Introdução:
Células glandulares atípicas (CGA) são portadoras de alterações nucleares insuficientes para o diagnóstico de adenocarcinoma, mas excedem os critérios para classificação como células glandulares reacionais. Trata-se de um diagnóstico incomum, porém pode relacionar-se com lesões neoplásicas.
Objetivo:
Avaliar o significado clínico do diagnóstico citológico primário indicando CGA por meio da correlação com os resultados de exames histológicos subsequentes.
Materiais e métodos:
Estudo retrospectivo de 10 anos com base em resultados colpocitológicos indicando CGA, classificados como "possivelmente não neoplásicas" ou "não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau". Realizou-se a correlação cito-histopatológica nos casos que foram submetidos ao exame histopatológico até dois anos após a análise colpocitológica.
Resultados:
CGA foram relatadas em 380 (0,06%) exames, dispondo-se de 160 casos com biópsia subsequente. Destes, 85 (53,1%) apresentavam alterações benignas e 75 (46,9%), lesões neoplásicas. Dos 114 resultados citológicos "possivelmente não neoplásicas", 71 (62,3%) apresentavam alterações histológicas benignas e 43 (37,7%), neoplásicas, correspondendo a um valor preditivo negativo (VPN) equivalente a 62,3%. Contrariamente, entre os 46 resultados de CGA "não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau", 14 (30,4%) apresentavam alterações benignas e 32 (69,6%), neoplásicas (valor preditivo positivo [VPP] = 69,6%).
Discussão:
As altas taxas de neoplasias associadas ao diagnóstico de CGA reafirmam a importância do reconhecimento dessas atipias. A classificação em "possivelmente não neoplásicas" e "não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau" pode sugerir a origem das alterações citológicas.
Conclusão:
Nossos resultados reforçam a importância do seguimento adequado das pacientes com diagnóstico de CGA no exame colpocitológico.
células glandulares atípicas; colpocitologia; câncer