RESUMO
O presente texto explora os caminhos da comunicação e seu intrínseco relacionamento com a informação, como centrais no estágio de um capitalismo plataformizado. Partimos de uma compreensão dos campos e sua importância como organizadores e catalizadores do contemporâneo tecnológico, para em seguida, analisarmos a interveniência das estruturas e ferramentas denominadas de “inteligência” artificial dentro das plataformas digitais e suas potenciais consequências para a humanidade e para a conformação das estruturas de poder em todo o mundo. Apresentamos dados sobre o estágio atual do desenvolvimento da IA, tanto quanto, dados sobre a fome no mundo e sobre os riscos que ameaçam a humanidade. Ao final, pincelamos, rapidamente, sobre outras possíveis formas de existir. Nosso processo é hermenêutico e tem como motivação e caminho a Hermenêutica da Consciência Histórica de Ricoeur (2010).
Palavras-chave
Comunicação; Informação; Inteligência artificial; Tecnologia; Mercado
ABSTRACT
This paper explores the paths of communication and its intrinsic relationship with information, as central to the current stage of platform capitalism. We begin by understanding the fields and their importance as organizers and catalysts of contemporary technology, and then analyse the intervention of structures and tools called artificial “intelligence” within digital platforms and their potential consequences for humanity and for the formation of power structures around the world. We present data on the current stage of AI development, as well as data on world hunger and the risks that threaten humanity. Finally, we briefly outline other possible ways of existing. Our process is hermeneutic and is motivated and guided by Ricoeur’s Hermeneutics of Historical Consciousness (2010).
Keywords
Communication; Information; Artificial intelligence; Technology; Market
RESUMEN
Este texto explora los caminos de la comunicación y su relación intrínseca con la información, como centrales en la etapa del capitalismo de plataforma. Partimos de una comprensión de los campos y su importancia como organizadores y catalizadores de la tecnología contemporánea, para luego analizar la intervención de estructuras y herramientas llamadas “inteligencia” artificial dentro de las plataformas digitales y sus posibles consecuencias para la humanidad y la configuración de las estructuras de poder. Presentamos datos sobre la etapa actual del desarrollo de la IA, así como datos sobre el hambre en el mundo y los riesgos que amenazan a la humanidad. Al final, esbozamos rápidamente otras posibles formas de existir. Nuestro proceso es hermenéutico y su motivación y camino es la Hermenéutica de la Conciencia Histórica de Ricoeur (2010).
Palabras clave
Comunicación; Información; Inteligencia artificial; Tecnología; Mercado
Introdução
Ceci est l’historie d’um crime- du meurtre de la réalité. Et de l’extermination d’une illusion- l’illusion vitale, l’illusion radicale du monde. Le réel ne disparait pans dans l’illusion, c’est l’illusion qui disparait la réalité intégrale 1
Jean Baudrillard (1995)
A ideia que permeia o fio condutor deste texto perpassa pela comunicação acoplada à tecnologia na evolução dos suportes midiáticos, como um vetor de expansão dos horizontes e que tem, da modernidade tardia aos dias atuais, conduzido as experiências no tempo, para comunidades incluídas socialmente e educacionalmente nos moldes ocidentais. Contudo, é preciso enfatizar, que existem possibilidades outras de experiências no tempo que não possuem a tecnologia como principal motor da vida.
Nesse sentido, iniciamos convocando a comunicação, enquanto campo central no ecossistema tecnológico que nos impõe novos e disruptivos modos de existir. A comunicação como pensa Sodré, tanto como ciência pós-disciplinar que constitui o comum comunicado, “[...] como o campo que se revela como uma das principais formas organizativas do nosso contemporâneo” (Sodré, 2014, p.14). A comunicação como catalizadora dentro de um complexo mundo digital que se estrutura em sistemas de produção, circulação e consumo hiperlinkados entre si, que terminam por constituir tanto a sociedade da comunicação, como a sociedade da informação, por sua vez, sobrepostas.
Considerando a informação como um conceito que coexiste com a comunicação, conseguimos visualizá-la em dois sentidos. Um primeiro, estritamente técnico ou tecnológico: informação como quantidade mensurável (dados) (Sodré, 2014, p. 23) e, um segundo sentido, qualitativo e vinculado ao papel da informação como controle e redundância dentro dos sistemas de comunicação. Aqui, a informação está relacionada à organização, na estrutura e regulação dentro de sistemas. A informação como um meio de organizar e estabilizar sistemas, onde a repetição (redundância) assegura a integridade da informação na comunicação (SODRÉ, 2014).
Dito isto, vale destacar o que tem se consolidado ao longo das últimas décadas como tecnologias da informação e da comunicação em que hoje, a captura, “mineração” e o processamento de dados condensam os fluxos da experiência humana transformados em capital informativo, vendidos diuturnamente nas e pelas estruturas tecnológicas plataformizadas que abduzem nossa atenção. Nesse percurso, comunicação e informação caminham juntas e compõe o sistema central das tecnologias que a partir das plataformas interagem com a humanidade e que são denominadas de “inteligência” artificial primitiva ou generativa que, por sua vez, situam-se como ferramentas do capital. Para muitos, tais tecnologias situam-se em um estágio pós-humano ou anti-humano.
Como bem diz Sodré (2014, p.20-21) “[...] no âmbito global da tecnociência, as formas tecnológicas de transmissão e codificação de sinais põem a comunicação no centro de uma metamorfose antropológica, que alguns analistas do fenômeno têm chamado de pós-humanismo”, fenômeno este, tratado por Sadin (2020) no contexto atual de plataformização da vida como antihumanismo, mas que possui abordagens anteriores em Heidegger (2010) e Nietzsche (2011) que tratam do fenômeno pós-humanista.
Por outro lado, a exploração do humano no contexto do que Zuboff (2020) denomina de capitalismo de vigilância, tema sobre o qual já tratamos em outros textos, e que se utiliza de diversas estratégias da economia da ação para atração da atenção, visando exercer controle sobre o consumo, sobre a dieta de mídia e as formas de sociabilidades e afetividades; converge para o que Baudrillard (1995) no final do século XX alertava como crime perfeito, em que as mídias e a tecnologia promovem uma simulação, em que a realidade é tão saturada por representações (ou simulações) que a distinção entre o real e o falso se dissolve. Assim, o crime perfeito é aquele em que a realidade é assassinada sem deixar rastros, sem que ninguém perceba ou possa provar que algo real foi perdido, porque o que era real foi completamente substituído por simulações (Baudrillard, 1995). O crime perfeito de hoje inclui os usuários como “ilusionários” e as plataformas digitais como ilusionistas, que ao capturarem a experiência humana, a transformam em produto para o qual se vendem produtos outros (tangíveis, intangíveis, ideológicos ...) que teoricamente reforçam seus gostos e interesses. A realidade fica reduzida ao que se vê e se consome, com a consciência de que as estruturas algorítmicas só permitem que o olhar encontre conteúdos que possam ser lucrativos para as plataformas. Destacando que os conteúdos virais são exatamente os que acionam as emoções e os afetos humanos.
A comunicação, portanto, ao lado da informação, compõe o core da sociedade tecnológica que através da interconectividade impõe novas sociabilidades, desviando afetos e criando respostas compulsivas e patológicas ao apelo impositivo que a tecnologia nos faz diuturnamente. As transformações são guiadas, principalmente, pelo campo econômico com o acirramento das disparidades entre os hemisférios Norte e Sul, entre incluídos e periféricos do sistema tecnomercadológico. Nesse complexo contexto de neocapitalismo e neocolonialismo, a potencialização da dominação que se estrutura no tripé ontológico, epistemológico e de poder, ganha novos contornos.
Há uma ilusão de empoderamento político, mas, em realidade caminhamos para um estreitamento ético que enfraquece o campo político desprovido de criticidade e humanidade, no seio de uma sociedade tecnológica, monopolizada pelas atrações simplórias em termos de sentido e de conhecimento, e que nos chegam pela cultura da tecnologia digital capitalista.
Chronos e os contemporâneos de vida plataformizada
Nessa seta do tempo imperiosa que caminha na direção da entropia e do caos, como diz Hawking (2015), há nuances que precisam ser desveladas para além do que é facilmente identificável pelo observador atento do contemporâneo.
Em primeiro lugar é imperativo observar a mutação nas estruturas tecnológicas que são guiadas por um aprimoramento constante nas vias de mobilidade do capital que lhes impõe um processo intermitente de aperfeiçoamento nos modelos de negócio. Essas mutações estão provocando uma migração das tecnologias de assessoramento do humano em seu domínio (predatório) sobre a natureza, para tecnologias cognitivas do integral que segundo Zizek (2023, s/p) representam a renúncia humana ao controle. Para este autor, “[...] a velha arrogância antropocêntrica que a tecnologia permite pode, em breve, dar lugar à irrelevância e falta de sentido do humano”.
As tecnologias cognitivas referem-se a sistemas e ferramentas digitais que são capazes de realizar tarefas que tradicionalmente requerem habilidades cognitivas humanas, como aprendizado, raciocínio, tomada de decisão, reconhecimento de padrões e compreensão da linguagem natural. Essas tecnologias utilizam técnicas avançadas de “inteligência” artificial (IA), incluindo aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural (NLP), redes neurais artificiais, entre outras, para imitar ou ampliar processos cognitivos humanos.
Para que possamos visualizar o estágio dos avanços das tecnologias cognitivas, vale mencionar que em outubro de 2024, 40 pesquisadores de 15 instituições de vários países, apresentaram um modelo de “inteligência” artificial generativa que é capaz de simular e prever o comportamento humano em qualquer âmbito. O modelo denominado de Centaur-70B foi treinado por uma base de dados denominada Psych101 que soma informações coletadas a partir de 160 experimentos psicológicos com 60.092 participantes, que juntos tomaram mais de 10 milhões de decisões (Binz et al., 2024).
O fato é que as tecnologias cognitivas tem se transformado em “tecnologias do integral,” e do “tempo exponencial” conforme abordado por Eric Sadin (2020), ou seja, um tipo de tecnologia que visa abranger e controlar de maneira totalizante todas as esferas da vida humana e social, em um tempo marcado por um crescimento tecnológico acelerado. Essa ideia de “integral” implica um escopo abrangente e global, onde a tecnologia não apenas desempenha funções específicas ou limitadas, mas busca integrar-se completamente em todos os aspectos da existência, moldando comportamentos, decisões e até mesmo a forma como percebemos e interagimos com o mundo.
Esse processo nos leva ao que Sadin (2020) chama de uma antropomórfica da técnica e que Sodré (2002, 2014) também menciona em contextos distintos. Esse seria um estágio em que as tecnologias não apenas desempenham funções específicas ou auxiliam os seres humanos, mas assumem características e capacidades que antes eram exclusivamente humanas. Nesta era, a técnica adquire um papel central na vida social, cultural e econômica, influenciando profundamente a forma como vivemos, pensamos e interagimos.
A noção “antropomórfica” sugere que as tecnologias começam a se assemelhar aos humanos em suas capacidades de percepção, decisão e ação. Sadin (2020) argumenta que, na era antropomórfica da técnica, a tecnologia não é mais apenas uma ferramenta que usamos, mas uma entidade que começa a agir de maneira autônoma, tomando decisões, aprendendo e interagindo conosco, em modos que simulam o modo de agir humano. Essa era marca uma transformação na relação entre humanos e tecnologia, onde a técnica passa a ocupar um espaço, anteriormente, reservado ao humano, desafiando nossas noções de identidade, autonomia e ética.
Trata-se na visão de Zizek (2023) não de uma tecnologia que veio para nos substituir, mas de uma tecnologia a quem estamos concedendo o poder para nos substituir, o que pode modificar tanto o caráter do humano, quanto da natureza e do divino. Para Zizek (2023, s/p) “[...] Nossa identidade como humanos só pode existir contra o pano de fundo de natureza impenetrável, mas se a vida se tornar algo que pode ser totalmente manipulado pela tecnologia, ela perderá seu caráter “natural””.
Segundo o Indice de Inteligência Artificial de Stanford (2024), na área da medicina, por exemplo, algo extremamente positivo é a constatação de que o modelo de destaque de 2023, GPT-4 Medprompt, atingiu uma taxa de precisão de diagnósticos de 90,2%, o que pode auxiliar no trabalho do médico, contudo, o médico deve realizar a anamnese e colocar as informações coletadas para treinar o modelo generativo. Todavia, quando o modelo estiver coletando os dados direto do paciente, em redes sociais ou outros canais, pode vir a não precisar mais da intervenção do médico humano para dar um diagnóstico. Quais serão as consequências para a saúde humana? Quais serão as consequências para a medicina?
Nesse contexto, a potência de verdade, a potência aletheica da “inteligência” maquínica enfatizada por Sadin (2020), mas já localizada em Heidegger (2010) em texto sobre a questão da técnica, reverbera, a nosso ver, um exacerbar da vontade de potência do humano que encontramos em Nietzsche (2011), visto que para este filósofo, a vontade de poder/potência é um conceito fundamental e multifacetado que descreve a força motriz essencial de todos os seres vivos. Seria em síntese, o impulso inerente dos seres humanos para crescer, se afirmar, expandir suas capacidades e, em última análise, criar e dominar. Não se refere só a um desejo de poder no sentido político ou social, mas sim a uma força vital que impulsiona o desenvolvimento e a superação. Logo a potência aletheica das máquinas, enquanto criação do humano se localiza na vontade de poder do próprio humano, mas com a possibilidade de ultrapassá-lo.
O mundo digital tem a capacidade de coletar, processar e apresentar informações de maneira inédita, revelando padrões, comportamentos e dados que antes eram invisíveis ou difíceis de detectar. Esse desvelamento das realidades ocultas confere ao digital um poder transformador sobre a sociedade, a cultura e a política. Ao mesmo tempo, reside um grande perigo nessa potência, pois ela não apenas revela, mas também molda e +constrói novas realidades, influenciando profundamente nossas percepções, decisões e, em última instância, a nossa verdade (Sadin, 2020). Portanto, a “potência aletheica” do digital, como capacidade das tecnologias cognitivas digitais de revelar e criar novas verdades, teria também a capacidade de alterar os rumos da construção do conhecimento e intervir nos processos de dominação epistemológica, ontológica e de poder.
Essa verdade construída por uma imposição de um tempo tecnológico possui outra entrada para as políticas e os jogos de verdade (Foucault, 2010, 2011), tendo em vista que considera a interação que vai além da intervenção e da manipulação do humano e se constitui a partir das apropriações das realidades pela “inteligência” maquínica.
Já a ética, cuja crise foi denunciada por Morin (2005) há algum tempo, torna-se cada vez mais, estreita, saindo definitivamente da esfera do coletivo e se assumindo como um vetor pessoal vinculado ao progresso e ao sucesso no ambiente capitalista tecno mercadológico, dissociado do conhecimento científico e calcado na experiência sem lastro histórico.
Portanto, nesse ambiente tecnológico em que duas estruturas de “inteligência” artificial trabalham, a saber: a estrutura algorítmica que se localiza na opacidade das plataformas digitais e define consumos, sociabilidades e guia afetos, e a outra, que tem uma face de interlocução direta com os usuários, hoje denominada de “inteligência” artificial generativa; ocorre o que Sadin (2020) chama de agonia do campo político, ou seja, o enfraquecimento e a perda de relevância das estruturas tradicionais de poder político em um mundo cada vez mais dominado por tecnologias digitais e lógicas tecnocráticas que reconfiguram a forma como a sociedade é organizada e governada.
Vale ponderar que essa exacerbação de uma descredibilização do campo político já era denunciada em contextos de totalitarismo do século XX, pela filósofa Hannah Arendt, tanto em As origens do totalitarismo (2009), como em A condição humana (2016) e em Sobre la violencia (2021). No primeiro livro mencionado, Arendt (2009, p.175) identifica nas formas imperialistas, o estágio inicial do domínio político da burguesia, e detalha que “[...] os interesses privados, que por sua própria natureza, são temporários, (...) agora podem fugir para a esfera dos assuntos públicos e tomar-lhe emprestado aquela infinita duração de tempo necessária para a acumulação contínua”. Isso levaria a uma preponderância do privado sobre o público.
Marilena Chauí (2019, s/p), lucidamente, faz uma ponte entre o estágio atual de um capitalismo neoliberal como sendo uma nova forma de totalitarismo, a partir da ideia de sociedade administrada. “O movimento do capital transforma toda e qualquer realidade em objeto do e para o capital, convertendo tudo em mercadoria [...]”. Nesse contexto, tudo se transforma em empresas: -igrejas, escolas, centros culturais, hospitais, inclusive, o Estado, que abandona os valores democráticos, deixando assim de ser uma instituição pública e transformando-se em algo híbrido e interrelacionado ao mercado e aos interesses econômicos.
No mundo plataformizado, a agonia do político perpassa tanto o que Arendt e Chauí trazem, como possui como foco impulsionador, uma retórica guiada pelas estruturas algorítmicas, que por sua vez, são treinadas para capitalizar as big Tech, ou seja, uma retórica social guiada pela capitalismo tecnológico que dá visibilidade ao que possui potência para viralizar e que proporciona lucratividade e, para tanto, reverbera o que existe de pior em termos de valores e afetos humanos, capazes de correr mais rapidamente pelas infovias.
Essa retórica, guiada pelas estruturas algorítmicas plataformazidas que priorizam conteúdos com potência para viralizar, se concretiza como um encontro entre os interesses do capitalismo tecnológico e os usos e as apropriações que fazem os usuários dos campos político, ideológico e mercadológico, visando incrementar o alcance de suas mensagens nos públicos de interesse. Nesse ínterim, nasce para Eric Sadin (2020), o conceito de “golpe de Estado retórico” que se refere a uma transformação profunda e silenciosa nas formas de poder e de controle social, realizada através do uso estratégico da linguagem, do discurso e da manipulação narrativa, em vez de uma tomada de poder tradicional através da força ou de um golpe militar. Essa estratégia embora não seja nova, possui novos contornos e tem provocado uma reconfiguração do espaço geopolítico mundial, com a democracia retroagindo e os regimes ditatoriais/totalitários avançando.
Aqui consideramos importante destacar os resultados divulgados pela pesquisa de 2024, do Instituto V-DEM vinculado à Universidade de Gotemburgo. O índice v-DEM dá um destaque importante aos 60 países que passaram por eleições em 2024 e dos quais 42 países estariam em processo de autocratização e 18 estariam em processo de democratização. Dentre esses últimos, situa-se o Brasil cuja população abrange mais da metade de todos que estão retomando os rumos democráticos. Vale ponderar que entre os 42 países em processo de autocratização, apontados pelo index citado, encontra-se a Índia que detém 18% da população mundial.
O traço comum que atravessa a maioria dos países investigados e identificados pela pesquisa é exatamente a inerência das plataformas no contexto social e as apropriações e usos pelas facções políticas de extrema direita e, em certos casos, de extrema esquerda. Obviamente, nesse ambiente, não se trata aqui de pensar ou afirmar um determinismo tecnológico, mas perceber o encontro entre interesses do capital tecnológico e os usos e as apropriações pelo campo político, ora invadido por formas de atuação que o negam, como no caso do iliberalismo de Orban ou Bolsonaro (Sodré, 2021).
Yuval Harari (2024) apresenta um olhar sobre os regimes políticos, a partir de como se estruturam as redes de informação que seriam totalmente distintas entre democracias e ditaduras. Esse historiador chama atenção para a alternância histórica entre os dois regimes políticos opostos (democracia ou ditaduras) que não teria como motivador somente contextos sociais adversos a cada um dos regimes mencionados em dadas temporalidades. Em seu prisma, os contextos de afluência tecnológica da informação, oportunizaram e oportunizam que tais mudanças ocorram.
A singularidade tecnológica, portanto, entra nos processos políticos e geopolíticos como uma força motora do sistema do capital para moldar e provocar consequências nas estruturas de poder. Tal singularidade acontece nesse momento especulativo em que as máquinas estão provocando mudanças imprevisíveis e rápidas, com impactos profundos na sociedade. Vale ponderar ainda que, quando falamos máquinas/tecnologias atuais, estamos nos referindo somente aos hardwares e/ou softwares em si, mas, principalmente, às grandes corporações tecnológicas que concentram a estrutura do capitalismo atual e que moldam tais estruturas e ferramentas. Logo não se trata de neutralidade tecnológica, na qual não acreditamos, mas de intencionalidades mercadológicas.
A conjuntura
O Artificial Intelligence Index Report 20242 publicado pelo Human-Centered da Stanford University apresenta um diagnóstico do estágio atual de desenvolvimento dos programas denominados de IAGen- “Inteligência” Artificial Generativa, em que destacam os avanços da última década. Segundo o relatório, nos últimos dez anos houve um crescimento exponencial deste tipo de tecnologia e nesse processo de aceleração dos modelos generativos, o ano de 2023 representa um marco em que os sistemas de última geração como GPT-43, Gemini4 e Claude5 apresentaram resultados marcantes. Esses modelos são capazes de criar textos claros e com argumentos bem desenvolvidos em vários idiomas, além de serem capazes de trabalhar com mídias audiovisuais e imagens.
A irrupção da IA nos mercados tem provocado um boom no desenvolvimento de modelos e ferramentas próprias em diversos nichos que vão do financeiro ao jornalismo, passando pela ciência e medicina prática. Contudo, o relatório aponta que as ferramentas ainda apresentam problemas que devem ser considerados com cautela, uma vez que ainda “não conseguem lidar com fatos de forma confiável, realizar raciocínios complexos ou explicar suas conclusões” (AIIR, Stanford, 2024) .
Outro destaque do Relatório de Stanford refere-se às apreensões quanto ao futuro da tecnologia que envolve modelos generativos. Nesse sentido, ao analisarmos as informações da pesquisa, surgem duas visões de futuro que estariam inter-relacionadas entre si, a saber: de um lado, a inexorabilidade tecnológica/mercadológica mutante e constante provocada pelo avanço da tecnologia sobre a vida em geral, o que torna os avanços necessários e a amplitude do consumo, aparentemente, irreversível no ocidente incluído digitalmente.
A segunda via que ilumina uma possível expectativa trata dos usos e apropriações possíveis. O Relatório destaca que a tecnologia em desenvolvimento poderá ser usada para o bem ou para o mal, como que destacando uma possível neutralidade das ferramentas generativas, da qual discordamos considerando que a essência da técnica não é técnica (HEIDEGGER, 2010). Aqui há que se ponderar que sim, que a apropriação humana das tecnologias pode se converter em usos distintos a partir de diferentes intencionalidades, o que pode ocasionar um bom ou um mau uso e, portanto, trazer boas ou más consequências sociais. No entanto, o Relatório não destaca ou pelo menos não deixa claro que devemos considerar o lócus de desenvolvimento de tais modelos tecnológicos e de seus interesses mercadológicos diretos, que tornam a humanidade, não só o principal capital em negociação entre as big Techs e os demais mercados, como nos torna reféns de um processo tecnológico que, ao que parece, tem potência para intervir no mundo social.
Um dado importante para considerarmos as intencionalidades por trás do desenvolvimento dos modelos generativos pré-treinados e revelado pelo Artificial Intelligence Index Report 2024, é o fato de que o setor mercado/indústria é hegemônico na pesquisa científica e no desenvolvimento de ferramentas de IA. Em 2023, a indústria produziu 51 notáveis modelos de aprendizado de máquina, enquanto a academia contribuiu com apenas 15. Houveram ainda 21 modelos resultantes de colaborações indústria-academia em 2023 (AIIR, Stanford, 2024).
Por fim, os dados apontados pelo Relatório de Stanford revelam que os Estados Unidos lideram o mercado, seguidos pela China, União Europeia e Reino Unido como o mercado de maior desenvolvimento de modelos de IA de ponta. Em 2023, 61 modelos notáveis de IA originaram-se de instituições sediadas nos EUA, ultrapassando em muito os modelos europeus. Nessa corrida, 21 foram desenvolvidos na União Europeia e 15 na China.
Esse cenário revelado por pesquisadores da Stanford University converge para os avanços da “inteligência” artificial nas sociedades incluídas. Como dito, anteriormente, essa tecnologia já está inserida nos contextos sociais a partir da arquitetura algorítmica das plataformas em suas diversas áreas de atuação, como também a partir de modelos de IA que tem ocasionado em grandes benefícios à humanidade que vão de um aplicativo de geolocalização que nos permite uma mobilidade precisa em lugares que não conhecemos, por exemplo, à ferramentas de “inteligência”6 artificial que são usadas para identificar doenças muito antes que elas possam manifestar sintomas em pessoas ou possam ser detectadas em aparelhos convencionais de detecção de patologias físicas.
Todavia, a potência que tais tecnologias apresentam para solucionar problemas das sociedades não parece ir de encontro aos direitos que todas e todos deveriam ter, ademais, considerando sua criação a partir de um mercado neocapitalista, os riscos de aumento das desigualdades já gritantes, mostra-se com maior clareza e potência.
Então: _ IA para quem? Riscos e consequências possíveis
O Relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo ( SOFI)7 divulgado em julho de 2024 por cinco agências especializadas e vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que 733 milhões de pessoas passaram fome no ano de 2023.
As revelações deste Relatório são gritantes e falam que o mundo tem piorado em muitos indicadores, que representam o aumento da pobreza e da falta de direitos básicos para uma grande parte da população mundial. A desnutrição retornou aos níveis de 2008-2009 e o acesso a uma alimentação adequada, segundo o Relatório, “[...] continua inatingível para bilhões de pessoas”.
Já a insegurança alimentar moderada ou grave atinge 2,33 bilhões de pessoas em todo o mundo. Os destaques situam-se quase sempre no Sul global. Na África, o número de pessoas que passam fome está em franco crescimento, cerca de 20,4%. Na Ásia, o índice se mantém estável e gira em torno de 8,1% de pessoas que estão estágio em insegurança alimentar grave. Na América Latina, computa-se cerca de 6,2% de indivíduos em situação de fome. Entre os anos de 2022 e 2023, houve um aumento da fome na Ásia Ocidental, no Caribe e na maioria das sub-regiões africanas.
Esse cenário acontece em um mundo em que 1% dos mais ricos abocanhou quase 2/3 de toda riqueza global gerada desde 2020, ou seja, aproximadamente US$ 42 trilhões. Isso significa, cerca de 6 vezes mais recursos do que 90% da população global (7 bilhões de pessoas) conseguiu no mesmo período. Esses dados são do Relatório A “sobrevivência” do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos agora para combater as desigualdades8, lançado pela OXFAM na reunião do Fórum Econômico de Davos em 2023.
Nesse contexto de exploração de um neocapitalismo plataformizado e excludente, vale ainda mencionar dados do capital e da lucratividade das plataformas digitais nos últimos anos. De acordo com Dantas (2023), em 2022, a receita operacional da gigante de tecnologia liderada por Lary Page e Sergey Brin, Alphabet/Google foi de US$ 282,8 bilhões e seu lucro líquido foi de cerca de US$ 60 bilhões. A receita operacional da Meta de Mark Zuckerberg foi de aproximadamente US$ 116,6 bilhões e o lucro líquido, de US$ 23,2 bilhões. Já em 2023, as receitas da Alphabet somaram US$ 307,4 bilhões e da Meta, US$134,9 bilhões. O lucro líquido da Alphabet foi de US$ 73,8 bilhões e o da Meta, de US$ 39,1 bilhões (Dantas, 2024). Para efeito de comparação, “[...]o saldo positivo da balança comercial do Brasil (digamos, o “lucro líquido” do Brasil) foi de USD 99 bilhões” (DANTAS, 2024).
No que concerne às big Tech chinesas, a ByteDance, proprietária da rede TikTok, obteve um crescimento real de 60%9 em 2023, passando de US$ 25 bilhões em 2022 para mais de US$ 40 bilhões em 2023 e se tornou a startup mais valiosa do mercado valendo US$ 225 bilhões. Nesse mesmo ranking estão a Space X do Elon Musk e a OpenAI, proprietária do ChatGPT. Nesse contexto, o TikTok passou à frente do Facebook como a marca de rede social mais valiosa do mundo em 2023, segundo o ranking da consultoria Brand Finance10. A marca da empresa de Mark Zuckerberg perdeu 42% no período analisado, enquanto a marca da rede social da ByteDance viu o seu valor crescer 11,4%. A marca TikTok está avaliada em US$ 65,69 bilhões (R$ 341,50 bilhões) ante US$ 58,98 bilhões (R$ 306,64 bilhões) em 2023.
Nesse contexto antagônico que opõe capital e sociedades e que pode ser representado em diversos capítulos da história humana neste planeta, há que se considerar que as promessas de que a tecnologia disruptiva do momento, venha a salvar a humanidade das mazelas que sofre e ao planeta que agoniza, surgem como de difícil concretização, tendo em vista que o interesse do capital rege as ações humanas em torno da exploração do outro, provocando guerras, imigrações e potencializando a fome e a exploração das riquezas naturais de Gaia.
O Relatório Navigating News Horizons: a global foresight report on planetary report health and human wellbeing11 publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente-PNUMA em julho
de 2024, apresenta as principais preocupações com a mudanças climáticas em curso, dentre elas, vale mencionar o que denominam de aceleradores da crise ambiental:
1.A recorrente demanda por elementos raros da terra e minerais e metais essenciais que deve crescer até quatro vezes até 2040[...]. 2. O derretimento da permafrost em um planeta em aquecimento crescente, o que pode liberar organismos antigos que podem ser patogênicos, resultando em grandes impactos no meio ambiente, nos animais e nos humanos. 3. A transformação digital e IA podem trazer benefícios, mas há implicações ambientais [...]O uso de IA em sistemas de armas e o desenvolvimento da biologia sintética precisam de uma revisão cuidadosa com uma lente ambiental. 4. O aumento dos conflitos armados e da violência. Esses conflitos resultam em degradação e poluição do ecossistema, levando a repercussões para populações vulneráveis. 5. As Diásporas: o deslocamento forçado está aumentando os impactos no meio ambiente e na saúde humana. Uma em cada 69 pessoas está agora em deslocamento à força. Conflitos e mudanças climáticas estão entre as principais causas dessa mudança; 6. Crescimento da desinformação em detrimento da verdade, o que tem ocasionado no incremento da polarização política em diversos países, dentre outros pontos críticos [...]
( RNNH, PNUMA, 2024, p. 1-9).
Por último, vale ponderar que os aceleradores de possíveis mudanças globais críticas observados pelo Relatório do PNUMA como possíveis deflagradores de eventos extremos que perpassam pelo clima e vão até o dia-a-dia das populações, encontram-se, em grande medida, com os riscos apontados pela pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgada em janeiro de 2024 e que apontou e enumerou como riscos para os próximos dez anos: 1. Eventos climáticos extremos; 2. Alterações críticas nos sistemas da Terra; 3. Perda da biodiversidade e colapso dos ecossistemas; 4. Escassez de recursos naturais; 5. Desinformação e informação falsa; 6. Resultados adversos das tecnologias de Inteligência artificial; 7. Migração involuntária; 8. Cibersegurança; 9. Polarização social e 10. Poluição. (GRR, WEF, 2024)12.
Ilação
Existe vida fora da imersão tecnológica em que nos vemos mergulhados? Parece que sim e que essas possibilidades de vida seriam a verdadeira vida e onde residiria a potência dos horizontes da humanidade, reiterando aqui o que abordam (Krenak, 2022) e Kopenawa (2015).
Outras possibilidades de existir a partir da co presença e das relações com a terra e com a natureza, encontradas em Bispo (2023), também oferecem formas distintas de relacionamentos entre humanos e ambiente. A contra colonialidade propagada por esse autor e líder quilombola, fala da valorização da diversidade e da diferença que se contrapõe às imposições históricas de exploração de territórios e povos, por parte de uma cultural ocidental que deseja se manter como dominante.
Até o presente momento, pelo menos, as inovações tecnológicas têm servido em grande medida para aprimoramento das experiências mercadológicas das sociedades incluídas, mas por outro lado, tem acirrado as desigualdades entre as nações e povos do Norte e do Sul. A fome se alastra e as mutações na estrutura da natureza que rege Gaia se intensificam. No entanto, a resiliência e a resistência se mantêm. Não é o fim da história, visto que há esperança como em Freire, uma esperança que também é ação (FREIRE, 1987).
Por fim, acreditamos que muito embora, os avanços tecnológicos que proporcionam uma vida facilitada para quem possui recursos financeiros que lhes permite acesso à tecnologia, sejam reais, inclusive, na área da saúde. Há que se ponderar ao final, sobre duas situações: 1. Tais avanços favorecem, principalmente, a uma estrutura mercadológica que potencializa as desigualdades entre os seres humanos e até o momento, não tem resolvido os problemas da fome, ao contrário, em muitos casos, tem potencializado, visto que investe na acumulação e não na distribuição de recursos financeiros. 2. Os avanços tecnológicos têm como pano de fundo a materialidade do planeta já exaustivamente explorado e em estágio avançado de esgotamento de suas reservas naturais. A independência tecnológica depende de elementos raros como o lítio, com o qual são fabricadas as baterias para os carros autônomos e outros equipamentos. Já os data centers batizados, eufemicamente, como nuvens, usam grandes quantidades de água, tanto para manutenção dos sistemas, como a cada vez que uma pessoa faz uma pergunta a um modelo generativo pré-treinado. Assim, sendo, infelizmente, acreditamos que até o presente momento, a IA ainda não está a serviço da redução das desigualdades.
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Financiamento
CNPqTexto resultante de pesquisa realizada com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPQ e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia-Ibict.
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Como citar:
Rêgo, Ana Regina. Comunicação em tempos de inteligência artificial: ampliação ou redução das desigualdades? INTERCOM - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, 48, e2025102. https://doi.org/10.1590/1809-58442025102pt.
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sistema duplo cego
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Este texto foi elaborado a partir da Conferência de Abertura dos Ciclos de Estudos do 47º Congresso da INTERCOM, realizado em Setembro de 2024 em Blneário Camboriú, SC.
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Esta é a história de um crime – o assassinato da realidade. E o extermínio de uma ilusão – a ilusão vital, a ilusão radical do mundo. A realidade não desaparece inteiramente na ilusão, é a ilusão que faz desaparecer a realidade integral (tradução nossa).
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Artificial Intelligence Index Report 2024. Disponível em :< https://aiindex.stanford.edu/report/>. Acesso em 04 out 2024.
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3
Modelo Generativo Pré-Treinado da OpenAI.
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4
Assistente de “Inteligência” Artificial da Alphabet Inc./Google.
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5
Chatbot – IA de modelo linguístico desenvolvido por Anthropic.
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6
Inteligência Artificial prevê câncer de mama, cinco anos antes. Disponível em:< https://www.sbmastologia.com.br/inteligencia-artificial-preve-cancer-de-mama-cinco-anos-antes/#:~:text=O%20modelo%20de%20aprendizagem%20profunda,pacientes%20com%20c%C3%A2ncer%20de%20mama. >. Acesso em 20 ago 2024.
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7
O estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo. Disponível em: < https://brasil.un.org/pt-br/274924-o-estado-da-seguran%C3%A7a-alimentar-e-da-nutri%C3%A7%C3%A3o-no-mundo >. Acesso em 20 ago 2024.
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8
A “sobrevivência” do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos agora para combater as desigualdades. Disponível em:< https://www.oxfam.org.br/forum-economico-de-davos/a-sobrevivencia-do-mais-rico/>. Acesso em 20 jul 2024.
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9
TikTok: lucro anual da ByteDance salta 60% . Disponível em:< https://olhardigital.com.br/2024/04/10/pro/tiktok-lucro-anual-da-bytedance-salta-60/>. Acesso em 22 ago 2024.
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10
TikTok é a marca de rede social mais valiosa do mundo em 2023.Disponível em:< https://forbes.com.br/forbes-money/2023/01/tiktok-e-a-marca-de-rede-social-mais-valiosas-do-mundo-em-2023/>. Acesso em 15 ago 2024.
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11
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12
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Editado por
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Editoras Chefes:
Dra. Marialva BarbosaUniversidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJDra. Sonia Virginia MoreiraUniversidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ
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Editores Executivos:
Dr. Jorge C. Felz FerreiraUniversidade Federal de Juiz de Fora, UFJFDra. Ana Paula Goulart de AndradeUniv. Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ
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Editor Associado
Dr. Sandro Torres de AzevedoUniversidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
27 Jun 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
25 Nov 2024 -
Aceito
10 Jan 2025 -
Publicado
03 Abr 2025
