Acessibilidade / Reportar erro

Hipertensão resistente e refratária: duas faces de uma mesma doença?

Resumo

A Hipertensão Arterial Refratária (HARf) representa um fenótipo extremo da hipertensão arterial resistente (HAR), sendo considerada a falência ao tratamento apesar do uso de 5 ou mais classes de anti-hipertensivos, incluindo um diurético tiazídico de longa ação e um antagonista mineralocorticoide. A HAR é comum (10-20%) entre os hipertensos em geral, sendo decorrente de hiperatividade do Sistema Renina Angiotensina Aldosterona e retenção hidrossalina. Aqueles com HARf correspondem a 5-8% dos resistentes e parecem sofrer maior influência catecolaminérgica. Os resistentes tendem a ter maior idade, ao sobrepeso e à obesidade. Comorbidades incluem diabetes, apneia obstrutiva do sono e status de hiperaldosteronismo. Refratários são afro-americanos em maior proporção, mais jovens e, predominantemente, mulheres. Ambos são fortemente associados à elevada albuminúria, HVE, doenças cardio e cerebrovasculares, além da doença renal crônica. O fenômeno do jaleco branco parece ser mais evidente nos resistentes. Quanto ao tratamento, a intensificação da terapia diurética está indicada nos resistentes, enquanto na HARf, a falência à terapia impôs novas alternativas de tratamento ("simpaticolíticas"). Em conclusão, tanto a HAR quanto a HARf constituem-se desafios na prática clínica e devem ser abordadas como entidades clínicas distintas por profissionais especialistas que identifiquem comorbidades e venham a prover um tratamento específico, diversificado e individualizado.

Palavras-chave:
Hipertensão Resistente, Hipertensão Refratária; Sistema Nervoso Simpático; Hiperaldosteronismo

Abstract

Refractory hypertension (RfH) is an extreme phenotype of resistant hypertension (RH), being considered an uncontrolled blood pressure besides the use of 5 or more antihypertensive medications, including a long-acting thiazide diuretic and a mineralocorticoid antagonist. RH is common, with 10-20% of the general hypertensives, and its associated with renin angiotensin aldosterone system hyperactivity and excess fluid retention. RfH comprises 5-8% of the RH and seems to be influenced by increased sympathetic activity. RH patients are older and more obese than general hypertensives. It is strongly associated with diabetes, obstructive sleep apnea, and hyperaldosteronism status. RfH is more frequent in women, younger patients and Afro-americans compared to RFs. Both are associated with increased albuminuria, left ventricular hypertrophy, chronic kidney diseases, stroke, and cardiovascular diseases. The magnitude of the white-coat effect seems to be higher among RH patients. Intensification of diuretic therapy is indicated in RH, while in RfH, therapy failure imposes new treatment alternatives such as the use of sympatholytic therapies. In conclusion, both RH and RfH constitute challenges in clinical practice and should be addressed as distinct clinical entities by trained professionals who are capable to identify comorbidities and provide specific, diversified, and individualized treatment.

Keywords:
Resistant Hypertension, Refractory Hypertension; Sympathetic Nervous System; Hyperaldosteronism

Introdução

A hipertensão arterial resistente (HAR) vem sendo estudada em diferentes populações desde o fim do século passado. No entanto, somente em 2008 foi publicada, pela American Heart Association, a primeira diretriz sobre o tema, que uniformizou a sua definição, estabeleceu os principais fatores de risco e causas secundárias e sistematizou a abordagem diagnóstica e terapêutica desses pacientes.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90 Desde então, vários estudos têm demonstrado a alta morbimortalidade associada à HAR, resultando na proposta de novos esquemas terapêuticos (com a inclusão definitiva da espironolactona como quarta droga), além de terapias intervencionistas em busca de um controle pressórico mais adequado.

Na tentativa de definir um perfil de pacientes de maior risco e que, portanto, mais se beneficiariam dessas novas terapias, surgiu em 2012 a definição Hipertensão Arterial Refratária (HARf).22 Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12. Esses indivíduos seriam aqueles com pior controle pressórico e possivelmente pior prognóstico cardiovascular.

A despeito de a via final comum da hipertensão arterial (HA) envolver, sobretudo, os processos de retenção hidrossalina e de aumento do tônus simpático, a literatura corrente tem sugerido, em âmbito global, a existência de diversos fenótipos com variáveis clínicas e prognósticas presuntivamente distintas, em um espectro que varia desde a HA de fácil controle até a HAR e, mais recentemente, a HARf.22 Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12.

Nessa perspectiva, conquanto a HARf represente um fenótipo extremo da HAR, estudos recentes têm apontado para dicotomias em sua fisiopatogenia, com destaque para a tendência de que a primeira seja atribuída majoritariamente a uma atividade simpática exacerbada e a segunda, a uma inapropriada retenção hidrossalina decorrente da hiperatividade do Sistema Renina Angiotensina Aldosterona.33 Leibowitz A, Schiffrin EL. Immune mechanisms in hypertension. Curr Hypertens Rep 2011;13:465-72.

4 Modolo R, de Faria AP, Almeida A, Moreno H. Resistant or refractory hypertension: are they different? Curr Hypertens Rep 2014;16:485.

5 Dudenbostel T, Acelajado MC, Pisoni R, Li P, Oparil S, Calhoun D. Refractory Hypertension: Evidence of Heightened Sympathetic Activity as a Cause of Antihypertensive Treatment Failure. Hypertension 2015;66:126-33.
-66 Yugar-Toledo JC, Modolo R, de Faria AP, Moreno H. Managing resistant hypertension: focus on mineralocorticoid-receptor antagonists. Vasc Health Risk Manag 2017;13:403-11. Desse modo, muito embora sejam interpretadas de forma pragmática em um continuum, torna-se imperativa, sobretudo na era pós-antagonistas de receptores mineralocorticoides,77 de Souza F, Muxfeldt ES, Fiszman R, Salles GF. Efficacy of spironolactone therapy in patients with true resistant hypertension. Hypertension 2010;55:147-52.

8 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.
-99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83. uma adequada compreensão da prevalência de HARf nas diferentes populações, bem como das suas diferenças clínicas e prognósticas nos casos de hipertensos resistentes.

Discussão

Da definição

HAR é definida como a pressão arterial (PA) de consultório não controlada, apesar do uso de 3 ou mais anti-hipertensivos em doses otimizadas e com diferentes mecanismos de ação, preferencialmente incluindo um diurético apropriado à função renal, ou ainda pacientes com PA controlada em uso de 4 ou mais drogas.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90,1010 Braam B, Taler SJ, Rahman M, Fillaus JA, Greco BA, Forman JP, et al. Recognition and Management of Resistant Hypertension. Clin J Am Soc Nephrol 2017;12:524-35.

Em paralelo, a definição de HARf vem evoluindo desde 2012,22 Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12. sendo atualmente considerada como a falência no controle pressórico de consultório, apesar do uso de 5 ou mais classes de anti-hipertensivos, incluindo um diurético tiazídico de longa ação (preferencialmente a clortalidona) ou de alça, de acordo com o ritmo de filtração glomerular estimado, além de um antagonista do receptor mineralocorticoide (como a espironolactona) como quarta droga.77 de Souza F, Muxfeldt ES, Fiszman R, Salles GF. Efficacy of spironolactone therapy in patients with true resistant hypertension. Hypertension 2010;55:147-52.

Da epidemiologia

A prevalência de HAR, a partir da avaliação multicêntrica de diversas coortes, é estimada entre 10-20% dos indivíduos tratados.1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.

12 Persell SD. Prevalence of resistant hypertension in the United States, 2003-2008. Hypertension 2011;57:1076-80.

13 Daugherty SL, Powers JD, Magid DJ, Tavel HM, Masoudi FA, Margolis KL, et al. Incidence and prognosis of resistant hypertension in hypertensive patients. Circulation 2012;125:1635-42.
-1414 Sim JJ, Bhandari SK, Shi J, Liu IL, Calhoun DA, McGlynn EA, et al. Characteristics of resistant hypertension in a large, ethnically diverse hypertension population of an integrated health system. Mayo Clin Proc 2013;88:1099-107. O aumento da prevalência contrasta com a melhora no controle pressórico nos últimos 30 anos, porém se explica pelo envelhecimento progressivo da população e pela pandemia da obesidade.1515 Egan BM, Zhao Y, Axon RN, Brzezinski WA, Ferdinand KC. Uncontrolled and apparent treatment resistant hypertension in the United States, 1988 to 2008. Circulation 2011;124:1046-58. Análises que excluam a pseudorresistência são necessárias para elucidar a verdadeira prevalência de HAR.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,1616 Sarafidis PA, Georgianos P, Bakris GL. Resistant hypertension--its identification and epidemiology. Nat Rev Nephrol 2012;9:51-8. No Brasil, o Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto (ELSA), em uma coorte de mais de 15.000 indivíduos entre 35 e 74 anos, encontrou uma prevalência de HAR de 11%.1717 Lotufo PA, Pereira AC, Vasconcellos PS, Santos IS, Mill JG, Bensenor IM. Resistant hypertension: risk factors, subclinical atherosclerosis, and comorbidities among adults-the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). J Clin Hypertens (Greenwich) 2015;17:74-80.

Por sua vez, a prevalência de hipertensos refratários tem sido estimada por um número limitado de estudos, merecendo destaque a análise prospectiva realizada por Dudenbostel,1818 Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430. que a reportaram como em torno de 5% dentre os hipertensos resistentes encaminhados a um centro clínico de referência. Adicionalmente, no estudo REGARDS1919 Calhoun DA, Booth JN 3rd, Oparil S, Irvin MR, Shimbo D, Lackland DT, et al. Refractory hypertension: determination of prevalence, risk factors, and comorbidities in a large, population-based cohort. Hypertension 2014;63:451-8. foram descritas taxas semelhantes (3,6%) entre os resistentes controlados e não controlados, destacando a sua baixa prevalência (0,5%) quando comparados a todos os indivíduos hipertensos. Recentemente, a avaliação do registro espanhol de MAPA (Spanish Ambulatory BP Monitoring Registry) mostrou uma prevalência de hipertensos refratários de 8% entre os resistentes (16,9%).2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365.

Dos mecanismos

A HAR é imputada majoritariamente à hiperatividade do SRAA e seu consequente excesso de retenção hidrossalina, o que é sugerido pelo impacto que a terapia diurética desempenha na redução dos níveis pressóricos de modo proporcional à depleção do volume intravascular efetivo.2121 Siddiqui M, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension. Curr Opin Nephrol Hypertens 2017;26:14-9. Esse mecanismo parece ser multifatorial, sendo proporcional à idade; presença de doenças como obesidade, doença renal crônica estabelecida e diabetes; raça afro-americana; consumo excessivo de sódio na dieta e, sobremaneira, ao status de hiperaldosteronismo.2222 Hwang AY, Dietrich E, Pepine CJ, Smith SM. Resistant Hypertension: Mechanisms and Treatment. Curr Hypertens Rep 2017;19:56.

Em contraste, a HARf seria menos volume-dependente, já que, por definição, seu tratamento com associação de drogas diuréticas é falho em atingir os alvos pressóricos estabelecidos.44 Modolo R, de Faria AP, Almeida A, Moreno H. Resistant or refractory hypertension: are they different? Curr Hypertens Rep 2014;16:485.,55 Dudenbostel T, Acelajado MC, Pisoni R, Li P, Oparil S, Calhoun D. Refractory Hypertension: Evidence of Heightened Sympathetic Activity as a Cause of Antihypertensive Treatment Failure. Hypertension 2015;66:126-33. Dessa forma, os refratários parecem sofrer maior influência catecolaminérgica, apresentando menores níveis de aldosterona plasmática e também menor excreção de sódio urinário em 24 horas. Estudos recentes em hipertensos refratários, em comparação aos resistentes, obtiveram índices discriminantes do tônus simpático: frequência cardíaca elevada, maior excreção de noradrenalina na urina de 24 horas e maior resistência vascular periférica.44 Modolo R, de Faria AP, Almeida A, Moreno H. Resistant or refractory hypertension: are they different? Curr Hypertens Rep 2014;16:485.,1818 Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430.,2323 Calhoun DA. Refractory and Resistant Hypertension: Antihypertensive Treatment Failure versus Treatment Resistance. Korean Circ J 2016;46:593-600.

Das características clínicas e comorbidades

Hipertensos resistentes tendem a ter maior idade, ao sobrepeso e à obesidade. Comorbidades comumente associadas incluem doença renal crônica (DRC) estabelecida, diabetes, apneia obstrutiva do sono, hipertrofia ventricular esquerda (HVE), doenças cardiovasculares e cerebrovasculares e, por fim, status de hiperaldosteronismo.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90,1010 Braam B, Taler SJ, Rahman M, Fillaus JA, Greco BA, Forman JP, et al. Recognition and Management of Resistant Hypertension. Clin J Am Soc Nephrol 2017;12:524-35.,1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.,2424 Muxfeldt ES, Salles GF. Pulse pressure or dipping pattern: which one is a better cardiovascular risk marker in resistant hypertension? J Hypertens 2008;26:878-84.

Por seu turno, hipertensos refratários, em comparação com os resistentes controlados, são afro-americanos em maior proporção, mais jovens e, predominantemente, mulheres.2121 Siddiqui M, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension. Curr Opin Nephrol Hypertens 2017;26:14-9. Quanto às principais comorbidades descritas temos: insuficiência cardíaca,1818 Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430. acidente vascular cerebral,22 Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12. doença renal crônica com elevada albuminúria, diabetes, Síndrome Metabólica, doenças cardiovasculares1919 Calhoun DA, Booth JN 3rd, Oparil S, Irvin MR, Shimbo D, Lackland DT, et al. Refractory hypertension: determination of prevalence, risk factors, and comorbidities in a large, population-based cohort. Hypertension 2014;63:451-8. e hipertrofia ventricular esquerda.22 Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12.

Da abordagem clínica

No caso de um paciente com possível diagnóstico de HAR, deve-se levar em consideração vários fatores para a investigação diagnóstica (Tabela 1).

Tabela 1
Abordagem diagnóstica na hipertensão resistente26

O primeiro passo é afastar causas comuns de pseudorresistência: má técnica da medida de PA (em especial o tamanho adequado do manguito para pacientes obesos), má adesão à terapêutica farmacológica e não farmacológica (dieta hipossódica, atividade física e perda de peso), e esquema terapêutico inadequado, em especial em relação ao uso e às doses de diuréticos prescritas.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90,2727 Muxfeldt ES, de Souza F, Salles GF. Resistant hypertension: a practical clinical approach. J Hum Hypertens 2013;27:657-62.,2828 Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9. Uma vez afastada a pseudorresistência, recomenda-se seguir as seguintes etapas:

a) Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA)

Apesar de as definições da HAR e da HARf se basearem na medida da PA de consultório > 140/90 mmHg, a realização obrigatória da MAPA é determinante na avaliação inicial desses pacientes1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.,2828 Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9. (Tabela 2), tendo em vista que constitui um instrumento crucial no diagnóstico e no acompanhamento desses pacientes, dadas a grande prevalência (37% em diferentes séries) e a magnitude do fenômeno do jaleco branco observado nesses indivíduos.1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.,2828 Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9. Ademais, a MAPA permite classificar os hipertensos resistentes em 4 grupos distintos (Figura 1), o que interfere nas condutas diagnóstica e terapêutica a serem seguidas: HAR verdadeira (PA de consultório ≥ 140/90 mmHg, e tanto PA diurna ≥ 135/85 mmHg ou noturna ≥ 120/70 mmHg), HAR do jaleco branco (PA de consultório ≥ 140/90 mmHg e tanto PA diurna < 135/85 mmHg e PA noturna < 120/70 mmHg), HAR mascarada (PA de consultório < 140/90 mmHg e tanto PA diurna ≥ 135/85 mmHg ou PA noturna ≥ 120/70 mmHg) e HAR controlada (PA de consultório < 140/ 90 mmHg e tanto PA diurna < 135/85 mmHg e PA noturna < 120/70 mmHg).1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.,2828 Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9.,2929 Wei FF, Zhang ZY, Huang QF, Staessen JA. Diagnosis and management of resistant hypertension: state of the art. Nat Rev Nephrol 2018;14:428-41.

Tabela 2
Exames complementares iniciais

Figura 1
Classificação de hipertensos resistentes em 4 subgrupos de acordo com a PA de consultório e de MAPA: controlados, HAR mascarada, jaleco branco e HAR verdadeira (reproduzido com autorização)2828 Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9.

Dentre os pacientes com HAR verdadeira, o fenômeno do jaleco branco ainda não foi adequadamente estudado no subgrupo de indivíduos com HARf. Em uma análise que avaliou HARf no registro espanhol,2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365. a prevalência do fenômeno do jaleco branco foi menor entre os refratários em relação aos resistentes (26,7% versus 37,1%, p < 0,001). Em estudo recente prospectivo com um pequeno grupo de hipertensos refratários, foi encontrada uma prevalência de apenas 6,5%,3030 Siddiqui M, Judd EK, Oparil S, Calhoun DA. White-Coat Effect Is Uncommon in Patients With Refractory Hypertension. Hypertension 2017;70:645-51. sugerindo que tal fenômeno seja bem menos comum naqueles com HARf.

Além disso, a MAPA é fundamental no acompanhamento desses pacientes de alto risco cardiovascular, já que é a única forma não invasiva fidedigna de avaliar o comportamento noturno da PA. Na prática clínica, isso permite ajuste do esquema terapêutico baseado na cronoterapia.3131 Hermida RC, Ayala DE, Mojón A, Fernández JR. Effects of time of antihypertensive treatment on ambulatory blood pressure and clinical characteristics of subjects with resistant hypertension. Am J Hypertens 2010;23:432-9.,3232 Hermida RC, Ayala DE, Fernández JR, Mojón A, Crespo JJ, Ríos MT, et al. Bedtime Blood Pressure Chronotherapy Significantly Improves Hypertension Management. Heart Fail Clin 2017;13:759-73. É aconselhável que hipertensos resistentes utilizem pelo menos uma das drogas anti-hipertensivas no período noturno,3131 Hermida RC, Ayala DE, Mojón A, Fernández JR. Effects of time of antihypertensive treatment on ambulatory blood pressure and clinical characteristics of subjects with resistant hypertension. Am J Hypertens 2010;23:432-9.,3232 Hermida RC, Ayala DE, Fernández JR, Mojón A, Crespo JJ, Ríos MT, et al. Bedtime Blood Pressure Chronotherapy Significantly Improves Hypertension Management. Heart Fail Clin 2017;13:759-73. tendo sido demonstrada inclusive a sua capacidade para reverter o padrão adverso do descenso noturno.3333 Hermida RC, Ayala DE, Fernández JR, Calvo C. Chronotherapy improves blood pressure control and reverts the nondipper pattern in patients with resistant hypertension. Hypertension 2008;51:69-76.

É sabido que o padrão não dipper é o mais comum entre hipertensos resistentes, atingindo até 65% desses pacientes,1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902. considerado um importante marcador de prognóstico, principalmente para a ocorrência de doença coronariana.3434 Muxfeldt ES, Cardoso CR, Salles GF. Prognostic value of nocturnal blood pressure reduction in resistant hypertension. Arch Intern Med 2009;169:874-80. Adicionalmente, os níveis pressóricos da MAPA nos 3 períodos, em especial no período noturno, são fortes preditores de doença cerebrovascular.3535 Salles GF, Cardoso CR, Muxfeldt ES. Prognostic influence of office and ambulatory blood pressures in resistant hypertension. Arch Intern Med 2008;168:2340-6.

O registro espanhol de MAPA comparou hipertensos resistentes e refratários e identificou níveis pressóricos mais elevados nesses últimos, com menor descenso noturno. A prevalência do padrão não dipper e dipper reverso entre os resistentes foi de 42,7% e 19,3%, respectivamente; enquanto entre os refratários foi de 45,2% e 26,0%.2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365.

b) Exames laboratoriais

Na primeira avaliação, é necessário estabelecer o perfil metabólico desses pacientes, bem como a função renal (creatinina sérica, cálculo do ritmo de filtração glomerular estimado e albuminúria). (Tabela 2).

Hipertensos refratários têm maior prevalência de diabetes (48,1% versus 33,5%, p < 0,001) e de dislipidemia (61,9% versus 51,7%, p < 0,001) do que os resistentes.2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365. A associação entre DRC e HAR está bem estabelecida, tanto como causa como consequência da falência terapêutica. Além disso, a albuminúria moderadamente elevada e a redução do ritmo de filtração glomerular3636 Salles GF, Cardoso CR, Pereira VS, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic significance of a reduced glomerular filtration rate and interaction with microalbuminuria in resistant hypertension: a cohort study. J Hypertens 2011;29:2014-23. identificam pacientes de alto risco CV3737 Oliveras A, Armario P, Sierra C, Arroyo JA, Hernández-del-Rey R, Vazquez S, et al. Urinary albumin excretion at follow-up predicts cardiovascular outcomes in subjects with resistant hypertension. Am J Hypertens 2013;26:1148-54.,3838 da Costa PM, Cortez AF, de Souza F, Mares GS, dos Santos BDM, Muxfeldt ES. Prognostic impact of baseline urinary albumin excretion rate in patients with resistant hypertension: a prospective cohort study. J Hum Hypertens 2018;32:139-49. e a redução da albuminúria pode ser um objetivo terapêutico nesses pacientes.3939 Salles GF, Cardoso CR, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic importance of baseline and serial changes in microalbuminuria in patients with resistant hypertension. Atherosclerosis 2011;216:199-204.

Na avaliação de HARf do registro espanhol, identificou-se maior prevalência de pacientes refratários com RFG < 60 mL/min/1,73 m2 (32,1% versus 23,6%, p < 0,001) e albuminúria moderadamente elevada (38,3% versus 24,5%, p < 0,001) em relação aos resistentes.2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365.

c) Eletrocardiograma de repouso (ECG)

O ECG é uma ferramenta útil, de baixo custo e facilmente disponível mesmo na atenção primária à saúde (Tabela 2). A identificação da HVE no ECG é importante marcador de que já existe lesão subclínica em desenvolvimento, em pacientes muitas vezes com PA de consultório controlada e que estão evoluindo com HAR mascarada ou HAR noturna isolada.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83. Esse diagnóstico pode impactar na escolha do esquema terapêutico, a julgar pela preferência de um inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) visando à regressão da HVE.4040 Salles GF, Cardoso CR, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic impact of baseline and serial changes in electrocardiographic left ventricular hypertrophy in resistant hypertension. Am Heart J 2010;159:833-40. O diagnóstico de HVE pelo ECG implica aumento do risco CV, ao passo que sua prevenção ou regressão evolutiva, em melhora do prognóstico.4040 Salles GF, Cardoso CR, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic impact of baseline and serial changes in electrocardiographic left ventricular hypertrophy in resistant hypertension. Am Heart J 2010;159:833-40.

A HVE diagnosticada pelo ECG foi mais prevalente entre os refratários do que entre os resistentes no estudo do registro espanhol de MAPA (27,6% versus 14,9%, p < 0,001).2020 Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365.

d) Pesquisa de causas secundárias

Por definição, todo indivíduo sob suspeita de HAR ou HARf deve ter excluídas, mediante suspeita diagnóstica, as causas mais comuns de HA secundária, com destaque para a apneia obstrutiva do sono (AOS), o hiperaldosteronismo primário, a estenose de artéria renal e a presença de doença renal crônica parenquimatosa (Tabela 3).4141 Pedrosa RP, Drager LF, Gonzaga CC, Sousa MG, de Paula LK, Amaro AC, et al. Obstructive sleep apnea: the most common secondary cause of hypertension associated with resistant hypertension. Hypertension 2011;58:811-7.

Tabela 3
Principais causas de HA secundária, sinais indicativos e rastreamento diagnóstico

Outras causas como coarctação de aorta, Síndrome de Cushing, hipo ou hipertiroidismo e acromegalia devem ser investigadas apenas em situações em que existam estigmas da doença.

Do tratamento

Não farmacológico

A obesidade está, ao lado do sedentarismo, da ingesta de sal, do tabagismo e do etilismo, fortemente relacionada à falência do tratamento anti-hipertensivo, sendo um dos principais fatores de risco para HAR.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90,1111 de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.,3434 Muxfeldt ES, Cardoso CR, Salles GF. Prognostic value of nocturnal blood pressure reduction in resistant hypertension. Arch Intern Med 2009;169:874-80.,4242 Brambilla G, Bombelli M, Seravalle G, Cifkova R, Laurent S, Narkiewicz K, et al. Prevalence and clinical characteristics of patients with true resistant hypertension in central and Eastern Europe: data from the BP-CARE study. J Hypertens 2013;31:2018-24. Sendo assim, torna-se fundamental reforçar a importância das mudanças de estilo de vida:88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.

  • Reduzir a ingesta de sal (< 2,0 g de sódio/dia correspondentes a 5,0 de sal);

  • Adotar a dieta DASH - Diet Approaches to Stop Hypertension;4343 Sacks FM, Svetkey LP, Vollmer WM, Appel LJ, Bray GA, Harsha D, et al.; DASH-Sodium Collaborative Research Group. Effects on blood pressure of reduced dietary sodium and the Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) diet. DASH-Sodium Collaborative Research Group. N Engl J Med 2001;344:3-10.

  • Perder peso: preferencialmente manter IMC < 25/kg/m2;

  • Fazer atividade física: após avaliação cardiológica, prescreva exercícios aeróbicos, treinamento de resistência dinâmica e isométrica em base semanal (pelo menos 30 minutos por 5 a 7 dias/semana);

  • Interromper o tabagismo, preferencialmente de modo assistido;

  • Reduzir o consumo de álcool;

  • Evitar substâncias que aumentam a PA.

Farmacológico

O pilar inicial do tratamento da HAR consiste na associação de, no mínimo, três classes de drogas distintas: i) um diurético apropriado, geralmente clortalidona para função renal normal, ou furosemida na presença de DRC ou de outros estados edematosos; 2i) um inibidor do SRA (inibidor da enzima conversora da angiotensina ou bloqueador dos receptores AT1 de angiotensina II); 3i) um bloqueador de cálcio do tipo diidropiridínico.11 Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90,88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83.,2727 Muxfeldt ES, de Souza F, Salles GF. Resistant hypertension: a practical clinical approach. J Hum Hypertens 2013;27:657-62. Embora a hidroclorotiazida seja amplamente prescrita mundialmente, o diurético tiazídico símile de escolha para esses pacientes é a clortalidona, por sua ação mais prolongada e maior eficácia anti-hipertensiva.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83. Em pacientes com DRC estágios 4 ou 5, ou com ritmo de filtração glomerular estimado inferior a 30 mL/min, diuréticos de alça devem ser utilizados e administrados pelo menos 2 vezes ao dia.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83.

Em situações particulares, a exemplo de doença coronariana, ICC e arritmias, um betabloqueador pode substituir o bloqueador de canal de cálcio no esquema terapêutico inicial com 3 medicações.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83.,2727 Muxfeldt ES, de Souza F, Salles GF. Resistant hypertension: a practical clinical approach. J Hum Hypertens 2013;27:657-62.

O tratamento da HAR deve se apoiar sobre a intensificação da terapia diurética, com destaque para a espironolactona como quarta droga, na medida em que sua associação com tiazídicos provê substancial efeito aditivo na redução dos níveis pressóricos.66 Yugar-Toledo JC, Modolo R, de Faria AP, Moreno H. Managing resistant hypertension: focus on mineralocorticoid-receptor antagonists. Vasc Health Risk Manag 2017;13:403-11.,77 de Souza F, Muxfeldt ES, Fiszman R, Salles GF. Efficacy of spironolactone therapy in patients with true resistant hypertension. Hypertension 2010;55:147-52.,1818 Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430.,4444 Dudenbostel T, Calhoun DA. Use of Aldosterone Antagonists for Treatment of Uncontrolled Resistant Hypertension. Am J Hypertens 2017;30:103-9. No ASPIRANT Trial,4545 Václavík J, Sedlák R, Plachy M, Navrátil K, Plásek J, Jarkovsky J, et al. Addition of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension (ASPIRANT): a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Hypertension 2011;57:1069-75.

46 Vaclavik J, Sedlak R, Jarkovsky J, Kocianova E, Taborsky M. Effect of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension in relation to age and sex: insights from the aspirant trial. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub 2014;158:384-90.
-4747 Vaclavik J, Sedlak R, Jarkovsky J, Kocianova E, Taborsky M. The effect of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension in relation to baseline blood pressure and secondary causes of hypertension. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub 2013;157:50-5. quando associada a espironolactona na dose de 25 mg vs. placebo, houve diminuição significativa da PAS, particularmente no grupo de idosos. Mesmo em pacientes resistentes com DRC a espironolactona deve ser uma opção, a menos que cause hipercalemia.4848 Abolghasmi R, Taziki O. Efficacy of low dose spironolactone in chronic kidney disease with resistant hypertension. Saudi J Kidney Dis Transpl 2011;22:75-8.,4949 Pisoni R, Acelajado MC, Cartmill FR, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cofield SS, et al. Long-term effects of aldosterone blockade in resistant hypertension associated with chronic kidney disease. J Hum Hypertens 2012;26:502-6.

Recentemente, o estudo ReHOT - estudo multicêntrico desenvolvido no Brasil - comparou a eficácia da espironolactona com a clonidina quando utilizada como quarta droga no tratamento de hipertensos resistentes. Ambas as drogas reduziram a PA de consultório e de MAPA, sem diferença significativa no controle pressórico atingido. Porém, a espironolactona reduziu mais a PA sistólica e diastólica de vigília e de 24 horas, não havendo diferenças em relação ao sono. Além disso, a clonidina possui pior posologia, induziu maior quantidade de efeitos adversos, com pior tolerância e provável impacto negativo sobre a adesão em longo prazo. Considerou-se, portanto, que a espironolactona foi superior à Clonidina no tratamento da HAR.5050 Krieger EM, Drager LF, Giorgi DMA, Pereira AC, Barreto-Filho JAS, Nogueira AR, et al.; ReHOT Investigators. Spironolactone Versus Clonidine as a Fourth-Drug Therapy for Resistant Hypertension: The ReHOT Randomized Study (Resistant Hypertension Optimal Treatment). Hypertension 2018;71:681-90.

Quando não se atinge o controle pressórico na MAPA com essas 4 drogas, um quinto medicamento deve ser associado. É possível utilizar betabloqueadores (preferencialmente os com efeito vasodilatador, como carvedilol, bisoprolol5151 Williams B, MacDonald TM, Morant S, Webb DJ, Sever P, McInnes G et al. British Hypertension Society s PATHWAY Study Group. Spironolactone versus placebo, bisoprolol, and doxazosin to determine the optimal treatment for drug-resistant hypertension (PATHWAY-2): a randomised, double-blind, crossover trial. Lancet 2015;386:2059-2068 ou nebivolol). Os alfa-agonistas centrais (clonidina ou doxazosina5151 Williams B, MacDonald TM, Morant S, Webb DJ, Sever P, McInnes G et al. British Hypertension Society s PATHWAY Study Group. Spironolactone versus placebo, bisoprolol, and doxazosin to determine the optimal treatment for drug-resistant hypertension (PATHWAY-2): a randomised, double-blind, crossover trial. Lancet 2015;386:2059-2068) e os vasodilatadores diretos (hidralazina ou minoxidil) podem ser usados como quinta ou sexta drogas, com bom efeito anti-hipertensivo, apesar de não reduzirem a morbimortalidade cardiovascular.88 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.,99 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83.

Remetendo ao conceito de hipertensão refratária, a falência à terapia adequada e otimizada passou a impor novas alternativas de tratamento, tais como algumas modalidades de intervenção "simpaticolíticas".1818 Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430.,2424 Muxfeldt ES, Salles GF. Pulse pressure or dipping pattern: which one is a better cardiovascular risk marker in resistant hypertension? J Hypertens 2008;26:878-84. Entre as novas estratégias terapêuticas, destacamos os seguintes procedimentos:

Estimulação direta e crônica de barorreceptores do seio carotídeo

Trata-se do sistema Rheos, um dispositivo programável, constituído por um gerador de impulsos que ativam os barorreceptores carotídeos por radiofrequência. O ensaio clínico Rheos Pivotal Trial não detectou benefícios significativos em longo prazo.5252 Bakris GL, Nadim MK, Haller H, Lovett EG, Schafer JE, Bisognano JD. Baroreflex activation therapy provides durable benefit in patients with resistant hypertension: results of long-term follow-up in the Rheos Pivotal Trial. J Am Soc Hypertens 2012;6:152-8.

Denervação simpática renal

A denervação simpática percutânea transluminal renal por meio de cateteres foi avaliada principalmente em estudos denominados SYMPLICITY.5353 Bakris GL, Townsend RR, Liu M, Cohen SA, D'Agostino R, Flack JM, et al.; SYMPLICITY HTN-3 Investigators. Impact of renal denervation on 24-hour ambulatory blood pressure: results from SYMPLICITY HTN-3. J Am Coll Cardiol 2014;64:1071-8. Várias metanálises, incluindo uma revisão da Cochrane, não confirmaram os resultados aparentemente promissores.5454 Elmula FF, Jin Y, Larstorp AC, Persu A, Kjeldsen SE, Staessen JA. Meta-analysis of five prospective and randomized trials of renal sympathetic denervation on office and ambulatory systolic blood pressure in treatment resistant hypertension. J Hypertens 2015;33:e107.

55 Fadl Elmula F, Jin Y, Yang WY, Thijs L, Lu YC, Larstorp AC, et al.; European Network Coordinating Research On Renal Denervation (ENCOReD) Consortium. Meta-analysis of randomized controlled trials on renal denervation in treatment-resistant hypertension. Blood Press 2015;24:263-74.
-5656 Coppolino G, Pisano A, Rivoli L, Bolignano D. Renal denervation for resistant hypertension. Cochrane Database Syst Rev 2017;2:CD011499. Os autores recomendam que se aguardem novos trials centrados no paciente, com períodos de seguimento e tamanho de amostra maiores, e principalmente com procedimentos padronizados.5454 Elmula FF, Jin Y, Larstorp AC, Persu A, Kjeldsen SE, Staessen JA. Meta-analysis of five prospective and randomized trials of renal sympathetic denervation on office and ambulatory systolic blood pressure in treatment resistant hypertension. J Hypertens 2015;33:e107.

Uso de CPAP

Embora com resultados controversos em relação ao controle pressórico de hipertensos resistentes,5757 Iftikhar IH, Valentine CW, Bittencourt LR, Cohen DL, Fedson AC, Gíslason T, et al. Effects of continuous positive airway pressure on blood pressure in patients with resistant hypertension and obstructive sleep apnea: a meta-analysis. J Hypertens 2014;32:2341-50. o uso do CPAP pode ser indicado como tratamento adjuvante em pacientes com AOS moderada a severa, desde que a adesão seja superior a períodos de 4 horas/noite, restabelecendo significativamente o padrão dipper e melhorando a qualidade de vida.5858 Martínez-García MA, Capote F, Campos-Rodríguez F, Lloberes P, Díaz de Atauri MJ, Somoza M, et al.; Spanish Sleep Network. Effect of CPAP on blood pressure in patients with obstructive sleep apnea and resistant hypertension: the HIPARCO randomized clinical trial. JAMA 2013;310:2407-15.

Anastomose arteriovenosa ilíaca central

O dispositivo coupler utilizado no estudo ROX Control HTN demonstrou diminuições significativas da PA e das complicações advindas da HAR em pacientes submetidos a anastomose ilíaca central.5959 Lobo MD, Ott C, Sobotka PA, Saxena M, Stanton A, Cockcroft JR, et al. Central Iliac Arteriovenous Anastomosis for Uncontrolled Hypertension: One-Year Results From the ROX CONTROL HTN Trial. Hypertension 2017;70:1099-105. Porém, trata-se de um estudo isolado, ainda necessitando de mais comprovações clínicas.

A Tabela 4 resume as principais diferenças observadas até então em diferentes coortes, entre os hipertensos resistentes e os refratários.

Tabela 4
Fatores relacionados à hipertensão resistente e à hipertensão refratária

Conclusões

A despeito de a via final comum da HA envolver os processos de retenção hidrossalina e de aumento do tônus simpático, tem-se sugerido a existência de diversos fenótipos com variáveis clínicas e prognósticas presuntivamente distintas, em um espectro que varia desde a hipertensão arterial de fácil controle até a HAR e, mais recentemente, a HARf.

Desse modo, muito embora sejam interpretadas como um continuum de um mesmo processo, é interessante observar que parecem ter diferentes mecanismos fisiopatológicos, sugerindo duas condições distintas.

Comparados com pacientes cuja hipertensão é mais facilmente controlada, hipertensos resistentes tendem a ter maior idade, ao sobrepeso e à obesidade. Comorbidades comumente associadas incluem doença renal crônica estabelecida, diabetes, apneia/hipopneia obstrutiva do sono, doenças cardio e cerebrovasculares, todas envolvendo status de hiperaldosteronismo. O fenômeno do jaleco branco de grande magnitude é observado nesses pacientes quando submetidos à MAPA. Dessa forma, a MAPA é mandatória no diagnóstico e acompanhamento de hipertensos resistentes.

Por sua vez, hipertensos refratários, em comparação com os resistentes controlados, são afro-americanos em maior proporção, mais jovens e, predominantemente, mulheres. Quanto às comorbidades, há uma nuance de variações em função de cada coorte avaliada, em um espectro que varia desde a ICC, o AVC, a DRC estabelecida com elevada albuminúria e a HVE. O fenômeno do jaleco branco é menos evidente nesses pacientes.

O tratamento de hipertensos resistentes deve se apoiar na intensificação da terapia diurética, com a ressalva de a espironolactona ser determinante como quarta droga do esquema anti-hipertensivo, na medida em que sua associação com tiazídicos provê substancial efeito aditivo na redução dos níveis tensionais, com destaque para a clortalidona.

Nesse sentido, remetendo-se ao conceito de hipertensão refratária, a falência à terapia diurética otimizada passou a impor novas alternativas de tratamento para este subgrupo, em que pese as modalidades de intervenção "simpaticolíticas", a exemplo do desenvolvimento de novas drogas, da denervação renal e da estimulação de barorreceptores, ainda não claramente estabelecidas.

Em paralelo àqueles com hipertensão arterial de fácil controle, como seria esperado, hipertensos resistentes apresentam pior prognóstico cardiovascular e cerebrovascular, mas não existem até o momento estudos longitudinais com dados estatisticamente relevantes que determinem o desfecho comparativo com o grupo de refratários.

Portanto, HAR e HARf constituem-se desafios na prática clínica e devem ser abordados como entidades clínicas distintas, preferencialmente por profissionais especialistas e capazes de identificar comorbidades concorrentes e prover um tratamento específico, diversificado e individualizado.

References

  • 1
    Carey RM, Calhoun DA, Bakris GLO, Brook RD, Daugherty SL, Dennison-Himmerlfarb CR et al. Resistant hypertension: detection, evaluation and management. A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 2018;72:e53-e90
  • 2
    Acelajado MC, Pisoni R, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cartmill F, Zhang B, et al. Refractory hypertension: definition, prevalence, and patient characteristics. J Clin Hypertens 2012;14:7-12.
  • 3
    Leibowitz A, Schiffrin EL. Immune mechanisms in hypertension. Curr Hypertens Rep 2011;13:465-72.
  • 4
    Modolo R, de Faria AP, Almeida A, Moreno H. Resistant or refractory hypertension: are they different? Curr Hypertens Rep 2014;16:485.
  • 5
    Dudenbostel T, Acelajado MC, Pisoni R, Li P, Oparil S, Calhoun D. Refractory Hypertension: Evidence of Heightened Sympathetic Activity as a Cause of Antihypertensive Treatment Failure. Hypertension 2015;66:126-33.
  • 6
    Yugar-Toledo JC, Modolo R, de Faria AP, Moreno H. Managing resistant hypertension: focus on mineralocorticoid-receptor antagonists. Vasc Health Risk Manag 2017;13:403-11.
  • 7
    de Souza F, Muxfeldt ES, Fiszman R, Salles GF. Efficacy of spironolactone therapy in patients with true resistant hypertension. Hypertension 2010;55:147-52.
  • 8
    Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M et al. 2018 European Society for Cardiology (ESC)/European Society of Hypertension (ESH) guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens 2018;36(10):1953-2041.
  • 9
    Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016;107:1-83.
  • 10
    Braam B, Taler SJ, Rahman M, Fillaus JA, Greco BA, Forman JP, et al. Recognition and Management of Resistant Hypertension. Clin J Am Soc Nephrol 2017;12:524-35.
  • 11
    de la Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al. Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension 2011;57:898-902.
  • 12
    Persell SD. Prevalence of resistant hypertension in the United States, 2003-2008. Hypertension 2011;57:1076-80.
  • 13
    Daugherty SL, Powers JD, Magid DJ, Tavel HM, Masoudi FA, Margolis KL, et al. Incidence and prognosis of resistant hypertension in hypertensive patients. Circulation 2012;125:1635-42.
  • 14
    Sim JJ, Bhandari SK, Shi J, Liu IL, Calhoun DA, McGlynn EA, et al. Characteristics of resistant hypertension in a large, ethnically diverse hypertension population of an integrated health system. Mayo Clin Proc 2013;88:1099-107.
  • 15
    Egan BM, Zhao Y, Axon RN, Brzezinski WA, Ferdinand KC. Uncontrolled and apparent treatment resistant hypertension in the United States, 1988 to 2008. Circulation 2011;124:1046-58.
  • 16
    Sarafidis PA, Georgianos P, Bakris GL. Resistant hypertension--its identification and epidemiology. Nat Rev Nephrol 2012;9:51-8.
  • 17
    Lotufo PA, Pereira AC, Vasconcellos PS, Santos IS, Mill JG, Bensenor IM. Resistant hypertension: risk factors, subclinical atherosclerosis, and comorbidities among adults-the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). J Clin Hypertens (Greenwich) 2015;17:74-80.
  • 18
    Dudenbostel T, Siddiqui M, Gharpure N, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension: Novel distinctive phenotypes. J Nat Sci 2017;3:pii: e430.
  • 19
    Calhoun DA, Booth JN 3rd, Oparil S, Irvin MR, Shimbo D, Lackland DT, et al. Refractory hypertension: determination of prevalence, risk factors, and comorbidities in a large, population-based cohort. Hypertension 2014;63:451-8.
  • 20
    Armario P, Calhoun DA, Oliveras A, Blanch P, Vinyoles E, Banegas JR, et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Refractory Hypertension. J Am Heart Assoc 2017;6:pii: e007365.
  • 21
    Siddiqui M, Calhoun DA. Refractory versus resistant hypertension. Curr Opin Nephrol Hypertens 2017;26:14-9.
  • 22
    Hwang AY, Dietrich E, Pepine CJ, Smith SM. Resistant Hypertension: Mechanisms and Treatment. Curr Hypertens Rep 2017;19:56.
  • 23
    Calhoun DA. Refractory and Resistant Hypertension: Antihypertensive Treatment Failure versus Treatment Resistance. Korean Circ J 2016;46:593-600.
  • 24
    Muxfeldt ES, Salles GF. Pulse pressure or dipping pattern: which one is a better cardiovascular risk marker in resistant hypertension? J Hypertens 2008;26:878-84.
  • 25
    Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Posicionamento Brasileiro sobre hipertensão arterial resistente. Arq Bras Cardiol 2012;99:576-85.
  • 26
    de Souza F, Muxfeldt ES, Salles GF. Prognostic factors in resistant hypertension: implications for cardiovascular risk stratification and therapeutic management. Expert Rev Cardiovasc Ther 2012;10:735-45.
  • 27
    Muxfeldt ES, de Souza F, Salles GF. Resistant hypertension: a practical clinical approach. J Hum Hypertens 2013;27:657-62.
  • 28
    Muxfeldt ES, Salles GF. How to use ambulatory blood pressure monitoring in resistant hypertension. Hypertens Res 2013;36:385-9.
  • 29
    Wei FF, Zhang ZY, Huang QF, Staessen JA. Diagnosis and management of resistant hypertension: state of the art. Nat Rev Nephrol 2018;14:428-41.
  • 30
    Siddiqui M, Judd EK, Oparil S, Calhoun DA. White-Coat Effect Is Uncommon in Patients With Refractory Hypertension. Hypertension 2017;70:645-51.
  • 31
    Hermida RC, Ayala DE, Mojón A, Fernández JR. Effects of time of antihypertensive treatment on ambulatory blood pressure and clinical characteristics of subjects with resistant hypertension. Am J Hypertens 2010;23:432-9.
  • 32
    Hermida RC, Ayala DE, Fernández JR, Mojón A, Crespo JJ, Ríos MT, et al. Bedtime Blood Pressure Chronotherapy Significantly Improves Hypertension Management. Heart Fail Clin 2017;13:759-73.
  • 33
    Hermida RC, Ayala DE, Fernández JR, Calvo C. Chronotherapy improves blood pressure control and reverts the nondipper pattern in patients with resistant hypertension. Hypertension 2008;51:69-76.
  • 34
    Muxfeldt ES, Cardoso CR, Salles GF. Prognostic value of nocturnal blood pressure reduction in resistant hypertension. Arch Intern Med 2009;169:874-80.
  • 35
    Salles GF, Cardoso CR, Muxfeldt ES. Prognostic influence of office and ambulatory blood pressures in resistant hypertension. Arch Intern Med 2008;168:2340-6.
  • 36
    Salles GF, Cardoso CR, Pereira VS, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic significance of a reduced glomerular filtration rate and interaction with microalbuminuria in resistant hypertension: a cohort study. J Hypertens 2011;29:2014-23.
  • 37
    Oliveras A, Armario P, Sierra C, Arroyo JA, Hernández-del-Rey R, Vazquez S, et al. Urinary albumin excretion at follow-up predicts cardiovascular outcomes in subjects with resistant hypertension. Am J Hypertens 2013;26:1148-54.
  • 38
    da Costa PM, Cortez AF, de Souza F, Mares GS, dos Santos BDM, Muxfeldt ES. Prognostic impact of baseline urinary albumin excretion rate in patients with resistant hypertension: a prospective cohort study. J Hum Hypertens 2018;32:139-49.
  • 39
    Salles GF, Cardoso CR, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic importance of baseline and serial changes in microalbuminuria in patients with resistant hypertension. Atherosclerosis 2011;216:199-204.
  • 40
    Salles GF, Cardoso CR, Fiszman R, Muxfeldt ES. Prognostic impact of baseline and serial changes in electrocardiographic left ventricular hypertrophy in resistant hypertension. Am Heart J 2010;159:833-40.
  • 41
    Pedrosa RP, Drager LF, Gonzaga CC, Sousa MG, de Paula LK, Amaro AC, et al. Obstructive sleep apnea: the most common secondary cause of hypertension associated with resistant hypertension. Hypertension 2011;58:811-7.
  • 42
    Brambilla G, Bombelli M, Seravalle G, Cifkova R, Laurent S, Narkiewicz K, et al. Prevalence and clinical characteristics of patients with true resistant hypertension in central and Eastern Europe: data from the BP-CARE study. J Hypertens 2013;31:2018-24.
  • 43
    Sacks FM, Svetkey LP, Vollmer WM, Appel LJ, Bray GA, Harsha D, et al.; DASH-Sodium Collaborative Research Group. Effects on blood pressure of reduced dietary sodium and the Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) diet. DASH-Sodium Collaborative Research Group. N Engl J Med 2001;344:3-10.
  • 44
    Dudenbostel T, Calhoun DA. Use of Aldosterone Antagonists for Treatment of Uncontrolled Resistant Hypertension. Am J Hypertens 2017;30:103-9.
  • 45
    Václavík J, Sedlák R, Plachy M, Navrátil K, Plásek J, Jarkovsky J, et al. Addition of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension (ASPIRANT): a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Hypertension 2011;57:1069-75.
  • 46
    Vaclavik J, Sedlak R, Jarkovsky J, Kocianova E, Taborsky M. Effect of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension in relation to age and sex: insights from the aspirant trial. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub 2014;158:384-90.
  • 47
    Vaclavik J, Sedlak R, Jarkovsky J, Kocianova E, Taborsky M. The effect of spironolactone in patients with resistant arterial hypertension in relation to baseline blood pressure and secondary causes of hypertension. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub 2013;157:50-5.
  • 48
    Abolghasmi R, Taziki O. Efficacy of low dose spironolactone in chronic kidney disease with resistant hypertension. Saudi J Kidney Dis Transpl 2011;22:75-8.
  • 49
    Pisoni R, Acelajado MC, Cartmill FR, Dudenbostel T, Dell'Italia LJ, Cofield SS, et al. Long-term effects of aldosterone blockade in resistant hypertension associated with chronic kidney disease. J Hum Hypertens 2012;26:502-6.
  • 50
    Krieger EM, Drager LF, Giorgi DMA, Pereira AC, Barreto-Filho JAS, Nogueira AR, et al.; ReHOT Investigators. Spironolactone Versus Clonidine as a Fourth-Drug Therapy for Resistant Hypertension: The ReHOT Randomized Study (Resistant Hypertension Optimal Treatment). Hypertension 2018;71:681-90.
  • 51
    Williams B, MacDonald TM, Morant S, Webb DJ, Sever P, McInnes G et al. British Hypertension Society s PATHWAY Study Group. Spironolactone versus placebo, bisoprolol, and doxazosin to determine the optimal treatment for drug-resistant hypertension (PATHWAY-2): a randomised, double-blind, crossover trial. Lancet 2015;386:2059-2068
  • 52
    Bakris GL, Nadim MK, Haller H, Lovett EG, Schafer JE, Bisognano JD. Baroreflex activation therapy provides durable benefit in patients with resistant hypertension: results of long-term follow-up in the Rheos Pivotal Trial. J Am Soc Hypertens 2012;6:152-8.
  • 53
    Bakris GL, Townsend RR, Liu M, Cohen SA, D'Agostino R, Flack JM, et al.; SYMPLICITY HTN-3 Investigators. Impact of renal denervation on 24-hour ambulatory blood pressure: results from SYMPLICITY HTN-3. J Am Coll Cardiol 2014;64:1071-8.
  • 54
    Elmula FF, Jin Y, Larstorp AC, Persu A, Kjeldsen SE, Staessen JA. Meta-analysis of five prospective and randomized trials of renal sympathetic denervation on office and ambulatory systolic blood pressure in treatment resistant hypertension. J Hypertens 2015;33:e107.
  • 55
    Fadl Elmula F, Jin Y, Yang WY, Thijs L, Lu YC, Larstorp AC, et al.; European Network Coordinating Research On Renal Denervation (ENCOReD) Consortium. Meta-analysis of randomized controlled trials on renal denervation in treatment-resistant hypertension. Blood Press 2015;24:263-74.
  • 56
    Coppolino G, Pisano A, Rivoli L, Bolignano D. Renal denervation for resistant hypertension. Cochrane Database Syst Rev 2017;2:CD011499.
  • 57
    Iftikhar IH, Valentine CW, Bittencourt LR, Cohen DL, Fedson AC, Gíslason T, et al. Effects of continuous positive airway pressure on blood pressure in patients with resistant hypertension and obstructive sleep apnea: a meta-analysis. J Hypertens 2014;32:2341-50.
  • 58
    Martínez-García MA, Capote F, Campos-Rodríguez F, Lloberes P, Díaz de Atauri MJ, Somoza M, et al.; Spanish Sleep Network. Effect of CPAP on blood pressure in patients with obstructive sleep apnea and resistant hypertension: the HIPARCO randomized clinical trial. JAMA 2013;310:2407-15.
  • 59
    Lobo MD, Ott C, Sobotka PA, Saxena M, Stanton A, Cockcroft JR, et al. Central Iliac Arteriovenous Anastomosis for Uncontrolled Hypertension: One-Year Results From the ROX CONTROL HTN Trial. Hypertension 2017;70:1099-105.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Dez 2018
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2019

Histórico

  • Recebido
    20 Maio 2018
  • Aceito
    05 Set 2018
Sociedade Brasileira de Nefrologia Rua Machado Bittencourt, 205 - 5ºandar - conj. 53 - Vila Clementino - CEP:04044-000 - São Paulo SP, Telefones: (11) 5579-1242/5579-6937, Fax (11) 5573-6000 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: bjnephrology@gmail.com