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Leishmaniose visceral e gestação em transplantada renal: Relato de Caso

Visceral leishmaniasis and pregnancy in renal transplanted patient: Case Report

Resumo

A leishmaniose visceral (LV), ou Calazar, é uma doença grave e potencialmente fatal para o homem. É causada por espécies do gênero Leishmania, predominando no Brasil a Leishmania chagasi. Os principais sintomas são febre, mal-estar, anorexia, perda ponderal e aumento do volume abdominal. A esplenomegalia e hepatomegalia são os sinais característicos da leishmaniose visceral, atualmente considerada infecção oportunista em imunocomprometidos, incluindo os receptores de transplante de órgãos sólidos. O objetivo deste estudo foi relatar um caso de leishmaniose visceral associado à gravidez pós-transplante renal.

Palavras-chave:
gravidez; leishmaniose visceral; terapêutica; transplante de rim

Abstract

Visceral leishmaniasis (VL) is a severe and potentially fatal disease caused by different Leishmania species, Leishmania chagasi prevailing in Brazil. Main symptoms include fever, malaise, anorexia, weight loss and abdominal enlargement with typically occurring hepatosplenomegaly Currently, VL is considered an opportunistic infection in immunocompromised hosts, including solid organ transplanted patients. The present study reports a case of VL associated to pregnancy after renal transplantation.

Keywords:
kidney transplantation; leishmaniasis, visceral; pregnancy; therapeutics

Introdução

A leishmaniose visceral (LV), ou Calazar, é uma doença grave e potencialmente fatal ao homem. Causada por protozoários do gênero Leishmania, predomina no Brasil a L. chagasi. É transmitida pela picada de mosquitos do gênero Lutzomia. No ambiente doméstico, o cão é considerado um importante hospedeiro e fonte de infecção para os vetores.11 Lages RC, Castro JAF, Monte SJH, Monte Neto JT, Andrade HM. Leishmaniose visceral e transplante renal: relato de caso, estudo prospectivo de doadores e receptores e proposta de diagnóstico precoce da infecção em área endêmica. J Bras Nefrol 2004;26:51-6.

A LV ocorre em 21 unidades da federação, com média anual de 3.379 casos, predominando há 20 anos na região Nordeste, que atualmente comparece com 48% dos casos do país.22 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Leishmaniose Visceral [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [data desconhecida] [Acesso 14 Nov 2010]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_lv.pdf
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No noroeste do Estado de São Paulo, a LV foi reintroduzida em 1999. Em 2006, estava presente em 24 municípios ao longo da rodovia Marechal Rondon.33 Lindoso JAL, Goto H. Leishmaniose visceral: situação atual e perspectivas futuras. BEPA Bol Epidem Paul 2006;3:7-11. A cidade de Marília não registra casos autóctones, mas é contígua àquele eixo viário.

Nas últimas décadas, a LV tem sido considerada infecção oportunista em pacientes imunocomprometidos, incluindo receptores de transplante.44 Montalban C, Martinez-Fernandez R, Calleja JL, Garcia-Diaz JD, Rubio R, Dronda F, et al. Visceral leishmaniasis (kala-azar) as an opportunistic infection in patients infected with the human immunodeficiency virus in Spain. Rev Infect Dis 1989;11:655-60. PMID: 2672242 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/clinids/11.4.655
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,55 Portolés J, Prats D, Torralbo A, Herrero JA, Torrente J, Barrientos A. Visceral leishmaniasis: a cause of opportunistic infection in renal transplant patients in endemic areas. Transplantation 1994;57:1677-9. PMID: 8009605 Os nefropatas crônicos e HIV positivos podem apresentar doença silenciosa.66 Fernández-Guerrero ML, Aguado JM, Buzón L, Barros C, Montalbán C, Martín T, et al. Visceral leishmaniasis in immunocompromised hosts. Am J Med 1987;83:1098-102. PMID: 3332567 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/0002-9343(87)90948-X
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Portanto, o diagnóstico pode ser desafiador, devido às diferentes apresentações, atrasando o início do tratamento, o que pode explicar a mortalidade de 20% descrita em transplantados renais.77 Sabbatini M, Pisani A, Ragosta A, Gallo R, Borrelli F, Cianciaruso B. Visceral Leishmaniasis in renal transplant recipients: is it still a challenge to the nephrologist? Transplantation 2002;73:299-301. Os principais sintomas da infecção são febre intermitente, mal-estar, anorexia, perda ponderal, aumento do volume abdominal, associados à hepatoesplenomegalia, pancitopenia, hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia.88 Jeronimo SMB, Sousa AQ, Pearson RD. Leishmaniose. In: Goldman L, Ausiello D, eds. Cecil medicina. 23a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. p.2759-67. Todavia, a apresentação clínica é variável, havendo descrição de casos diagnosticados por esfregaço de medula óssea em transplantados sem evidências clínicas ou esplenomegalia.99 Garewal G, Ahluwalia J, Kumar V, Shukla R, Das R, Varma N, et al. The utility of bone marrow examination in renal transplantation: nine years of experience from north India. Transplantation 2006;81:1354-6. PMID: 16699466 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000204066.66969.d1
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Embora o Brasil seja o líder em transplantes de órgãos sólidos na América do Sul, poucos casos de LV pós-transplante foram relatados, sendo o primeiro deles descrito em 2007 em um transplante de fígado.1010 Clemente WT, Couto CA, Ribeiro DD, de Medeiros Chaves França M, Sanches MD. An atypical course of visceral leishmaniasis (Kala-azar) in a liver transplant recipient. Transplantation 2007;83:368-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000251810.61080.33
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O objetivo deste estudo foi relatar um caso de LV pós-transplante renal em paciente que desenvolveu gestação durante a evolução da doença.

Relato de Caso

Paciente de 24 anos, feminina, branca, 41 kg de peso, recebeu transplante renal de doador falecido em julho de 2006, aos 18 anos de idade. Relatava antecedentes de hipertensão arterial sistêmica moderada na adolescência e insuficiência renal crônica estágio V de etiologia indeterminada. Após hemodiálise durante 13 meses, recebeu transplante renal (TX) de doador falecido de oito anos de idade e 30 Kg de peso, vítima de traumatismo crâneo-encefálico, creatinina 0,9 mg/dL, compatibilidade 1A1DR, painel zero de reatividade a linfócitos. A imunossupressão consistiu de indução com metilprednisolona 500 mg e manutenção inicial com prednisona (0,73 mg/Kg/dia), azatioprina (1,8 mg/ Kg/dia) e tacrolimus (0,29 mg/Kg/dia). Evoluiu favoravelmente com creatinina sérica 0,7 mg/dL e normotensão ao 45º dia pós-TX. No 10º mês pós-TX, apresentou diabetes tratado com hipoglicemiante oral, sendo internada por quadro febril associado à esplenomegalia a 8 cm e pancitopenia (Tabela 1).

Tabela 1
Leishmaniose visceral. Evolução laboratorial pós-transplante renal

Com suspeita de doença linfoproliferativa ou mielotoxicidade, foi suspensa a azatioprina. Biópsia de medula óssea (MO) sem alterações. Permaneceu assintomática por aproximadamente 35 meses, persistindo leucopenia entre 2.900 e 4.500 leucócitos/mm3. Introduzido o micofenolato sódico 180 mg 2x/dia. Em abril de 2010, quadro de diarreia, febre e esplenomegalia a 6-8 cm, leucopenia e elevação de gamaglobulina sérica, com antigenemia citomegalovírus negativa. O exame de urina revelou hemácias 55.000 a 90.000/ml e leucócitos de 15.000 a 21.000/ml, com + a +++ de sangue. À eletroforese, albumina 3,0 g/dl, e gamaglobulina 5,0 g/dl, com IgG 3,92 e IgM 0,71 g/dl. Biópsia de MO: formas amastigotas de Leishmania. Instituída anfotericina B lipossomal (ABL) 4 mg/Kg/dia/5 dias, retirado micofenolato.

Na evolução, gestação de 12 semanas em setembro de 2010, com recaída da LV, esplenomegalia, pancitopenia e mielograma positivo. Reintroduzida ABL 4,8 mg/Kg/dia/7 dias e reforço ao décimo dia. Em dezembro de 2010, desenvolveu doença hipertensiva da gestação, piora da função renal e óbito fetal. No puerpério, normalizou a função renal e surgiu proteinúria nefrótica. Biópsia renal: nefropatia crônica do enxerto, fibrose intersticial e atrofia tubular, glomeruloesclerose segmentar e focal secundária 5/20 e esclerose global 3/20 glomérulos. A exacerbação do diabetes e nefrose requereu insulinoterapia e inibidor da enzima conversora de angiotensina. Em novembro de 2012, mielograma reconfirmou LV, passando a receber terapia quinzenal de ABL.

Discussão

O transplante de órgãos descortina infecções oportunistas dependentes das características regionais. Em áreas endêmicas, os transplantados com febre e esplenomegalia devem ter LV como hipótese diferencial, que se relaciona diretamente à redução da morbimortalidade. São apontadas como fatores de risco para o desenvolvimento da LV em TX, dentre outros, a fase tardia do enxerto e a citomegalia.1111 Alves da Silva A, Pacheco-Silva A, de Castro Cintra Sesso R, Esmeraldo RM, Costa de Oliveira CM, Fernandes PF, et al. The risk factors for and effects of visceral leishmaniasis in graft and renal transplant recipients. Transplantation 2013;95:721-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31827c16e2
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O tratamento da LV em imunocomprometidos compreende antimoniais pentavalentes e anfotericina B, sendo esta considerada mais efetiva.1212 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Leishmaniose visceral grave: normas e condutas. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. O SUS disponibiliza a ABL pela menor toxicidade aos pacientes com risco de toxicidade à anfotericina B desoxicolato, dentre eles os transplantados renais.1313 Oliveira CM, Oliveira ML, Andrade SC, Girão ES, Ponte CN, Mota MU, et al. Visceral leishmaniasis in renal transplant recipients: clinical aspects, diagnostic problems, and response to treatment. Transplant Proc 2008;40:755-60. PMID: 18455008 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.transproceed.2008.02.039
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A paciente foi tratada com ABL, apresentando evidente melhora clínica, porém, sem erradicação do parasita, do mesmo modo relatado para pacientes com HIV, que necessitam manutenção prolongada de ABL.1414 Ritmeijer K, ter Horst R, Chane S, Aderie EM, Piening T, Collin SM, et al. Limited effectiveness of high-dose liposomal amphotericin B (AmBisome) for treatment of visceral leishmaniasis in an Ethiopian population with high HIV prevalence. Clin Infect Dis 2011;53:e152-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/cid/cir674
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É relatada a transmissão transplacentária do parasita, não documentada no presente caso, para a qual se considera segura a utilização de ABL.1515 Figueiró-Filho EA, El Beitune P, Queiroz GT, Somensi RS, Morais NO, Dorval ME, et al. Visceral leishmaniasis and pregnancy: analysis of cases reported in a central-western region of Brazil. Arch Gynecol Obstet 2008;278:13-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00404-007-0532-0
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Há uma revisão recente das diferentes opções de tratamento da LV disponíveis.1616 Murray HW. Leishmaniasis in the United States: treatment in 2012. Am J Trop Med Hyg 2012;86:434-40. PMID: 22403313 DOI: http://dx.doi.org/10.4269/ajtmh.2012.11-0682
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    12 Fev 2014
  • Aceito
    23 Out 2014
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