EDITORIAL EDITORIAL
Triste medicina laboratorial
Lemos consternados a reportagem de O Globo do dia 9 de maio de 2005, com chamada em primeira página, intitulada A epidemia dos exames médicos, com subtítulo Dobra o número de diagnósticos laboratoriais no Rio, muitos deles desnecessários. Nessa matéria, assinada pelo jornalista Dimmi Amora, são enfileirados números e depoimentos que procuram provar a tese (de seu autor?) de que "o número de exames diagnósticos complementares laboratoriais e de imagem no Rio está crescendo de uma forma assustadora".
Todos aqueles que atuam na hoje difícil e por vezes desanimadora atividade de laboratório clínico com os quais pude conversar a respeito tiveram uma reação de unânime indignação diante das inverdades, meias-verdades e verdades (essas raras) distorcidas que foram elencadas na malfadada reportagem.
Não vou gastar o precioso espaço do editorial do JBP para discutir um a um os argumentos falaciosos e as entrevistas conduzidas de forma capciosa, ali expostos. Também sabemos que os direitos de resposta se limitam a três ou quatro linhas colocadas em espaços de pequeno destaque, quando os há. Mas vale a pena chamar a atenção de todos os leitores do JBP para o fato de que, enquanto procuramos fazer a melhor ciência e levar os frutos de seus progressos a todos os seres humanos, outros procuram usar desses mesmos frutos para obter seu lucro abusivo e para a satisfação de interesses inconfessáveis.
Aqui, em Minas Gerais, temos um ditado popular que é usado quando se toma conhecimento de notícias tendenciosas:"Papel aceita tudo". Triste imprensa do Brasil.
Luisane Maria Falci Vieira
Diretora Científica da SBPC/ML
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
30 Jul 2005 -
Data do Fascículo
Abr 2005