Radioterapia estereotáxica corporal vs. cirurgia para câncer de pulmão de células não pequenas em estágio inicial: meta-análise atualizada envolvendo 29.511 pacientes incluídos em estudos comparativos

Viani, Gustavo Arruda; Gouveia, André Guimarães; Yan, Michael; Matsuura, Fernando Konjo; Moraes, Fabio Ynoe

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Jornal Brasileiro de Pneumologia

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Sumário

META-ANÁLISE • J. bras. pneumol. 48 (03) • 2022 • https://doi.org/10.36416/1806-3756/e20210390 copiar

Radioterapia estereotáxica corporal vs. cirurgia para câncer de pulmão de células não pequenas em estágio inicial: meta-análise atualizada envolvendo 29.511 pacientes incluídos em estudos comparativos

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RESUMO

Objetivo:

Avaliar a eficácia da stereotactic body radiotherapy (SBRT, radioterapia estereotáxica corporal) vs. cirurgia para câncer de pulmão de células não pequenas em estágio inicial por meio de uma meta-análise de estudos comparativos.

Métodos:

Seguindo as diretrizes Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses e Meta-analysis of Observational Studies in Epidemiology, foram realizadas buscas no PubMed, MEDLINE, Embase e Cochrane Library por estudos elegíveis. A meta-análise comparou as razões de risco (RR) para sobrevida global (SG), sobrevida específica para câncer (SEC) e controle local (CL). As análises de subgrupo e metarregressão avaliaram a associação de extensão da ressecção cirúrgica, ano de publicação do estudo, estadiamento do tumor, correspondência de escore de propensão, porcentagem de quimioterapia e porcentagem de acometimento linfonodal com SEC e SG.

Resultados:

Trinta estudos envolvendo 29.511 pacientes foram incluídos (grupo cirurgia: 17.146 pacientes e grupo SBRT: 12.365 pacientes). Houve diferença significativa a favor da cirurgia vs. SBRT na SG em 3 anos (RR = 1,35; IC95%: 1,22-1,44; I² = 66%) e na SEC em 3 anos (RR = 1,23; IC95%: 1,09-1,37; I² = 17%), mas não no CL em 3 anos (RR = 0,97; IC95%: 0,93-1,08; I² = 19%). Na análise de subgrupo para SG, nenhuma diferença significativa entre os grupos cirurgia e SBRT foi observada no subgrupo T1N0M0 (RR = 1,26; IC95%: 0,95-1,68; I² = 0%). Na análise de subgrupo para SEC, nenhuma diferença significativa foi detectada entre o subgrupo ressecção sublobar e o grupo SBRT (RR = 1,21; IC95%: 0,96-1,53; I² = 16%).

Conclusões:

A cirurgia geralmente resultou em melhor SG e SEC em 3 anos do que a SBRT; no entanto, viés de publicação e heterogeneidade podem ter influenciado esses achados. Já a SBRT produziu resultados de CL semelhantes aos da cirurgia, independentemente da extensão da ressecção cirúrgica. Esses achados podem ter implicações clínicas importantes para pacientes com comorbidades, idade avançada, baixa reserva pulmonar e outros fatores que possam contraindicar a cirurgia.

Descritores:
Carcinoma pulmonar de células não pequenas/cirurgia; Radiocirurgia; Metanálise

Variáveis	Estudos, n	Pacientes, n	Mediana (variação)
Ensaios e estudos comparativos Ensaio randomizado Retrospectivo, correspondência de escore de propensão Retrospectivo, ajuste para covariáveis prognósticas Retrospectivo, outro(a)	1 26 1 2	58 24.917 340 4.196
Total SBRT Cirurgia		29.511 12.365 17.146
Pacientes Idade SBRT Cirurgia Sexo feminino, % SBRT Cirurgia Histologia, % Adenocarcinoma SBRT Cirurgia Carcinoma de células escamosas SBRT Cirurgia			73 (66-82) 72 (65-82) 42 (3-65) 40 (3-62) 47 (9-100) 53 (14-100) 30 (0-46) 31 (0-43)
SBRT Dose total, Gy Fração, n Dose por fração, Gy Mediana da BED > 100	30		48 (45-60) 4 (3-12) 14 (5-20)
Período de acompanhamento, meses SBRT Cirurgia			31 (18-58) 43 (16-58)
Estágio clínico T1N0 T1-2N0 T1-3N0 Estágio I	4 21 4 1	3.334 24.757 620 800
Tipo de cirurgia^a Mista Lobectomia Ressecção sublobar	10 14 9	772 6.242 10.132
Técnica cirúrgica Mista Somente VATS	26 4	16.951 195
Quimioterapia, % SBRT Cirurgia			1 (0-16) 8 (0-15)
Acometimento linfonodal positivo SBRT Cirurgia			6,5 (1,0-75,7) 11,0 (4,0-37,8)

Variáveis moderadoras categóricas	Número de estudos (pacientes)	RR (IC95%)	p	Heterogeneidade
Variáveis moderadoras categóricas	Número de estudos (pacientes)	RR (IC95%)	p	I², %	p
Tipo de cirurgia Lobectomia Mista Ressecção sublobar	7 (4.677) 4 (390) 5 (6.320)	1,47 (1,20-1,69) 1,28 (1,07-1,53) 1,24 (1,06-1,46)	< 0,001 0,007 0,009	66 0 38	0,0001 0,658 0,114
VATS Não Sim	26 (16.951) 4 (195)	1,3 (1,2-1,4) 1,7 (1,2-2,3)	0,001 0,002	66 0	0,0001 0,528
Correspondência de escore de propensão Sim Não	26 (24.917) 4 (4.594)	1,37 (1,23-1,54) 1,25 (1,01-1,54)	0,001 0,038	61 38	0,001 0,120
Estadiamento T T1 T1-2 T1-3	4 (3.334) 21 (24.757) 4 (620)	1,26 (0,95-1,68) 1,33 (1,18-5,00) 1,3 (1,2 -2,0)	0,106 0,0001 0,048	0 68 0	0,460 0,0001 0,40
Variáveis moderadoras contínuas	Número de estudos (pacientes)	Intercepto	Inclinação	p
Ano de publicação 2010-2019	30 (29.511)	−3,8	0,01	0,916
Quimioterapia, % (mediana, 1-8)	12 (19.481)	0,75	−0,02	0,208
Acometimento linfonodal, % (mediana, 6,5-11,0)	8 (8.969)	0,82	−0,042	0,279

Variáveis moderadoras categóricas	Número de estudos (pacientes)	RR (IC95%)	p	Heterogeneidade
Variáveis moderadoras categóricas	Número de estudos (pacientes)	RR (IC95%)	p	I², %	p
Tipo de cirurgia Lobectomia Mista Ressecção sublobar	7 (4.677) 4 (390) 5 (6.320)	1,34 (1,11-1,61) 1,07 (0,84-1,38) 1,21 (0,96-1,53)	0,002 0,573 0,112	45 0 16	0,09 0,77 0,309
VATS Não Sim	4 (195) 26 (16.951)	1,26 (1,02-1,54) 1,24 (1,06-1,44)	0,029 0,006	48 61	0,06 0,001
Correspondência de escore de propensão Sim Não	26 (24.917) 4 (4.594)	1,15 (1,04-1,20) 1,40 (1,18-1,67)	0,017 0,0001	15 0	0,295 0,670
Estadiamento T T1 T1-2	4 (3.334) 21 (24.757)	1,12 (0,86-1,46) 1,27 (1,10-1,46)	0,380 0,001	0 30	0,902 0,145
Variáveis moderadoras categóricas	Número de estudos (pacientes)	Intercepto	Inclinação	p
Ano de publicação 2010-2019	30 (29.511)	−102	0,05	0,447
Quimioterapia, % 0-20%	12 (19.481)	0,54	−0,05	0,922
Acometimento linfonodal, % 0-22%	8 (8.969)	0,5	−0,02	0,833

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