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A presença indígena na telenovela brasileira: poder, interdição e visibilidade

La presencia indígena en la telenovela brasileña: poder, interdicción y visibilidad

Resumo

Neste artigo, analisamos o aparecimento de personagens indígenas nas telenovelas brasileiras e os discursos que colocam em circulação sobre as identidades indígenas. Com o objetivo de investigar quais dessas produções trouxeram personagens indígenas, realizamos um levantamento nas 665 telenovelas exibidas no período de 1963 a 2016, nas principais emissoras de televisão do Brasil, e em apenas 28 dessas ficções televisivas encontramos personagens indígenas. Tomamos como principal referência teórica a formulação de condições de possibilidades históricas dos discursos e chegamos a dois grandes acontecimentos imbricados com a produção de telenovelas e a presença indígena: a demarcação, em 1978, do Parque do Xingu e a comemoração dos 500 anos de colonização do Brasil. Observamos que os principais personagens indígenas dessas tramas são heterogêneos e estão associados a diferentes posições políticas.

Palavras-chave
Telenovelas; Televisão Brasileira; Ditadura Militar; Discurso; Possibilidades históricas

Resumen

En este artículo, analizamos la aparición de personajes indígenas en las telenovelas brasileñas y los discursos que ponen en circulación sobre las identidades indígenas. Con el objetivo de investigar cuáles de esas producciones trajeron personajes indígenas, realizamos un levantamiento en las 665 telenovelas exhibidas en el período de 1963 a 2016, en las principales emisoras de televisión de Brasil, y en apenas 28 de esas ficciones televisivas encontramos personajes indígenas. Tomamos como principal referencia teórica la formulación de condiciones de posibilidades históricas de los discursos y llegamos a dos grandes acontecimientos imbricados con la producción de telenovelas y la presencia indígena: la demarcación, en 1978, del Parque del Xingu y la conmemoración de los 500 años de colonización del Brasil. Observamos que los principales personajes indígenas de esas tramas son heterogéneos y están asociados a diferentes posiciones políticas.

Palabras clave
Telenovelas; Televisión Brasileña; Dictadura militar; Discurso; Posibilidades históricas

Abstract

In this article, we analyze the appearance of indigenous characters in Brazilian telenovelas and the discourses that are broadcasted about the indigenous identities. In order to investigate which of those productions brought indigenous characters, we carried out a survey in the 665 telenovelas aired from 1963 to 2016, on the main Brazilian television broadcasters, and in only 28 of those we found indigenous characters. We took as the main theoretical reference the formulation of conditions on historical possibilities of the discourses and we found two major events imbricated with the production of telenovelas and the indigenous presence: the demarcation, in 1978, of the Xingu Indigenous Park and the commemoration of the 500 years of the colonization of Brazil. We have observed that the main indigenous characters of those plots are heterogeneous and are associated with different political positions.

Keywords
Telenovelas; Brazilian Television; Military Dictatorship; Discourse; Historical possibilities

Sociedades indígenas, mídia e discursos

Nos enunciados colocados em circulação pela mídia, no Brasil, os 896.9 mil indígenas, as 305 etnias indígenas e suas 274 línguas nativas, frequentemente, são tomados como uma generalização. É como se houvesse apenas uma língua e uma sociedade, a Tupi. Ainda hoje, silenciam-se as singularidades destas sociedades, pois, a definição genérica “índio” continua presente nas mais diferentes produções midiáticas. As razões que construíram esta história, marcada por profundas descontinuidades, são bastante complexas e, para respondê-las, é necessário ir além do simplista e estabilizado “pensavam ter chegado às Índias”.

A palavra “índio” foi atribuída aos povos nativos da América, pela primeira vez, por Cristóvão Colombo, que contundentemente afirmou em seus registros ter chegado às Índias (NEVES, 2009NEVES, I. S. A invenção do índio e as narrativas orais Tupi. 2009. Tese (Doutorado em Linguística) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.). Os enunciados destes documentos estabeleceram o primeiro processo de mediação entre os dois continentes. A partir destes enunciados, instituem-se os primeiros processos de recepção na Europa em relação aos povos indígenas. E se, por um lado, eles justificaram a violência da colonização, por outro, deram início às primeiras discussões sobre os direitos das populações nativas da América.

Os poderosos interesses coloniais e suas novas modalidades, a resistência indígena e as transformações resultantes deste jogo de forças são os discursos que circulam, atualmente, sobre as sociedades indígenas, nas conversas cotidianas, nos jornais impressos, na programação televisiva e na Internet. Não podemos desconsiderar que, ainda hoje, os povos indígenas são tutelados pelo Estado brasileiro e que recai sobre eles um estereótipo de pessoas inocentes ou selvagens, incapazes de se governar. Para Foucault (2012, p.296)______. Ditos & Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012., a governamentalidade é o “conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer essa forma bem específica, bem complexa, de poder, que tem como alvo principal a população”.

Na área da Comunicação, ainda há poucas pesquisas sobre sociedades indígenas. Em relação aos produtos midiáticos, é significativo observar os momentos históricos em que as sociedades indígenas ganham destaque. Nos telejornais paraenses, Sena (2014, p.39)SENA, A. A presença indígena no Telejornalismo Paraense. In: III COLÓQUIO SEMIÓTICA DAS MÍDIAS. Japaratinga: Ciseco, 2014. Anais.... Disponível em: http://www.ciseco.org.br/anaisdocoloquio/images/csm3/CSM3_ArcangelaSena.pdf. Acesso em: 20 mar. 2017.
http://www.ciseco.org.br/anaisdocoloquio...
observa que há um padrão de noticiabilidade para estes povos: “normalmente só rende (utilizando a linguagem da redação) os conflitos por terra, os problemas de saúde”.

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e suas implicações em relação aos impactos que trará para terras indígenas, também é tema recorrente na mídia. Em abril, mês em que se comemora o “Dia do Índio”1 1 Comemorado no Brasil no dia 19 de abril. e o “descobrimento do Brasil”2 2 Celebrado no dia 22 de abril, data em que a frota de Pedro Álvares Cabral chega ao território brasileiro. , os indígenas sempre ganham destaque. Eles são lembrados como os primeiros povos que habitaram o nosso país, até a invasão dos navegantes europeus. Estes acontecimentos se configuram como condições de possibilidades históricas para que diferentes discursos sobre os povos indígenas se irrompam nos produtos midiáticos.

Em relação às telenovelas, objeto de nosso estudo, foram poucas as produções em que personagens indígenas se destacaram. Com o objetivo de perceber como se deu a presença indígena nas telenovelas brasileiras, realizamos, no período de fevereiro de 2014 a fevereiro de 2017, um levantamento das telenovelas que foram exibidas ao longo de 53 anos na televisão brasileira. Este levantamento foi realizado a partir da sistematização de dados presentes no site “Teledramaturgia”, do pesquisador Nilson Xavier; no site “Memória Globo”, que pertence à empresa Rede Globo; e na obra “Teledramaturgia: agente estratégico na construção da TV aberta brasileira” (MALCHER, 2010MALCHER, M. A. Teledramaturgia: agente estratégico na construção da TV aberta brasileira. São Paulo: Intercom, 2010.).

Após o cruzamento de dados presentes nestas três fontes de pesquisa, chegamos aos seguintes números: de 1963 até 2016, foram exibidas, nas principais emissoras brasileiras, 665 telenovelas. Em seguida, realizamos a leitura das sinopses destas produções e verificamos que, deste total, apenas 28 telenovelas trouxeram personagens indígenas em suas tramas.

Neste artigo, apresentamos resultados significativos deste levantamento e analisamos dois diferentes momentos históricos bastante imbricados com a produção de telenovelas em que personagens indígenas ganharam destaque: a demarcação, em 1978, do Parque do Xingu e a comemoração, no ano 2000, dos 500 anos da chegada dos europeus ao Brasil. Entendemos, a partir de Foucault (2008)______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008., que as condições de possibilidades históricas permitiram, em certos momentos, a irrupção de discursos sobre as sociedades indígenas nestas ficções seriadas televisivas.

Os trajetos históricos dos discursos

Em “A Ordem do Discurso” e “A Arqueologia do Saber”, Foucault (1999, 2008)FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. 5ª ed. São Paulo: Editora Loyola, 1999. formula grande parte de seu método arqueológico de análise de discurso. Nestas obras, ele se dedica a explicar como os movimentos de aparecimento e silenciamento de discursos, em uma determinada sociedade, estão imbricados com as emergências e as transformações históricas. Isto significa que não se pode falar de qualquer coisa, em qualquer lugar.

Em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certos números de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade

(FOUCAULT, 1999FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. 5ª ed. São Paulo: Editora Loyola, 1999., p.9).

Um objeto de discurso não preexiste em si mesmo, ele está atrelado a um feixe complexo de relações que lhes permite aparecer. “Essas relações são estabelecidas entre instituições, processos econômicos e sociais, formas de comportamentos, sistemas de normas, técnicas, tipos de classificação, modos de caracterização” (FOUCAULT, 2008______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008., p.50). Portanto, apreender um objeto de discurso é compreender que ele não é neutro, mas está relacionado a um conjunto de regras que permite ou não o seu aparecimento.

Entendemos a telenovela como uma das principais matrizes da cultura brasileira. Atravessadas pelas movências históricas, as ficções televisivas seriadas não podem falar de qualquer coisa em qualquer lugar. A irrupção de discursos sobre as sociedades indígenas nessas produções e a construção identitária dos personagens indígenas, portanto, estão atreladas às relações de poder que as envolvem. Por isso, é preciso que tenhamos em vista o momento em que essas produções aparecem, “prestando atenção às condições históricas que puderam legitimar aquela fala, naquele lugar” (MILANEZ, 2006MILANEZ, N. As aventuras do corpo: dos modos de subjetivação às memórias de si em revista impressa. 2006. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2006., p.26).

Entendidas como um nó em uma rede de memórias, as telenovelas apresentam uma densidade histórica. Nosso objetivo é entender as condições externas às tramas (FOUCAULT, 2008______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008.) que permitiram a irrupção de certos enunciados sobre as sociedades indígenas. “Deve-se mostrar por que não poderia ser outro, como exclui qualquer outro, como ocupa, no meio dos outros e relacionado a eles, um lugar que nenhum outro poderia ocupar” (FOUCAULT, 2008______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008., p.31).

Diante da quantidade significativa de telenovelas que foram produzidas e exibidas ao longo da história da televisão no Brasil, há um número ínfimo de produções em que as sociedades indígenas puderam ser vistas nestas tramas televisivas. Com o objetivo de investigar a presença de personagens indígenas nestas ficções televisivas seriadas, desde 1963 até 2016, como já referido, chegamos a 28 telenovelas em que aparecem personagens indígenas. Diante destes dados, perguntamo-nos: que conjunturas de poder permitiram o aparecimento destes personagens e a irrupção dos discursos por eles materializados? Procuramos entender, portanto:

As condições para que apareça um objeto de discurso, as condições históricas para que dele se possa ‘dizer alguma coisa’ e para que dele várias pessoas possam dizer coisas diferentes, as condições para que ele se inscreva em um domínio de parentesco com outros objetos, para que possa estabelecer com eles relações de semelhança, de vizinhança, de afastamento, de diferença, de transformação – essas condições, como se vê, são numerosas e importantes. Isto significa que não se pode falar de qualquer coisa em qualquer época

(FOUCAULT, 2008______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008., p.50).

Entendemos que as telenovelas brasileiras, em grande medida, traduzem as lutas pelo poder em nosso país e podem representar, ou não, um espaço de atualização do discurso colonial ou mesmo de resistência a ele. Por isso, “o que nos interessa é saber o que torna possível uma escolha e não outra, é determinar por que foi possível empregar um conjunto de relações no lugar de outro” (MILANEZ, 2006MILANEZ, N. As aventuras do corpo: dos modos de subjetivação às memórias de si em revista impressa. 2006. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2006., p.26).

De olho na telinha: procedimentos metodológicos

Como parte das ações propostas no projeto de pequisa “A Invenção do índio na mídia: discursos e identidades3 3 Projeto aprovado no Edital Universal do CNPq/2013, coordenado pela professora Ivânia dos Santos Neves. Seu objetivo principal era analisar a presença indígena em diferentes linguagens midiáticas. ”, no período de fevereiro de 2014 a fevereiro de 2017, realizamos o levantamento e a leitura das sinopses das telenovelas brasileiras exibidas nas emissoras de televisão Tupi, Excelsior, Manchete, Bandeirantes, Cultura, Record, Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e Globo. Adotamos como critério para definir o ano inicial de nossa pesquisa a periodicidade dessas produções, que em 1963 passaram a ser exibidas diariamente.

Na pesquisa bibliográfica, nossa principal referência foi Malcher (2010)MALCHER, M. A. Teledramaturgia: agente estratégico na construção da TV aberta brasileira. São Paulo: Intercom, 2010., que apresenta uma consistente pesquisa sobre o papel da teledramaturgia na trajetória da televisão aberta no Brasil. Na parte final, há um relatório sobre a programação teledramatúrgica veiculada, entre os anos de 1950 a 2005, nas principais emissoras brasileiras.

A Internet também se configura como um importante espaço para pesquisas sobre telenovelas e muitos capítulos destas produções estão disponibilizados em sites como YouTube e Vimeo. Encontramos, também, vários sites e blogs com informações sobre telenovelas exibidas no Brasil. Dentre eles, escolhemos como fonte de pesquisa o site “Teledramaturgia”4 4 Disponível em: http://www.teledramaturgia.com.br/. Acesso em: 16 mar. 2017. , do pesquisador Nilson XavierXAVIER, N. Teledramaturgia. Disponível em: www.teledramaturgia.com.br. Acesso em: 20 mar. 2017.
www.teledramaturgia.com.br...
. Criado em 2000, o site reúne o mais completo banco de dados, disponibilizado na Internet, sobre as telenovelas exibidas no Brasil desde 1963 até os dias atuais.

Nilson Xavier é pesquisador de teledramaturgia brasileira e autor do livro “Almanaque da Telenovela Brasileira” (XAVIER, 2007______. Almanaque da Telenovela Brasileira. São Paulo: Panda Books, 2007.), resultado de um trabalho de mais de 20 anos de pesquisa. No banco de dados disponibilizado no site, há informações sobre sinopse, elenco, bastidores, trilha sonora e fotos, das telenovelas exibidas, desde 1963 até 2016, nas emissoras Tupi, Excelsior, Manchete, Bandeirantes, Cultura, Record, SBT e Rede Globo.

Em relação às telenovelas exibidas pela TV Globo, seguindo as estratégias de autopromoção de seus produtos na Internet, a própria Rede Globo se preocupa em divulgar as informações. Em 2008, eles criaram o site “Memória Globo”5 5 Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/. Acesso em 16 mar. 2017. , com o objetivo de reunir a história de mais de 50 anos de existência do grupo. As informações sobre telenovelas, minisséries, telejornais, coberturas jornalísticas e esportivas, programas de humor, programas de auditório, entre outros, são disponibilizadas neste site.

Quanto ao nosso objeto, as telenovelas, há no site “Memória Globo” um banco de dados com o registro das telenovelas exibidas pela Rede Globo, desde 1965, ano de sua primeira produção, até 2016. Neste site, temos acesso às sinopses, fotos, vídeos, galeria de personagens, informações sobre figurino, caracterização, cenografia, curiosidades, trilha sonora, cenas marcantes e ficha técnica.

Nosso principal objetivo, no entanto, não se limitou a fazer uma estatística da presença indígena nas telenovelas, mas sim entender como as movências históricas vividas no Brasil interferiam nestes processos. A partir da perspectiva teórico-analítica que adotamos, sabemos que, a depender das circunstâncias, determinados discursos podem ser pronunciados, mas em outros devem ser interditados. Como explica Foucault (1999, p.9)FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. 5ª ed. São Paulo: Editora Loyola, 1999.:

Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar também, é a interdição. Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa. Tabu do objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala: temos aí o jogo de três tipos de interdições que se cruzam, se reforçam ou se compensam, formando uma grade complexa que não cessa de se modificar.

Diante de nosso objeto, a pesquisa e a análise partiram das seguintes perguntas: por que, em determinados períodos, foram produzidas telenovelas em que os personagens indígenas ganharam destaque e por que, durante muitos anos, nenhuma trama televisiva lhes dá algum destaque?

Entre flechas e câmeras: personagens indígenas nas telenovelas brasileiras

Os quadros que apresentamos neste tópico reúnem as telenovelas veiculadas nas principais emissoras de televisão brasileiras. Adotamos o critério de organizá-los por emissoras. E, em relação à Rede Globo, pelo volume das telenovelas com personagens indígenas, detalhamos as produções considerando as décadas em que foram ao ar.

Na TV Tupi, de 1964 até 1980, foram exibidas 116 telenovelas e apenas duas trouxeram personagens indígenas em suas tramas.

Quadro 1
Telenovelas da TV Tupi

A TV Excelsior exibiu no período de 1963 até 1970, 57 telenovelas e também duas de suas produções trouxeram personagens indígenas.

Quadro 2
Telenovelas da TV Excelsior

Na TV Manchete, entre 1985 e 1998, foram exibidas 19 telenovelas e apenas uma trouxe personagens indígenas em sua trama. “Amazônia”, de autoria de Denise Bandeira e Jorge Duran, foi exibida de 10 de dezembro de 1991 a 29 de junho de 1992, no horário das 21h.

A TV Record exibiu 76 telenovelas, no período de 1964 a 2016. Deste universo bastante numeroso de produções, que se estende por cinco décadas, somente nos anos 2000, duas de suas produções trouxeram personagens indígenas.

Quadro 3
Telenovelas da TV Record

A Rede Globo é a maior produtora de telenovelas brasileiras. Líder de audiência, esta é a única emissora que mantém, desde 1965, a exibição ininterrupta de telenovelas. Malcher (2010, p.174)MALCHER, M. A. Teledramaturgia: agente estratégico na construção da TV aberta brasileira. São Paulo: Intercom, 2010. explica que:

A Rede Globo tornou-se a emissora investidora na produção de teledramaturgia brasileira constituindo-se, ao longo das décadas analisadas, como maior produtora de ficção televisiva nacional. Nessa busca constante de aprimoramento de suas obras ficcionais a Globo deixou para trás todas as demais emissoras do país. A competência dessa emissora como produtora de obras teledramatúrgicas é incontestável.

Em nosso levantamento, de 1965 a 2016, a Rede Globo exibiu 297 telenovelas e deste universo, apenas 21 telenovelas trouxeram personagens indígenas em suas tramas. Nesta emissora, há também várias minisséries com personagens indígenas, mas aqui, analisamos especificamente as telenovelas.

Quadro 4
Telenovelas da Rede Globo

No levantamento que realizamos sobre as telenovelas brasileiras em outras três emissoras, encontramos os seguintes dados: na Cultura, no período de 1965 a 1971, foram exibidas sete telenovelas. Na Bandeirantes, de 1967 a 2008, foram exibidas 37 telenovelas e no SBT, de 1982 a 2016, foram exibidas 56 telenovelas. Apesar de um número bastante expressivo de produções, nenhuma destas telenovelas trouxe personagens indígenas em suas tramas.

A partir dos resultados de nossas pesquisas, 28 telenovelas trouxeram personagens indígenas, mas somente na telenovela “Aritana” (1978) as causas indígenas conduziram a trama central. Após a exibição de “Aritana”, apenas nos anos 2000, personagens indígenas foram novamente protagonistas de telenovelas. Em “Uga Uga” (2000), “Alma Gêmea” (2005) e “Araguaia” (2011), exibidas pela Rede Globo, as histórias dos personagens indígenas eram as principais. A minissérie “A Muralha” (2000) e a microssérie “A Invenção do Brasil” (2000), ambas exibidas pela Rede Globo, também trouxeram personagens indígenas em papéis de destaque.

Entendemos, a partir de Foucault (2008)______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008., que o aparecimento destas diferentes produções televisivas, e os papéis de destaque destinados aos personagens indígenas, está bastante imbricado com dois momentos históricos em que as discussões sobre temas indígenas ganharam evidência na sociedade brasileira: a homologação do Parque do Xingu, na década de 1970, e a comemoração dos 500 anos da “chegada” dos europeus ao Brasil, em 2000.

Por que Aritana e não outro? A Ditadura, o Parque do Xingu e as impressões do cotidiano

Na década de 1970, no Brasil, as arbitrariedades a que foram expostas as sociedades indígenas e as denúncias internacionais sobre o risco de extinção de algumas delas obrigaram o governo brasileiro a tomar uma atitude em relação à demarcação de terras indígenas (LARAIA; DAMATTA, 1978LARAIA, R.B.; DAMATTA, R. Índios e castanheiros: a empresa extrativa e os índios no Médio Tocantins. São Paulo: Paz e Terra, 1978.). Esta situação, com toda sua complexidade, sem dúvida, favoreceu a criação de uma ficção televisiva com esse tema.

Como recorrentemente se repetiu na história do Brasil desde o início da colonização, as populações indígenas que viviam na Amazônia representavam um impedimento ao “progresso da região” e foram intensamente afetadas. Dentre outros objetivos voltados para a exploração mineral e agroindustrial da região, integrar a Amazônia às outras localidades do país significou uma das principais metas dos militares. Este projeto devastou grandes territórios na Amazônia, sobretudo no estado do Pará, com o objetivo de construir rodovias, entre elas a BR-230, conhecida como Transamazônica. De acordo com Corrêa (2013, p.32)CORRÊA, M. N. Os Aikewara e a Mídia: relações de poder, cultura e mediação. 2013. Dissertação (Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura). Universidade da Amazônia, 2013.: “estas rodovias e toda a rede de sentidos que se estabeleceram junto com elas mudaram a forma de vida econômica e cultural nesta região. Com as estradas vieram também os conflitos com os povos que moravam na floresta”.

Além dos grandes projetos que cortavam a floresta amazônica e não levavam em conta os problemas que seriam ocasionados para os povos que viviam no local, outro acontecimento, em 1974, também produziu graves acusações no cenário internacional de violação dos direitos humanos no Brasil: a Guerrilha do Araguaia. A luta armada contra o exército brasileiro aconteceu nas proximidades do rio Araguaia, entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins e envolveu os Suruí-Aikewára, que viviam na região (NEVES; CORRÊA, 2012NEVES, I.S.; CORRÊA, M.N. Sociedade indígena Suruí-Aikewára: do extrativismo da castanha aos processos de mediação. Revista Agália, 2012.).

Em meio a este período conturbado da história do país, uma ação política foi tomada a favor dos direitos humanos das populações indígenas da Amazônia: a demarcação, em 1978, do Parque do Xingu. As discussões sobre a criação do Parque antecedem ao governo militar. Em 1952, época do então presidente Eurico Gaspar Dutra, já havia toda uma série de estudos feitos sobre o Parque do Xingu, mas ele só foi criado em 1961, durante o governo de Jânio Quadros, e a demarcação de seu perímetro atual aconteceu em 1978, ano em que o general Emílio Médici estava deixando a presidência do Brasil. O Parque do Xingu, localizado na região nordeste do estado do Mato Grosso, no sul da Amazônia, foi a primeira terra indígena homologada pelo Governo Federal.

No final dos anos de 1970, as críticas feitas por organizações nacionais e internacionais em prol dos direitos humanos se intensificaram e a ditadura já começava a dar demonstrações de posturas menos violentas. Esta convergência de interesses do governo brasileiro e das organizações que lutavam em prol dos direitos humanos das sociedades indígenas foi bastante propícia para a realização de “Aritana”, única telenovela brasileira produzida até hoje que trouxe como trama principal a discussão de uma temática indígena. Para escrever esta telenovela, a autora Ivani Ribeiro foi assessorada pelos irmãos Villas-Bôas, principais responsáveis pelo projeto do Parque do Xingu, e pelo professor Olympio Serra, administrador do Parque do Xingu na época.

“Aritana” teve como trama principal os conflitos que envolviam a demarcação de terras indígenas. O protagonista Aritana (Carlos Alberto Riccelli), filho de uma índia com um homem branco, vivia no Parque Indígena Xingu e estava na iminência de ser expulso de sua terra. Seu tio, o rico fazendeiro Nhonhô Correia (Jayme Barcellos), intitulava-se dono de uma parte da terra em que o povo de Aritana vivia e pretendia negociá-la com um grupo dos Estados Unidos. Diante desse problema, Aritana sai de sua aldeia e vai para a cidade com o objetivo de conseguir a posse definitiva da terra para o seu povo.

No final da novela, Aritana sai vitorioso, pois consegue convencer o seu tio de que a terra pertence à sociedade indígena. No capítulo 125, em que Aritana recebe a notícia de que terá a posse total da terra em que vive, há uma cena que evidencia bastante este debate que a autora quis enfatizar naquele momento, sobre a importância da terra para os povos indígenas. Nesta cena, Aritana explica por que não vendeu a sua parte da terra para o tio:

Aritana: “Eu não vendi. Não vendo”.

Nhonhô Correia: “Eu sei que você não vende. Mas, eu fiquei surpreso com a sua negativa. Com a sua teimosia em não vender”.

Aritana: “Teimosia? Não, teimosia. Todo camará, todo povo precisa terra”.

[...]

Aritana: “Eu não quero lucro, eu quero terra. Índio não precisa de dinheiro. Índio não vende, não compra, não gosta de dinheiro. Só quer isso, só quer terra pra ficar”.

Em meio às discussões sobre a demarcação do Parque do Xingu, esta telenovela contribuiu para que o telespectador brasileiro, distante dos problemas enfrentados pelas sociedades indígenas, pudesse interagir, ainda que ficcionalmente, com essa realidade. Como assinala Motter (1998, p.91)MOTTER, M. L. Telenovela: arte do cotidiano. Revista Comunicação & Educação, 1998. em sua análise sobre telenovelas que trouxeram para suas tramas discussões de temas sociais polêmicos:

Essas questões desenvolvidas, discutidas ao longo dos seis meses de vida da personagem (em tempo real), implicam uma incorporação do problema, pela via ficcional, ao cotidiano real do telespectador por igual período, o que, se não opera mudanças, pelo menos o induz a refletir sobre elas. Não se trata pois de apenas apontar e denunciar problemas, mas de demonstrar como eles estão presentes e afetam a vida das pessoas.

No período de exibição da telenovela “Aritana”, o contato com a narrativa de um líder indígena que vai à cidade para lutar por sua terra, muito provavelmente pautou as conversas cotidianas da sociedade brasileira, que se dividiu a respeito dos direitos indígenas. A ingenuidade e determinação do personagem produziram identificação ou mesmo repulsão diante do protagonista da trama. A criação dessa telenovela fez parte das estratégias dos defensores dos direitos indígenas e contou com a participação direta dos irmãos Villas Boas. Eles e Ivani Ribeiro desejavam uma reação positiva da população brasileira em relação à demarcação do Parque do Xingu.

500 anos de colonização: dramas e comédias na Rede Globo

O segundo momento histórico em que personagens indígenas ganharam papéis de destaque nas ficções televisivas está bastante imbricado com as “comemorações” dos 500 anos de colonização. Novamente, uma convergência de interesses favoreceu a produção de telenovelas e minisséries em que personagens indígenas figuravam nos núcleos principais das tramas.

A telenovela “Uga Uga”, exibida em 2000, no horário das 19h, teve como protagonista o indígena Tatuapu, interpretado por Cláudio Heinrich, ator loiro e de olhos azuis. A escolha do ator traduz o padrão de beleza euro-americano, bastante prestigiado pela opinião pública. A trama explorou, principalmente, o gênero comédia, por isso Tatuapu, assim como os outros personagens desta narrativa, foi construído para ser engraçado, risível. A narrativa, portanto, não estava comprometida em trazer os conflitos envolvendo os povos indígenas.

“Uga Uga” contou a história de Tatuapu, um homem branco ocidental que foi criado por uma sociedade indígena, na floresta amazônica. Somente quando adulto, ele encontra seu avô de sangue e vai morar com ele na cidade do Rio de Janeiro. Para viver o protagonista, Cláudio Heinrich passou uma semana convivendo com indígenas que vivem no Parque do Xingu. Não podemos, no entanto, estabelecer maiores semelhanças entre o protagonista de “Uga Uga” e a posição política de Aritana, além do fato de serem dois atores brancos interpretando personagens indígenas.

Tatuapu falava uma língua indígena fictícia e, ao chegar ao Rio de Janeiro, esforçava-se para aprender a língua portuguesa. Em várias cenas, os outros personagens tentavam lhe ensinar palavras simples, mas ele as repetia com bastante dificuldade. Ele também aparecia, constantemente, pulando em móveis, semelhante a um animal selvagem. Quando ainda morava na floresta amazônica, este personagem andava sempre com uma lança nas mãos. Estas cenas e o próprio título da telenovela, “Uga Uga”, nos remetem ao Uga Buga, onomatopeia que evoca em nossas redes de memórias o som emitido pelo homem de Neandertal.

Em alguns momentos da trama, outros personagens indígenas aparecem e há algumas cenas que acontecem na aldeia em que Tatuapu foi criado. A trama central está relacionada à herança de seu avô, de quem ele é o único herdeiro. Um sobrinho interessado nessa fortuna tenta de várias formas eliminar ou mesmo desautorizar Tatuapu como uma pessoa racional. No final, tudo é resolvido em favor de Tatuapu e o bem vence o mal.

Na trama, Tatuapu não é de fato um indígena, o que está em questão não são as terras indígenas e não se estabelece uma relação direta com as comemorações dos 500 anos de colonização. A telenovela não se propõe a fazer um documentário sobre a invasão dos portugueses, nem mesmo está interessada em mostrar as singularidades do cotidiano dos povos indígenas. De qualquer forma, não podemos dissociar sua produção às emergências históricas desse período. Por que uma comédia envolvendo protagonistas indígenas foi exibida nesse momento, depois de tanto silenciamento em relação a eles?

No mesmo campo associado da telenovela “Uga Uga”, outra produção teledramatúrgica exibida no ano 2000 contou com a presença de personagens indígenas em papéis de destaque: a minissérie “A Muralha”. Ambientada no século XVII, após 100 anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, esta minissérie contou a história dos bandeirantes, suas buscas por terras e riquezas e seus planos para capturar os indígenas, que eles vendiam como escravos.

A chegada dos europeus ao Brasil também foi o tema da microssérie “A Invenção do Brasil” (2000). A trama contou a história do jovem pintor português Diogo Álvares Corrêa (Selton Mello) que, em 1500, viaja com os navegadores europeus em busca do caminho para as Índias. No meio da viagem, a caravela naufraga e só o pintor chega às costas brasileiras, sendo recebido por indígenas Tupinambás. Um triângulo amoroso entre Diogo e as indígenas Paraguaçu (Camila Pitanga) e Moema (Deborah Secco) era o assunto principal da trama.

No ano 2000, o país comemorava os 500 anos da “chegada” dos europeus ao Brasil. Esta data marcante repercutiu em diferentes materialidades midiáticas, entre elas, na teledramaturgia brasileira. Esse momento histórico foi bastante propício para o aparecimento da telenovela “Uga Uga”, da minissérie “A Muralha” e da microssérie “A Invenção do Brasil”. Não sem razão, personagens indígenas ganharam destaque nessas produções, afinal, como abordar o “descobrimento” sem a presença das sociedades indígenas que já habitavam o país? A intensa mobilização da mídia nesse período e seus complexos processos de contradições mais uma vez esteve empenhada em contar a história do contato entre indígenas e europeus.

Considerações finais

A partir do levantamento que realizamos da presença indígena nas telenovelas brasileiras, concluímos que esta presença se deu de maneira ínfima se comparado ao grande número de telenovelas que foram exibidas ao longo de mais de cinco décadas. Entendemos que as movências históricas contribuíram para que, em certos momentos, os enunciados sobre as sociedades indígenas ganhassem destaque nestas ficções seriadas televisivas. Como nos explica Foucault (2008, p.51)______. A Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2008.,

as relações estabelecidas entre instituições, processos econômicos e sociais, formas de comportamentos, sistemas de normas, técnicas, tipos de classificação, modos de caracterização [...] não definem a constituição interna do objeto, mas lhe permite aparecer, justapor-se a outros objetos, situar-se em relação a eles, definir sua diferença, sua irredutibilidade e eventualmente, sua heterogeneidade; enfim, ser colocado em um campo de exterioridade.

Na década de 1970, as discussões sobre os direitos indígenas no Brasil ganharam bastante destaque fora do país e a movimentação em torno das demarcações de terras indígenas precisou ser enfrentada pelo Governo Federal. A homologação do Parque do Xingu esteve presente na pauta midiática e o debate sobre as terras para as sociedades indígenas também foi tema principal de uma telenovela. Já no ano 2000, a comemoração dos 500 da chegada dos europeus ao Brasil propiciou que diferentes produções teledramatúrgicas trouxessem personagens indígenas em papéis de destaque.

Na atualidade, o discurso de que as terras indígenas atrapalham o progresso do país continua sendo reeditado e refutado nas produções midiáticas. Depois de alguns anos sem assistirmos a personagens indígenas como protagonistas de telenovelas, apenas em 2010 uma personagem indígena ganha espaço em uma trama exibida no horário das 18h, na TV Globo.

Neste período, havia campanhas internacionais, veiculadas na Internet, de denúncias de agressão aos povos indígenas e à floresta amazônica em função da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Irrompeu, então, a telenovela “Araguaia”, que trouxe uma vilã indígena, detentora de poderes malignos, pronta para prejudicar uma família ocidental rica e bondosa. Retomando a indagação foucaultiana, podemos perguntar: por que surgiu essa personagem e não outra em seu lugar? As telenovelas se constituem com suas condições de possibilidades históricas e, em relação à presença indígena, não poderia ser diferente.

  • 1
    Comemorado no Brasil no dia 19 de abril.
  • 2
    Celebrado no dia 22 de abril, data em que a frota de Pedro Álvares Cabral chega ao território brasileiro.
  • 3
    Projeto aprovado no Edital Universal do CNPq/2013, coordenado pela professora Ivânia dos Santos Neves. Seu objetivo principal era analisar a presença indígena em diferentes linguagens midiáticas.
  • 4
    Disponível em: http://www.teledramaturgia.com.br/. Acesso em: 16 mar. 2017.
  • 5
    Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/. Acesso em 16 mar. 2017.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2019

Histórico

  • Recebido
    16 Out 2017
  • Aceito
    05 Fev 2019
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