Elementos de la gestión cotidiana y el desarrollo local: la voz del colectivo de recicladores de materiales en Uberlândia, MG

Vasconcelos, Andrea Costa Van Herk; Oliveira, Márcia Freire de; Mendes, Luciano; Oliveira, Camila Maria de

doi:10.20435/inter.v26i1.4401

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Artigos • Interações (Campo Grande) 26 • Jan-Dec 2025 • https://doi.org/10.20435/inter.v26i1.4401 linkcopiar

Elementos de la gestión cotidiana y el desarrollo local: la voz del colectivo de recicladores de materiales en Uberlândia, MG

Autoría SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumen

Experiencias, sociabilidades alternativas y nuevas formas de gestión, generalmente localizadas, han ganado protagonismo en los debates en torno a la temática del desarrollo, especialmente porque representan una condición transformadora y diferenciada en la generación de trabajo e ingresos. En este contexto, el objetivo de este trabajo fue comprender, a partir del colectivo de recolectores de materiales reciclables, la implementación de los principios de la economía solidaria (ES) en la gestión ordinaria/cotidiana y en el desarrollo local de cuatro emprendimientos económicos solidarios (EES) ubicados en la ciudad de Uberlândia, MG. La investigación se caracterizó como cualitativa, realizada a través de entrevistas semiestructuradas con recolectores de materiales reciclables. El análisis de estas entrevistas se llevó a cabo a través del Discurso del Sujeto Colectivo (DSC). Como resultado, se observó que, mediante el compromiso social, la actividad económica y la gestión democrática, los EES desempeñan un papel importante en el desarrollo local, especialmente en lo que respecta al compromiso social y la actividad económica. Además, mantienen los principios de la ES en cuanto al compromiso social y la gestión democrática de los emprendimientos. A pesar de algunas particularidades, en el proceso de gestión ordinaria, los recolectores contribuyen al desarrollo local y a la difusión de los principios de la ES, que desempeñan un papel integrador y proporcionan una vida digna a estos trabajadores.

Palabras clave
economía solidaria; emprendimientos económicos solidarios; gestión ordinaria; desarrollo local; colectivos de recicladores

Pilares da ES	Critérios / Abordagem para ES	Critérios / Abordagem para EES	Critérios/Atributos do tipo ideal para EES
Cooperação	- Interesses e objetivos comuns. - União de esforços e capacidade. - Propriedade coletiva ou parcial dos bens. - Partilha dos resultados. - Responsabilidade coletiva diante de dificuldades.	- Organizar-se para defender coletivamente direitos e interesses. - Vínculos com outras organizações, observando princípios de equidade, colaboração e justiça. - Engajamento institucional para reconhecimento público das demandas do empreendimento.	Compromisso Social - Intercooperação técnica com estímulo à solidariedade generalizada enfocando a melhoria do bem-estar das pessoas vinculadas ao empreendimento e da comunidade no entorno. - Articulação entre a dimensão social e a econômica sem a predominância de uma sobre a outra. - Ações vinculadas às circunstâncias, ora como balizador ético de suas práticas, ora ainda como um princípio justificador da atividade econômica.
Solidariedade	- Justa distribuição dos resultados e a melhoria das condições de vida dos participantes. - Comprometimento saudável com o meio ambiente e com a comunidade. - Promoção de movimentos emancipatórios para o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras, consumidores e consumidoras.	- Resultados excedentes das atividades econômicas para a remuneração dos membros e/ou melhorias no empreendimento e entorno. - Auxílio a pessoas carentes (renda e recursos) – parte social da cooperação. - Engajamento em causas específicas, como o combate à pobreza e às desigualdades de gênero, a defesa de povos e comunidades tradicionais e o desenvolvimento local. - União para construir alternativas sociais emancipatórias com posicionamento crítico de ações.
Atividade econômica	- Viabilidade coletiva para produzir, prestar serviços e efetivar a relação produção, comercialização e consumo. - Realização de atividades de natureza econômica com a finalidade da continuidade do empreendimento. - Produção de bens, comercialização e prestação de serviços pelos membros.	- Geração de formas que garantam a continuidade da atividade econômica. - Reconhecimento dos custos e dos riscos, sem depender de aportes externos, cuja disponibilidade escape ao controle. - Propriedade comum, ou em parte, do recurso financeiro para as atividades econômicas. - Não permitir a divisão social do trabalho (separação entre gestores e executores, trabalhadores intelectuais e manuais). - Não depender da colaboração de voluntários ou da força de trabalho assalariada, devido à natureza utilitária de tais relações.	Atividade Econômica - Operações econômicas para produção, comercialização e consumo, ou prestação de serviços para a manutenção e continuidade do empreendimento. - Compreensão da economia em sentido amplo, sem se limitar a bens e serviços produzidos para o mercado e sem descartar atividades não monetárias. - Envolvimento de trabalho coletivo (planejamento, deliberações, execução) e recursos para a sua realização.
Autogestão	- Exercício de práticas participativas nas definições de estratégias e nos processos de trabalho dos empreendimentos. - Participação dos membros na direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses.	- Garantia de administração e participação dos membros na direção e coordenação do empreendimento. - Eleição livre e direta dos dirigentes; renovação periódica do quadro diretivo; regularidade de consultas e reuniões decisórias. - Igualdade de poder de decisão entre os membros, independentemente das quotas de capital ou de suas operações econômicas. - Participação dos membros de forma igualitária, sem desigualdade social, de gênero, raça e etnia.	Gestão Democrática - Garantia de deliberações e participação pelo conjunto de membros, sem a interdependência em relação a organizações e agentes externos. - Adoção do princípio clássico “um sócio, um voto” e a participação igualitária de membros homens e mulheres.

EES	DESCRIÇÃO
C1	Fundada em 28/06/2003, sob a forma de sociedade cooperativa, possui atualmente 10 famílias cooperadas. É regida no seu estatuto pelos valores e princípios da Economia Solidária e os dispositivos legais do cooperativismo.
A1	Fundada em 25/01/2007 com a perspectiva de contribuir para o fortalecimento da categoria dos catadores de materiais recicláveis, atuantes na cidade de Uberlândia, MG. Possui 30 associados.
A2	Constituída em 14/05/2011, a associação é composta por pessoas que se uniram voluntariamente para satisfazer necessidades econômicas, sociais e culturais em comum, baseando-se nos deveres de ajuda mútua, democracia, igualdade, solidariedade, transparência, responsabilidade social e preocupação com o meio ambiente e com seu semelhante.
A3	Fundada em 07/09/2010, associação civil de caráter cristão evangélico com personalidade jurídica de direito privado e sem fins lucrativos, possui 23 filiados. A ideia da associação é acolher pessoas em situação de risco, procurando inseri-las no mundo do trabalho por meio da inserção no campo da reciclagem de resíduos sólidos.

COMPROMISSO SOCIAL
Critério/atributo de análise	Intercooperação técnica com estímulo à solidariedade generalizada enfocando a melhoria do bem-estar das pessoas vinculadas ao empreendimento e da comunidade no entorno.
DISCURSO: Papel do EES na sociedade.
Valorizar um catador de rua, trazê-lo para o EES e dar condições para ele ter uma qualidade de vida. Além da questão ambiental, de contribuir com o meio ambiente, tem a questão social, ter um lugar fixo para trabalhar sem tomar chuva, sol. Se ficar doente, todos se juntam e tentam ajudar. É uma forma de gerar trabalho e renda para as pessoas com mais dificuldade para ingressar no mercado de trabalho. Então, além do serviço que faz para a sociedade, é uma inclusão social para pessoas que não têm renda. Peculiaridade: Através do CIEPS, temos acompanhamento psicológico dos alunos da psicologia que nos atende. O EES, com o CIEPS, também tem parceria com o SEBRAE, com a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ACIUB), às vezes tem algumas oficinas para aumentar o conhecimento.
DISCURSO: Conquistas a partir do trabalho.
Conseguimos nos manter, ajudar em casa, pagar aluguel e comer. É importante a questão da renda, mas também do reconhecimento do trabalhador como cidadão. O trabalho do catador como associado é um serviço digno como qualquer serviço. Estamos formando uma família, a consequência é um melhor rendimento e condições de trabalho. Tudo vem com o nosso trabalho, da nossa união aqui dentro, orgulho da associação, do catador.
Critério/atributo de análise	Articulação entre a dimensão social e a econômica sem a predominância de uma sobre a outra.
DISCURSO: Distribuição dos ganhos.
Quem produz mais ganha mais, não dá muito não, o que a gente está tirando dá, mas pode melhorar. Quanto mais produzir mais você ganha, mas é mais coletivo do que individual, quanto mais unidos estivermos mais iremos ganhar. Na hora que precisa de todo mundo vai dando certo. Peculiaridade: 80% dos ganhos são distribuídos e o EES recebe 20%.
Critério/atributo de análise	Ações vinculadas às circunstâncias, ora como balizador ético de suas práticas, ora, ainda, como um princípio justificador da atividade econômica.
DISCURSO: Balizadores social e econômico.
A nossa classe de catadores de materiais recicláveis é uma classe explorada, é uma classe que não tem valor, ela é vista à margem da sociedade. Automaticamente, a gente conseguindo um pouco mais de conhecimento, sendo mais proativo, conseguimos fortalecer o grupo. Primordial é ter seu próprio espaço para trabalhar porque nós somos donos do negócio. A ideia de ser um empreendimento que gera emprego, renda e é sustentável. Precisa de alguns incentivos, mais material, equipamentos para as pessoas, precisa ser reconhecido como cidadão. Peculiaridade: Tudo pela produção, o que você fizer, você ganha, o que você não fizer você não ganha. Uns ganham mais, outros ganham menos, quem trabalhou mais vai receber mais. Não possui carteira assinada.

ATIVIDADE ECONÔMICA
Critério/atributo de análise	Operações econômicas para produção, comercialização e consumo, ou prestação de serviços para a manutenção e continuidade do empreendimento.
DISCURSO: Coleta de lixo e destinação dos materiais.
A prefeitura recolhe o material nos bairros e traz para a gente. O caminhão da prefeitura recolhe nos bairros, de porta em porta. Há a parceria com o poder público municipal, que a prefeitura implementou. A cidade de Uberlândia e a prefeitura abriram as portas para as cooperativas e associações. Na maioria das vezes, a prefeitura doa o material e o maquinário. Para a comercialização, o foco é a indústria, mas, como precisamos de fundo de caixa, ainda dependemos do atravessador.
DISCURSO: Autossustentabilidade.
Acho que não é autossustentável, tem muito gasto. A gente não consegue manter a associação com os ganhos. Se a prefeitura não mudar a questão da coleta ou se não pagar as associações pelo serviço prestado, ela corre o risco de, no futuro, não existir coleta seletiva. Os EES não podem fazer coleta seletiva por conta própria, é uma lei. Peculiaridade: Apesar dos gastos, da redução no preço do material reciclável, do pouco material entregue pela prefeitura, agora temos uma reserva.
DISCURSO: Realidade econômica.
Precisamos receber mais material ao invés de rejeitar, a prefeitura precisa conscientizar melhor a população. Precisamos ter mais valor, somos pouco reconhecidos pela sociedade e o primeiro passo é o reconhecimento dos catadores prestadores de serviço. Peculiaridade: A realidade vai mudar quando deixarmos o atravessador. A gente também precisa fazer novas parcerias, ter um fluxo de caixa e ser mais valorizado pela prefeitura.
Critério/atributo de análise	Compreensão da economia em sentido amplo, sem se limitar a bens e serviços produzidos para o mercado e sem descartar atividades não monetárias.
DISCURSO: Modo de trabalho.
Todo mundo trabalha junto e dividir o dinheiro igualmente não dá certo porque um “encosta” no outro. A melhor forma de trabalhar é por produtividade. Peculiaridade: O coletivo é melhor, aqui faz igual, mas nem todos têm o mesmo ritmo de trabalho, todos precisam pensar igual e planejar para melhorar.
Critério/atributo de análise	Envolvimento de trabalho coletivo (planejamento, deliberações, execução) e recursos para a sua realização.
DISCURSO: Execução das atividades.
Não tem divisão do trabalho, não tem critério para a divisão das tarefas, cada um faz um pouco de tudo, a gente sempre está pronto para ajudar. O aprendizado é no dia a dia e por observação e acompanhamento, a gente coloca a pessoa para observar uma outra mais rápida e ela vai pegando o ritmo. Não precisa falar, só explicar, a pessoa que já trabalha há mais tempo explica e a gente vai pegando prática. Mas não é fácil estar numa reciclagem hoje em dia, sempre trabalhamos sujos, temos que tomar cuidado, sempre com luvas e EPIs. Estamos lutando, querendo chegar numa vitória em que todos estejam bem. Peculiaridade:* Em relação à execução do trabalho, tem-se a coleta, triagem e prensa. Mudar de cargo só é possível se alguém sair daquele cargo e você quiser assumir.

GESTÃO DEMOCRÁTICA
Critério/atributo de análise	Garantia de deliberações e participação pelo conjunto de membros, sem a interdependência em relação a organizações e agentes externos.
DISCURSO: Decisões e deliberações.
Trabalhamos em grupo, tomamos conta do EES e nos sentimos parte e donos. Todas as decisões são tomadas em assembleia. Peculiaridade: Pensa-se formar pessoas de dentro para fazer a administração; quanto mais pessoas, melhor. Podemos contratar pessoas de fora para administrar em regime de CLT, mas não é usual.
DISCURSO: Forma de ingresso no EES e adaptação ao trabalho.
Tem que estar ligado à reciclagem, explicamos como funciona o EES, elas leem o estatuto e o regimento para saber dos direitos e obrigações. A pessoa tem três meses para ver se quer continuar e para a diretoria avaliar o desempenho. Peculiaridade: Em outros lugares (emprego com carteira assinada) era mais difícil, muitos chefes, se o patrão não gostasse mandava embora. Aqui a gente fica mais à vontade, a pessoa que faz, ninguém pega no pé, ninguém manda em ninguém. A desvantagem é que, quando sai, sai sem nada, tem que produzir muito para ter renda satisfatória.
Critério/atributo de análise	Adoção do princípio clássico “um membro, um voto” e a participação igualitária de membros homens e mulheres.
DISCURSO: Método de trabalho.
Entendemos que o cooperativismo e o associativismo são os melhores métodos, são participativos, todo mundo participa. Todos sabem o que acontece, todos participam da tomada de decisão. Seguimos o estatuto e o regimento interno.

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[TFN1] Fonte: Adaptado de Senaes (2006) e Gaiger, Ferrarini e Veronese (2018).