RESUMO
Introdução:
Estudos sugerem a associação entre a produção de anticorpos e a gravidade da coronavirus disease 2019 (Covid-19).
Objetivos:
Avaliar as concentrações de imunoglobulinas da classe A (IgA) e da classe G (IgG) durante a internação de pacientes com Covid-19 de acordo com o desfecho (sobrevida vs óbito).
Materiais e métodos:
Pacientes com infecção pela síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (Sars-CoV-2) confirmada por reação da transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) foram incluídos neste estudo prospectivo. As amostras foram obtidas semanalmente durante o acompanhamento dos indivíduos, considerando o início dos sintomas. Os títulos de IgA e IgG anti-Sars-CoV-2 foram mensurados por meio de um imunoensaio comercial. Correlações entre IgA/IgG e valores de limiar de detecção [cycle thresholds (Ct)] para os genes alvos N1 e N2 também foram avaliadas.
Resultados:
Estudamos 55 pacientes com Covid-19 (59,7 ± 6,2 anos; 63,6% do sexo masculino); destes, 28 (50,9%) morreram. Observamos positividade para IgA e IgG (IgA+/IgG+) em 90,9% e 80% dos pacientes, respectivamente. A maior frequência de IgA+ foi verificada nas semanas 2 e 3, e a maior frequência de IgG+, nas semanas 3 e 4. É importante observar que os pacientes que morreram apresentaram títulos de IgA mais baixos nas primeiras duas semanas (p < 0,05); no entanto, um aumento significativo na concentração de IgA foi observado nas semanas subsequentes. Por fim, identificamos correlações significativas entre os valores de Ct e imunoglobulinas; tanto IgA quanto IgG foram correlacionadas com Ct N2 em pacientes que morreram.
Conclusão:
Nossos resultados sugerem que títulos mais baixos de IgA no início da Covid-19 - que estão associados a valores mais baixos de Ct - podem indicar pacientes com risco elevado de evoluir para óbito.
Unitermos:
anticorpos; Covid-19; mortalidade