Resumo
Experiências, sociabilidades alternativas e novas formas de gestão, geralmente localizadas, têm ganhado destaque em debates que circundam o tema desenvolvimento, especialmente por representar uma condição transformadora e diferenciada na geração de trabalho e renda. Nesse contexto, o objetivo neste trabalho foi compreender, a partir do coletivo de catadores de materiais recicláveis, a instituição dos princípios da economia solidária (ES) na gestão ordinária/cotidiana e no desenvolvimento local de quatro empreendimentos econômicos solidários (EES) localizados na cidade de Uberlândia, MG. A pesquisa se caracterizou como qualitativa, realizada a partir de entrevistas semiestruturadas com catadores de materiais recicláveis. A análise destas entrevistas foi realizada a partir do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Como resultados, verificou-se que, por meio do compromisso social, atividade econômica e gestão democrática, os EES estabelecem um papel importante no desenvolvimento local, especialmente quando se trata de compromisso social e atividade econômica. Também, eles mantêm os princípios da ES quando se trata de compromisso social e gestão democrática dos empreendimentos. Apesar de algumas particularidades, no processo de gestão ordinária, os catadores atuam no desenvolvimento local e na disseminação dos princípios da ES, que possuem papel integrador e proporcionador de uma vida digna a estes trabalhadores.
Palavras-chave
economia solidária; empreendimentos econômicos solidários; gestão ordinária; desenvolvimento local; coletivo de catadores
Abstract
Experiences, alternative social interactions, and new forms of management, often localized, have gained prominence in debates surrounding the development theme, especially for representing a transformative and differentiated condition in the generation of work and income. In this context, the aim of this study was to comprehend, through the collective of recyclable material collectors, the establishment of the principles of solidarity economy (SE) in the ordinary/daily management and local development of four solidarity economy enterprises (SEE) located in the city of Uberlândia, MG. The research was characterized as qualitative approach, conducted through semi-structured interviews with recyclable materials collectors. The analysis of these interviews was carried out through the collective subject discourse (CSD). As a result, it was found that, through the social commitment, economic activity, and democratic management, the SEE play an important role in local development, especially when it comes to social commitment and economic activity. They also maintain the principles of SEE when it comes to social commitment and democratic management of enterprises. Despite some particularities, in the ordinary management process, the collectors act in local development and in the dissemination of SE principles, which play an integrative role and provide a dignified life for these workers.
Keywords
solidarity economy; solidarity economic enterprises; ordinary management; local development; collectives of waste pickers
Resumen
Experiencias, sociabilidades alternativas y nuevas formas de gestión, generalmente localizadas, han ganado protagonismo en los debates en torno a la temática del desarrollo, especialmente porque representan una condición transformadora y diferenciada en la generación de trabajo e ingresos. En este contexto, el objetivo de este trabajo fue comprender, a partir del colectivo de recolectores de materiales reciclables, la implementación de los principios de la economía solidaria (ES) en la gestión ordinaria/cotidiana y en el desarrollo local de cuatro emprendimientos económicos solidarios (EES) ubicados en la ciudad de Uberlândia, MG. La investigación se caracterizó como cualitativa, realizada a través de entrevistas semiestructuradas con recolectores de materiales reciclables. El análisis de estas entrevistas se llevó a cabo a través del Discurso del Sujeto Colectivo (DSC). Como resultado, se observó que, mediante el compromiso social, la actividad económica y la gestión democrática, los EES desempeñan un papel importante en el desarrollo local, especialmente en lo que respecta al compromiso social y la actividad económica. Además, mantienen los principios de la ES en cuanto al compromiso social y la gestión democrática de los emprendimientos. A pesar de algunas particularidades, en el proceso de gestión ordinaria, los recolectores contribuyen al desarrollo local y a la difusión de los principios de la ES, que desempeñan un papel integrador y proporcionan una vida digna a estos trabajadores.
Palabras clave
economía solidaria; emprendimientos económicos solidarios; gestión ordinaria; desarrollo local; colectivos de recicladores
1 INTRODUÇÃO
Na economia solidária (ES), formas coletivas de pensar e agir nos territórios são capazes de resistir e existir diante das desigualdades existentes no sistema capitalista (Carinhato, 2008). Atreladas a fatores históricos e transformações sociais, experiências materializadas nos vários empreendimentos econômicos solidários (EES) vêm fomentando o desenvolvimento local e transformações sociais por meio de iniciativas locais e práticas cotidianas (Gaiger; Ferrarini; Veronese, 2018; Saquet, 2018, 2021).
Contudo, perante as complexidades sociais, perspectivas antagônicas revelam dois cenários diante do desenvolvimento desigual no sistema capitalista. De um lado, exacerbam-se circunstâncias privilegiadas de trabalho e obtenção de renda; e, de outro lado, exacerbam-se situações agravantes de indivíduos excluídos do mercado de trabalho. Esses últimos “[...] têm buscado novas condições para sobreviver como corpo, família e ser social” (Arruda, 2003, p. 264), em contextos, muitas vezes informais, de obtenção de renda e sustentação familiar. Tal situação corrobora um panorama de invisibilidade social, agravado por uma condição de darwinismo social (França Filho; Magnelli; Eynaud, 2020). Os “nunca incluídos”, conforme denominação de Gaiger (2004), são uma grande parcela da população que continua fora do mercado formal de trabalho, unindo-se em formas alternativas de obtenção de renda.
A ES tem sido alternativa por congregar condições de solidariedade entre indivíduos nunca incluídos. Assim, mesmo no ínterim do projeto neoliberalista entre economia e sociedade, há espaço para cooperação, integração e solidariedade, como obtenção de uma vida digna (França Filho; Magnelli; Eynaud, 2020). Os quatro princípios que representam a ES: atividade econômica, autogestão, cooperação e solidariedade (Senaes, 2006), galgam espaço em empreendimentos onde o trabalho humano é importante, como no caso da coleta de materiais recicláveis. Há um forte apelo ambiental no trabalho de coleta, que, no modelo neoliberal, representa pouco valor econômico e de grande valia para a sociedade, ou seja, foram desvalorizados economicamente, mas são essenciais para a sociedade (França Filho; Magnelli; Eynaud, 2020).
Nesse sentido, a “gestão ordinária”, denominada por Carrieri, Perdigão e Aguiar (2014), pode representar a condição necessária que represente o modelo de trabalho no cotidiano desses empreendimentos. Nesse modelo de gestão, quando os sujeitos não detêm o conhecimento formal racionalizado pelas formas sistematizadas de gestão, conduzem-na de maneira situacional, lidando com os problemas dos empreendimentos de forma prática e pouco formal. Com isso, abre-se a possibilidade para que os princípios e valores da ES e os atributos dos EES interajam de maneira efetiva nas práticas destas organizações.
Diante do exposto, gera-se a seguinte pergunta como ponto de inquietação para a pesquisa: como o coletivo de catadores de materiais recicláveis, a partir da gestão ordinária/cotidiana dos empreendimentos de economia solidária (EES), instituem os princípios da economia solidária (ES) e promovem o desenvolvimento local? Com isso, sinaliza-se o objetivo deste trabalho, que foi: compreender, a partir do coletivo de catadores de materiais recicláveis, a instituição dos princípios da economia solidária (ES) na gestão ordinária/cotidiana e no desenvolvimento local de quatro empreendimentos de economia solidária (EES) localizados na cidade de Uberlândia, MG. Além das justificativas elencadas nessa introdução, também importa pensar a ES e os
EES para uma melhor compreensão sobre a dinâmica e complexidade da área. Gaiger (2012) já evidenciava a necessidade de repensá-la, tanto nos termos estruturais dos conceitos e perspectivas políticas quanto explorá-la pelas tipologias que evidenciam a dinâmica dos EES. Com isso, para além das perspectivas políticas e ideológicas, é importante compreender as práticas e o cotidiano dos EES, sem que preceitos conceituais sirvam de limites e apontamentos superficiais.
Sendo assim, este artigo está estruturado da seguinte forma: além desta introdução, no próximo tópico serão apresentadas discussões teóricas sobre a economia solidária e a gestão ordinária, como forma de compreensão dos fenômenos dos EES e da gestão cotidiana destes empreendimentos. Em seguida, será apresentada a metodologia científica utilizada na realização da pesquisa. Após a descrição metodológica, serão apresentados os resultados da pesquisa, que foram divididos em três pilares: compromisso social, atividade econômica e gestão democrática. Por fim, foram feitas algumas considerações finais.
2 A ECONOMIA SOLIDÁRIA EMANADA PELA QUESTÃO SOCIAL: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA SEDIMENTADA EM PRINCÍPIOS
No Brasil, a economia solidária (ES) engloba uma gama de movimentos sociais na cidade e no campo, que, configurados em cooperativas, associações, grupos informais, dentre outros, possuem objetivos comuns, geralmente localizados, baseados na solidariedade e na cooperação como forma de existência (Gaiger, 2015). No país, o fortalecimento da ES se deu mediante apoio de entidades não governamentais através de princípios cooperativistas e de autogestão, muito embora o cooperativismo, trazido por imigrantes europeus no início do século XX, não represente o sinônimo da ES em sua totalidade (Singer, 2002).
Nesse contexto, os empreendimentos econômicos solidários (EES) representam “[...] laboratórios, micro totalidades [sic] em que surgem novos desafios, tais como equacionar os interesses individuais e coletivos e firmar estratégias coerentes a partir de decisões consensuais” (Gaiger; Ferrarini; Veronese, 2018, p. 144). A transformação da vertente social em alavancagem econômica como possibilidades a uma outra economia e ao desenvolvimento territorial local representa o diferencial e a vantagem das iniciativas coletivas (Ortega; Cerqueira; Silva, 2016; Saquet, 2018).
Em se tratando de possibilidades, não é imperioso tratar a ES somente pelo senso comum e pelo espectro de políticas públicas aportadas em programas de transferência de renda, como a estruturação e reestruturação produtivas com incentivos às pequenas iniciativas. Típicas dos governos neodesenvolvimentistas FHC (1995-2002) e Lula (2003-2010), as políticas públicas voltadas à ES, naquela época, ofereceram estímulos para autonomia focadas na capacidade dos indivíduos se unirem, por exemplo, por meio do cooperativismo3 (Barbosa, 2007). Conquanto a concepção arraigada do neoliberalismo nas políticas públicas brasileiras, mesmo nos governos neodesenvolvimentistas protagonizados por programas sociais, a ES carrega traços de submissão ao capitalismo, buscando atenuar conflitos sociais (Ortega, 2016; Alves et al., 2020).
Esses conflitos sociais, citados pelos autores, refletem uma situação dialética e histórica na relação capital-trabalho, embora representem alternativas que, calcadas na ES, configuram-se paliativos à questão social. Segundo Bertucci (2010), há dois espectros da ES no Brasil: um, em que o Estado, enquanto facilitador de políticas públicas para a ES, teve e ainda tem papel importante como fomentador de subsídios e estímulos aos EES. Outro, que compreende a importância do seu processo emancipatório como forma de reprodução social.
Nesse contexto dialético, histórico e contraditório, Gaiger, Ferrarini e Veronese (2018) evidenciam uma abordagem conceitual do tipo ideal para EES4. Juntamente dos pilares (ou princípios) da ES baseados no Atlas da Economia Solidária de 2005 (Senaes, 2006), o Quadro 1 apresenta os critérios/atributos do tipo ideal para os EES, que sinalizam as formas de atuação desses empreendimentos. Evidencia-se que os critérios/atributos apontados foram utilizados na pesquisa empírica deste estudo.
Critérios/Atributos que caracterizam o tipo ideal para empreendimentos econômicos solidários (EES) baseados nos pilares da economia solidária (ES)
Os EES estarão mais próximos de exercer uma “racionalidade solidária” para uma transformação social, quanto mais conseguirem reunir pontos relacionados aos critérios/ atributos do tipo ideal (compromisso social, atividades econômicas e gestão democrática) e suas caracterizações. “O modelo funciona não como síntese do real, mas como um instrumento cuja validez reside em interpelar a realidade empírica de um ponto de vista julgado adequado e relevante”, conforme Gaiger, Ferrarini e Veronese (2018, p. 146).
Percebe-se, doravante, duas óticas simultâneas para os EES no Brasil e que permitem diferentes análises: (1) critérios que os configuram na ES; e (2) peculiaridades de cada empreendimento. A primeira, embora sujeita a questionamentos, oferece parâmetros legitimados e reconhecidos nacionalmente para a evolução das práticas. A segunda aponta para caminhos de desenvolvimento dos empreendimentos com base em diferenciações e comparações de cada análise, possibilitando reflexões e aproximações com elementos da gestão ordinária na tessitura dos EES, que corroborem práticas para o desenvolvimento territorial local.
3 REFLEXÕES SOBRE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL LOCAL E GESTÃO ORDINÁRIA PARA A ECONOMIA SOLIDÁRIA
Cerca de 20 mil EES são distribuídos no país, conforme o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES), em seu segundo (realizado em 2009) e último (realizado em 2013) mapeamento até o momento. Esse número de EES, juntamente dos dados da pesquisa amostral realizada por Gaiger e Kuyven (2019), tem apresentado não apenas a importância destes EES, mas principalmente as peculiares vinculadas à gestão e ao trabalho dos integrantes e membros destes empreendimentos sociais.
Para Gaiger (2006), essa racionalidade peculiar, quando bem-sucedida e compartilhada pelos membros, apresenta viabilidade, crescimento e estabilidade aos empreendimentos, conduzindo- os a novas sociabilidades quando vinculadas à ES. Isso porque apresentam práticas peculiares e distintas das relações tradicionais de geração de renda, cuja finalidade é propiciar melhores condições de vida ao coletivo. Esse cenário descreve, além da retórica, a práxis social, pois, quando se trata de princípios e valores coletivos que circundam a realidade da ES, geralmente, há um direcionamento de melhoria contínua, de relações com possibilidades e estímulo ao desenvolvimento territorial local. “Quando vivemos relações, processos e características comuns substantivamos elementos identitários em meio à miríade de territorialidades” (Saquet, 2015, p. 33).
Territorialidade, para o autor, apoia-se na identidade, nos conflitos, nas articulações, no (i)material coletivo com e por meio da atuação de sujeitos que vivem e convivem de forma espacializada nos territórios. Estas, portanto, representam possibilidades e estratégias para transformação social na perspectiva local e, a partir daí, escopos multiescalares (Saquet, 2017).
Nesse sentido, o desenvolvimento territorial local se aporta nas territorialidades, que representam a operacionalidade para que o processo de desenvolvimento possa ocorrer. O desenvolvimento, assim, enseja articulações em diferentes níveis escalares para alicerçar as ações no âmbito das políticas municipais, estaduais e nacionais. Contudo, o processo se aporta nas particularidades, as formas peculiares de trabalho, das relações sociais, dentre outras territorialidades, da escala local para a global, e não o inverso (Saquet, 2017).
O processo de desenvolvimento territorial de base local, portanto, é mais efetivo quando há participação e articulações envolvendo vários agentes. Contudo e como apontam Ortega, Cerqueira e Silva (2016), deve-se atentar para que a comunidade local se organize, entenda e pratique ações que congreguem parcerias com governo e outros agentes de transformação. No Brasil, consoante às políticas de desenvolvimento territorial local terem sido estimuladas, principalmente a partir da década de 1990, seu direcionamento neoliberal, combinado com a configuração dos arranjos socioprodutivos locais, não configurou um avanço esperado capaz de mitigar a pobreza e alcançar patamares competitivos (Ortega; Cerqueira; Silva, 2016).
Na realidade brasileira, importante salientar que os EES são apresentados sob três formas: cooperativas, associações e grupos informais. Mesmo as cooperativas, constituídas como a mais antiga forma organizacional e jurídica, algumas mais bem estruturadas que outras, possuem lógicas próprias. Essas lógicas denotam, por um lado, mecanismos administrativos por vezes incompletos e, por outro, possibilidades mais flexíveis e menos onerosas de atuação. A informalidade, por exemplo, “com seus traços limitantes e suas conotações negativas”, ora configura empecilho, ora não, pois “[...] o universo da semiformalidade, no qual o informal e o formal se entrelaçam, criando um espectro contínuo, um padrão misto estrutural persistente”, pode representar oportunidades (Gaiger; Kuyven, 2019, p. 818). Os autores retratam, com isso, que mesmo existindo racionalidade própria ou uma condição semiformal desses empreendimentos, a dimensão racional ou semiformal não compreende a totalidade do fazer e saber cotidiano nestas organizações. Portanto, as discussões sobre gestão ordinária e práticas cotidianas são importantes e geram contribuições para as reflexões sobre a ES e os EES.
Carrieri, Perdigão e Aguiar (2014) destacam que a gestão de muitos empreendimentos é realizada por “pessoas comuns”, cujas formas de saber e fazer escapam aos modelos racionais preestabelecidos. Todavia, o que é feito por essas “pessoas comuns” não seria gestão? Os autores reforçam que, sim, é uma dinâmica de gestão, denominada de gestão ordinária, feita no dia a dia para sobrevivência e como forma de continuar (r)existindo, não obstante os vários obstáculos econômicos, sociais, políticos e ambientais impostos pelo cotidiano.
Certeau (1994) complementa, salientando que “homens inteiros” não são passivos aos sistemas de racionalização e formalização, pois se movem pela astúcia e “subversão silenciosa” nas artes de fazer o cotidiano. Destacada pelo autor, a “subversão silenciosa” é vista sob o olhar da resistência, posto que cria e prolifera mudanças que minam o sistema capitalista ou pelo menos permitem o surgimento de empreendimentos que seguem, em parte, uma regularidade. Nesse contexto, o saber e o fazer são configurações e representações do dia a dia, não se constituindo, contudo, a totalidade das análises para as construções intelectuais que as emanam, apesar de serem ponto de partida para as práticas cotidianas (Certeau, 1994).
Percebe-se, pois, que no âmbito da ES e dos EES, o saber e fazer cotidianos são naturalmente estabelecidos como já destacado, importante compreender, portanto, como a gestão ordinária/ cotidiana dos EES é entendida pelos sujeitos que a vivenciam através dos princípios da ES e os critérios/atributos do tipo ideal para os EES.
4 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA
De cunho qualitativo, este estudo enfatiza a análise de práticas e relação dinâmica entre o mundo real e os sujeitos (Angermuller, 2013). Para o autor, o discurso é uma prática que vincula o sujeito a um panorama social específico, gerando sentidos distintos que dependem do contexto histórico-ideológico em que o sujeito está. Construiu-se, portanto, o discurso do sujeito coletivo (DSC) como método de pesquisa (Lefèvre; Lefèvre, 2005).
Utilizou-se o DSC tanto para a coleta de dados quanto para a construção do discurso propriamente dito, de modo a compreender, pelo olhar do sujeito coletivo, como os princípios da ES constituem-se em elementos da gestão ordinária/cotidiana nos empreendimentos. Para tanto, partiu-se das categorias de análise – os critérios/atributos do tipo ideal para EES descritos no Quadro 1 –, a lembrar: compromisso social, atividade econômica e gestão democrática. A partir desses critérios/atributos, ligados aos princípios da ES, foi possível compreender, por meio do DSC, como os elementos da gestão ordinária são entendidos para os sujeitos participantes da pesquisa. A relação entre os princípios da ES e os critérios/atributos do tipo ideal para EES está apresentada no Quadro 1 deste estudo.
A coleta de dados para a construção do DSC constituiu-se por entrevistas semiestruturadas com catadores de materiais recicláveis, durante um ano (janeiro de 2018- janeiro de 2019), que constituem um dos coletivos assessorados pelo Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (CIEPS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além dos coletivos de catadores, o CIEPS também congrega outros setores com a proposta da economia popular solidária, por exemplo, agricultura familiar em transição agroecológica (CIEPS, 2022).
Foram entrevistados um total de 11 (onze) sujeitos5, entre associados/cooperados e gestores dos EES, escolhidos por conveniência. Dos participantes, cinco são mulheres, com idade entre 35 e 63 anos, e seis são homens na faixa etária entre 26 e 66 anos. Oito participantes possuem ensino fundamental incompleto; um possui ensino fundamental completo; um, ensino médio incompleto; e um é gestor do empreendimento A3, com ensino superior completo. Os entrevistados executam as seguintes funções: prensa, triagem, tesoureiro, presidente e analista financeiro. Para melhor compreensão (Quadro 2), a caracterização dos participantes da pesquisa, a saber: 1 (uma) cooperativa (C1) e 3 (três) associações (A1, A2 e A3).
Após a transcrição das entrevistas, os dados foram organizados em quadros, conforme expressavam informações sobre os critérios/atributos do tipo ideal para EES (compromisso social, atividade econômica, gestão democrática). As informações coletadas nas entrevistas foram expostas em quadros construídos no Microsoft Word e separadas, afunilando-se das mais genéricas até as mais específicas, com o propósito de sintetizar o discurso do coletivo.
O tratamento dos dados, conforme Lefèvre e Lefèvre (2005), seguiu a ordem: (i) Expressões- Chave (E-Ch), informações faladas pelos sujeitos que permitiram a captação da essência do discurso; (ii) Ideias Centrais (IC), denominações linguísticas, informações agrupadas pela similaridade de fala dos sujeitos, a partir das E-Ch; e (iii) Ancoragens (AC), expressões nas falas dos sujeitos que se repetiam, vinculando as ICs às categorias de análise.
Por fim, foi realizada a redação discursiva a partir de fragmentos de falas dos sujeitos entrevistados (ancoragens – AC), considerando-se semelhanças e diferenças nos discursos. Esses fragmentos ou ancoragens revelaram as especificidades de uma construção coletiva, conforme Gondim e Fischer (2009), em relação às categorias e peculiaridades de cada dimensão de análise. No processo de organização e sistematização dos DSC, foram empregadas somente correções ortográficas, sem alterar o sentido do discurso. Foram empreendidas as considerações de Angermuller (2013), verificando não apenas a construção histórico-ideológica, mas também as peculiaridades tratadas por Gaiger, Ferrarini e Veronese (2018).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos resultados deste estudo baseou-se no construto teórico emanado pelos princípios da ES e os critérios/atributos do tipo ideal para EES. Três grupos – compromisso social, atividade econômica, gestão democrática – sinalizam dimensões maiores, que, compostas por caracterizações em menor grau, indicam o caminho de construção para interpretações e análises.
5.1 Discurso do sujeito coletivo na dimensão “compromisso social”
A primeira dimensão, denominada “compromisso social”, revela três critérios/atributos de análise para a construção dos DSC: (i) intercooperação técnica; (ii) articulação entre o social e o econômico; (iii) ações balizadas por fatores ético e econômico. A intercooperação técnica estabelece estímulo à solidariedade e melhoria do bem-estar das pessoas, dentro e fora dos empreendimentos. Nesse quesito, a “racionalidade própria” como peculiaridade, apresentada por Gaiger e Kuyven (2019), denota que o universo dos catadores é envolvido pelo sentido de que o bem-estar vem da valorização do trabalho de catador e da contribuição ao meio ambiente.
A articulação entre as dimensões social e econômica, sem que uma predomine sobre a outra, foi percebida de maneira que não há uma predominância de dimensão sobre a outra, ou seja, para o coletivo, a distribuição dos ganhos está ligada não à condição social, mas à quantidade produzida por cada catador. Não obstante a importância da cooperação (coletiva) para uma maior produção, a divisão dos ganhos ainda está concentrada no trabalho individual e não coletivo, representando, com isso, uma contradição.
A compreensão das ações dos sujeitos por meio dos dois balizadores – ético e econômico – expõe que o discurso está contido na condição de desvalorização do trabalho, já que, para o coletivo, a proatividade geraria mais conhecimento e, consequentemente, mais espaço e mais reconhecimento. Em outras palavras, o reconhecimento por parte do poder público, por exemplo, é um dos pontos que tendem a potencializar produtividade do coletivo e valorizar sujeitos e cidadãos (Bertucci, 2010). No balizador econômico, o discurso revela a importância da geração de trabalho e renda, embora condicionada à semiformalidade apontada por questões como ausência de carteira assinada e ganhos individuais e não coletivos (quem trabalha mais ganha mais). Essa peculiaridade denota um elemento de racionalidade organizacional própria, uma vez que os empreendimentos não atuam com mecanismos tradicionais de contratação e remuneração de trabalhadores. O DSC construído na dimensão “compromisso social” está apresentado no Quadro 3.
Na dimensão “compromisso social”, compreendida pelas caracterizações de trabalho e princípios da ES, a prática é tomada de forma peculiar nos EES. Identifica-se que o suporte do CIEPS é importante no sentido de transmitir e sedimentar os princípios da ES, ainda que o DSC revele construção nos entremeios das peculiaridades. Há o entrelace das vertentes individual e coletiva, haja vista que as ações individuais (divisão dos ganhos pelo volume da produção) predominam sobre as coletivas. Pergunta-se, entretanto: isso fere os princípios da ES? Talvez. Contudo, o importante para o EES é que o coletivo seja capaz de gerar vida digna aos seus participantes. Percebe-se ainda que, a despeito de vivenciarem condições difíceis como ganhos financeiros, há a possibilidade de união e distribuição destes mesmos ganhos pelo bem do coletivo. A ideia da gestão ordinária, proposta por Carrieri, Perdigão e Aguiar (2014), é percebida, assim, como a compreensão dos critérios/atributos de análise no cotidiano de trabalho dos sujeitos, como revela Certeau (1994).
5.2 Discurso do sujeito coletivo na dimensão “atividade econômica”
A segunda dimensão, “atividade econômica”, apresenta também três critérios/atributos de análise para a construção do DSC: (i) operações de produção, comercialização, consumo, manutenção e continuidade do empreendimento; (ii) compreensão da economia em sentido amplo, ou seja, elementos da rotina de trabalho coletivo; (iii) processos de trabalho coletivo e recursos. Nas operações de produção e continuidade do empreendimento, percebe-se a importância do papel da prefeitura, não apenas no estímulo para constituição dos EES, mas também na sustentação da atividade econômica (Bertucci, 2010). Há, também, dependência da figura do atravessador para a comercialização dos materiais coletados.
Em relação à sustentabilidade financeira (continuidade), verifica-se que os EES não se constituem como empreendimentos rentáveis, principalmente pela dependência da ação municipal que, por lei, impede a coleta de materiais por conta própria (Barbosa, 2007; Alves et al., 2020). Há necessidade de ampliação da coleta seletiva pela prefeitura e maior reconhecimento dos catadores por parte do poder público. Nesse caso, a falta de articulação entre vários agentes dificulta direcionamento para o desenvolvimento territorial local, conforme apontam autores como Saquet (2021) e Ortega, Cerqueira e Silva (2016). Contudo, há valorização do trabalho, catador, quando o sujeito ingressa no empreendimento, apesar de se enfatizar, concomitante, o discurso da desvalorização do trabalho. Uma particularidade foi identificada, há reserva financeira, apesar do alto patamar de gastos para o empreendimento.
Os elementos da rotina de trabalho não se limitam apenas aos bens coletados e serviços gerados. Enfoca-se a divisão dos ganhos, no sentido de mostrar a importância do equilíbrio na quantidade de materiais entregues aos EES para o trabalho, pois um catador pode se beneficiar do trabalho de outros catadores. Denota-se, aqui, a contradição do individual sobre o coletivo, pois o trabalho coletivo permite a divisão igualitária; contudo, a questão da produtividade é também presente no discurso. Percebe-se, contudo, o sentido do coletivo na gestão ordinária, já que é importante a divisão dos rendimentos pela quantidade de materiais coletados, bem como o sentido de equidade na divisão das atividades para não sobrecarregar ninguém.
O processo de trabalho coletivo em relação aos recursos existentes denota uma contradição, o discurso retrata a consciência da divisão do trabalho, embora a aponte como não existente; não obstante, salienta a dificuldade de mudança de cargo, só ocorrendo em situação de vacância. Dessa maneira, observa-se uma peculiaridade da gestão ordinária tanto na questão de mudança de cargo quanto no planejamento para a execução das atividades, pois o aprendizado só ocorre pela observação, ou seja, no acompanhamento do que o outro catador faz. As peculiaridades ocorrem, portanto, tanto no segundo quanto no terceiro critério/atributo de análise, refletindo o sentido de gestão ordinária de Carrieri, Perdigão e Aguiar (2014), visto que esta é realizada por “pessoas comuns”, e escapam aos modelos racionais preestabelecidos. O DSC construído na dimensão “atividade econômica” está apresentado no Quadro 4.
Nesta dimensão, “atividade econômica”, o DSC se relaciona diretamente ao cotidiano de trabalho dos catadores. As contradições e peculiaridades se evidenciam no entrelace das questões de sobrevivência e exercício das atividades. Conforme Gaiger, Ferrarini e Veronese (2018), tais peculiaridades se conjugam pela tênue configuração dos EES e necessidade de lidar com duas questões concomitantemente, a social e a econômica. Destaca-se, com isso, o olhar de Certeau (1994) na denominação “subversão silenciosa”, pois os EES seguem, em parte, a regularidade dos empreendimentos capitalistas, embora de forma contraditória, o que imprime um diferencial e a manutenção da vertente social, mesmo que de forma cambiante.
5.3 Discurso do sujeito coletivo na dimensão “gestão democrática”
A terceira dimensão, “gestão democrática”, possui dois critérios/atributos de análise: (i) deliberações e participações dos membros; (ii) participação democrática/igualitária dos membros. Quanto às questões como deliberações e participações dos membros, bem como a não dependência de organizações e agentes externos para o exercício da gestão, o discurso evidenciou o trabalho em grupo, no sentido empreendedor do negócio, em que os sujeitos se sentem donos dos empreendimentos e todas as decisões são tomadas em assembleia (Gaiger; Ferrarini; Veronese, 2018). Há não passividade aos sistemas de racionalização e formalização (Certeau, 1994), ainda que haja a peculiaridade de se ter uma gestão mais “profissional”, por meio da formação acadêmica e profissional de membros internos ou externos ao empreendimento.
Como oportunidade, corrobora-se em Saquet (2021) o direcionamento de melhoria contínua, de relações juntas, com possibilidades e estímulo ao desenvolvimento territorial local. Como limitador, percebe-se a pouca capacidade para articulação local, o que impele barreira para a construção de políticas públicas descentralizadas, aportadas estrategicamente em ações de desenvolvimento territorial local, como apontam Ortega, Cerqueira e Silva (2016).
As formas de ingresso e o processo de adaptação ao trabalho são identificados de maneira peculiar quando da chegada de novos membros, acolhidos pelo caráter identitário e que passam por período de experiência. Embora ser um esquema constituído também por organizações capitalistas, o EES se diferencia em duas vertentes. A primeira positiva, pois não há existência de chefe ou patrão para determinar o que deve ser feito; a segunda negativa, pois não havendo um trabalho com carteira assinada, a saída de um membro do empreendimento é semelhante ao seu ingresso, sem nenhum recurso financeiro adicional.
Há participação democrática dos membros, no sentido de que cada um, independentemente do trabalho ou da quantidade de material coletado, possui o mesmo poder de voto nas assembleias. Nesse ponto, o DSC aponta a importância da condição “um membro, um voto” (OCB, 2022), característica marcante da ES e dos ESS.
O DSC construído na dimensão “gestão democrática” está apresentado no Quadro 5.
Na “gestão democrática”, evidencia-se a caracterização do cooperativismo, prezando pela participação dos sujeitos e objetivos comuns, reforçando elementos da gestão ordinária no cotidiano coletivo dos catadores quanto à forma de fazer e organizar o trabalho de maneira conjunta. Dessa forma, entende-se que a “gestão democrática” é necessária, mesmo evidenciando o discurso da gestão formal e profissional dos empreendimentos. Entende-se que tal fato pode hierarquizar as relações com possibilidades mais rentáveis e produtivas influenciadas por condições externas, quais sejam, agentes e estruturas públicas ou privadas.
Contudo, ressaltando-se os elementos da vida cotidiana do coletivo (Certeau, 1994), a importância dos princípios da ES e os critérios/atributos do tipo ideal para EES, entende- se, também, que tal fato não reforça nem projeta uma racionalidade administrativa ou de formalização, mas pode direcionar caminhos para o desenvolvimento territorial local, mesmo nos vieses do capitalismo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do discurso do sujeito coletivo (DSC), como método escolhido para este estudo, algumas questões servem para reflexões futuras e respondem positivamente à inquietação de pesquisa, mostrando que os elementos constituídos cotidianamente no processo de gestão ordinária dos empreendimentos econômicos solidários (EES) os permitem atuar de maneira própria nos entremeios da lógica capitalista dominante.
Os elementos de gestão ordinária podem, também, representar direcionamento para que transformações sociais apontem caminhos para um desenvolvimento territorial local. Contudo, atualmente, ainda representam limitadores para que este ocorra de maneira efetiva, com articulações de agentes em nível local e, posteriormente, escalares. Entende-se que as formas peculiares de atuação dos empreendimentos, reveladas pelos elementos da gestão ordinária, são efetivadas pelo modo de fazer e agir de cada organização, permeados por questões de ordem social concomitantemente a questões de ordem econômica.
As práticas evidenciam valores como solidariedade, trabalho conjunto, união, participação democrática, divisão de tarefas, entre outros, sustentados e mantidos por intercooperação técnica pelo coletivo de catadores de material reciclável, em Uberlândia, MG. Com o apoio do CIEPS da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que proporciona assistência psicológica e oferta de cursos no âmbito do processo de incubação, evidenciam-se elementos como a valorização do trabalho do catador e o bem-estar, possibilitando a inclusão daqueles que não possuem renda, bem como a preservação do meio ambiente. Isso faz com que os EES se diferenciem da racionalidade vinculada aos vieses do capitalismo, haja vista que estes prezam pela dignidade humana com possibilidades de sustento da família, mesmo sem o reconhecimento amplo e almejado do trabalho do catador de recicláveis.
O cooperativismo é imbuído do sentimento da coletividade, especialmente nas decisões tomadas em assembleias, em que a participação democrática dos membros é mantida, independentemente da produtividade no trabalho, ou seja, a cada um dá-se o mesmo poder de voto. A despeito da existência dos elementos da gestão ordinária, estes se apresentam ora como oportunidade, ora como limitadores. Como oportunidade, enxerga-se que, por meio do coletivo, a consciência de movimento social serve de estímulo para que os EES continuem existindo, preservados por suas lógicas próprias, quesito que direciona melhoria contínua, de relações juntas, com possibilidades e estímulo ao desenvolvimento territorial local como limitadores. Verifica-se que os EES creditam seu futuro em mecanismos de profissionalização da gestão, seja pela formação acadêmica e profissional de membros internos, seja pela contratação de gestores externos. Contudo, percebe-se que a pouca capacidade para articulação local impele barreira para a construção de políticas públicas descentralizadas, por exemplo.
Conquanto o contexto capitalista, reforça-se contribuição importante pela identificação da existência de práticas de gestão ordinária nos EES, embora esta pesquisa tenha se limitado ao universo de catadores de recicláveis. Pelo estudo, corrobora-se o fato de que os EES se mantêm (ou resistem) por meio de práticas cotidianas coletivas, as quais suprem vida digna ao coletivo. Contudo, haja certo nível de racionalização organizacional, existe pouca articulação externa e coletiva, o que enseja dificuldade para transformações sociais de fato e direcionamento para o desenvolvimento territorial local.
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O cooperativismo, desde o início de sua efetivação no Brasil, define-se como “modelo de negócios [...] quando pessoas se juntam em torno de um mesmo objetivo, em uma organização onde todos são donos do próprio negócio” (Organização das Cooperativas do Brasil [OCB], 2022, s.p.).
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O tipo ideal, apresentado pelos autores, é baseado no método weberiano dos tipos ideais como forma de análise de uma situação social, uma construção social da realidade, não a realidade em si, tampouco o pressuposto do que seria o modelo exemplar da realidade. “O tipo ideal reúne um conjunto de aspectos atinentes a uma classe de fenômenos [...]. Seria impossível investigar temas relacionados a noções como capitalismo, democracia ou justiça, sem um modelo teórico de referência” (Gaiger; Ferrarini; Veronese, 2018, p. 147).
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Apesar de Lefèvre e Lefèvre (2005) direcionarem o método DSC para grupos sociais e grande quantidade de dados, as análises se saturam quando há repetições de falas a partir das categorias elencadas para a análise. Salienta-se que, no caso deste estudo, especificamente, houve teste piloto e, nas entrevistas-teste, já haviam sido identificadas repetições de falas. Em virtude disso, optou-se por permanecer com o método.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
30 Jun 2025 -
Data do Fascículo
Jan-Dec 2025
Histórico
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Recebido
07 Mar 2024 -
Revisado
05 Nov 2024 -
Aceito
10 Nov 2024
