutirões, as relações de vizinhanças e também a figura da parteira, das benzedeiras, dos raizeiros e outros atores importantes para as relações de vizinhanças locais (CUNHA, 2012CUNHA, M. G. C. Territorialidades sertanejas: permanência e transformações no espaço rural norte-mineiro. São Paulo: Intermeios, 2012.). Além da relação de Autoprodução e Autoconsumo, fruto do isolamento da região às grandes capitais. |
Depois da Incorporação à SUDENE
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Incorporação da Região à SUDENE em 1963. Começaram os projetos de modernização da região por meio de infraestrutura, incentivos fiscais e de crédito. Montes Claros se despontou como polo industrial e de projetos Agroindustriais para cultivos de monoculturas (eucalipto e carvão) na tentativa de superação do isolamento econômico e político da região. A partir desse momento, transformações nos territórios dos povos tradicionais aconteceram incorporando-os às dinâmicas produtivas de modernização. |
Povoado das Melancias
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Antes da Incorporação à SUDENE
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"A gente só alimentava com o que plantava na roça, o que colhia né, ele fazia rapadura também, e os cafés a gente adoçava com rapadura" (ENTREVISTADO D). "Meu pai, ele plantava algodão e colhia, e vendia pra comprar alguma coisa que não plantava, tipo café, o arroz" (ENTREVISTADO D). "As crianças, quando ficava com febre ou vomitando, eles levavam na benzedeira, aí a pessoa benzia, aí eles davam chá de hortelã, de erva cidreira, mas não tinha médico nenhum pra gente não" (ENTREVISTADO C). "Era longe para ir procurar um médico, hoje é Brasília de minas o hospital mais próximo, naquela época, era parteira mesmo" (ENTREVISTADO A). "Falava fornecimento, saia no mês de setembro ia lá no comerciante e fazia um fornecimento, para atravessar seis, sete meses, aí na seca colhia o algodão (julho, agosto) e ia pagar aquela dívida com juros" (ENTREVISTADO A). |
Depois da Incorporação à SUDENE
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"A juventude não quer mais viver igual nóis viveu [...] de setenta pra cá veio só melhorando" (ENTREVISTADO B). "A origem do povo procurar o povoado foi por causa da energia, colocou nas ruas, aí o povo já foi buscando sair da zona rural e vir pra cá, por modo de energia e água também" (ENTREVISTADO A). "Cisterna (1974), Escola (1985), Associação (1985), Posto de Saúde (1985), Encanamento (1988), Energia Elétrica (1986), Orelhão (1994)". "O povo foi começar a sair pras fazenda em setenta e seis, quando começou a descobrir o carvão" (ENTREVISTADO A). "Setenta e seis foi uma crise disgramada, aquele tempo a salvaguarda do povo foi o carvoeiro" (Entrevistado B). "Na verdade meu primeiro serviço foi em São Paulo, não gostei, nunca gostei da cidade, vim embora e como não tem outro serviço, eu moro aqui na zona rural, fui obrigado a sair. O primeiro serviço que eu achei foi de motosserra, já tinha 21 anos de idade, como não tinha outro serviço e não tinha estudo, fui obrigado a começar nisso, daí em diante fiquei nesse serviço durante cinco anos, e a gente trabalhava na SIDERPA, que é uma siderúrgica que fica no município de João Pinheiro, só que essa empresa a gente não trabalhava pra ela, porque o serviço era terceirizado, a SIDERPA prestava serviço pra Gerdau" (ENTREVISTADO E). |