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Pneumonite intersticial e miocardiopatia simultâneas induzidas por venlafaxina* * Trabalho realizado no Serviço de Pneumologia, na Unidade de Tratamento de Insuficiência Cardíaca Avançada do Serviço de Cardiologia e no Serviço de Anatomopatologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal.

A venlafaxina é um inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina utilizado como antidepressivo. A variabilidade individual ou interações entre fitoterápicos e fármacos podem causar toxicidade induzida por drogas. Relatamos o caso de uma paciente de 35 anos diagnosticada com pneumonite intersticial e miocardiopatia dilatada atribuídas à venlafaxina. A paciente procurou atendimento médico devido a dispneia e tosse seca, que começaram três meses após iniciar tratamento com venlafaxina para depressão. Concomitantemente tomava suplementos fitoterápicos contendo Centella asiatica e Fucus vesiculosus. A radiografia e a CT de tórax revelaram doença pulmonar parenquimatosa (micronódulos difusos e opacidades em vidro fosco) e, simultaneamente, foi diagnosticada uma miocardiopatia por ecocardiograma, que revelou uma fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) de 21%. Uma investigação ampla foi realizada, incluindo LBA, estudos de imagem, detecção de doenças autoimunes, cateterismo cardíaco direito e biópsia miocárdica. Após a exclusão de outras etiologias e a aplicação da Escala de Probabilidade de Reações Adversas a Medicamentos de Naranjo, foi assumido o diagnóstico de pneumonite/miocardiopatia síncronas associadas à venlafaxina. Já foi demonstrado que os suplementos fitoterápicos utilizados pela paciente podem inibir a isoenzima do complexo enzimático citocromo P450, responsável pelo metabolismo da venlafaxina. Após a descontinuação da venlafaxina, verificou-se uma rápida melhora clínica com regressão das alterações radiológicas e normalização da FEVE. Este é um importante caso de toxicidade cardiopulmonar induzida por droga. A administração circunstancial de inibidores da isoenzima CYP2D6 e a presença de um fenótipo de metabolização lenta de CYP2D6 podem ter resultado na acumulação tóxica da venlafaxina e na manifestação clínica subsequente. Aqui, é discutida a hipótese de a fosfolipidose macrofágica ser o mecanismo de toxicidade.

Cardiomiopatia dilatada; Doenças pulmonares intersticiais; Antidepressivos de segunda geração/toxicidade; Toxicidade de Drogas; Interações ervas-drogas


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