Abstract
Descrevemos tesãi renda, lugares de saúde - coleta/cultivo de plantas e agência espiritual - num território Kaiowá de Mato Grosso do Sul. Registramos o uso de recursos hídricos e botânicos na cosmologia desse coletivo indígena Guarani, sobretudo nos corpos d’água juvyy: nascentes, córregos, brejos. Pesquisamos no Panambizinho, demarcado em 2004, após secular colonização e desgaste ambiental. Conversamos principalmente com mulheres nhandesy. Fizemos coleta, cultivo, manejo e uso de remédios; assim, conhecemos e ativamente recuperamos um espaço onde se vive a interdependência com a natureza, comunicando e negociando com suas entidades. Registrando e praticando os conhecimentos e conselhos, concluímos que o uso familiar dos remédios e saberes ancestrais preserva esses lugares. Avaliamos que este mapeamento é importante, mas limitado: preservar os juvyy e cosmologias associadas demanda esforços coletivos, tanto da comunidade quanto de governos, universidades e parceiros. Os juvyy do Panambizinho resistem como lugares sagrados de saúde, mantendo vivos seus guardiões, járy, e seus poderes medicinais.
Palavras-chave:
brejos; nascentes; plantas medicinais; saúde e cuidado; Kaiowá.