RESUMO
Objetivo:
Avaliar se a distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (DTC6) < 80% do valor previsto pode predizer a ocorrência de exacerbações agudas da DPOC ao longo de 2 anos em pacientes brasileiros.
Métodos:
Estudo transversal, retrospectivo, com 50 pacientes brasileiros com diagnóstico de DPOC. Após a admissão, os pacientes foram submetidos à coleta de dados antropométricos, avaliação da função pulmonar (resultados espirométricos) e da capacidade funcional de exercício (DTC6), sendo posteriormente divididos em dois grupos: DTC6 ≤ 80% do predito e DTC6 > 80% do predito. A ocorrência de exacerbações agudas da DPOC ao longo de 2 anos foi identificada por meio de registros de prontuários e contato telefônico.
Resultados:
A amostra geral apresentou obstrução moderada/grave ao fluxo aéreo (média de VEF1 = 41 ± 12% do predito) e média de DTC6 de 469 ± 60 m (86 ± 10% do predito). Nos 2 anos de seguimento após a realização do teste, 25 pacientes (50%) apresentaram exacerbação aguda da DPOC. O método de Kaplan-Meier mostrou que os pacientes com DTC6 ≤ 80% do predito apresentaram exacerbação mais frequentemente que pacientes com desempenho > 80% do predito (p = 0,01), enquanto o modelo de regressão de Cox mostrou que os pacientes no primeiro grupo apresentavam 2,6 mais chances de apresentar exacerbação em 2 anos em comparação ao segundo grupo (p = 0,02).
Conclusões:
A DTC6 é capaz de predizer exacerbações agudas da DPOC em pacientes brasileiros ao longo de 2 anos. Pacientes com DTC6 ≤ 80% do valor predito têm mais que o dobro de chances de apresentar exacerbação em 2 anos.
Descritores:
Doença pulmonar obstrutiva crônica; Grupos de risco; Exercício