Acessibilidade / Reportar erro

Descrição de três novas espécies de Mahanarva (Hemiptera, Cercopidae, Ischnorhininae)

Description of three new species of Mahanarva (Hemiptera, Cercopidae, Ischnorhininae)

Resumos

Três novas espécies de cigarrinhas neotropicais do gênero Mahanarva são descritas: M. (M.) rubrovenata, M. (M.) webbi e M. (M.) dabliosignata, todas do Brasil.

Hemiptera; Mahanarva; cigarrinhas; novas espécies; Neotropical


Three new neotropical species of the spittlebug genus Mahanarva are described: M. (M.) rubrovenata, M. (M.) webbi e M. (M.) dabliosignata, all from Brazil.

Hemiptera; Mahanarva; spittlebugs; new species; Neotropical


Descrição de três novas espécies de Mahanarva (Hemiptera, Cercopidae, Ischnorhininae)

Description of three new species of Mahanarva (Hemiptera, Cercopidae, Ischnorhininae)

Andressa Paladini; Gervásio Silva Carvalho

Laboratório de Entomologia, Departamento de Biodiversidade e Ecologia, Faculdade de Biociências, PUCRS. Av. Ipiranga, 6681, 90619-900 Porto Alegre, RS. (andri_bio@yahoo.com.br; gervasio@pucrs.br)

RESUMO

Três novas espécies de cigarrinhas neotropicais do gênero Mahanarva são descritas: M. (M.) rubrovenata, M. (M.) webbi e M. (M.) dabliosignata, todas do Brasil.

Palavras-chave: Hemiptera, Mahanarva, cigarrinhas, novas espécies, Neotropical.

ABSTRACT

Three new neotropical species of the spittlebug genus Mahanarva are described: M. (M.) rubrovenata, M. (M.) webbi e M. (M.) dabliosignata, all from Brazil.

Keywords: Hemiptera, Mahanarva, spittlebugs, new species, Neotropical.

Mahanarva foi descrito por DISTANT (1909), que elegeu como espécie-tipo Mahanarva indicata Distant, 1909. Sua descrição sucinta, baseada em uma fêmea cuja localidade é indicada apenas Brasil, refere-se somente à coloração e a poucas características morfológicas. O gênero é constituído atualmente por 39 espécies neotropicais, agrupadas em dois subgêneros, sendo 15 delas registradas para o Brasil.

FENNAH (1968) dividiu o gênero em dois subgêneros: Mahanarva s. str. e M. (Ipiranga). Segundo o autor, estes dois subgêneros podem ser diferenciados pela razão entre o comprimento e a largura, em tégminas largas e estreitas (três e maior que três). Conforme CARVALHO & WEBB (2005), algumas espécies têm características comuns em ambos os subgêneros, como por exemplo, tégmina mais alongada em Mahanarva (Mahanarva).

Os insetos pertencentes a Mahanarva (Mahanarva) caracterizam-se por apresentar o posclípeo fortemente inflado, convexo, de perfil angulado (mais evidente nas fêmeas que nos machos), com carena longitudinal bem marcada e proeminente em algumas espécies e ranhuras laterais levemente marcadas. Pronoto largo, grosseiramente puncturado, com carena mediana fraca ou ausente. Tíbias posteriores com dois espinhos laterais, o basal muito pequeno. Ápice da tíbia com 15 espinhos distribuídos em duas fileiras; basitarso com 15 a 30 espinhos apicais em três ou mais fileiras; processo subungueal presente. Pigóforo com processos laterais entre o tubo anal e as placas subgenitais, que são alongadas, com ápice agudo. Edeago estreito, apresentando pouca variação entre as espécies, com dois processos dorsais longos e achatados, geralmente curvos apicalmente. Parâmero com ápice arredondado e espinho subapical em forma de gancho, fortemente esclerotizado e munido de dentículos na face interna. Primeira valva do ovipositor com processo basal desenvolvido.

O material estudado pertence às seguintes instituições: The Natural History Museum, London (BMNH); Coleção "Pe. Jesus Santiago Moure", Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba (DZUP); Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCNZ); Museu de Ciências e Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCTP); Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP); Zoological Museum, University of Copenhagen, Copenhagen (ZMUC, anteriormente LUND). Os exemplares foram examinados sob estereomicroscópio e as medidas tomadas com ocular micrométrica. As peças da genitália foram destacadas, preparadas e fotografadas com Microscópio Eletrônico de Varredura, do Centro de Microscopia e Microanálises (CEMM) da PUCRS.

Mahanarva (Mahanarva) rubrovenata sp. nov.

(Figs. 1-16, 41 , 44 )

















Medidas (em mm). /. Comprimento da cabeça, 1/1,1; largura da cabeça, 2,2/2,3; diâmetro do ocelo, 0,1/0,1; distância interocelar, 0,1/0,2; distância ocelo-olho, 0,4/0,4; distância ocelo-tilo, 0,3/0,3; distância ocelo-margem posterior, 0,3/0,3; distância interocular, 1,3/1,4; comprimento do tilo, 0,4/0,3; largura do tilo, 0,6/0,7; comprimento do posclípeo, 1,5/1,5; largura do posclípeo, 0,8/0,9; comprimento do pronoto, 2,4/2,6; largura do pronoto, 3,9/4,3; comprimento do escutelo, 1,8/2,2; largura do escutelo, 1,4/1,6; comprimento da tégmina, 10,5/11,3; largura da tégmina, 3,3/3,3; comprimento total, 12,8/13,6.

Diagnose. Coloração geral negra; tégminas castanho-escuras, com as veias avermelhadas no terço basal e médio e duas máculas vermelho-claras no início do terço posterior. Tórax e abdômen negros com regiões castanho-claras. Pernas vermelhas, com tíbias e fêmures enegrecidos na face interna; tarsos negros (Figs. 41 , 44 ).

Holótipo macho. Cabeça negra, mais larga que o comprimento do vértice, este convexo, com uma carena mediana bem marcada e proeminente; margens supra-antenais avermelhadas; tilo quadrangular, negro, 1,2 vez mais largo que longo, com carena mediana aparente; ocelos castanho-dourados, separados entre si por uma distância igual a um diâmetro de um deles, mais próximos um do outro do que dos olhos e da margem posterior da cabeça; olhos castanho-escuros com a região periférica amarelada, proeminentes e dispostos transversalmente; antenas com pedicelo castanho-avermelhado, mais longo do que largo, não visível dorsalmente; corpo basal do flagelo negro, subcilíndrico, projetado para fora do pedicelo, com uma arista menor do que este; posclípeo negro, inflado, de perfil angulado, mais longo do que largo, com ranhuras laterais levemente marcadas; carena longitudinal distinta e proeminente, formando um triângulo no ápice com o tilo; anteclípeo negro, maior que o último artículo do rostro e este menor que o anterior; rostro atingindo as mesocoxas, com segundo artículo vermelho e o terceiro negro. Pronoto hexagonal, mais longo que largo, negro, grosseiramente puncturado e enrugado, com carena mediana levemente marcada, estendendo-se até o terço médio deste e apresentando duas impressões circulares na porção anterior; margem anterior reta, ântero-laterais convexas, póstero-laterais sinuosas e posterior chanfrada, com reentrância mediana; ângulos umerais arredondados; escutelo negro, mais longo do que largo, com concavidade mediana e rugosidades transversais. Tégminas estreitas, finamente puncturadas, de coloração castanho-escura, com as veias avermelhadas no terço basal e médio e duas máculas vermelho-claras situadas no terço posterior, anteriormente à porção reticulada da tégmina; a primeira localizada logo após as ramificações da veia R e a segunda na porção final da Cu1; M e Cu1 coalescidas no terço basal; reticulação apical bem desenvolvida, veias salientes; A1 e A2 bem distintas. Asas hialinas com venação castanho-escura; Cu1 não espessada na base. Pernas posteriores: fêmur com pequeno espinho na face interna; tíbia com dois espinhos laterais, sendo o basal menor que os apicais, estes em número de 15, distribuídos em duas fileiras; basitarso com aproximadamente 27 espinhos apicais, cobertos por longas cerdas; processo subungueal presente.

Pigóforo negro, com processos laterais arredondados e pouco desenvolvidos entre o tubo anal e as placas subgenitais (Fig. 1); estas largas na base, com o ápice arredondado, margem dorsal interna munida de um conjunto de dentículos arredondados (Figs. 2, 3); parâmeros sub-retangulares, com elevação dorsal desenvolvida e ápice arredondado, dente subapical robusto, voltado para fora e com formato de gancho, apresentando um conjunto de dentículos na face interna (Figs. 4, 5); edeago subcilíndrico, com haste longa, ápice truncado; processos dorsais comprimidos, curvos na extremidade, inseridos pouco acima da metade (Figs. 6-8).

Fêmea. Semelhante ao macho, um pouco maior e com posclípeo acentuadamente angulado. Ovipositor com primeira valva longa, delgada e ápice acuminado (Fig. 9), com processo basal arredondado, bem desenvolvido, voltado para baixo (Fig. 10); segunda valva longa, com ápice arredondado, apresentando em sua margem dorsal um conjunto de dentes estendido somente até o terço anterior, face externa com um conjunto de sensilas (Figs.11,12,14); face interna com ornamentações laminares (Fig. 15); terceira valva curta e larga, com longas cerdas na face ventral (Fig. 13) e ornamentações na face interna (Fig. 16).

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Rio de Janeiro: Itatiaia, 1955, Lallemand leg. (BMNH). Parátipos. Minas Gerais: 2, 5, Serra do Caraça, III.1963, F. Werner, U. Martins & L. Silva leg. (, , MCTP; , 4, MZSP); , idem, XII.1968, F. Werner leg. (Coleção M. Alvarenga) (MCTP); Rio de Janeiro: Itatiaia, , 5.II.1957, M. A. Vulcano leg. (MZSP); São Paulo: São José do Barreiro (Serra da Bocaina, Fazenda do Bonito), , sem data, M.A. Vulcano leg. (MCTP); Santa Catarina: Hansa (Corupá), 3, 1937, J. Clermonte leg. (ZMUC); Itaiópolis, , 24.III.1929, A. Maller leg. (BMNH); Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula (Pró-Mata), , 15-18.III.2001, L. A. Bertoncello leg. (MCTP).

Discussão. A aparência externa, principalmente das tégminas, sugere que esta espécie deveria ser enquadrada no subgênero Ipiranga, porém a conformação do posclípeo e aparência da genitália são características do subgênero tipo. Assemelha-se a Mahanarva (Mahanarva) webbi sp. nov. quanto à morfologia externa, porém a coloração vermelha das tégminas se estende até o início do terço posterior desta e a genitália do macho difere substancialmente.

Etimologia. Epíteto específico alusivo à coloração vermelha das veias da tégmina.

Mahanarva (Mahanarva) webbi sp. nov.

(Figs. 17-24, 42 , 45 )

Medidas (em mm). . Comprimento da cabeça, 1; largura da cabeça, 2; diâmetro do ocelo, 0,1; distância interocelar, 0,2; distância ocelo-olho, 0,4; distância ocelo-tilo, 0,2; distância ocelos-margem posterior, 0,3; distância interocular, 1,2; comprimento do tilo, 0,4; largura do tilo, 0,6; comprimento do posclípeo, 1,3; largura do posclípeo, 0,6; comprimento do pronoto, 2,3; largura do pronoto, 3,5; comprimento do escutelo, 2,1; largura do escutelo, 1,6; comprimento da tégmina, 9,3; largura da tégmina, 2,6; comprimento total, 11,3.

Diagnose. Coloração geral castanho-avermelhada; tégminas castanho-escuras, com as veias avermelhadas na metade basal e três máculas isoladas desta mesma cor. Tórax e abdômen vermelho-claros com áreas castanhas. Pernas vermelhas, com face interna das tíbias e tarsos enegrecidos (Figs. 42 , 45 ).

Holótipo macho. Cabeça castanho-avermelhada, mais larga que o comprimento do vértice, este carenado e convexo; margens supra-antenais castanho-avermelhadas; tilo quadrangular, duas vezes mais largo do que longo, castanho-escuro, com carena mediana proeminente e bem marcada; ocelos transparentes, separados entre si por mais de um diâmetro de um deles, mais próximos um do outro do que dos olhos e da margem posterior da cabeça; olhos castanho-escuros, com a região periférica mais clara, proeminentes e dispostos transversalmente; antenas com pedicelo negro, mais longo que largo, visível dorsalmente, corpo basal do flagelo subcilíndrico, projetado para fora do pedicelo, portando uma arista menor do que este; posclípeo castanho-avermelhado, mais longo que largo, inflado, de perfil angulado, com ranhuras laterais levemente marcadas, carena longitudinal distinta e proeminente formando um triângulo no ápice com o tilo; anteclípeo vermelho com mácula negra na porção mediana, maior que o último artículo do rostro, que é menor que o anterior; rostro atingindo as mesocoxas, com segundo artículo vermelho e o terceiro negro. Pronoto hexagonal, mais largo do que longo, vermelho na metade anterior e marrom-escuro na posterior, grosseiramente puncturado, com duas impressões na metade anterior e duas menores situadas próximas à linha mediana; carena mediana levemente marcada e mais visível na porção posterior; margem anterior e ântero-laterais retas, póstero-laterais sinuosas com leve concavidade, posterior chanfrada com reentrância mediana, ângulos umerais arredondados; escutelo marrom-escuro, mais longo que largo, com concavidade mediana e sem rugosidades transversais. Tégminas estreitas, finamente puncturadas, castanho-escuras com as veias vermelhas na metade basal e três máculas desta mesma cor: uma na ramificação da veia R, outra na margem anal, no limite entre o terço médio e posterior, e outra na margem costal, no início do terço posterior; M e Cu1 coalescidas na base; reticulação apical bem desenvolvida, veias salientes, A1 e A2 bem distintas. Asas hialinas com venação negra; Cu1 não espessada na base. Pernas posteriores: fêmur com pequeno espinho na face interna; tíbia com dois espinhos laterais, sendo o basal inconspícuo e menor que os apicais desta, estes em número de 14, dispostos em duas fileiras; basitarso com 17 espinhos apicais em duas fileiras, ocultos por longas cerdas; processo subungueal presente.

Pigóforo castanho-claro, com processos laterais entre o tubo anal e as placas subgenitais (Fig. 17); placa subgenital com ápice arredondado e uma elevação basal munida de pequenos dentículos escamiformes que se estendem longitudinalmente e lateralmente pela face interna (Figs. 18, 19); parâmeros sub-retangulares, com elevação dorsal desenvolvida e ápice arredondado, dente subapical robusto, voltado para fora, com formato de gancho, apresentando um conjunto de dentículos na face ventral (Figs. 20, 21); edeago subcilíndrico, com haste estreita e longa, processos dorsais eqüidistantes da base e ápice, levemente comprimidos lateralmente e curvos apicalmente. (Figs. 22-24).

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Minas Gerais: Águas Claras, XII.1983, Alavarenga leg. (MCTP). Parátipos: 5, idem (2 MCTP, 2 MZSP, 1 BMNH).

Discussão. A aparência externa, principalmente da tégmina, sugere que esta espécie deveria ser enquadrada no subgênero Ipiranga, porém a conformação do posclípeo e aparência da genitália são características do subgênero tipo. Assemelha-se a M. (M.) rubrovenata sp. nov., mas o vermelho da tégmina se restringe à metade basal desta, além da diferença nas peças da genitália do macho.

Etimologia. O epíteto é uma homenagem a Michael D. Webb, curador de Hemiptera do BMNH.

Mahanarva (Mahanarva) dabliosignata sp. nov.

(Figs. 25-40, 43 , 46)

Medidas (em mm) /. Comprimento da cabeça, 1,3/1,1; largura da cabeça, 2,3/2,6; diâmetro do ocelo, 0,1/0,1; distância interocelar, 0,3/0,3; distância ocelo-olho, 0,5/0,5; distância ocelo-tilo, 0,2/0,2; distância ocelos-margem posterior, 0,2/0,3; distância interocular, 1,8/1,7; comprimento do tilo, 0,3/0,3; largura do tilo, 0,6/0,8; comprimento do posclípeo, 1,4/1,4; largura do posclípeo, 0,7/0,9; comprimento do pronoto, 2,2/2,4; largura do pronoto, 3,8/4,5; comprimento do escutelo, 2/2; largura do escutelo, 2/2; comprimento da tégmina, 7,8/8; largura da tégmina, 2,8/3,1; comprimento total, 9,7/10,2.

Diagnose. Coloração geral castanho-avermelhada com duas faixas alaranjadas, dispostas transversalmente sobre as tégminas, sendo a anterior em "zigue-zague" e a posterior reta. Tórax castanho-avermelhado, abdômen castanho-escuro com as margens vermelhas. Pernas castanho-avermelhadas (Figs. 43 , 46).

Holótipo macho. Cabeça avermelhada, mais larga que o comprimento do vértice, este carenado e convexo; margens supra-antenais avermelhadas; tilo quadrangular, 1,8 vez mais largo que longo, castanho-avermelhado, com carena mediana fracamente marcada; ocelos transparentes, separados entre si por mais de um diâmetro de um deles, mais próximos um do outro do que dos olhos e da margem posterior da cabeça; olhos castanho-escuros, com a região periférica mais clara, proeminentes e dispostos transversalmente; antenas com pedicelo avermelhado, mais longo do que largo, não visível dorsalmente; corpo basal do flagelo subcilíndrico, castanho, projetado para fora do pedicelo, portando uma arista menor do que este; posclípeo avermelhado, inflado, de perfil angulado, mais longo que largo, com ranhuras laterais grosseiramente marcadas, carena longitudinal distinta, não formando um triângulo no ápice com o tilo; anteclípeo castanho-avermelhado, maior que o último artículo do rostro, que é menor que o anterior; rostro castanho-avermelhado, atingindo as coxas medianas; pronoto hexagonal, mais largo que longo, castanho-avermelhado, grosseiramente puncturado, recoberto por uma fina pubescência dourada, com carena mediana levemente marcada, mais visível na porção posterior; margem anterior reta, ântero-laterais convexas, póstero-laterais sinuosas com leve concavidade e posterior chanfrada com reentrância mediana; ângulos umerais arredondados; escutelo vermelho, mais longo que largo, com concavidade mediana e rugosidades transversais. Tégmina larga, finamente puncturada, castanho-clara com a margem anal avermelhada, ornada com duas faixas transversais alaranjadas: a anterior entre o terço anterior e o terço médio, formando um "zigue-zague" e a posterior disposta entre o terço médio e o posterior; M e Cu1 coalescidas na base; reticulação apical bem desenvolvida; veias visíveis, duas veias anais, sendo A2 pouco aparente. Asas hialinas com venação castanha, Cu1 levemente espessada na base. Pernas posteriores: fêmur com pequeno espinho na face interna; tíbia com dois espinhos laterais, sendo o basal de igual tamanho dos apicais desta, estes em número de 13, dispostos em duas fileiras; basitarso com 15 espinhos apicais distribuídos em duas camadas, cobertos por longas cerdas; processo subungueal presente.

Pigóforo castanho-amarelado, com processos arredondados entre o tubo anal e as placas subgenitais (Fig. 25), estas largas na base e afuniladas em direção ao ápice, que é arredondado e voltado para cima; margem dorsal com fileiras de dentículos pontiagudos na face interna, mais abundantes próximo ao ápice (Figs. 26, 27); parâmeros sub-retangulares, com elevação dorsal desenvolvida, ápice arredondado, dente subapical voltado para fora, em forma de foice (Figs. 28, 29); edeago subcilíndrico, com haste delgada e longa, ápice acuminado, processos dorsais retos e inseridos um pouco abaixo da metade (Figs. 30-32).

Fêmea. Semelhante ao macho, um pouco maior, com posclípeo acentuadamente angulado. Ovipositor com a primeira valva curta com ápice acuminado (Fig. 33), processo basal desenvolvido, arredondado, em forma de colher, disposto obliquamente (Fig. 34); segunda valva curta, com ápice inconspicuamente serrilhado no terço anterior (Figs. 35, 36), portando um conjunto de sensilas na face externa (Fig. 38) e ornamentações laminares na face interna (Fig. 39); terceira valva curta e larga, com um conjunto de cerdas na porção inferior (Fig. 37) e ornamentações em sua face interna (Fig. 40).

Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Paraná: Guarapuava (Est. Águas Sta. Clara), 1.X.1986, Lev. Ent. PROFAUPAR leg. (DZUP). Parátipos: 2, mesmos dados do holótipo (DZUP); Rio Grande do Sul: , Derrubadas (Parque Estadual do Turvo, (27º12'38,5"S; 53º51'15,3"W), 20.X.2004, A. Barcellos, R. Ott & I. Heydrich col.; , idem, (Estrada para Yucumã), L. Moura col.; , idem, (27º14'48,9"S; 53º57'36,7"W), 28.X.2003, L. Moura col.; , idem, (27º9'53,3"S; 53º52'006"W), A. Barcellos, R. Ott & I. Heydrich col.; , idem, (27º9'53"S; 53º51'28,0"W), 21.X.2004, A. Barcellos, R. Ott & I. Heydrich col.; , Itaúba, 27.X.1999, Franceschini, Bonaldo & Silva col. (MCNZ); Pareci (=Parecy) Novo, IX.1932, Pe. Buck leg. (MCTP); , São Francisco de Paula (Pró-Mata), 19-20.XI.1998, Carvalho & Pulz leg. (MCTP); , Porto Alegre, 31.X.1951, Pe. Buck leg. (MCTP); , idem, 8.XI.1955. (MCTP).

Discussão. Assemelha-se a M. (M.) consita (Melichar, 1915), porém é mais avermelhada e menor, além da diferença nas peças da genitália do macho; as fêmeas possuem coloração menos avermelhada, com a faixa em "zigue-zague" nas tégminas pouco aparente.

Etimologia. Epíteto específico alusivo à faixa em "zigue-zague", a qual lembra a letra "w" sobre as tégminas.

Agradecimentos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de estudos ao primeiro autor. À Miriam Souza dos Santos, do Centro de Microscopia e Microanálises (CEMM) da PUCRS, pelo apoio na manipulação do MEV. À equipe do Laboratório de Malacologia da PUCRS, pelo auxílio e empréstimo do equipamento fotográfico.

Recebido em abril de 2006. Aceito em agosto de 2006.

  • CARVALHO, G. S. & WEBB, M. D. 2005. Cercopid spittlebugs of the New World (Hemiptera, Auchenorryncha, Cercopidae) Sofia, Pensoft. 271p.
  • DISTANT, W. L. 1909. Rhynchotal Notes XLVI. Annals and Magazine of Natural History 3(8):187-213.
  • FENNAH, R. G. 1968. Revisionary notes on the New World genera of cercopid froghoppers (Homoptera: Cercopoidea). Bulletin of Entomological Research 58(1):165-190.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Maio 2007
    • Data do Fascículo
      Mar 2007

    Histórico

    • Recebido
      Abr 2006
    • Aceito
      Ago 2006
    Museu de Ciências Naturais Museu de Ciências Naturais, Secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Rua Dr. Salvador França, 1427, Jardim Botânico, 90690-000 - Porto Alegre - RS - Brasil, Tel.: + 55 51- 3320-2039 - Porto Alegre - RS - Brazil
    E-mail: iheringia-zoo@fzb.rs.gov.br