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Open-access Brazilian Journal of Nephrology

Publicação de: Sociedade Brasileira de Nefrologia
Área: Ciências Da Saúde
Versão impressa ISSN: 0101-2800
Versão on-line ISSN: 2175-8239
Creative Common - by 4.0

Sumário

Brazilian Journal of Nephrology, Volume: 47, Número: 4, Publicado: 2025

Brazilian Journal of Nephrology, Volume: 47, Número: 4, Publicado: 2025

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Editorial
Seus rins estão saudáveis? Faça um diagnóstico precoce para proteger a saúde renal Vassalotti, Joseph A. Francis, Anna Santos Jr, Augusto Cesar Soares Dos Correa-Rotter, Ricardo Abdellatif, Dina Hsiao, Li-Li Roumeliotis, Stefanos Haris, Agnes Kumaraswami, Latha A. Lui, Siu-Fai Balducci, Alessandro Liakopoulos, Vassilios

Resumo em Português:

Resumo A identificação precoce da doença renal pode proteger a saúde dos rins, prevenir a progressão da doença e complicações relacionadas, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e diminuir a mortalidade. Devemos questionar “Seus rins estão saudáveis?” utilizando creatinina sérica para estimar a função renal e albumina urinária para avaliar lesões renais e endoteliais. A avaliação das causas e dos fatores de risco para a doença renal crônica (DRC) inclui testes para diabetes e medição da pressão arterial e do índice de massa corporal. Neste Dia Mundial do Rim, enfatizamos que a detecção de casos em populações de alto risco, ou mesmo a triagem em nível populacional, pode reduzir o ônus da doença renal globalmente. A DRC em estágio inicial é assintomática, facilmente diagnosticável e os recentes tratamentos, que representam uma mudança de paradigma, como inibidores do cotransportador de sódio-glicose tipo 2, promovem uma melhora significativa nos desfechos da doença e favorecem a análise custo-benefício para programas de triagem ou detecção de casos. Apesar disso, existem diversos obstáculos, incluindo a alocação de recursos, o financiamento da saúde, a infraestrutura dos serviços de saúde e a conscientização sobre a doença renal entre profissionais da saúde e a população em geral. Esforços coordenados pelas principais organizações não governamentais dedicadas a doenças renais, com o objetivo de priorizar a agenda de saúde renal junto aos governos e alinhar as iniciativas de detecção precoce com outros programas atuais, irão maximizar a eficiência.

Resumo em Inglês:

Abstract Early identification of kidney disease can protect kidney health, prevent kidney disease progression and related complications, reduce cardiovascular disease risk, and decrease mortality. We must ask “Are your kidneys ok?” using serum creatinine to estimate kidney function and urine albumin to assess for kidney and endothelial damage. Evaluation for causes and risk factors for chronic kidney disease (CKD) includes testing for diabetes and measurement of blood pressure and body mass index. On this World Kidney Day, we emphasize that case-finding in high-risk populations or even population level screening can decrease the burden of kidney disease globally. Early-stage CKD is asymptomatic, simple to test for, and recent paradigm shifting CKD treatments such as sodium glucose co-transporter-2 inhibitors dramatically improve outcomes and favor the cost-benefit analysis for screening or case-finding programs. Despite this, numerous barriers exist, including resource allocation, healthcare funding, healthcare infrastructure, and awareness of kidney disease among healthcare professionals and the general population. Coordinated efforts by major kidney non-governmental organizations to prioritise the kidney health agenda for governments and align early detection efforts with other current programs will maximise efficiency.
Editorial
Uma lacuna no escore prognóstico da doença renovascular aterosclerótica: o papel das estatinas Campos, Rodrigo Peixoto
Editorial
Entre o algoritmo e o raciocínio clínico Bastos, Caio Oliveira de Andrade Bastos, Kleyton
Editorial
Fraturas na DRC pré-diálise: o papel da biópsia óssea, biomarcadores e FRAX® Carvalho, Aluízio Barbosa
Editorial
Glomerulopatias no Brasil: 25 anos de mudanças epidemiológicas e novos desafios Araújo, Stanley de Almeida Wanderley, David Campos
Editorial
Biomarcadores na nefrite lúpica: desafios atuais e perspectivas futuras Baptista, Maria Alice Sperto Ferreira
Editorial
Doença glomerular e gestação: contribuições de um estudo de coorte brasileiro Poli-de-Figueiredo, Carlos Eduardo Escouto, Daniele Cristóvão
ARTIGO ORIGINAL
Biomarcadores séricos e urinários na nefrite lúpica: qual o papel do suPAR e do VEGF? Piraciaba, Tamires Teixeira Riguetti, Michelle Tiveron Passos Kirsztajn, Gianna Mastroianni

Resumo em Português:

Resumo Introdução: A extensão, atividade e efeitos do acometimento renal no lúpus eritematoso sistêmico são condições de difícil diagnóstico, sendo geralmente necessária biópsia renal para tal fim. Métodos não invasivos despertam, portanto, grande interesse para uma melhor compreensão das características e prognóstico da nefrite lúpica (NL). Avaliamos os níveis de VEGF e suPAR como biomarcadores não invasivos da atividade da doença na NL. Métodos: Este estudo transversal envolveu pacientes com NL, de ambos os sexos, com 18 anos ou mais, atendidos no Ambulatório de Glomerulopatias da Disciplina de Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Foram avaliadas características clínicas e histopatológicas renais, perfis de exames laboratoriais de rotina, suPAR sérico e urinário e VEGF sérico de pacientes com NL. Resultados: A amostra consistiu em 51 pacientes com NL, a maioria do sexo feminino (88,2%), brancos (51,0%) com idade média de 36,1 anos (18 a 65 anos) e duração mediana da doença de 2,5 anos (1 mês a 32 anos). Foi encontrada uma correlação positiva entre suPAR urinário e escores SLEDAI-2K e hematúria. Não foi observada correlação significativa entre VEGF sérico e suPAR sérico e urinário e proteinúria, creatinina sérica e relação P/C urinária. Conclusões: Os níveis séricos de suPAR e VEGF não foram indicativos de atividade renal ou geral do LES, mas nossos dados sugerem que o suPAR urinário pode ser um biomarcador útil para tais condições, uma vez que seus níveis demonstraram correlacionar-se com a presença de hematúria e com escores SLEDAI-2K mais elevados.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: The extent, activity, and effects of renal involvement in systemic lupus erythematosus are conditions difficult to diagnose and a renal biopsy is usually required for such purpose. Non-invasive methods are then of high interest to better understand lupus nephritis (LN) features and prognosis. We have evaluated VEGF and suPAR levels as non-invasive biomarkers of disease activity in LN. Methods: This cross-sectional study enrolled patients with LN aged 18 years or older of both genders who were assisted at the Outpatient Clinic of Glomerular Diseases of the Division of Nephrology of the Federal University of São Paulo (UNIFESP). Clinical renal histopathological characteristics, routine laboratory test profiles, and serum and urinary suPAR and serum VEGF of patients with LN were evaluated. Results: The sample consisted of 51 patients with LN, most of them females (88.2%), white (51.0%) with a mean age of 36.1 years (18 to 65 years), and a median disease duration of 2.5 years (1 month to 32 years). A positive correlation of urinary suPAR with SLEDAI-2K scores and hematuria was found. No significant correlation was found between serum VEGF and serum and urinary suPAR and proteinuria, serum creatinine, and urinary protein/creatinine ratio. Conclusions: Serum suPAR and VEGF levels were not indicative of renal or general SLE activity, but our data suggest that urinary suPAR may be a useful biomarker of such conditions, as its levels have been shown to correlate with the presence of hematuria and with higher SLEDAI-2K scores.
Artigo Original
Desempenho do ChatGPT na resposta a questões de residência médica em Nefrologia: um estudo piloto no Brasil Feitosa Filho, Helvécio Neves Furtado, João Filipe Cavalcante Uchoa Eulálio, Eduardo Correia Ribeiro, Pedro Vianna Caldas Paiva, Lucas Macêdo Aurélio Correia, Matheus Maia Gonçalves Bringel Silva Júnior, Geraldo Bezerra da

Resumo em Português:

Resumo Objetivo: Este estudo avaliou o desempenho das versões 4 e 3.5 do ChatGPT na resolução de questões de Nefrologia presentes em exames de residência médica no Brasil. Métodos: Foram analisadas 411 questões de múltipla escolha, com e sem imagens, organizadas em quatro temas principais: doença renal crônica (DRC), distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base (DHAB), doenças tubulointersticiais (DTI) e doenças glomerulares (DG). As questões com imagens foram respondidas somente pela versão ChatGPT-4. A análise estatística foi realizada utilizando o teste qui-quadrado. Resultados: O ChatGPT-4 alcançou uma precisão geral de 79,80%, enquanto o ChatGPT-3.5 obteve 56,29%, com uma diferença estatisticamente significativa (p < 0,001). Nos temas principais, o ChatGPT-4 teve desempenho superior em DHAB (79,11% vs. 55,17%), DTI (88,23% vs. 52,23%), DRC (75,51% vs. 61,95%) e DG (79,31% vs. 55,29%), todos com p < 0,001. O ChatGPT-4 apresentou uma acurácia de 81,49% nas questões sem imagens e de 54,54% em questões com imagens, com uma acurácia de 60% para análise de eletrocardiogramas. Este estudo é limitado pelo pequeno número de perguntas baseadas em imagens e pelo uso de itens de exame desatualizados, reduzindo sua capacidade de avaliar as habilidades diagnósticas visuais e a relevância clínica atual. Além disso, abordar somente quatro áreas da Nefrologia pode não representar totalmente a amplitude da prática nefrológica. Conclusão: Verificou-se que o ChatGPT-3.5 apresenta limitações no raciocínio sobre Nefrologia em comparação ao ChatGPT-4, evidenciando lacunas no conhecimento. O estudo sugere a necessidade de exploração adicional em outros temas da Nefrologia para aprimorar o uso dessas ferramentas de IA.

Resumo em Inglês:

Abstract Objective: This study evaluated the performance of ChatGPT 4 and 3.5 versions in answering nephrology questions from medical residency exams in Brazil. Methods: A total of 411 multiple-choice questions, with and without images, were analyzed, organized into four main themes: chronic kidney disease (CKD), hydroelectrolytic and acid-base disorders (HABD), tubulointerstitial diseases (TID), and glomerular diseases (GD). Questions with images were answered only by ChatGPT-4. Statistical analysis was performed using the chi-square test. Results: ChatGPT-4 achieved an overall accuracy of 79.80%, while ChatGPT-3.5 achieved 56.29%, with a statistically significant difference (p < 0.001). In the main themes, ChatGPT-4 performed better in HABD (79.11% vs. 55.17%), TID (88.23% vs. 52.23%), CKD (75.51% vs. 61.95%), and DG (79.31% vs. 55.29%), all with p < 0.001. ChatGPT-4 presented an accuracy of 81.49% in questions without images and 54.54% in questions with images, with an accuracy of 60% for electrocardiogram analysis. This study is limited by the small number of image-based questions and the use of outdated examination items, reducing its ability to assess visual diagnostic skills and current clinical relevance. Furthermore, addressing only 4 areas of Nephrology may not fully represent the breadth of nephrology practice. Conclusion: ChatGPT-3.5 was found to have limitations in nephrology reasoning compared to ChatGPT-4, evidencing gaps in knowledge. The study suggests that further exploration is needed in other nephrology themes to improve the use of these AI tools.
Artigo Original
Perfil epidemiológico e desfechos renais em uma coorte Brasileira de 25 anos de doenças glomerulares Sales, Fernando Carmo, Priscylla Vieira do Huaira, Rosália Maria Nunes Henriques Almeida, Nicolas William Gonçalves de Lourenço, Mateus Henrique Toledo Fernandes, Natália Maria da Silva

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Doenças glomerulares (DG) constituem importante causa de doença renal crônica (DRC). Este estudo teve como objetivo analisar perfis sociodemográfico, clínico e de desfechos renais em pacientes com DG. Métodos: Realizou-se estudo de coorte retrospectivo entre 1998–2023, com pacientes com idade ≥ 18 anos, diagnosticados com DG e atendidos em um hospital universitário no Brasil. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clínicas, histopatológicas e renais. Realizada análise comparativa entre os diagnósticos histopatológicos mais frequentes. A variável de desfecho foi a sobrevida renal. Resultados: Foram avaliados 417 pacientes, 57,3% eram mulheres e 69,8% brancos. A idade média foi 41,7 ± 14,4 anos. Doenças glomerulares primárias (DGP) representaram 51,1%, e 77,5% dos pacientes foram submetidos à biópsia renal. A DGP mais frequente foi nefropatia membranosa (26,3%), enquanto, entre as doenças glomerulares secundárias (DGS), nefrite lúpica (NL) foi a mais comum (51,9%). Doença de lesão mínima associou-se a melhor sobrevida renal, enquanto glomerulonefrite membra­noproliferativa apresentou piores desfechos (p = 0,001). Com relação à progressão da DRC, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) inicial maior foi fator de proteção (HR = 0,956, IC95%: 0,920–0,994; p = 0,023), ao passo que a presença de fibrose intersticial/atrofia tubular (FIAT) (HR = 1,079, IC95%: 1,020–1,142; p = 0,008) e índice de massa corporal (IMC) mais alto (HR = 1,257, IC95%: 1,016–1,556; p = 0,035) foram associados a um risco aumentado de progressão da DRC. Conclusão: A NL manteve-se como a DGS mais comum em nossa região, enquanto a glomeruloesclerose segmentar e focal foi a terceira DGP mais comum. Fatores de risco para piores desfechos incluíram maior IMC, menor TFGe e maior FIAT.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Glomerular diseases (GD) are an important cause of chronic kidney disease (CKD). This study aims to analyze the socio-demographic, clinical, and renal outcome profiles of patients with GD. Methods: A retrospective cohort study was conducted between 1998 and 2023. Participants were patients aged ≥ 18 years, diagnosed with GD, and treated at a university hospital in Brazil. Socio-demographic, clinical, histopathological, and kidney variables were analyzed. A comparative analysis was performed among the most frequent histopathological diagnoses. Renal survival was the outcome variable. Results: We evaluated 417 patients, of whom 57.3% were women and 69.8% were white. The mean age was 41.7 ± 14.4 years. Primary glomerular diseases (PGD) accounted for 51.1%, and 77.5% of patients underwent a kidney biopsy. The most frequent PGD was membranous nephropathy (26.3%), while among the secondary glomerular diseases (SGD), lupus nephritis (LN) was the most common (51.9%). Minimal change disease was associated with better renal survival, whereas membranoproliferative glomerulonephritis had the worst outcomes (p = 0.001). Regarding CKD progression, a higher initial estimated glomerular filtration rate (eGFR) was protective (HR = 0.956, 95%CI: 0.920–0.994; p = 0.023), while the presence of interstitial fibrosis/tubular atrophy (IFTA) (HR = 1.079, 95%CI: 1.020–1.142; p = 0.008) and a higher body mass index (BMI) (HR = 1.257, 95%CI: 1.016–1.556; p = 0.035) were associated with increased risk of CKD progression. Conclusion: LN remained the most common SGD in our region, while focal segmental glomerulosclerosis was the third most common PGD. Risk factors for worse outcome included a higher BMI, lower eGFR, and higher IFTA.
Artigo Original
Os efeitos da gravidez na progressão da doença glomerular materna Marques, Luiz Paulo José Salla, Lívia Menezes Rioja, Lilimar da Silveira Rocco, Regina Madeira, Eugênio Pacelle Queiroz Vieira, Lygia Maria Soares Fernandes

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Embora a maioria das mulheres com doenças glomerulares (DG) subjacentes esteja em idade reprodutiva, existem poucas informações sobre como a gravidez afeta essas condições e os desfechos maternos. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, de centro único, envolvendo 44 gestações planejadas em 38 pacientes com DG comprovada por biópsia. Dividiu-se as pacientes em três grupos conforme classificação DRC-KDIGO pré-concepção: I) Estágios 1–2: 27 gestações, II) Estágios 3a–3b: 11 gestações, III) Estágios 4–5: 6 gestações. Dados clínicos incluíram idade, hipertensão crônica (HC), creatinina sérica, pré-eclâmpsia (PE), proteinúria. Consideramos HC, estágio da DRC antes da gravidez e PE e proteinúria nefrótica (PNu) durante a gestação como fatores de risco para progressão da DG materna. Resultados: 8 mulheres evoluíram para DRET e iniciaram hemodiálise durante a gravidez: Grupo I – 2 (7,8%); Grupo II – 1 (9,0%); Grupo III – 5 (83,3%). Nas 36 gestações restantes, observamos perda significativa de TFG (p < 0,0001) um ano após a gravidez, com maior perda no grupo II do que no I (p < 0,013). Taxas reduzidas de TFG antes da gravidez e PE durante a gravidez (p = 0,001) impactaram diretamente na perda de TFG. Também observamos alta incidência (63,6%) de desfechos fetais adversos. Conclusão: Embora a gestação seja possível para mulheres com DG, seu impacto na DG materna continua após o parto. Ter DG aumenta os riscos de desfechos gestacionais adversos. A progressão da DG relaciona-se diretamente com estágio da DRC antes da gravidez e PE durante a gravidez. Mulheres com DRC estágios 4–5 apresentam alto risco de progredir para DRET na gestação.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Although most women with underlying glomerular diseases (GD) are of childbearing age, there is limited information on how pregnancy affects these conditions and maternal outcomes. Methods: We carried out a single-center retrospective cohort study involving 44 planned pregnancies in 38 patients with biopsy-proven GD. Patients were divided into three groups based on their pre-conception CKD-KDIGO classification: I) Stage 1–2: 27 pregnancies, II) Stage 3a–3b: 11 pregnancies, and III) Stage 4–5: 6 pregnancies. Clinical data included age, chronic hypertension (CH), serum creatinine, preeclampsia (PE), and proteinuria. We considered CH, CKD stage before pregnancy, and PE and nephrotic proteinuria (NPu) during pregnancy as risk factors for maternal GD progression. Results: We found that 8 women progressed to ESRD and began hemodialysis during pregnancy: 2 (7.8%) in Group I, 1 (9.0%) in Group II, and 5 (83.3%) in Group III. In the remaining 36 pregnancies, we observed a significant GFR loss (p < 0.0001) one year after pregnancy, and GFR loss was greater in group II than in I (p < 0.013). Low GFR rates before pregnancy and PE during pregnancy (p = 0.001) directly impacted GFR loss. We also observed a high incidence (63.6%) of adverse fetal outcomes. Conclusion: Although pregnancy is possible for women with GD, the impact of pregnancy in maternal GD continues after delivery. Having GD increases the risks of adverse pregnancy outcomes. The progression of GD is directly linked to the CKD stage before pregnancy and PE during pregnancy, and women in CKD stages 4–5 have a high risk of progressing to ESRD during gestation.
Artigo Original
Associação entre hiperglicemia de estresse e injúria renal aguda dialítica em pacientes críticos com sepse: coorte de base hospitalar Horner, Marina Borges Wageck Souza Filho, Ed Cleso Pereira de Schelbauer, Gustavo Treichel Alves, Lucas de Oliveira Lima, Helbert do Nascimento

Resumo em Português:

Resumo Introdução: A hiperglicemia de estresse em pacientes com sepse não tem sido consistentemente associada a um risco aumentado de injúria renal aguda (IRA). Objetivo: Avaliar o efeito dos níveis glicêmicos na ocorrência de IRA com necessidade dialítica em pacientes críticos com sepse. Métodos: Coorte histórica de pacientes com sepse, admitidos na UTI de um hospital privado entre dezembro de 2017 e agosto de 2021. Foram coletadas variáveis clínicas, laboratoriais e de gravidade. Os valores médios da glicemia na primeira semana de UTI (variável de exposição principal) foram estratificados pelos seus tercis. Avaliou-se o efeito da glicemia para a ocorrência de IRA dialítica por meio de regressão logística multivariada. Resultados: Dos 1317 pacientes avaliados, 86,6% apresentaram situações clínicas como causa de sepse. IRA com necessidade de hemodiálise ocorreu em 12,2% da amostra. Pacientes com médias de glicemia acima do terceiro tercil (≥160 mg/dl), em comparação àqueles com médias de glicemia abaixo dos dois primeiros tercis (<160 mg/dl), tinham maior prevalência de diabetes (69,1% vs. 7,1%; p < 0,001). Pacientes com médias de glicemia ≥160 mg/dl apresentaram uma chance 62% maior de desenvolver IRA com necessidade dialítica, em comparação àqueles com médias de glicemia <160 mg/dl (OR bruto = 1,62; IC 95% 1,16–2,26; p = 0,005). Após ajuste para as demais variáveis, valores médios de glicemia ≥180 mg/dl não aumentaram a chance de ocorrência de IRA (OR = 1,27; IC 95% 0,76–2,12; p = 0,359). Conclusão: Neste grupo de pacientes, a sepse e níveis médios de glicemia ≥160 mg/dl não foram independentemente associados à ocorrência de IRA dialítica.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Stress hyperglycemia in patients with sepsis has not been consistently associated with an increased risk of acute kidney injury (AKI). Objective: To evaluate the effect of blood glucose levels on the occurrence of AKI requiring dialysis in critically ill patients with sepsis. Methods: Retrospective cohort study of patients with sepsis admitted to the ICU of a private hospital between December 2017 and August 2021. Clinical, laboratory, and severity variables were collected. Mean blood glucose levels in the first week of ICU stay (primary exposure variable) were stratified into tertiles. The effect of blood glucose on the occurrence of dialysis-requiring AKI was assessed using multivariate logistic regression. Results: Of the 1,317 patients evaluated, 86.6% had clinical conditions as the underlying cause of sepsis. AKI requiring hemodialysis occurred in 12.2% of the sample. Patients with mean blood glucose levels above the third tertile (≥160 mg/dl), compared to those with mean blood glucose levels below the first two tertiles (<160 mg/dl), had a higher prevalence of diabetes (69.1% vs. 7.1%; p < 0.001). Patients with mean blood glucose levels ≥160 mg/dl had a 62% higher odds of developing AKI requiring dialysis compared to those with mean blood glucose levels < 160 mg/dl (crude OR = 1.62; 95% CI 1.16–2.26; p = 0.005). After adjustment for other variables, mean blood glucose levels ≥180 mg/dl did not increase the likelihood of AKI (OR = 1.27; 95% CI 0.76–2.12; p = 0.359). Conclusion: In this patient group, sepsis and mean blood glucose levels ≥160 mg/dl were not independently associated with the occurrence of dialysis-requiring AKI.
Artigo Original
Contaminação do líquido de perfusão e seu impacto no transplante renal: estudo observacional em um centro único brasileiro Mantoani, Letícia Aguirre Graciani, Letícia Segura Bertine, Raquel Hernandez Oliveira, João Fernando Picollo

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Infecções são uma das principais causas de morbimortalidade em receptores de transplante renal. A contaminação do líquido de perfusão (LP) pode constituir uma fonte infecciosa, mas sua relevância clínica permanece controversa. Objetivo: Avaliar se o LP atua como fonte de infecção precoce (até 30 dias) e sua associação com rejeição aguda, perda do enxerto e mortalidade em até 90 dias. Métodos: Estudo retrospectivo, observacional e descritivo, baseado em dados de prontuários de pacientes ≥ 18 anos submetidos a transplante renal entre janeiro de 2021 e dezembro de 2023. As variáveis coletadas abrangeram dados demográficos, clínicos e de desfechos pós-transplante. Resultados: Foram incluídos 246 receptores com dados de cultura do LP; desses, 27,6% (68/246) apresentaram culturas positivas. Cocos Gram-positivos representaram 64,7% dos isolados, bacilos Gram-negativos 35,3% e fungos 2,9%. Staphylococcus coagulase-negativo foi detectado em 36,8% das amostras. Houve concordância microbiológica entre o microrganismo isolado no LP e aquele responsável pela infecção precoce em 13,23% (9/68) dos casos, com Klebsiella pneumoniae como agente predominante (66,6%). Embora a taxa de infecção tenha sido maior entre os pacientes com LP positivo (72%) em comparação àqueles com LP negativo (64%), a diferença não foi estatisticamente significativa (p = 0,2992). Também não houve associação com óbito (p = 1,000), perda do enxerto (p = 0,8199) ou rejeição aguda (p = 0,5635). Conclusão: A cultura positiva do LP é frequente e pode estar associada a infecções precoces, ressaltando a importância da vigilância microbiológica.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Infections represent a major cause of morbidity and mortality in kidney transplant recipients. Preservation fluid (PF) contamination is considered a potential infectious source; however, its clinical relevance remains controversial. Aim: To evaluate whether PF contamination acts as a source of early post-transplant infections (within 30 days) and its association with acute rejection, graft loss, and mortality within 90 days. Methods: This was a retrospective, observational, and descriptive study based on medical records of patients aged ≥18 years who underwent kidney transplantation between January 2021 and December 2023. Collected variables included demographic, clinical, and post-transplant outcome data. Results: Among 246 recipients with available PF culture data, 27.6% (68/246) presented with PF contamination. Gram-positive cocci accounted for 64.7% of isolates, Gram-negative bacilli, for 35.3%, and fungi, for 2.9%. Coagulase-negative staphylococci (CoNS) were the most frequent isolate (36.8%). Microbiological concordance between PF isolates and pathogens responsible for early infection were observed in 13.23% (9/68) of cases, with Klebsiella pneumoniae being the predominant pathogen (66.6%). Although the infection rate was higher among patients with positive PF cultures (72%) compared to those with negative cultures (64%), this difference was not statistically significant (p = 0.2992). No significant associations were found with mortality (p = 1.000), graft loss (p = 0.8199), or acute rejection (p = 0.5635). Conclusion: PF contamination was frequent and may contribute to early post-transplant infections, reinforcing the importance of microbiological surveillance and preventive strategies.
ARTIGO ORIGINAL
Índices hematológicos derivados de hemograma completo e desfechos desfavoráveis em pacientes submetidos à diálise peritoneal Alves, Taluane Vívian Gomes Giarola, Luciane Teixeira Passos Oliveira Júnior, Wander Valadares de Rios, Danyelle Romana Alves

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Compreender os processos inflamatórios associados ao risco de mortalidade em pacientes em diálise peritoneal (DP) pode ajudar a orientar a tomada de decisões clínicas e a estratificação de risco e mortalidade nessa população. Objetivo: Avaliar a associação entre índices hematológicos derivados de hemograma completo e desfechos desfavoráveis em pacientes sob DP. Métodos: Coorte prospectiva com 43 pacientes em DP acompanhados por 18 meses. Dados do hemograma completo foram coletados dos prontuários médicos e índices hematológicos foram calculados para todos os participantes nas quatro etapas do acompanhamento. Associações entre esses índices e marcadores inflamatórios clássicos foram investigadas por meio de análises de correlação. A sobrevida dos pacientes foi estimada pelo método de Kaplan Meier (K-M) após divisão dos pacientes em dois grupos, com base na mediana como ponto de corte para cada índice hematológico. Utilizou-se o modelo de Cox com estrutura de risco competitivo para avaliar a influência dos índices na sobrevida. Resultados: Os índices AISI e SIRI apresentaram correlação positiva significativa com a contagem total de leucócitos (r = 0,74 e r = 0,71, respectivamente, p < 0,001). Apenas AISI e SII apresentaram estimativas significativas de K-M, indicando maior sobrevida para AISI ≤149,61 e SII ≤722,80. No modelo de regressão de Cox, os pacientes com AISI superior a 149,6 e SII acima de 722,80 apresentaram risco 9,38 e 4,0 vezes maior, respectivamente, de óbito ou transferência para HD em comparação aos demais pacientes. Conclusão: AISI e SII foram independentemente associados ao risco de desfechos desfavoráveis em pacientes em DP.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Understanding the inflammatory processes that are associated with the risk of mortality in patients undergoing peritoneal dialysis (PD) may help guide clinical decision-making and risk and mortality stratification in this population. Objective: To evaluate the association of hematological indices derived from complete blood count with unfavorable outcomes in patients undergoing PD. Methods: Prospective cohort with 43 patients undergoing PD follow up for 18 months. Complete blood count data were collected from medical records and the hematological indices were calculated for all participants in the four follow-up waves. Associations between these indices and classic inflammatory markers were investigated by correlation analyses. Patient survival was estimated by the Kaplan Meier method (K-M) after dividing the patients into two groups based on the median as the cut-off point for each hematological index. The Cox model with competitive-risk framework was used to evaluate the influence of indices on survival. Results: The AISI and SIRI indices had a significant positive correlation with global leukocytes (r = 0.74 and r = 0.71, respectively, p < 0.001). Only AISI and SII showed K-M significant estimates indicating greater survival for AISI ≤149.61 and SII ≤722.80. In the Cox regression model, patients who presented AISI above 149.6 and SII above 722.80 had 9.38 and 4.0 times, respectively, higher risk of death or transfer to HD than other patients. Conclusion: AISI and SII were independently associated with the risk of unfavorable outcomes in PD patients.
Artigo Original
Efetividade de regimes imunossupressores livres de corticoides após o transplante renal: a experiência pioneira de um centro brasileiro Sandes-Freitas, Tainá Veras de Araújo, Flávio Bezerra de Domingues-da-Silva, Raoni de Oliveira Sales, Maria Luíza de Mattos Brito Oliveira Esmeraldo, Ronaldo de Matos

Resumo em Português:

Resumo Introdução: O uso crônico de corticoides, mesmo em baixas doses, está associado a efeitos indesejáveis bem conhecidos. Entretanto, regimes livres de corticoides após o transplante renal (TxR) foram associados a uma maior incidência de rejeição aguda (RA), limitando sua implementação a poucos centros no mundo. Neste estudo, descrevemos a experiência pioneira de um centro brasileiro que, desde 2005, adotou o regime imunossupressor livre de corticoides para pacientes de baixo a moderado risco imunológico. Métodos: Coorte retrospectiva, unicêntrica, incluindo receptores de TxR submetidos a regimes livres de corticoides entre 2012 e 2019. A coorte foi seguida por 3 anos em um cenário de vida real. Resultados: Foram incluídos 562 pacientes, 71,4% homens, 48,1 anos (IIQ 35,5–58,6), 95,2% submetidos a TxR com doador falecido. Todos induzidos com globulina antitimócito e 82,2% receberam tacrolimo associado a sirolimo ou everolimo como regime de manutenção. Após 3 anos, 10,2% apresentaram episódio de RA tratada e 3,2% tinham confirmação por biópsia. Idade (HR 0,946; IC95% 0,923–0,969; p < 0,001) e incompatibilidades HLA (HR 1,312; IC95% 1,021–1,687; p = 0,034) foram os fatores de risco para rejeição. Vinte e oito pacientes (5%) perderam o enxerto, 5,7% foram a óbito. Setenta e um (12,6%) necessitaram introduzir corticoide ao regime ao longo dos anos, com uma mediana de 125,5 dias (IIQ 31,7–409) após o TxR. Os principais motivos foram percepção de ineficácia terapêutica (56,3%) e composição em regime imunossupressor de menor eficiência (18,6%). Conclusão: A imunossupressão sem corticoides mostrou-se efetiva em receptores de TxR de baixo a moderado risco em 3 anos.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Chronic corticosteroid use, even at low doses, is associated with well-known adverse effects. However, steroid-free regimens after kidney transplantation (KT) have been linked to a higher incidence of acute rejection (AR), limiting their implementation to a few centers worldwide. In this study, we describe the pioneering experience of a Brazilian center that adopted a steroid-free immunosuppressive regimen in 2005 for patients at low to moderate immunological risk. Methods: This single-center retrospective cohort study includes KT recipients who were submitted to steroid-free regimens between 2012 and 2019. The cohort was followed for three years in a real-world setting. Results: A total of 562 patients were included, 71.4% male, with a median age of 48.1 years (IQR 35.5–58.6). Most (95.2%) received deceased donor allografts. All patients underwent induction therapy with antithymocyte globulin, and 82.2% received tacrolimus in combination with sirolimus or everolimus as maintenance therapy. After three years, 10.2% experienced treated AR episodes, with biopsy confirmation in 3.2%. Age (HR 0.946, 95% CI 0.923–0.969, p < 0.001) and HLA mismatches (HR 1.312, 95% CI 1.021–1.687, p = 0.034) were risk factors for rejection. Twenty-eight patients (5%) lost their grafts, and 5.7% died. Seventy-one patients (12.6%) required corticosteroid introduction over the years, with a median of 125.5 days (IQR 31.7–409) post-KT. The main reasons were perceived immunosuppressive regimen inefficacy (56.3%) and composition in a low-efficacy immunosuppressive regimen (18.6%). Conclusion: Steroid-free immunosuppression was effective in low to moderate immunological risk KT recipients over a three-year follow-up period.
Artigo Original
Troponina I como marcador independente de risco de mortalidade cardiovascular em pacientes com doença renal crônica Romaniello, Gabriela Hayashi, Shirley Yumi Guerra, Bruno Siegel Riella, Miguel Carlos Lindholm, Bengt Marques, Gustavo Lenci Nascimento, Marcelo Mazza do

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de óbito entre pacientes com doença renal crônica (DRC). Entretanto, a avaliação prognóstica cardiovascular (CV) na DRC não está estabelecida. Apesar de relatos anteriores estabelecerem a troponina como prognóstico de mortalidade CV na DRC, não há consenso sobre sua aplicabilidade. Além disso, estudos sobre a troponina I de alta sensibilidade (hsTnI) nesse contexto são escassos. Avaliamos a associação entre hsTnI e mortalidade CV e geral entre pacientes com DRC para identificar pacientes com maior risco CV. Métodos: 145 pacientes com DRC estágios 3 a 5 foram submetidos a medições de hsTnI, inflamação, metabolismo do cálcio-fósforo, calcificação vascular e parâmetros ecocardiográficos. A associação entre hsTnI e mortalidade CV e geral após o acompanhamento foi estabelecida por meio de curvas de Kaplan-Meier. O valor de corte da hsTnI para predição de mortalidade CV e geral foi definido com a análise da curva ROC. A análise multivariada para mortalidade CV e geral foi realizada utilizando modelos de regressão de Cox. Resultados: O valor de corte da hsTnI para mortalidade geral e CV foi 0,057 ng/mL. Pacientes com hsTnI mais elevada apresentaram maior mortalidade CV e geral. Na análise multivariada, a hsTnI foi um marcador de mortalidade CV aumentada (razão de risco 12,8 (IC 95% 1,56-105,08); p = 0,018), independente de idade, sexo, DCV anterior, diabetes e diálise, achados ecocardiográficos e osteoprotegerina (OPG). Conclusão: A hsTnI está independentemente associado à mortalidade CV em pacientes com DRC, sugerindo que pode ser um potencial marcador para estratificação de risco CV.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Cardiovascular disease (CVD) is the main cause of death among chronic kidney disease (CKD) patients. However, the cardiovascular (CV) prognostic evaluation in CKD is not established. Despite previous reports establishing troponin as a CV mortality prognosticator in CKD, there is no consensus on its applicability. Moreover, studies on high-sensitivity troponin I (hsTnI) in this context are scarce. We evaluated the association between hsTnI and CV and overall mortality among CKD patients to identify higher CV-risk patients. Methods: 145 patients with CKD stages 3 to 5 underwent measurements of hsTnI, inflammatory, calcium-phosphorus metabolism, vascular calcification, and echocardiographic parameters. The association of hsTnI with CV and overall mortality after follow-up was established using Kaplan-Meier curves. The cutoff value of hsTnI for predicting CV and overall mortality was defined using ROC curve analysis. Multivariate analysis for CV and overall mortality was done using Cox regression models. Results: HsTnI cutoff value for overall and CV mortality was 0.057 ng/mL. Patients with higher hsTnI had higher CV and overall mortality. In multivariate analysis, hsTnI was a marker of increased CV mortality (hazard ratio 12.8 (95% CI 1.56–105.08), p = 0.018), independent of age, sex, previous CVD, diabetes and dialysis, echocardiographic findings, and osteo­protegerin (OPG). Conclusion: HsTnI is independently associated with CV mortality in CKD patients, suggesting that it may be a potential CV risk stratification marker.
Artigo Original
Associação entre apneia obstrutiva do sono e eventos cardiovasculares em pacientes em hemodiálise Goes, Ellen Santos, Skarllet Cândida Silva dos Bezerra, Rodrigo Teles, Flávio

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Pacientes em hemodiálise apresentam elevado risco cardiovascular, sendo morte súbita uma das principais causas de mortalidade. Distúrbios do sono são altamente prevalentes nesse grupo, e a apneia obstrutiva do sono (AOS) tem sido associada a um pior controle da pressão arterial e a danos cardiovasculares. Objetivo: Investigar a associação entre risco intermediário ou elevado de apneia obstrutiva do sono e a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores em pacientes em hemodiálise. Métodos: Estudo de coorte multicêntrico prospectivo realizado em três clínicas de hemodiálise entre maio de 2022 e maio de 2024. Foram incluídos 165 pacientes, entre 18 e 75 anos, em hemodiálise há pelo menos 6 meses. Avaliaram-se variáveis clínicas, laboratoriais e relacionadas ao sono, como risco de AOS (STOP-Bang), qualidade do sono (Pittsburgh), cronotipo (Questionário de Matutino-Vespertino) e ocorrência de eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM+). Os pacientes foram acompanhados por 22 a 24 meses. Resultados: Observou-se que 64,8% dos pacientes apresentaram risco intermediário ou elevado de AOS. Esse grupo demonstrou maior prevalência de diabetes e obesidade, pior qualidade do sono, mais casos de síndrome das pernas inquietas crônica e menor adequação à diálise. A ocorrência de eventos cardiovasculares maiores foi significativamente maior entre os pacientes com risco de AOS (17,0% vs. 5,2%; p = 0,03), com associação independente entre AOS e morte súbita (OR 1,18; IC95% 1,01–1,39; p = 0,03). Outros distúrbios do sono não demonstraram associação com risco cardiovascular aumentado. Conclusão: Pacientes em hemodiálise apresentaram maior risco de AOS, que demonstrou associação independente com piores desfechos cardiovasculares.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Hemodialysis patients are at high cardiovascular risk, with sudden death being one of the leading cause of mortality. Sleep disorders are highly prevalent in this population, and obstructive sleep apnea (OSA) has been associated with poorer blood pressure control and cardiovascular damage. Objective: To investigate the association between an intermediate or high risk of OSA and the occurrence of major cardiovascular events in hemodialysis patients. Methods: This prospective multicenter cohort study was conducted in three hemodialysis clinics between May 2022 and May 2024. A total of 165 patients aged 18 to 75 years who had been undergoing hemodialysis for at least 6 months were included. Clinical, labora­tory, and sleep-related variables, were assessed, including OSA risk (STOP-Bang), sleep quality (Pittsburgh Sleep Quality Index), chronotype (Morningness-Eveningness Questionnaire), and the occurrence of major adverse cardiovascular events (MACE+). Patients were followed for 22 to 24 months. Results: Overall 64.8% of patients were classified as being at an intermediate or high risk for OSA. This group showed a higher prevalence of diabetes and obesity, poorer sleep quality, more cases of chronic restless legs syndrome, and lower dialysis adequacy. The incidence of major cardiovascular events was significantly higher among patients at risk of OSA (17.0% vs. 5.2%; p = 0.03), with an independent association observed between OSA and sudden death (OR 1.18, 95% CI 1.01–1.39; p = 0.03). Other sleep disorders were not associated with increased cardiovascular risk. Conclusion: Hemodialysis patients had a high risk of OSA, which was independently associated with adverse cardiovascular outcomes.
Artigo Original
Influência da albumina e do ângulo de fase na sobrevida de pacientes com doença renal crônica em hemodiálise: um estudo prospectivo Sáez, Alain León Ribeiro, Joane Severo Silva, Camila Nery da Bündchen, Cristiane Keitel, Elizete Dorneles, Gilson Pires Gottschall, Catarina Bertaso Andreatta Peres, Alessandra

Resumo em Português:

Resumo Introdução: A hemodiálise (HD) prolonga a sobrevida de pacientes com doença renal crônica (DRC) em estágio V, mas a mortalidade permanece elevada devido à desnutrição e à inflamação. Este estudo teve como objetivo investigar se baixos níveis de albumina e um ângulo de fase (AF) reduzido predizem maior mortalidade em pacientes em HD. Métodos: Este estudo de coorte prospectivo acompanhou 82 pacientes em HD por 36 meses. Marcadores biológicos, incluindo albumina e indicadores de estresse oxidativo, foram mensurados antes e após uma única sessão de HD no momento da inclusão no estudo (tempo zero). O AF foi determinado por análise de bioimpedância (BIA). Curvas de sobrevida de Kaplan-Meier e análises de regressão de Cox foram realizadas para avaliar a associação entre albumina, AF e mortalidade. Resultados: Pacientes com AF < 4 apresentaram sobrevida média de 11,6 meses, em comparação a 27,0 meses entre aqueles com AF ≥ 4 (HR = 5,66; IC 95%: 2,44–13,12). De forma semelhante, pacientes com albumina < 3,9 g/dL apresentaram taxas de sobrevida significativamente mais baixas aos 6, 12 e 36 meses em comparação àqueles com albumina ≥ 3,9 g/dL (HR = 4,39; IC 95%: 1,81–10,63). Conclusão: Baixos níveis de albumina e AF reduzido são fortes preditores de mortalidade em pacientes em HD. O monitoramento de rotina e intervenções direcionadas para melhorar esses marcadores podem contribuir para melhores desfechos de sobrevida.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Hemodialysis (HD) prolongs the survival of patients with end-stage chronic kidney disease (CKD), but mortality remains high due to malnutrition and inflammation. This study aimed to investigate whether low albumin levels and a reduced phase angle (PA) predict higher mortality in HD patients. Methods: This prospective cohort study followed 82 HD patients for 36 months. Biological markers, including albumin and oxidative stress indicators, were measured before and after a single HD session upon study enrollment (time zero). PA was determined by bioimpedance analysis. Kaplan-Meier survival curves and Cox regression analyses were performed to assess the association between albumin, PA, and mortality. Results: Patients with PA <4 had a mean survival of 11.6 months, compared to 27.0 months for those with PA ≥ 4 (HR = 5.66; 95% CI: 2.44–13.12). Similarly, patients with albumin <3.9 g/dL had significantly lower survival rates at 6, 12, and 36 months compared to those with albumin ≥3.9 g/dL (HR = 4.39; 95% CI: 1.81–10.63). Conclusion: Low albumin levels and a reduced PA are strong predictors of mortality in HD patients. Routine monitoring and targeted interventions to improve these markers could enhance survival outcomes.
Artigo Original
Rituximabe em podocitopatias primárias: eficácia e segurança em uma coorte retrospectiva Sales, Gabriel Teixeira Montezuma Fernandes, Danilo Euclides Kirsztajn, Gianna Mastroianni

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Podocitopatias constituem uma causa importante de síndrome nefrótica. A imunossupressão desempenha papel fundamental no manejo da doença. Entretanto, a eficácia de agentes biológicos, como o rituximabe (RTX), permanece incerta, especialmente em adultos. Este estudo postulou que o RTX é seguro e eficaz no tratamento de podocitopatias primárias sensíveis, resistentes a esteroides. Método: Estudo de coorte retrospectivo baseado em registros médicos anteriores à primeira infusão de RTX (T0), 1 a 3 meses (T1) e 3 a 6 meses após a infusão (T2). Os pacientes apresentaram podocitopatias comprovadas por biópsia e receberam pelo menos 500 mg de RTX. Excluíram-se indivíduos com doenças glomerulares secundárias. Resultados: Foram incluídos 31 pacientes com idade média à infusão de 32,9 anos (DP 11,0). No T2, a remissão foi alcançada em 45,2% (remissão completa em 19,4%). A resposta prévia aos corticosteroides associou-se a melhor prognóstico, com remissão em até 68,5% desses pacientes. Adicionalmente, 20,0% dos pacientes resistentes aos esteroides alcançaram remissão adaptada (≥ 35% de redução da proteinúria + ≥ 20% de aumento da albumina sérica). Hipertensão e uso prévio de inibidores da calcineurina não foram preditores de resposta clínica. Os eventos adversos mais frequentes foram infecção (12,9%) e exantema (9,7%). Discussão: Em conclusão, nossos resultados sugerem que RTX é uma opção terapêutica útil não apenas para podocitopatias sensíveis a esteroides, mas também em casos selecionados resistentes a esteroides, determinando uma redução da proteinúria que pode contribuir positivamente para o manejo clínico dessas doenças glomerulares. RTX foi, em geral, eficaz e bem tolerado nesta coorte adulta.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Podocytopathies are an important cause of nephrotic syndrome, and immunosuppression plays a pivotal role in disease management. The efficacy of biological agents such as rituximab (RTX), however, remains unclear, especially in adults. This study hypothesized that RTX is efficient and safe in the treatment of steroid-sensitive and steroid-resistant primary podocytopathies. Method: A retrospective cohort study was conducted based on medical records before the first infusion of RTX (T0) and 1 to 3 months (T1) and 3 to 6 months after infusion (T2). Patients had biopsy-proven podocytopathies and received at least 500 mg of RTX. Individuals with secondary glomerular diseases were excluded. Results: A total of 31 patients with a mean age at infusion of 32.9 years (SD 11.0) were included. At T2, remission was reached in 45.2%, with complete remission in 19.4%. Prior response to steroids was related to a better prognosis, with remission in up to 68.5% of these patients. Moreover, 20.0% of steroid-resistant patients reached adapted remission (≥ 35% proteinuria decrease + ≥ 20% serum albumin increase). Hypertension and previous use of calcineurin inhibitors were not predictors of clinical response. The most frequent adverse events were infection (12.9%) and rash (9.7%). Discussion: In conclusion, our results suggest that RTX is a useful therapeutic option not only for steroid-sensitive podocytopathies, but also in selected steroid-resistant cases, determining a proteinuria decrease that can contribute positively to the clinical management of such glomerular diseases. RTX was generally efficient and well tolerated in this adult cohort.
Artigo Original
Mortalidade a longo prazo e desempenho de escores preditivos em pacientes brasileiros com doença renovascular aterosclerótica Salome, Julia Gheller Moraes, Lucas Peres Hagemann, Rodrigo Silva, Vanessa dos Santos Carvalho, Fabio Cardoso Franco, Roberto Jorge da Silva Vassallo, Diana Martin, Luis Cuadrado Kalra, Philip A. Barretti, Pasqual

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Doença renovascular aterosclerótica (DRVA) pode causar estenose da artéria renal, hipertensão e doença renal crônica. Como o procedimento de revascularização para DRVA é controverso, desenvolveu-se um escore de risco para predizer mortalidade em pacientes acometidos, que requer validação em diferentes populações. O escore original não incluía uso de estatinas; portanto, o objetivo foi avaliar a precisão do escore de risco em pacientes com DRVA segundo a ingestão de estatinas. Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo envolvendo 136 pacientes com diagnóstico angiográfico de EAR > 60% entre janeiro de 1996 e outubro de 2008. Realizou-se análise de regressão de Cox para avaliar associações com mortalidade por todas as causas. Para avaliar poder discriminatório do escore de risco, construíram-se curvas ROC para mortalidade em 1, 5 e 10 anos para aqueles com e sem uso de estatina. Resultados: Foram incluídos 103 pacientes; 69 faziam uso de estatinas. Após 1, 5 e 10 anos, taxas de sobrevida previstas pelo escore de risco para pacientes em uso de estatinas foram, respectivamente, 0,87 (IC95% [0,76;0,97]), 0,45 (IC95% [0,37;0,55]) e 0,15 (IC95% [0,09;0,22]). Taxas de sobrevida real foram 0,95, 0,88 e 0,72. Para os 34 pacientes que não utilizaram estatinas, taxas de sobrevida prevista foram 0,84 (IC95% [0,71;0,97]), 0,43 (IC95% [0,32;0,55]) e 0,14 (IC95% [0,05;0,22]); taxas de sobrevida real foram 0,83, 0,36 e 0,29. Conclusão: Pacientes recebendo estatinas apresentaram maior taxa de sobrevida após 5 e 10 anos comparados aos cálculos do escore de risco. Os 34 pacientes que não utilizaram estatinas apresentaram taxas de sobrevida próximas à sobrevida prevista. Portanto, o escore de risco deve ser modificado para incluir estatinas.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Atherosclerotic renovascular disease (ARVD) can cause renal artery stenosis, hypertension, and chronic kidney disease. As revascularization procedure for ARVD is controversial, a risk score was developed to predict mortality in affected patients, which requires validation in different populations. The original risk score did not include statin use; therefore, the aim of this study was to evaluate the accuracy of the risk score in ARVD patients according to statins intake. Methods: Longitudinal retrospective study involving 136 patients with angiographic diagnosis of RAS > 60% from January 1996 to October 2008. Cox regression analysis was performed to assess all-cause mortality associations. To evaluate the discriminatory power of the risk score, ROC curves were constructed for mortality at 1, 5, and 10 years for those with and without statin use. Results: 103 patients were included, 69 of whom were taking statins. After 1, 5, and 10 years, survival rates predicted by the risk score for patients using statins were, respectively, 0.87 (95% CI [0.76;0.97]), 0. 45 (95% CI [0.37;0.55]), and 0.15 (95% CI [0.09;0.22]). Actual survival rates were 0.95, 0.88, and 0.72. For the 34 patients who did not use statins, predicted survival rates were 0.84 (95% CI [0.71;0.97]), 0.43 (IC 95% [0.32;0.55]), and 0.14 (95% CI [0.05;0.22]); actual survival rates were 0.83, 0.36, and 0.29. Conclusion: Patients receiving statins had greater survival rate after 5 and 10 years when compared to calculations by the risk score. The 34 patients who did not use statins had survival rates close to the predicted survival. Therefore, the risk score should be modified to include use of statins.
Artigo Original
Percepção dos nefrologistas sobre as competências adquiridas durante a residência médica em Nefrologia e sua aplicabilidade na prática clínica diária Pereira, Mariana Batista Eloy, Patrícia Oliveira Costa Bastos, Kleyton de Andrade

Resumo em Português:

Resumo Introdução: O currículo da residência médica (RM) passou por uma reformulação e, em 2021, publicou-se a matriz de competências para a RM em nefrologia. Este estudo teve como objetivo avaliar a percepção de nefrologistas sobre as competências adquiridas durante a RM e sua importância na prática clínica atual. Método: Estudo transversal, conduzido por meio de questionário eletrônico autoaplicável, que incluiu dados demográficos, informações sobre a atuação profissional e avaliação do aprendizado e da utilidade das competências adquiridas durante a RM em nefrologia. Os participantes responderam às questões em escala Likert de cinco pontos. Foram incluídos apenas nefrologistas formados em programas credenciados pelo Ministério da Educação. Resultados: Foram incluídos 163 nefrologistas de diferentes estados do Brasil. A maioria considerou as competências clínicas adquiridas e úteis para a prática, com exceção do cuidado paliativo, no qual 54% sentiram-se aptos e 93,2% o consideraram essencial. Os procedimentos em que a utilidade superou o aprendizado foram: realização de exame de fundo de olho, implante de cateter definitivo para hemodiálise, cateter para diálise peritoneal e realização de ultrassonografia. Além disso, menos de 40% dos participantes relataram sentir-se preparados para atuar em gestão, pesquisa clínica e atividades docentes, apesar da percepção da sua importância. Conclusão: O estudo destaca a percepção dos nefrologistas sobre as competências adquiridas durante a RM e aponta a necessidade de aprimoramento na formação em nefrologia, especialmente nas áreas de gestão, educação e pesquisa.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: The medical residency (MR) curriculum underwent a reformulation, and in 2021, the competency matrix for MR in nephrology was published. This study aimed to evaluate nephrologists' perceptions of the competencies acquired during residency and their relevance in clinical practice. Method: This was a cross-sectional study conducted using a self-administered electronic questionnaire, which included demographic data, information on professional practice, and an assessment of both the learning and the usefulness of the skills acquired during the MR program in nephrology. Participants responded to questions on a five-point Likert scale. Only nephrologists who had graduated from programs accredited by the Brazilian Ministry of Education were included. Results: A total of 163 nephrologists from different states in Brazil were included. Most considered the clinical skills acquired to be useful for practice, except for palliative care, in which 54% felt capable, although 93.2% considered it essential. Procedures for which usefulness exceeded self-reported competence included fundoscopy, insertion of permanent hemodialysis catheters, insertion of peritoneal dialysis catheters, and ultrasonography. Furthermore, less than 40% of participants reported feeling prepared to engage in management, clinical research, and teaching activities, despite perceiving their relevance. Conclusion: The study highlights nephrologists' perceptions of competencies acquired during MR and underscores the need for improvements in nephrology training, particulary in management, teaching, and research.
Artigo Original
Impacto da histomorfometria óssea, biomarcadores ósseos e FRAX® em fraturas em pacientes com DRC em pré-diálise Lopes, Mariana Fernandes Diz Fernandes, Bernardo José Cardoso Rocha, Maria Teresa Almeida e Sousa Martins da Costa, Maria Lúcia Carvalho Frazão, João Miguel Machado Dória Pereira Neto, Ricardo de Morais

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam risco aumentado de fraturas. Atualmente, não está estabelecido se o tipo de osteodistrofia renal (ODR) contribui para esse risco, pois biópsias ósseas não são frequentemente realizadas na prática clínica. Nosso objetivo foi avaliar a associação entre subtipos de ODR, biomarcadores ósseos e risco de fraturas determinado pela ferramenta FRAX® com a ocorrência de fraturas em pacientes com DRC pré-diálise. Métodos: Estudo retrospectivo com pacientes acompanhados entre 2014–2023. Realizaram-se exames de sangue – incluindo biomarcadores ósseos (BRB) – e biópsias ósseas no início do acompanhamento. Dados de densitometria óssea (DXA) e fraturas clinicamente evidentes foram obtidos de registros médicos. Avaliaram-se radiografias da coluna torácica/lombar para detectar fraturas vertebrais. O índice FRAX®, sem densidade mineral óssea (DMO), foi calculado com ferramenta online. Resultados: O tempo médio de acompanhamento foi 7,5 ± 3 anos; 9,3% dos pacientes apresentaram fratura óssea, com incidência de 12/1000 pacientes-ano. Pacientes que sofreram fratura exibiram níveis mais elevados de fósforo (4,1 mg/dL vs. 3,5 mg/dL; p = 0,047). Os subtipos histomorfométricos e os BRB não foram associados à incidência de fraturas nem ao risco de fraturas avaliado pelo FRAX®. Houve tendência a menor volume ósseo no grupo com fraturas (p = 0,057). FRAX® (sem DMO), independen­temente da inclusão da DRC como osteoporose secundária, apresentou boa precisão diagnóstica global para prever fraturas na DRC pré-diálise. Conclusão: Os subtipos de ODR não foram associados à incidência de fraturas nesses pacientes. A capacidade discriminatória do FRAX nessa população enfatiza sua utilidade em pacientes com DRC pré-diálise.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Chronic kidney disease (CKD) patients are at increased risk of fracture. Whether the type of renal osteodystrophy (ROD) contributes to fracture risk is not currently established since bone biopsies are not frequently performed in clinical practice. We aimed to evaluate the association of ROD subtypes, bone biomarkers, and fracture risk assessed with the FRAX® tool with the occurrence of fractures in predialysis CKD patients. Methods: Retrospective study with patients followed between 2014–2023. Blood tests, including bone-related biomarkers (BRB), and bone biopsies were performed at the beginning of follow-up. Data from dual x-ray absorptiometry (DXA) scan and clinically evident fractures were obtained from medical registries. Radiographs of the thoracic/lumbar spine were evaluated to detect vertebral fractures, and the FRAX® index without bone mineral density (BMD) was calculated with the web-based tool. Results: Median follow-up time was 7.5 ± 3 years and 9.3% of the patients had a bone fracture, with an incidence of 12/1000 patient-year. Patients who had a fracture had higher phosphorus levels (4.1 mg/dL vs 3.5 mg/dL, p = 0.047). Histomorphometric subtypes and BRB were not associated with incidence of fractures nor with fracture risk assessed by FRAX®. There was a tendency for lower bone volume in the group with fractures (p = 0.057). FRAX® (without BMD), regardless of the inclusion of CKD as secondary osteoporosis, showed an overall good diagnostic accuracy for predicting fractures in predialysis CKD. Conclusion: ROD subtypes were not associated with incidence of fractures in these patients. The discriminative ability of FRAX in this population emphasizes its usefulness in CKD predialysis patients.
Artigo de Revisão
O papel da cistatina C na injúria renal em crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1: uma revisão sistemática Gkiourtzis, Nikolaos Stoimeni, Anastasia Michou, Panagiota Moutafi, Maria Cheirakis, Konstantinos Christakopoulos, Aristeidis Glava, Agni Panagopoulou, Paraskevi Tsigaras, Georgios Galli-Tsinopoulou, Assimina Christoforidis, Athanasios Tramma, Despoina

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Doença renal diabética (DRD) é uma das principais complicações do diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Na prática clínica, albuminúria e taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) reduzida são as principais características da DRD. Estudos posteriores revelaram que a lesão intersticial também é observada quando ocorre DRD. Portanto, a aplicação de um biomarcador para a detecção precoce da DRD foi fundamental. Esta revisão sistemática teve como objetivo resumir a literatura sobre o papel prognóstico da cistatina C na injúria renal em crianças e adolescentes com DM1. Métodos: Desde o início até 24 de setembro de 2024, realizou-se extensa pesquisa bibliográfica nos principais bancos de dados (MEDLINE/PubMed, Cochrane Library e Scopus) para investigar o papel prognóstico da cistatina C na injúria renal em pacientes pediátricos com DM1. A diferença média foi utilizada para desfechos contínuos com IC95%. Um valor p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. A avaliação da qualidade dos estudos incluídos foi realizada por meio da Escala de Newcastle-Ottawa. Resultados: Incluímos onze estudos com 2.199 participantes nessa revisão sistemática. A meta-análise incluiu quatro estudos. Não houve diferença estatisticamente significativa nos níveis séricos de cistatina C entre os pacientes com DM1 e o grupo controle. Conclusão: Embora estudos individuais tenham demonstrado algum benefício do uso da cistatina C sérica para o prognóstico de DRD em pacientes pediátricos com DM1, a meta-análise dos estudos incluídos não alcançou significância estatística. Estudos clínicos futuros devem concentrar-se no papel prognóstico da cistatina C (sérica e urinária) na identificação de injúria renal em pacientes pediátricos com DM1.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Diabetic kidney disease (DKD) is a major complication of type 1 diabetes mellitus (T1D). In clinical practice, albuminuria and reduced estimated glomerular filtration rate (eGFR) are the main characteristics of DKD. Later studies revealed that interstitial damage is also observed as DKD occurs. Therefore, the application of a biomarker for early DKD detection was critical. This systematic review aimed to summarize the literature about the prognostic role of cystatin C in kidney injury in children and adolescents with T1D. Methods: From inception until September 24, 2024, an extensive literature search through major databases (MEDLINE/PubMed, Cochrane Library, and Scopus) was carried out to investigate the prognostic role of cystatin C in kidney injury in pediatric patients with T1D. The mean difference was used for continuous outcomes with 95%CI. A p < 0.05 was considered statistically significant. A quality assessment of included studies was conducted using the Newcastle-Ottawa Scale. Results: We included eleven studies with 2199 participants in this systematic review. The meta-analysis included four studies. No statistically significant difference was observed in serum cystatin C levels between patients with T1D and the control group. Conclusion: Although individual studies showed some benefit of using serum cystatin C for the prognosis of DKD in pediatric patients with T1D, the meta-analysis of included studies reached no statistical significance. Future clinical studies should focus on the prognostic role of cystatin C (serum and urinary) in identifying kidney injury in pediatric patients with T1D.
Artigo de Revisão
Análise crítica da estimativa da taxa de filtração glomerular Kirsztajn, Gianna Mastroianni Samaan, Farid Calice-Silva, Viviane Pecoits-Filho, Roberto

Resumo em Português:

Resumo A função renal é avaliada principalmente pela taxa de filtração glomerular (TFG), sendo a creatinina sérica o marcador mais utilizado na prática clínica. No entanto, os níveis de creatinina podem ser influenciados por fatores como idade, sexo, massa muscular e dieta, o que pode comprometer a precisão das estimativas de TFG. A fórmula do CKD-EPI é amplamente empregada devido ao seu bom desempenho em diferentes estágios da função renal, e a atualização de 2021 removeu o fator de correção para raça. Embora essa mudança seja importante, contribuindo para minimizar disparidades no atendimento à saúde, ela ainda pode gerar desafios na interpretação dos resultados, especialmente em determinadas populações. A TFG estimada (TFGe) com base na combinação de creatinina e cistatina C associou-se a maior precisão em comparação ao uso de equações baseadas em cada marcador isoladamente, sendo benéfica para pacientes com condições que afetam os níveis de creatinina sérica. Deve-se esclarecer, contudo, que a cistatina C também pode ser influenciada por fatores como inflamação e disfunção tireoidiana. No futuro, é possível que as fórmulas incluam múltiplos marcadores para alcançar maior precisão, mas serão necessárias validação e avaliação da relação custo-benefício. Ao interpretar os resultados da TFGe, é crucial considerar fatores individuais do paciente, como massa muscular, idade e comorbidades. Em casos de massa muscular extrema ou outros fatores complicadores, o uso da TFG medida pode ser necessário. Portanto, a TFGe é uma ferramenta útil, mas julgamento clínico e abordagens individualizadas continuam sendo essenciais para avaliação e manejo precisos da função renal.

Resumo em Inglês:

Abstract Kidney function is primarily assessed through glomerular filtration rate (GFR), with serum creatinine being the most commonly used marker in clinical practice. However, creatinine levels can be influenced by factors such as age, sex, muscle mass, and diet, which may affect the accuracy of estimated GFR (eGFR). The CKD-EPI formula is widely used due to its performance across various stages of kidney function, and the 2021 update removed race correction. While this change is important, contributing to minimizing longstanding healthcare disparities, it may still lead to challenges in interpreting results, particularly in certain populations. Estimated GFR based on the combination of serum creatinine and cystatin C was associated with greater accuracy compared with the use of each biomarker alone, and is beneficial for patients with conditions that affect creatinine levels. It should be noted that cystatin C may also be influenced by factors such as inflammation and thyroid dysfunction. In the future, it is possible that such formulas include multiple biomarkers to further improve accuracy. However, widespread adoption of these approaches will require validation and evaluation of cost-effectiveness. When interpreting eGFR results, it is crucial to account for individual factors such as muscle mass, age, and comorbid conditions. In cases of extreme muscle mass or other complicating factors, measured GFR may be necessary. Ultimately, eGFR is a useful screening tool, but it is an estimation of GFR, then clinical judgement and individualized approaches remain essential for accurate assessment and management of kidney function.
Artigo de Revisão
Eficácia da D-manose como profilaxia da infecção recorrente do trato urinário: uma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados controlados Vargas, Carlos Eduardo Franca Mutarelli, Antonio Menegardo, Luis Gustavo Silva, Acza Kalica Buarque da Vieira, Patricia Rocha Barros Luz, Jiandra da Felix, Nicole Pinto, Luis Claudio Santos

Resumo em Português:

Resumo Introdução: As infecções do trato urinário (ITUs) recorrentes afetam significativamente a qualidade de vida devido aos sintomas, aos efeitos sobre a atividade sexual, à dor persistente e ao uso recorrente de antibióticos. Esta revisão sistemática e metanálise teve como objetivo avaliar a eficácia da D-manose na prevenção de ITUs recorrentes. Métodos: Em maio de 2024, realizamos uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, EMBASE e Cochrane Library por ensaios clínicos randomizados (ECRs) que comparassem o tratamento com D-manose à ausência de intervenção ou à terapia antibiótica padrão em pacientes com alto risco de ITU recorrente. Aplicamos um modelo de efeitos aleatórios para agrupar os riscos relativos (RR) e os intervalos de confiança (IC) de 95%. Resultados: Incluímos 6 ECRs envolvendo 1.167 participantes, dos quais 534 receberam D-manose e 521 (97,6%) eram mulheres. A D-manose não se associou a uma redução na ITU recorrente em comparação ao grupo controle (RR: 0,57; IC 95% 0,29 – 1,15; p < 0,01) ou ao uso de antibióticos (RR: 0,39; IC 95% 0,12 – 1,25; p < 0,01). Análises adicionais demonstraram que a D-manose não melhorou os desfechos em um subgrupo de mulheres na pós-menopausa. Conclusão: Nesta metanálise de ECRs, a D-manose não reduziu a incidência de ITUs recorrentes em comparação ao grupo controle ou ao tratamento com antibióticos em pacientes de alto risco.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Recurrent urinary tract infections (UTIs) significantly impact the quality of life due to symptoms, effects on sexual activity, persistent pain, and recurrent antibiotic use. This systematic review and meta-analysis aimed to evaluate the efficacy of D-mannose in preventing recurrent UTIs. Methods: In May 2024, we systematically searched PubMed, EMBASE, and the Cochrane Library for randomized controlled trials (RCTs) comparing D-mannose treatment with no intervention or standard antibiotic therapy in patients at high risk for recurrent UTI. We applied a random-effects model to pool relative risks (RR) and 95% confidence intervals (CI). Results: We included 6 RCTs comprising 1,167 participants, of whom 534 received D-mannose and 521 (97.6%) were women. D-mannose was not associated with a reduction in recurrent UTI compared with control (RR: 0.57, 95% CI 0.29 – 1.15; p < 0.01) or antibiotics (RR: 0.39, 95% CI 0.12 – 1.25; p < 0.01). Further analyses showed that D-mannose did not improve outcomes in a subgroup of postmenopausal women. Conclusion: In this meta-analysis of RCTs, D-mannose did not reduce the incidence of recurrent UTIs compared with control or antibiotics in high-risk patients.
Artigo de Revisão
Frequência de injúria renal aguda no pós-transplante hepático e fatores associados: uma revisão sistemática Moura, Ana Flavia Costa, Alessandra Lima Evangelista, Maria Theresa Corrêa Guimarães, Ana Clara de Lemos Freitas, Arthur Guimarães de Vinhaes, Gabriel Pla Cid Fernandes, Maria Eduarda Serravalle Mata Pires Moura-Landim, Daniela de Queiroz Moura-Neto, José A. Cruz, Constança Margarida Sampaio

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Injúria renal aguda (IRA) é uma complicação comum após o transplante hepático (TH). Está associada a fatores como instabilidade hemodinâmica perioperatória, cirurgia prolongada e uso de imunossupressores nefrotóxicos, contribuindo para mortalidade aumentada, falha do enxerto e permanência hospitalar prolongada. Métodos: Realizou-se uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, Embase e Cochrane Central Register of Controlled Trials para identificar estudos observacionais com amostras de, no mínimo, 50 pacientes com 18 anos ou mais submetidos ao TH, analisando a incidência de IRA pós-procedimento e avaliando desfechos renais a longo prazo. Resultados: Foram incluídos 30 estudos, totalizando 13.653 pacientes. A incidência de IRA pós-TH foi de 46% (IC95%: 45%–47%), com variação significativa entre os estudos (24% a 84%) e alta heterogeneidade (I2 = 97%; p < 0,001). A incidência combinada da necessidade de diálise pós-TH foi de 10% (IC95%: 9%–11%), também altamente variável entre os estudos (2% a 36%) com elevada heterogeneidade (I2 = 95%; p < 0,001). As complicações pós-operatórias comuns incluíram ventilação mecânica prolongada, disfunção do enxerto, infecções e hipertensão (HTN). Além disso, a análise destacou fatores de risco significativos para IRA, como HTN, diabetes, hiperlactatemia, hiperbilirrubinemia e hospitalização prolongada. Conclusão: A IRA e a necessidade de diálise são complicações frequentes após o TH. Diversos fatores de risco, incluindo HTN, diabetes e hospitalização prolongada, estão associados a um risco aumentado de IRA pós-TH. A alta incidência de IRA ressalta a importância da identificação precoce de pacientes em risco e de abordagens multidisciplinares para melhorar os desfechos.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Acute kidney injury (AKI) is a common complication following liver transplantation (LT). It is associated with factors such as perioperative hemodynamic instability, prolonged surgery, and use of nephrotoxic immunosuppressants, contributing to increased mortality, graft failure, and extended hospital stay. Methods: A systematic search of the databases PubMed, Embase, and the Cochrane Central Register of Controlled Trials was conducted to identify observational studies with samples of at least 50 patients aged 18 years or older who underwent LT and analyzed AKI incidence post-procedure and assess long-term renal outcomes. Results: A total of 30 studies with a total of 13,653 patients were included. The incidence of AKI post-LT was 46% (95% CI: 45%–47%), with significant variation across studies (24% to 84%) and high heterogeneity (I2 = 97%, p < 0.001). The pooled incidence of dialysis requirement post-LT was 10% (95% CI: 9%–11%), also highly variable across studies (2% to 36%) with high heterogeneity (I2 = 95%, p < 0.001). Common postoperative complications included prolonged mechanical ventilation, graft dysfunction, infections, and hypertension (HTN). Furthermore, the analysis highlighted significant AKI risk factors, such as HTN, diabetes, hyperlactatemia, hyperbilirubinemia, and prolonged hospitalization. Conclusion: AKI and dialysis requirements are frequent complications following LT. Multiple risk factors, including HTN, diabetes, and prolonged hospitalization, are associated with an increased risk of AKI post-LT. The high incidence of AKI underscores the importance of early identification of at-risk patients and multidisciplinary approaches to improve outcomes.
ARTIGO DE REVISÃO
Efeitos do uso de cigarros eletrônicos na função renal: uma revisão sistemática sobre injúria renal aguda e crônica Nogueira, Guilherme Nobre Daher, Elizabeth De Francesco

Resumo em Português:

Resumo O aumento do uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre a população mais jovem, tem levado a um maior escrutínio dos seus efeitos na saúde, particularmente na função renal. Este artigo revisa a literatura atual sobre a associação entre cigarros eletrônicos, exposição à nicotina e insuficiência renal, com foco no desenvolvimento de injúria renal aguda (IRA) e doença renal crônica (DRC). A nicotina e outras substâncias químicas presentes nos e-líquidos podem induzir microangiopatia, levando à vasoconstrição e redução da perfusão renal, contribuindo assim para IRA. A exposição crônica à nicotina também promove uma resposta inflamatória, aumentando o risco de nefrite intersticial. Além disso, os danos glomerulares decorrentes do uso contínuo de cigarros eletrônicos têm sido associados à albuminúria e à progressão da glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), condição que pode levar à DRC. Este artigo destaca a necessidade de estudos adicionais para esclarecer os riscos renais associados ao uso de cigarros eletrônicos e fornece informações para políticas de saúde pública sobre o uso da nicotina.

Resumo em Inglês:

Abstract The increase use of vaping, especially in the younger population, has led to increased scrutiny of its health effects, particularly on renal function. This article reviews the current literature on the association between vaping, nicotine exposure, and renal impairment, focusing on the development of acute kidney injury (AKI) and chronic kidney disease (CKD). Nicotine and other chemicals in e-liquids may induce microangiopathy, leading to vasoconstriction and reduced renal perfusion, thus contributing to AKI. Chronic exposure to nicotine also promotes an inflammatory response, increasing the risk of interstitial nephritis. Additionally, glomerular damage due to continuous use of vapers has been linked to albuminuria and progression of focal segmental glomerulosclerosis (FSGS), a condition that can lead to CKD. This article highlights the need for further research to clarify the kidney risks associated with vaping and provides information for public health policies on nicotine use.
Artigo de Revisão
Tratamento atual da nefrite lúpica: visão geral das novas diretrizes Sales, Gabriel Teixeira Montezuma Macedo, Natália Janoni Reis Neto, Edgard Torres dos Kirsztajn, Gianna Mastroianni

Resumo em Português:

Resumo Introdução: Face à relevância do acometimento renal no lúpus eritematoso sistêmico (LES) e às novas abordagens da doença e de seu tratamento, este artigo teve como objetivo sintetizar as principais atualizações no diagnóstico, manejo e tratamento da nefrite lúpica (NL), com base nas recentes publicações de diretrizes internacionais de referência em nefrologia e reumatologia, além de destacar aspectos de interesse das diretrizes nacionais da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) de 2024. São descritos os tratamentos por classes da nefrite lúpica, bem como os alvos terapêuticos, ressaltando semelhanças e diferenças entre as diretrizes. De modo geral, estas recomendam que o tratamento de indução (“inicial”) das classes proliferativas seja realizado com terapia isolada com micofenolato ou ciclofosfamida intravenosa, ou com esquemas multialvo, com corticoide, micofenolato ou ciclofosfamida e inibidor de calcineurina ou belimumabe como terceira droga. Deve-se considerar a mudança de terapia caso não se atinja o alvo de resposta esperado, que apresenta sutis diferenças entre os consensos atuais. O tratamento de manutenção (“subsequente”) deve ser realizado preferencialmente com micofenolato, azatioprina ou terapias multialvo. Novas evidências científicas trouxeram opções de tratamento com impacto no manejo da nefrite lúpica, justificando a publicação de novas diretrizes nos últimos meses; analisá-las de maneira crítica, poderá auxiliar na tomada de decisão para o tratamento individualizado das pessoas com a doença.

Resumo em Inglês:

Abstract Introduction: Given the relevance of renal involvement in systemic lupus erythematosus (SLE) and new approaches to the disease and its treatment, this article aimed to synthesize the main updates in the diagnosis, management, and treatment of lupus nephritis (LN), based on recent publications of international reference guidelines in nephrology and rheumatology, in addition to highlighting aspects of interest from the 2024 national guidelines of the Brazilian Society of Rheumatology (SBR). The treatments for each class of lupus nephritis are described, as well as the therapeutic targets, underlining similarities and differences between the guidelines. In general, they recommend that induction (“initial”) treatment of proliferative classes be performed with monotherapy using mycophenolate or intravenous cyclophosphamide, or with multitarget regimens, using corticosteroids, mycophenolate or cyclophosphamide, and a calcineurin inhibitor or belimumab as a third drug. A change in therapy should be considered if the expected response target is not achieved, which presents subtle differences among current consensus guidelines. Maintenance (“subsequent”) treatment should preferably be performed with mycophenolate, azathioprine, or multi-target therapies. Emerging scientific evidence has provided treatment options that impact the management of lupus nephritis, thereby justifying the publication of new guidelines in recent months. Critically analyzing these guidelines may assist in decision-making for the individualized treatment of individuals with this disease.
Perspectiva/Opinião
Nefrologia verde na prática: ações que promovem impacto ambiental, social e econômico Nerbass, Fabiana Baggio Schulz, Rosenilde Vargas, Maicon Aurélio de Machado, Maycon Truppel Vieira, Marcos Alexandre

Resumo em Português:

Resumo As mudanças climáticas afetam, e continuarão a afetar, a saúde global e renal de milhões de pessoas ao redor do mundo. Ao mesmo tempo em que os serviços de saúde devem estar preparados para o aumento da incidência e para as mudanças na distribuição das doenças renais, eles também contribuem substancialmente para o esgotamento dos recursos naturais e emissão de gases de efeito estufa. Dentre esses serviços, o setor de diálise destaca-se pelo impacto ambiental negativo, em razão de seu elevado consumo de água, energia e insumos, além da geração de resíduos. Assim, medidas que reduzam a utilização de recursos naturais no procedimento dialítico, bem como aquelas voltadas à diminuição do número de pacientes dependentes de diálise, como iniciativas de prevenção de doenças renais e de incentivo ao transplante renal, são de fundamental relevância. Além dos ganhos ambientais, ações internas focadas na implementação de práticas sustentáveis podem também gerar retornos econômicos. Neste artigo, nosso objetivo foi informar e contribuir para o conhecimento sobre experiências sustentáveis já implementadas em uma instituição de saúde filantrópica brasileira. Entre elas, descrevemos como a utilização de energia renovável, o reaproveitamento da água de rejeito da osmose reversa e a reciclagem de resíduos se revertem em redução de custos de operação e em assistência direta aos pacientes em situação de vulnerabilidade social.

Resumo em Inglês:

Abstract Climate change affects - and will continue to affect - the overall and kidney health of millions of people worldwide. While healthcare services should be prepared for the increased incidence and changes in the distribution of kidney disease, they also substantially contribute to the depletion of natural resources and greenhouse gas emissions. Among these services, the dialysis sector stands out for its negative environmental impact, due to its high consumption of water, energy, and supplies, in addition to the waste it generates. Thus, measures that reduce the use of natural resources in dialysis procedures, as well as those aimed at reducing the number of patients dependent on dialysis, such as initiatives to prevent kidney disease and encourage kidney transplantation, are of paramount importance. In addition to environmental gains, internal actions focused on the implementation of sustainable practices may also generate economic returns. In this article, our objective was to inform and contribute to the knowledge on sustainable experiences already implemented in a Brazilian philanthropic healthcare institution. Among these, we describe how the use of renewable energy, the reuse of reverse osmosis reject water, and waste recycling translate into reduced operating costs and direct support for socially vulnerable patients.
Sociedade Brasileira de Nefrologia
Encaminhamento para transplante renal: consenso da Sociedade Brasileira de Nefrologia Sanders-Pinheiro, Helady Andrade, Luiz Gustavo Modelli de Sandes-Freitas, Tainá Veras de Viana, Laila Almeida Requiao-Moura, Lucio Ulisses, Luiz Roberto de Sousa Rocha, Pedro Tulio Monteiro de Castro de Abreu Ferreira, Gustavo Fernandes Carmo, Lilian Pires do Vasconcelos, Lauro Pacheco-Silva, Alvaro Moura-Neto, José Andrade

Resumo em Português:

Resumo O Brasil está entre os cinco países que mais realizam transplantes renais, operando o maior sistema público de transplantes do mundo. Entretanto, o número de procedimentos realizados representa menos de 40% da demanda, e há grandes disparidades regionais, com áreas do país com atividade transplantadora muito baixa. Entre as potenciais causas para esse cenário estariam a baixa frequência de encaminhamento para avaliação para transplante ou o encaminhamento em condições clínicas inadequadas. A Sociedade Brasileira de Nefrologia propõe, neste documento, reunir as informações que fundamentam a escolha do transplante renal como terapia renal substitutiva, além de detalhar as contraindicações e os cuidados com o paciente após listagem e priorização, alinhados à realidade nacional. Nosso objetivo é fornecer um documento que sirva como referência nacional e contribua para agilizar o encaminhamento ao transplante renal, tornando-o mais frequente e eficaz, ampliando, assim, o acesso dos candidatos a esse tratamento.

Resumo em Inglês:

Abstract Brazil ranks among the top five countries performing kidney transplants, operating the largest public transplantation system in the world. Nevertheless, the number of procedures performed represents less than 40% of demand, and there are significant regional disparities, with areas of the country reporting very low transplantation activity. Among the potential causes of this scenario are the low frequency of referrals for transplant evaluation and referrals made under inappropriate clinical conditions. In this document, the Brazilian Society of Nephrology aims to compile information supporting the selection of kidney transplantation as a renal replacement therapy. The document also details contraindications and patient care after listing and prioritization, in line with the national context. Our goal is to provide a document that serves as a national reference and contributes to streamlining the referral process for kidney transplantation, making it more frequent and effective, thereby expanding candidates՚ access to this treatment
Imagens em Nefrologia
As festividades terminaram, mas os cristais de ácido úrico festejam o ano todo Trigo, Filipa Duarte, Rui Santos, Paulo
Carta
Obsoletas ou subestimadas? O caso das dietas hipoproteicas na DRC Mafra, Denise Fouque, Denis
Carta
Por que há mais mulheres do que homens em diálise peritoneal no Brasil? Nerbass, Fabiana Baggio Calice-Silva, Viviane
Carta
Comentário sobre “Associação entre o Kidney Donor Profile Index e os desfechos em um ano em receptores de transplante renal com doadores de critério padrão no Brasil” Parveen, Umaima Abid, Eisha
Resposta
Resposta à carta: obsoletas ou subestimadas? O caso das dietas hipoproteicas na DRC Bawazir, Abdullah Topf, Joel M. Hiremath, Swapnil
Resposta
Resposta ao artigo “Associação entre o Kidney Donor Profile Index e os desfechos em um ano em receptores de transplante renal com doadores de critério padrão no Brasil” Morais, Ana Paula Aquino de Foresto, Renato Demarchi Hazin, Maria Amélia Aguiar Cassão, Bianca Cristina Tedesco-Silva, Helio Medina-Pestana, José Requião-Moura, Lúcio
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