Resumo
Introdução:
A ocorrência de insuficiência renal aguda (IRA) após acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) está associada a pior prognóstico. Há uma deficiência de estudos brasileiros a respeito dessa questão. O presente estudo teve como objetivo descrever o impacto da IRA após o primeiro episódio de AVCI em relação à taxa de letalidade em 30 dias.
Métodos:
A presente coorte retrospectiva de base hospitalar incluiu pacientes que sofreram seu primeiro AVCI entre janeiro e dezembro de 2015. IRA foi definida por elevações da creatinina sérica em relação ao valor basal na internação ≥ 0.3 mg/dL ou aumento da creatinina sérica equivalente a 1,5 vez o valor basal em qualquer instante durante a primeira semana após a internação. Foi realizada análise univariada e multivariada para avaliar a presença de IRA com letalidade em 30 dias.
Resultados:
A população final do estudo (n = 214) apresentou média de idade de 66,46 ± 13,73 anos; 48,1% eram homens; a média de pontuação no NIHSS foi 6,33 ± 6,27; e 20 (9,3%) apresentaram IRA. Pacientes com IRA tinham idade mais avançada, pontuação maior na NIHSS e valores mais elevados de creatinina no momento da alta hospitalar. A mortalidade em 30 dias foi maior no subgrupo com IRA em comparação ao grupo sem IRA (35% vs. 6,2%, p < 0,001). IRA foi preditor independente de mortalidade após AVCI, porém limitado pela gravidade do acidente vascular cerebral (NIHSS).
Conclusão:
A presença de IRA é uma complicação importante após AVCI. Apesar de seu impacto na letalidade de 30 dias, a força preditiva da IRA foi limitada pela gravidade do AVC.
Palavras-chave:
Lesão Renal Aguda; Testes de Função Renal; Acidente Vascular Cerebral; Sobrevivência