Open-access FICÇÃO TELEVISIVA SERIADA E O (IN) CONTESTÁVEL RECURSO A ESTEREÓTIPOS

La ficción televisiva seriada y el uso (in)discutible de los estereotipos

RESUMO

O presente artigo debruça-se sobre o uso de estereótipos nas produções ficcionais seriadas, em Portugal. O objetivo deste trabalho é compreender se esta ferramenta representativa reproduz ou desafia os padrões sociais presentes nos territórios portugueses, explorando quais as intenções do seu uso e a sua recetividade. Para tal, procede-se à análise de conteúdo das personagens principais e secundárias das produções “A Serra” (SIC) e “Bem-Vindos a Beirais” (RTP1) e à aplicação de um grupo de discussão com telespectadores nacionais. A conclusão desta pesquisa expõe a inevitabilidade, mas também a crescente contestabilidade do recurso a estereótipos na construção destas narrativas televisivas.

Palavras-chave
Telenovelas; Estereótipos; Televisão; Realidade; Identificação

ABSTRACT

This article looks at the use of stereotypes in serialized fictional productions in Portugal. The aim of this work is to understand whether this representational tool reproduces or challenges the social patterns present in portuguese territories, exploring the intentions behind its use and its receptiveness. To this end, a content analysis was carried out of the main and secondary characters in the productions “A Serra” (SIC) and “Bem-Vindos a Beirais” (RTP1), and a focus group was held with national viewers. The conclusion of this research exposes the inevitability, but also the growing contestability, of the use of stereotypes in the construction of these television narratives.

Key words
Soap operas; stereotypes; television; reality; identification

RESUMEN

Este artículo analiza el uso de estereotipos en las producciones de ficción seriada en Portugal. El objetivo de este trabajo es comprender si esta herramienta de representación reproduce o cuestiona los patrones sociales presentes en los territorios portugueses, explorando las intenciones que subyacen a su uso y su receptividad. Para ello, analizamos el contenido de los personajes principales y secundarios de las producciones “A Serra” (SIC) y “Bem-Vindos a Beirais” (RTP1) y realizamos un focus group con espectadores nacionales. La conclusión de esta investigación expone la inevitabilidad, pero también la creciente impugnabilidad, del uso de estereotipos en la construcción de estas narrativas televisivas.

Palabras clave
Telenovelas; Estereotipos; Televisión; Realidad; Identificación

Introdução

O termo “estereótipo” 1 resulta da adição dos termos “steros” com “typos”, o que perfaz o mote de “impressão sólida” ou “fixa” (FERNANDES, 2019; CABECINHAS, 2012; FREITAS, 2012 & SALVADOR, 2022). Esta designação coincide com a rigidez e cristalização de conceitos que caracteriza os estereótipos, já que são ferramentas de representação de difícil modificação (os estereótipos tendem a ser passados de geração em geração).

Os estereótipos são, também, entendidos como formulações prévias, impelindo diversas significações e influenciando amplamente as crenças e perspetivas dos cidadãos. Porém, Lippmann [1922] (2021) explica que os estereótipos, não só influenciam as crenças dos indivíduos, como são influenciados por elas. Tal acontece porque os estereótipos resultam dos sistemas de valores dos indivíduos e da forma como estes enxergam o que os rodeiam e o “grupo dos outros”. Por outras palavras, segundo Lippmann [1922] (2021), falar em estereótipos é falar em enviesamentos da realidade – “não vemos primeiro para depois definir, mas primeiro definimos e depois vemos” (LIPPMANN, [1922] 2021, p. 85). Para o autor, os enviesamentos da realidade são, pois, provocados por imagens mentais que são tendencialmente mais rígidas com pessoas ou grupos com os quais os indivíduos não têm contacto, o apelidado “grupo dos outros”. O olhar do observador está sempre interligado com as suas crenças e sistemas de valores pelo que, tudo o que rodeia os indivíduos é, por ele, interpretado à luz do que conhece.

O processo de estereotipização revela-se, na maioria dos casos, redutor e simplista. Neste processo, os indivíduos pegam em denominadores comuns ou em características semelhantes a várias pessoas ou realidades, generalizando-os. Assim, os estereótipos podem ser formulados tendo em conta “retratos modelo” ou podem ser definidos “com base em aspetos psicológicos ou físicos, em termos comportamentais e de ação ou mesmo de discussão” (FERNANDES, 2019, p. 72). Para Baccega (1998), os estereótipos associam-se à conformidade uma vez que, o que as pessoas procuram é a aceitação do outro, a orientação da vida e a garantia do êxito – “são os tipos aceites, os padrões correntes, as visões padronizadas” (BACCEGA, 1998, p. 8).

A simplificação e generalização das características de um determinado grupo relaciona-se com a economia de esforço desenvolvida pelos indivíduos. Lippmann [1922] (2021) alude que a escassez do tempo, vivida na atualidade, não permite o aprofundamento das relações sociais, havendo um défice de intimidade entre os pares, o que impele o recurso, codificação e descodificação de estereótipos.

A tendência para a universalização de características particulares leva a uma relação de poder (CABECINHA, 2005; GOMES & ROSA, 2007; CABECINHA, 2012; SCHORR, 2011; RUY. 2014 & SALVADOR, 2022), entre a fação dominante (com características comummente aceites) e a fação dominada (cujas particularidades são diferentes das esperadas ou conhecidas). Note-se, contudo, que esta divisão social incita um olhar homogéneo e superficial em relação ao “grupo dos outros” – observado, muitas vezes, com aversão, distância e descrédito. Tal altivez pode levar a formulação de perceções falsas, desvirtuosas ou inexatas acerca desse conjunto de pessoas. Apesar da desvantagem apontada, a existência de um grupo antípode ao “grupo de pertença”, possibilita a formação de uma identidade social pois ajuda “o individuo a organizar e simplificar as informações sociais”, serve “como guia para ação em circunstâncias apropriadas”, protege “os sistemas de valores dos indivíduos”, justifica a tomada de determinadas posições e serve como diferenciadores positivos dos grupos de pertença (Cabecinhas, 2002, pp. 3-4).

No fundo, os estereótipos são um recorte da realidade ou um desvio do real e surgem de preconceitos ou juízos prévios. Cada indivíduo contacta com estereótipos desde que nasceu, continuando a desenvolvê-los ao longo da vida. São uma forma de simplificar e classificar pessoas conforme as suas marcas ou características.

Estereótipos na televisão

A televisão influencia as “visões, objetivos e tomadas de posição” (FARIA, 2019, p. 107) da audiência que a ela assiste, sendo o meio que mais recorre a estereótipos.

A televisão concretiza-se como o meio que gera projeção e identificação, ou seja, “a comunicação mediática televisiva, projeta as imagens para o coletivo, ao mesmo tempo em que este mesmo coletivo espera por este dizer-ego fabricado na tela” (MIRANDA, 2013). Seja em programas de entretenimento ou em programas de índole informativa, a televisão visa espelhar a realidade. Fá-lo através do noticiar de acontecimentos, da divulgação e denúncia de situações e realidades e através do relato de histórias de vida. O telespectador é, em simultâneo, o protagonista e a musa inspiradora de tudo o que surge na “caixinha mágica”. Por outras palavras, o telespetador não só inspira e é inspirado como vê e vê-se no ecrã.

No entanto, embora a televisão procure retratar o real, certo é que é inevitável que a realidade apresentada seja filtrada. Os factos são apresentados à luz de um processo de seleção denominado gatekeeping (segundo o qual a realidade apresentada deriva da perceção do jornalista, das imagens e palavras escolhidas para pintar as peças, dos ângulos abordados e das fontes auscultadas) e as histórias relatadas por via de testemunhos pessoais e singulares.

A televisão é um meio que surge como mediador entre o real e o imaginário. Recorre a signos e símbolos para representar aquilo que acontece no mundo real. Miranda (2013) avança que a televisão tem o “olho do universal e o oráculo da realidade” o que a torna num “simulacro” que replica o real, por via de técnicas, filtros e processos de seleção. Tal situação, justifica o recurso quase sempre inevitável de estereótipos pelo meio.

O recurso a estereótipos pela televisão permite: representar o real (embora sempre por via de filtros decorrentes da perspetiva do jornalista, do ângulo abordado ou do plano da câmara); contribuir para a organização dos papeis sociais; promover a identificação do ser humano; e gerar reconhecimento de determinadas especificidades. A televisão recorre a estereótipos devido à facilidade que estes acarretam na transmissão e apreensão de mensagens - “na televisão só se representam os estereótipos que o público possa logo identificar sem menor esforço mental” (FRANCIS citado por ABREU & SILVA, 2012, p. 4). A televisão recorre a estereótipos ou para os eliminar ou para transmitir determinada mensagem ou ideia por via deles.

Estereótipos nas telenovelas

As telenovelas são um dos formatos televisivos que mais recorre a estereótipos para transmitir a sua mensagem. As rainhas da televisão em Portugal estabelecem-nos e fixam-nos. De acordo com Viana e Said (2011), as telenovelas recorrem a estereótipos para se afirmarem e para serem reconhecidas pois, ao apresentarem semelhanças com a realidade geram significação que leva a audiência a sentir-se pertencente a um grupo. Rosa e Gomes (2006) vão mais longe e afirmam que as telenovelas recorrem a estereótipos “como chave do seu processo de criação, para ser aceite facilmente e não incitar a reflexão aparente” (ROSA & GOMES, 2006, p. 1). Em termos de escrita e de construção de personagens, o recurso a estereótipos facilita o trabalho de argumentistas, atores e realizadores. No entanto, o recurso abusivo desta feramente pode gerar representações abusivas e caricaturais de determinada população ou realidade.

Em termos narrativos, as telenovelas recorrem, também, a alguns “clássicos” estereótipos: o casal de protagonistas que luta até ao fim para ficar junto; os protagonistas como personificadores do bem e do heroísmo; a/o vilã(o) desprovida (o) de princípios e valores e movido pela ganância, a inveja e o mal; o núcleo cómico como agente de alívio da tensão, etc. Estas escolhas narrativas vão ao encontro das preferências e expectativas de quem assiste às tramas, não defraudando as audiências.

Em termos de temáticas é usual o recurso, em telenovelas, a estereótipos de masculinidade, de feminilidade, de violência, de família ou de interioridade. No entanto, constata-se que esta ferramenta, inalterável à partida, está a transitar para outras significações. As representações do homem como um ser forte e da mulher como “dona de casa” estão, por exemplo, a ser substituídas por outras imagens. A imagem do homem fraco, sensível e vulnerável e a representação da mulher líder, independente e de sucesso são cada vez mais representações exibidas nas telenovelas. O mesmo acontece com a apresentação no ecrã de famílias com novas estruturas e organizações, distintas da formação tradicional. Criam-se novos estereótipos. Das temáticas elencadas, a interioridade continua a ser a que, aparentemente, mais presa está a características como: o belo, o idílico, o tranquilo e o remoto no tempo e no espaço.

“Os estereótipos são necessários nas telenovelas” (ROSA & GOMES, 2006, p. 12) pois são de fácil e rápida digestão, “simplificam a caracterização das personagens”, geram alienação e passividade e recorrem a “generalizações que os telespectadores já conhecem” (ROSA & GOMES, 2006, p.12). A simbiose entre o retrato de temas universais, a produção em massa e o uso de representações fixas, como os estereótipos, proporcionam a fomentação de um imaginário social, coletivo e popular que se traduz na identificação dos telespectadores com aquilo que veem.

O uso de estereótipos em telenovelas ocorre, com vista a facilitar a criação das personagens e comportamentos e a simplificar a interpretação de quem consome. Neste sentido, os estereótipos apresentam uma dupla função: contribuem para o processo cognitivo do ser humano e para a consequente criação de identidade social, e metaforizam aquelas que já são algumas das representações, ideologias e imagens sociais detetáveis pela audiência por serem exibidas regularmente (ROSA & GOMES, 2006).

Na ficção recorre-se, substancialmente, a características identitárias e tradicionalistas dos diferentes grupos sociais. É inevitável recorrer a representações sociais tipificadas numa telenovela visto que, cada personagem e cada história visa retratar uma determinada realidade. Ora, é o recurso a características e marcas fortes de determinado grupo social ou contexto que possibilita a existência de vivacidade, partilha de valores, verosimilhança com o real e identificação do público. Independentemente do estereótipo em causa, existe sempre quem se identifique com essa realidade, quem a repudie ou quem, não lhe pertencendo, a reconheça.

Metodologia

Ora, nesta fase, é importante indagar se, de facto, as produções ficcionais televisivas portuguesas recorrem a estereótipos para representar populações, tradições, realidades ou contextos diversos. Em que aspetos das narrativas se verifica um incontestável uso desta ferramenta? Em que circunstâncias se foge ao uso de padrões mentais previamente concebidos? As representações feitas por meio de estereótipos são verosímeis? A população que reside em Portugal sente-se identificada com a forma como as produções nacionais espelham as suas vivências, realidades e características? A par com a resposta às questões explanadas, é fundamental observar se o uso de estereótipos resulta, por parte dos guionistas, de um processo consciente e premeditado ou de um processo inconsciente e enraizado na escrita e no sistema de valores de quem escreve.

Com vista a dar resposta às perguntas enunciadas e de forma a cumprir os objetivos traçados para este artigo, procede-se à análise de duas telenovelas portuguesas, “A Serra” (SIC)2 e “Bem-Vindos a Beirais” (RTP1)3. De acordo com a RTP1 e a SP Televisão, “Bem-Vindos a Beirais” é uma série de ficção televisiva “de longa duração”. Contudo, nesta pesquisa, a referida narrativa será analisada como uma telenovela já que possui ingredientes e características que a definem como tal. Embora esteja dividia por temporadas e apesar de alguns dos episódios (sobretudo na terceira e quarta temporadas) serem fechados, certo é que o vasto elenco fixo que apresenta, a continuidade narrativa que demonstra ter, o horário de exibição e o número de episódios de cada temporada (semelhante ao de uma telenovela), aproximam “Bem-Vindos a Beirais” do formato em análise. Soma dizer-se que “Bem-Vindos a Beirais” não descura os ingredientes típicos das narrativas telenovelisticas. A produção transmitida pela RTP1 apresenta, ainda, vários momentos de intrigas secundárias que ajudam a marcar a evolução temporal e a ditar o tom de alguns capítulos. Destaque também para a existência de episódios com “ganchos narrativos”, ferramenta caracterizadora de uma telenovela. Em entrevista, Miguel Simal e Ana Vasques corroboram, aliás, que “Bem-Vindos a Beirais” começou por ser escrita e pensada como uma telenovela, pese embora, com o avançar dos episódios (3ª e 4ª temporadas) se tenha afastado deste formato (SALVADOR, 2022).

As técnicas utilizadas para a análise das ficções citadas pertencem todas aos métodos de índole qualitativa. Os métodos qualitativos associam-se a grandes amostras e resultam da observação, incorporação dos sentidos e interpretações de elementos textuais, visuais, icónicos ou comportamentais (Flick, 2005). Estes métodos têm um certo pendor subjetivo já que dependem da perspetiva do investigador face ao que observa. Todavia, em contrapartida, são métodos flexíveis que contribuem com dados aprofundados e vastos para as pesquisas. Os métodos qualitativos, para além de descritivos e promotores de reflexão, são agentes de interpretação, análise e reconhecimento de várias relações e situações sociais.

Nesta senda, as técnicas utilizadas são a análise de conteúdo4 e o grupo de discussão5. A primeira aplica-se aos episódios múltiplos de vinte, bem como ao primeiro e ao último capítulo de cada telenovela. Nos 52 episódios6 pertencentes ao corpus desta investigação serão analisados com maior detalhe, os protagonistas e de forma sumária as personagens secundárias e as estratégias de representação. A par da análise de conteúdo, ouvem-se, através de um grupo de discussão, dez habitantes do interior do país (visto que as narrativas se desenrolam nesta zona do país).

Apresentação dos resultados

As telenovelas vinculam-se a um tipo de narrativa que as personaliza e as distingue de outros formatos: existe sempre um herói, um vilão e um casal de protagonistas que tem de enfrentar vários obstáculos até ficar junto. Para além disso, espera-se das telenovelas, o cumprimento do “final feliz” e o triunfo do bem e da justiça sobre o mal e o repugnante. Em ambas as produções analisadas estes desígnios acontecem.

Em “A Serra” existe uma polarização dos protagonistas. Os heróis são Fátima Neto e Tomás Folgado e as vilãs são Carlota e Mariana Pereira Espinho. De acordo com os episódios observados, a produtora de queijo e pastora Fátima Neto caracteriza-se por ser uma pessoa justa, verdadeira, destemida e determinada (episódios um, 20, 60, 80, 120, 140, 160, 180, 240, 260 e 303). A justeza que a caracteriza surge de mãos dadas com a revolta que sente pelo assassinato do irmão e pelos obstáculos que tem de enfrentar, provocados pelas Pereira Espinho. A sensatez, a perspicácia e a franqueza são particularidades desta personagem vertidas em quase todos os capítulos analisados. É, dos protagonistas, a que, nos episódios estudados, mais surge a trabalhar, em diversos ramos do setor primário. Distingue-se pela sua índole zelosa (episódios um e 303), perante familiares (pai e sobrinha) e em relação ao rebanho e apresenta-se como colaborativa e empática (episódios um, 140, 160, 220, 280). A sua veia orgulhosa, ciumenta e provocadora vem ao de cima sempre que se cruza e interage com as vilãs da trama ou quando contacta com quem fez mal a si ou à sua família (episódios 40, 60, 80, 180, 200, 240, 260 e 303). Fátima Neto, embora bruta nos gestos e palavras, é sensível e extremamente grata. Por sua vez, Tomás Folgado distingue-se por ser calmo e ducado (episódios um, 20, 40, 120 e 220), responsável, protetor (episódio um, 80, 100, 140, 200 e 303) e sincero (episódios 20, 40, 60, 80, 160, 220 e 303). Tomás demonstra ter zelo em tudo o que envolve as pessoas que ama, especificidade que expande o seu sentido paternal. A ponderação e a cordialidade são, também, particularidades de caráter da personagem, bem como a sua índole destemida e determinada. Estas características acentuam o sentido de justiça do Tomás e promovem a sua busca pela verdade, em atos de perspicácia constantes. Praticamente em todos os episódios analisados, Tomás Folgado mostra-se compreensivo, responsável e consciente. Por fim, Carlota Pereira Espinho e Mariana Pereira Espinho partilham entre si traços de personalidade como a prepotência e a altivez. Ambas as personagens demonstram-se ciumentas, calculistas e vingativas, provocadoras e controladoras – características vislumbráveis de forma transversal, na maioria dos episódios assistidos. As principais diferenças entre mãe e filha residem no facto de Carlota se demonstrar uma “mãe leoa”, dominadora e pragmática, ao passo que Mariana se apresenta mais insegura e mimada. Já em “Bem Vindos a Beirais”, Diogo Almada e Clara Rodrigues são o casal de protagonistas que representa, tal como os anteriores, o lado bom da força e do caracter. Diogo Almada caracteriza-se por ser consciente, preocupado, solidário – com elevada responsabilidade social - e amigo (episódios um e 60 da primeira temporada; episódios um, 20 e 80 da segunda temporada; episódios 100, 120 e 180 da terceira temporada; episódios 20, 60, 180 e 220 da quarta temporada). É empático, embora muitas vezes encare as situações com ironia e provocação (episódios um, 20, 60 e 80 da primeira temporada; episódio 20 da segunda temporada; episódios um, 80 e 140 da terceira temporada; episódios 100, 180, 220 e 260 da quarta temporada). Ser egocêntrico e mulherengo, bem como orgulhoso e de sinceridade oscilante são alguns dos defeitos apontados ao protagonista ao longo da telenovela (episódios um e 40 da primeira temporada; episódio um da segunda temporada; episódios um, 20, 140 e 180 da terceira temporada; episódio 100 da quarta temporada). Brincalhão e observador, Diogo Almada é confiante, combativo e lutador (episódio 60 da primeira temporada; episódios um, 20 e 40 da segunda temporada; episódio 260 da quarta temporada) e é a personagem de “Bem-Vindos a Beirais” que mais iniciativas organiza, demonstrando dinamismo e promovendo a proatividade dos habitantes de Beirais. Em paralelo, a protagonista Clara Rodrigues apresenta-se frequentemente como rude, maldisposta, refilona (episódios um, 40 e 80 da primeira temporada; episódios 20 da segunda temporada) e exagerada (episódio um da primeira temporada: episódio 80 da segunda temporada). A personagem interpretada por Oceana Basílio demonstra ser insegura, e por inerência, muito ciumenta, sobretudo no que diz respeito à sua relação com Diogo Almada (episódio um da primeira temporada; episódio um da segunda temporada: episódio 80 da terceira temporada). Clara é uma mulher prestável (episódios 20 e 40 da primeira temporada; episódio 40 da segunda temporada), empática e amiga (episódio 60 da primeira temporada; episódios um, 20, 40, 60 e 180 da terceira temporada). Particularidades de caracter como a gratidão, a sensatez, a retidão, a ironia, a teimosia e a franqueza acompanham a personagem durante toda a narrativa, O sorriso que enche o seu rosto e a atitude otimista e divertida que apresenta, não a impedem de ser uma mulher racional e consciente. Ao leque de protagonistas de “Bem-Vindos a Beirais” junta-se, nas primeiras duas temporadas, outra protagonista: Teresa Sampaio. Na produção exibida pela RTP1, Fernando Campos Ribeiro surge como o principal antagonista da história, embora não tenha uma incidência na narrativa equiparável aos protagonistas.

Verifica-se uma tendência para a associação dos vilões, de caracter questionável, às personagens com maior poderio financeiro. Carlota Pereira Espinho, Mariana Pereira Espinho, Fernando Pereira Espinho, Sebastião Botelho e Moisés Folgado (“A Serra”), bem como Agostinho Puga, Fernando Campos Ribeiro, Conceição Loureiro e Leonel Alves (“Bem-Vindos a Beirais”) são exemplos disso. A família Pereira Espinho é dona do hotel da Fraga Pequena, em plena Serra da Estrela. Para além disso, Carlota controla o restaurante da aldeia e, em parte da trama, a queijaria da família Neto. Sebastião é um advogado de sucesso e o mais reconhecido na zona, auferindo remunerações que vão bem para além das suas funções laborais. Já Moisés Folgado é dono da fábrica de burel da aldeia, empresa que exporta têxteis para todo o mundo. No caso das personagens de “Bem-Vindos a Beirais” constata-se que, na sua maioria, estas representam o poder político local e provêm de famílias abastadas. As personagens mencionadas personificam a altivez, a ganância e o biltre. A contrariar esta tendência surgem apenas três personagens: Aida Folgado e Tomás Folgado (em “A Serra”) e Viriato Montenegro (em “Bem-Vindos a Beirais”). Embora sejam ricos, revelam-se pessoas íntegras.

Segundo os dados recolhidos nos episódios analisados, em “A Serra”, à exceção das personagens indicadas, tanto as personagens secundárias como Fátima Neto, pertencem a classes socioeconómicas inferiores e possuem profissões ligadas ao campo, ao setor pré-industrial ou a negócios de primeira necessidade. A produção de queijo, a fábrica de burel, a produção de pão em forno a lenha, a moagem de farinha e a pastorícia, explanadas na telenovela, remetem para funções típicas da Serra da Estrela. Parte considerável destas atividades económicas, são levadas a cabo por jovens, entre os quais a protagonista Fátima Neto. Tal situação leva uma das participantes do grupo de discussão a declarar que, na realidade, estas não são, atualmente, ações desenvolvidas por pessoas de faixas etárias juvenis. Já em “Bem-Vindos a Beirais”, excluindo Fernando Campos Ribeiro, Agostinho Puga, Conceição Loureiro e Leonel Alves, todas as personagens (incluindo os protagonistas) pertencem à classe média/baixa, laborando em negócios ou instituições locais (mercearia, sociedade recreativa, GNR, oficina, junta de freguesia, rádio local, etc). A agricultura em estufa é, também, uma componente forte desta telenovela. Realçar ainda que, tanto na produção da SIC, como na da RTP1, a par das atividades económicas descritas, regista-se a existência de negócios que incitam à globalização e à abertura para novos mercados e realidades. São eles o hotel e a padaria moderna de “A Serra” e o alojamento rural em “Bem Vindos a Beirais”.

Os cenários interiores ajudam a compreender o nível socioeconómico e a realidade de cada personagem e família. Em ambas as tramas, os décores interiores são, genericamente, pouco cuidados, com decorações irrefletidas e com detalhes de ruralidade (portas de madeira, fornos de lenha, paredes de pedra, fogões a gás, etc). Existem casos onde se denota uma decoração minimalista e noutros onde reina o avolumado número de objetos e utensílios (ex: pratos pendurados na parede, molduras, telefones fixos, etc). Em todos os cenários interiores de habitações, as divisões mais apresentadas são a cozinha e a sala de estar e de jantar, muitas vezes em open space. Exemplos deste tipo de cenários interiores são as casas de Fátima Neto, Domingues Nunes, Elvira Roque Courela e São Grilo, em “A Serra” e de Diogo Almada (em Beirais), Olga Fontes, Hortense Pedroso e Marina Marques Jesus, em “Bem-Vindos a Beirais”. As exceções recaem, mais uma vez, sobre as personagens e famílias com maior poder económico. Os cenários onde estas personagens se movimentam têm linhas modernas, são arrumados e apresentam cores sóbrias e neutras, com detalhes de riqueza. Em “A Serra”, a casa dos Pereira Espinho e de Sebastião Botelho são exemplos disso, a par com a casa de Fernando Campos Ribeiro e Tiago Nogueira (somente na quarta temporada), em “Bem-Vindos a Beirais”. O hotel da Fraga Pequena apresenta-se semelhante ao imaginário de um hotel de cinco estrelas, tal como a “Casa da Aldeia” se aproxima do quimérico de casa de turismo ou alojamento local. A mesma similitude entre o apresentado e o imaginado surge nos restantes cenários laborais das duas telenovelas analisadas: a mercearia, a fábrica de burel, o moinho, a queijaria, padaria, a barbearia, a sociedade recreativa, a rádio local, o consultório, a agência funerária, a junta de freguesia, etc. Nestes casos, o particular destaque recai sobre os detalhes associados a cada atividade que pincelam os cenários. Para além disso, a exposição de casa de pedra, ruas estreitas de terra batida ou em paralelos, o largo da igreja ou o tanque público facilitam a associação da imagem ao imaginário de aldeia.

Os vestuários também cooperam em muito na identificação das classes sociais e personalidade de cada personagem. De forma geral, as personagens mais ricas utilizam roupas mais distintas: Mariana e Carlota Pereira Espinho utilizam, frequentemente, roupas de pelo, vestidos e conjuntos, sem esquecer o uso permanente de acessórios, joias e carteiras, notoriamente, caras. Já Fernando Pereira Espinho, em “Bem-Vindos a Beirais”, por exemplo, utiliza usualmente fato e gravata. Em contrapartida, as restantes personagens secundárias e os protagonistas não mencionados anteriormente, optam por roupa simples, prática e confortável. Calças de ganga e camisolas de lã são os modelos fortes de ambas as tramas. Destaca-se, apenas que, em “A Serra”, Fátima Neto usa recorrentemente um cachecol e, por vezes, um gorro, tal como Tomás Folgado, que também aprecia volumosos casacos de neve. Já em “Bem Vindos a Beirais”, Clara Rodrigues tende a preferir uma roupa que, embora casual, alude ao estilo lisboeta (visto que a protagonista é nativa desta cidade). O mesmo acontece com Diogo Almada e Teresa Sampaio. Há ainda personagens que costumam trajar com as vestes inerentes à sua atividade profissional e aquelas que demonstram ter determinadas crenças ou tradições. Exemplos disso são o uso de saias compridas e terço ao pescoço, a utilização de bata de médico ou de barbeiro ou, ainda, o uso de aventais e lenços na cabeça.

Noutro tópico de análise, constata-se que as personagens mais velhas de ambas as produções, Hortense Rasteiro e Simão de “A Serra” e Viriato Montenegro, Benjamim Marque e Hortense Pedroso de “Bem-Vindos a Beirais”, representam a sabedoria local. Há, ainda, figuras-tipo associadas a diversos hábitos, tendências ou traços de personalidade. A figura das beatas, por exemplo, faz-se acompanhar das imagens das coscuvilheiras. São Grilo, Zezinha Grilo e Elvira Roque Courela, de “A Serra” e Olga Fontes e Alzira Pedroso, de “Bem-Vindos a Beirais”, surgem como exemplos disso. Por seu turno, Silvério Neto e Domingos Nunes, de “A Serra” equiparam-se às personagens Xavier Jesus e Manuel Pedroso, de “Bem-Vindos a Beirais”, a nível laboral. Estes quatro homens apresentam-se como trabalhadores, em empregos que decorrem de negócios próprios ou ofícios transmitidos de geração em geração. A rudeza e destreza promovidas pelo trabalho, correspondem à mesma dureza de postura nos casos das personagens de “A Serra”, mas contrariam a personalidade dos dois habitantes de Beirais mencionados. Todos possuem grande preocupação e proteção com as famílias. Já Marta e Sebastião Botelho, bem como São Loureiro e Agostinho Puga, nas produções da SIC e RTP1, respetivamente, representam a ambição.

Em termos de hábitos, a maioria das personagens das narrativas em estudo têm o costume de frequentar locais públicos. Este convívio dá aso, por conseguinte, à disseminação e divulgação de determinados acontecimentos locais. Verifica-se que, tanto em Beirais como na Fraga Pequena, todos se conhecem e sabem da vida uns dos outros. A falta de rede e os hábitos religiosos são, também, recorrências nestas narrativas.

As personagens secundárias são as que mais proferem expressões típicas ou regionalismos. Exemplos disso são declarações como: “abalar” (episódio um de “A Serra”), “trinchar” (episódio 40 de “A Serra”), “disse-lhe poucas e boas” (episódio 60 de “A Serra”), “baixar a crista” (episódio 140 de “A Serra”), “a morte da bezerra” e “levam-me o couro e o cabelo” (episódio 20 da 1ª temporada de “Bem-Vindos a Beirais”), “ele deve ter atirado pedras à cruz” (episódio 60 da 2ª temporada de “Bem-Vindos a Beirais”) ou “camioneta”. Tanto na história emitida pela RTP1 como pela SIC verifica-se uma forma particular de tratamento dos habitantes uns para com os outros: “Ti(o) Simão” ou “Rosa Labrega”, por exemplo.

Fraga Pequena (na Serra da Estrela) e Beiras (em Vila Real) são as aldeias, ambas imaginárias, que pincelam os cenários das telenovelas “A Serra” (SIC) e “Bem-Vindos a Beirais” (RTP1), respetivamente. Assumindo a sua localização no interior do país, ambas as aldeias destas telenovelas revelam-se, como exposto, autossuficientes e com poucos habitantes, para além das personagens das telenovelas. Assim, apesar de a tendência para a desertificação ser uma realidade visceral do “Portugal profundo”, certo é que as telenovelas estudadas apostam no autossustento, no considerável movimento económico, no avolumado número de instituições públicas sediadas nestas aldeias e no considerável número de crianças. De acordo com os dados recolhidos na análise de conteúdo efetuada, em ambas as produções ficcionais seriadas existem somente três personagens acima dos 65 anos e, no caso de “Bem-Vindos a Beirais” contabilizam-se cinco nascimentos em quatro temporadas. Estes dados contrariam a realidade vivida no interior de Portugal. A falta de oportunidades é, também, uma realidade que brota em “A Serra” (de forma residual) e “Bem-Vindos a Beirais” (com maior expressividade). Guida Grilo, de “A Serra”, e Sandro Pedroso, de “Bem-Vindos a Beirais” aparecem como a figura sonhadora, que visa chegar ao que se julga inalcançável, para quem vive numa aldeia. Nota-se, ainda, desproporcional com a realidade em aposta em iniciativas ou organizações culturais, sobretudo em “Bem-Vindos a Beirais”. É neste sentido que um dos membros do grupo de discussão salienta que, apesar de tudo, nenhuma telenovela representa as aldeias de hoje: desertificadas, envelhecidas e isoladas.

A análise que os membros do grupo de discussão fazem da forma como as telenovelas espelham a realidade é díspar. As pessoas A7, C8, G9, H10, I11e J12 tendem a defender, de forma mais ou menos explícita, que as telenovelas têm obrigação de refletir a realidade da forma mais exata possível. Todavia, a pessoa B13, E14 e F 15 consideram que as telenovelas são “só ficção” e que, muito embora contribuam para a formação de imagens mentais de determinadas realidades, não possuem essa responsabilidade. “São novelas, por isso pode haver estereótipos e exageros” diz a pessoa B, posteriormente corroborada pela pessoa E que afirma “é preciso termos noção que uma telenovela não é um documentário”, por isso, “vai ter sempre de haver exageros, vai ter sempre de haver personagens tipo, vai ter sempre de haver enredos que fujam um bocadinho da realidade”. No grupo de discussão, há ainda quem admita que, pese embora as telenovelas retratem, por vezes, realidades antigas ou longínquas da realidade atual, são uma forma de aprendizagem e, sobretudo, de distração.

Considerações finais

As telenovelas têm no real o seu molde. Contudo, as ficções seriadas televisivas têm, também, uma ampla margem de manobra para expor o que é impossível ou utópico. Neste sentido, é normal que, muitas vezes, recorram a estereótipos e que, noutras tantas, se distanciem deles. Torres (2008) define os estereótipos como os “avatares” das telenovelas. Existem e passam muitas vezes despercebidos, mas têm a função de facilitar o processo de apreensão da mensagem ou da história pelos telespectadores.

A análise efetuada demonstra que o recurso a estereótipos nas telenovelas é incontornável. Todavia, as narrativas vão, conforme explicado, apresentando exceções a essa tendência em vários domínios.

Constata-se que nas narrativas analisadas, os genéricos, os cenários, os hábitos e o uso de falares tradicionais visam aludir, claramente, a um determinado grupo ou região: o interior de Portugal. Para além disso, os elementos enunciados contribuem para análise das personagens quanto à sua classe social, poder financeiro e estatuto profissional. A par destes elementos, verifica-se o uso de estereótipos na representação dos traços de personalidade e nas figuras-tipo descritas acima (estereótipo de herói e vilão; estereótipo de feminilidade e masculinidade; estereótipo de pessoa trabalhadora; estereótipo de beleza, etc).

Conclui-se que em “A Serra” e em “Bem-Vindos a Beirais”, o uso de estereótipos pontua as narrativas, mas não as asfixia, como poderia ser cogitado à priori. Os estereótipos são imagens recortadas da realidade, pelo que, embora filtrada, apresentam-na. Neste sentido, a população escutada no grupo de discussão tende a considerar que a realidade deve ser respeitada no ecrã, embora a ficção tenha margem para exageros devido à sua componente imaginativa e fantasiosa.

O trabalho narratológico levado a cabo por guionistas e produtoras televisivas tem sido de integração de novas formas de representação, distanciando as histórias dos clássicos padrões mentais pré-formulados. Isto significa, que o uso de estereótipos é, por vários motivos, inevitável, mas progressivamente contornável.

  • Como citar:
    SALVADOR, Inês. Ficção televisiva seriada e o (in) contestável recurso a estereótipos. S. Paulo: INTERCOM - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 48, e2025110. https://doi.org/10.1590/1809-58442025110pt.
  • Finaciamento:
    CNPq
  • 1
    O termo “estereótipo” surgiu nas ciências sociais, pela primeira vez, em 1922. Lippmann é o pai deste conceito e aplicou pela primeira vez o termo em causa no livro “Opinião Pública”.
  • 2
    A Serra” é uma telenovela da autoria de Inês Gomes que foi exibida pela SIC em 2021. A narrativa passa-se na aldeia da Fraga Pequena, na Serra da Estrela. Esta telenovela conta com nomes como Sofia Alves, José Mata, Júlia Palha e Carolina Carvalho nos principais papéis. De forma sumária, esta telenovela conta a história de uma pastora que luta para vingar a morte do irmão, mas que vai sendo impedida pelas vilãs a chegar ao seu objetivo.
  • 3
    Bem-Vindos a Beirais” é uma história emitida entre 2013 e 2016 pela RTP1. Esta produção foi conduzida pelos guionistas Ana Vasques e Miguel Simal ao longo de quatro temporadas. “Bem-Vindos em Beirais” passa-se na aldeia de Beirais, em Vila Real e conta a história de um homem que, por motivos de saúde, largou a agitação da metrópole para se dedicar à vida no campo.
  • 4
    Bardin (1977) é o pai desta técnica. A análise de conteúdo visa, sobretudo, “desvelar”, “descortinar” e “expor ao detalhe” todas as características de um grupo, realidade, documento ou situação. Desta técnica fazem parte os processos de classificação das unidades de análise, a categorização e interpretação dos dados.
  • 5
    O grupo de discussão é uma técnica que implica a reunião de um determinado grupo de pessoas, com alguma característica comum. O principal objetivo é que estas possam refletir, debater e teorizar sobre determinado tema proposto pelo investigador. Morgan é o autor de referência desta técnica.
  • 6
    52 episódios: 17 de “A Serra” e 35 de “Bem-Vindos a Beirais”.
  • 7
    A pessoa A é do género masculino, tem 59 anos e é professor. É natural do distrito da Guarda.
  • 8
    A pessoa C é do género feminino, tem 69 anos e é reformada. É natural do distrito da Guarda.
  • 9
    A pessoa G é do género feminino, tem 24 anos e é estudante. É natural do distrito de Castelo Branco.
  • 10
    A pessoa H é do género masculino, tem 21 anos e é estudante. Embora seja natural do distrito da Guarda, reside em Lisboa.
  • 11
    A pessoa I é do género feminino, tem 73 anos e é reformada. É natural do distrito da Guarda.
  • 12
    A pessoa J é do género masculino, tem 45 anos e é técnico de eletrodomésticos. É natural do distrito da Guarda.
  • 13
    A pessoa B é do género feminino, tem 55 anos e é enfermeira. É natural do distrito da Guarda.
  • 14
    A pessoa E é do género feminino, tem 33 anos e é investigadora. Embora seja natural do distrito da Guarda, reside no Porto.
  • 15
    A pessoa F é do género masculino, tem 36 anos e é professor. É natural no distrito da Guarda.

Disponibilidade dos Dados

A autora afirma que todos os dados utilizados na pesquisa foram disponibilizados no corpo do artigo.

A REVISTA INTERCOM incentiva o compartilhamento de dados mas, por observância a ditames éticos, não demanda a divulgação de qualquer meio de identificação de sujeitos de pesquisa, preservando a privacidade dos sujeitos de pesquisa. A prática de open data é viabilizar a reproducibilidade de resultados, e assegurar a irrestrita transparência dos resultados da pesquisa publicada, sem que seja demandada a identidade de sujeitos de pesquisa.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    15 Jan 2024
  • Aceito
    25 Dez 2024
  • Publicado
    30 Jul 2025
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