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Maruina menina, uma nova espécie de Psychodidae (Diptera) do Brasil

Maruina menina, a new species of Psychodidae (Diptera) from Brazil

Resumo

Maruina menina sp. nov., from Atlantic rain forest of Bahia, northeastern Brazil, is described and illustrated.

Psychodidae; Maruina; new species; Neotropical; Atlantic rain forest


Psychodidae; Maruina; new species; Neotropical; Atlantic rain forest

Maruina menina, uma nova espécie de Psychodidae (Diptera) do Brasil

Maruina menina, a new species of Psychodidae (Diptera) from Brazil

Freddy Bravo; Ana Paula Lago

Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Universitária s/n, 44031-460, Feira de Santana, BA, Brasil. (fbravo@uefs.br)

ABSTRACT

Maruina menina sp. nov., from Atlantic rain forest of Bahia, northeastern Brazil, is described and illustrated.

Keywords: Psychodidae, Maruina, new species, Neotropical, Atlantic rain forest.

INTRODUÇÃO

Do gênero Maruina Müller, 1895, são conhecidas trinta e duas espécies, sendo duas da América do Norte e as outras trinta da Região Neotropical (VAILLANT, 1963, 1989; HOGUE, 1973, 1990; WAGNER, 1988, 1993; IBAÑEZ-BERNAL, 1994; WAGNER & JOOST, 1994). No Brasil, são conhecidas quatro espécies: Maruina pilosella Müller, 1895 e M. spinosa Müller, 1895 de Itajaí, Santa Catarina; M. garota Hogue, 1973 e M. namorada Hogue, 1973 do Rio de Janeiro. M. pilosella ocorre, também, nos estados de São Paulo (Usina Caiuá, Rancharia) e Rio de Janeiro (Tinguá) (BARRETTO, 1969) e na Argentina (Tucumán) (QUATE & WIRTH, 1951).

HOGUE (1973) dividiu as espécies de Maruina em dois subgêneros: Maruina (Maruina), caracterizado pelo edeago com espinhos polimórficos (dois ou três formatos distintos) e pela presença do nono tergito nos machos, e Maruina (Aculcina), com espinhos monomórficos no edeago e ausência do tergito nove na terminália dos machos. Todas as espécies brasileiras de Maruina pertencem ao subgênero Maruina (HOGUE, 1973).

A seguir, descreve-se uma espécie nova de Maruina (Maruina) da Mata Atlântica da Bahia.

MATERIAL E MÉTODOS

Os espécimens estudados foram tratados com solução aquosa de hidróxido de potássio (KOH) e montados em lâmina permanente. Os exemplares estão depositados na Coleção Entomológica da Universidade Estadual de Feira de Santana (CUFS), Feira de Santana, Bahia. Segue-se o sistema para a venação alar proposto por COLLESS & MCALPINE (1991) e as demais terminologias seguem MCALPINE (1981). As medidas estão em milímetros.

Os espécimens foram coletados com armadilha luminosa tipo ''Luiz de Queiroz'' em Ituberá, Bahia, localidade a aproximadamente 110 km ao sul de Salvador, em uma mata higrófila, próxima de uma cachoeira conhecida como Pancada Grande, inserida no Bioma Mata Atlântica.

Maruina menina sp. nov.

(Figs. 1-8)


Material-tipo. BRASIL, Bahia: Ituberá, holótipo , 12.VI.2002, F. Bravo col. (CUFS). Alótipo e parátipos, 9 , mesmos dados do holótipo (CUFS).

Etimologia. O substantivo específico menina refere-se, no Brasil, às crianças de sexo feminino.

Descrição. Holótipo macho, comprimento do corpo, 1,5. Cabeça subcircular; sutura interocular presente (fig. 1). Palpo maxilar com quatro segmentos; comprimento relativo dos segmentos do palpo: 1,0:2,0:2,0:3,0 (fig. 2). Antena incompleta no exemplar estudado; escapo subcilíndrico; pedicelo menor, subesférico (fig. 3); flagelômeros subcilíndricos, com formato de barril (fig. 3); ascóides perdidos no exemplar estudado. Comprimento da asa, 1,6; largura máxima, 0,36; Sc ausente; R1 pouco esclerotinizada, não alcançando a C; R2 incompleta, não unida a R2+3. R5 bem esclerotinizada, exceto pelo ápice; M2 com base pouco esclerotinizada, não unida a M1; M4 bem esclerotinizada; CuA pouco esclerotinizada (fig. 4). Cercos, gonocoxitos e gonóstilos com pilosidade (figs. 5-7); gonocoxitos com aproximadamente 21 cerdas longas na superfície dorsal. Ápice do esternito 10 com micropilosidade (figs. 5, 7). Tergito 9 sub-retangular (fig. 7). Tergito 10 fundido ao esternito 10, com micropilosidade apical (figs. 5, 7). Cercos compridos, digitiformes, com tenácula apical (figs. 5-7). Esternito 9 estreito, fundido aos gonocoxitos (figs. 5, 6). Gonocoxitos subcilíndricos; gonóstilos digitiformes (figs. 5, 6). Edeago simétrico; espinhos edeagais monomórficos, formados por apenas um par (fig. 6); apódema ejaculador comprido, dorsalmente quase tão longo quanto largo (fig. 6). Apódema gonocoxal, menor que o apódema ejaculador (fig. 5), formado por uma região inferior mais estreita e a superior mais larga, unidas anteriormente (fig. 5).

Fêmea. Semelhante ao macho, exceto pelas características descritas a seguir. Comprimento do corpo 1,7. Comprimento relativo dos segmentos do palpo: 1,0:1,5:1,8:3,5. Comprimento da asa, 1,9; largura máxima, 0,4. Gonocoxito 8 com única apófise, bilobada no ápice (fig. 8). Esternito 9 estreito, mais esclerotinizado no ápice (fig. 8). Cercos com cerdas compridas na extremidade (fig. 8).

Comentários. Maruina menina é incluída no subgênero Maruina por apresentar o esternito 9, característica ausente em todas as espécies do subgênero Aculcina. O edeago com espinhos monomórficos em M. menina é uma característica observada em todas as espécies do subgênero Aculcina e em uma espécie do subgênero Maruina, M. garota.

Maruina menina diferencia-se de M. garota por ter 21cerdas longas no gonocoxito e pelo gonóstilo digitiforme com o ápice truncado; em M. garota o gonocoxito apresenta 23 a 26 cerdas longas e o gonóstilo é curvo, terminando em ponta, queliceriforme.

Recebido em 07.03.2003

aceito em 07.07.2003

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Mar 2004
  • Data do Fascículo
    Dez 2003

Histórico

  • Aceito
    07 Jul 2003
  • Recebido
    07 Mar 2003
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