Acessibilidade / Reportar erro

Saúde do sono e o padrão circadiano de atividade e repouso quatro meses depois da COVID-19

RESUMO

Objetivo:

Descrever a prevalência e gravidade de transtornos do sono e alterações circadianas em pacientes com COVID-19 quatro meses depois da fase aguda da doença.

Métodos:

Estudo prospectivo observacional transversal com pacientes com COVID-19 leve, moderada (com necessidade de hospitalização, mas não de ventilação mecânica) ou grave (com SDRA) quatro meses depois da fase aguda da doença. Todos os pacientes foram submetidos a teste domiciliar de apneia do sono e actigrafia de sete dias, além de terem preenchido questionários para avaliar a qualidade do sono e a saúde mental. As diferenças entre os três grupos foram avaliadas por meio de ANOVA e teste do qui-quadrado.

Resultados:

Foram incluídos no estudo 60 pacientes. Destes, 17 eram do grupo COVID-19 leve, 18 do grupo COVID-19 moderada e 25 do grupo COVID-19 grave. A qualidade do sono, avaliada pela pontuação na escala satisfaction, alertness, timing, efficiency, and duration, foi prejudicada nos três grupos, que também apresentaram alta prevalência de sono não saudável, pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh. A prevalência de insônia, avaliada pelo Insomnia Severity Index, foi elevada nos três grupos. O teste domiciliar de apneia do sono mostrou que a prevalência geral de apneia obstrutiva do sono foi de 60%, e a actigrafia de sete dias mostrou que o tempo total de sono foi < 7 h nos três grupos. Alterações da qualidade de vida e do padrão circadiano de atividade e repouso foram observadas nos três grupos.

Conclusões:

Sintomas relacionados ao sono, alterações do padrão circadiano de atividade e repouso e comprometimento da saúde mental parecem ser comuns em pacientes com COVID-19 quatro meses depois da fase aguda da doença, sendo a COVID-19 grave associada a uma maior prevalência de apneia obstrutiva do sono.

Descritores:
Apneia obstrutiva do sono; Transtornos do sono do ritmo circadiano; COVID-19

ABSTRACT

Objective:

To describe the prevalence and severity of sleep disorders and circadian alterations in COVID-19 patients four months after the acute phase of the disease.

Methods:

This was a cross-sectional observational prospective study of patients with mild COVID-19, moderate COVID-19 (requiring hospitalization but no mechanical ventilation), or severe COVID-19 (with ARDS) four months after the acute phase of the disease. All patients underwent a home sleep apnea test and seven-day wrist actigraphy, as well as completing questionnaires to assess sleep quality and mental health. Differences among the three groups of patients were evaluated by ANOVA and the chi-square test.

Results:

A total of 60 patients were included in the study. Of those, 17 were in the mild COVID-19 group, 18 were in the moderate COVID-19 group, and 25 were in the severe COVID-19 group. Sleep quality, as assessed by satisfaction, alertness, timing, efficiency, and duration scale scores, was found to be impaired in all three groups, which also had a high prevalence of unhealthy sleep, as assessed by the Pittsburgh Sleep Quality Index. The prevalence of insomnia was increased in all three groups, as assessed by the Insomnia Severity Index. The home sleep apnea test showed that the overall prevalence of obstructive sleep apnea was 60%, and seven-day wrist actigraphy showed that total sleep time was < 7 h in all three groups. Changes in quality of life and in the circadian rest-activity pattern were observed in all three groups.

Conclusions:

Sleep-related symptoms, changes in the circadian rest-activity pattern, and impaired mental health appear to be common in COVID-19 patients four months after the acute phase of the disease, severe COVID-19 being associated with a higher prevalence of obstructive sleep apnea.

Keywords:
Sleep apnea, obstructive; Sleep disorders, circadian rhythm; COVID-19

INTRODUÇÃO

A atual emergência de saúde causada pela COVID-19 é a primeira pandemia do século XXI.11 Xie Y, Wang Z, Liao H, Marley G, Wu D, Tang W. Epidemiologic, clinical, and laboratory findings of the COVID-19 in the current pandemic: systematic review and meta-analysis. BMC Infect Dis. 2020;20(1):640. https://doi.org/10.1186/s12879-020-05371-2
https://doi.org/10.1186/s12879-020-05371...
A COVID-19 se espalhou rapidamente pelo mundo.22 Yuki K, Fujiogi M, Koutsogiannaki S. COVID-19 pathophysiology: A review. Clin Immunol. 2020;215:108427. https://doi.org/10.1016/j.clim.2020.108427
https://doi.org/10.1016/j.clim.2020.1084...
,33 Worldometer [homepage on the Internet]. Dover (DE): Worldometers.info [cited 2021 Feb 23]. COVID-19 Coronavirus Pandemic. Available from: https://www.worldometers.info/coronavirus/
https://www.worldometers.info/coronaviru...
Após a fase aguda da doença, as evidências atuais indicam que a saúde clínica, física e mental continua a ser afetada.44 Huang C, Huang L, Wang Y, Li X, Ren L, Gu X, et al. 6-month consequences of COVID-19 in patients discharged from hospital: a cohort study. Lancet. 2021;397(10270):220-232. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32656-8
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32...

5 González J, Benítez ID, Carmona P, Santisteve S, Monge A, Moncusí-Moix A, et al. Pulmonary Function and Radiologic Features in Survivors of Critical COVID-19: A 3-Month Prospective Cohort. Chest. 2021;160(1):187-198. https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02.062
https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02....
-66 Writing Committee for the COMEBAC Study Group, Morin L, Savale L, Pham T, Colle R, Figueiredo S, et al. Four-Month Clinical Status of a Cohort of Patients After Hospitalization for COVID-19 [published correction appears in JAMA. 2021 Nov 9;326(18):1874]. JAMA. 2021;325(15):1525-1534. https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331...
Novas pesquisas empregam o termo “síndrome pós-COVID-19” (ou “COVID-19 longa”) para identificar esse subtipo de pacientes com sintomas persistentes durante a fase de recuperação.77 Nalbandian A, Sehgal K, Gupta A, Madhavan MV, McGroder C, Stevens JS, et al. Post-acute COVID-19 syndrome. Nat Med. 2021;27(4):601-615. https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283-z
https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283...
Estudos anteriores indicam que, após a COVID-19 aguda, os sintomas mais comuns são ansiedade, depressão, fadiga e função pulmonar comprometida.44 Huang C, Huang L, Wang Y, Li X, Ren L, Gu X, et al. 6-month consequences of COVID-19 in patients discharged from hospital: a cohort study. Lancet. 2021;397(10270):220-232. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32656-8
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32...
Além disso, outros estudos sugerem que, durante a fase de recuperação, pacientes com COVID-19 relatam mais sintomas de estresse pós-traumático e deterioração de transtornos psiquiátricos preexistentes.66 Writing Committee for the COMEBAC Study Group, Morin L, Savale L, Pham T, Colle R, Figueiredo S, et al. Four-Month Clinical Status of a Cohort of Patients After Hospitalization for COVID-19 [published correction appears in JAMA. 2021 Nov 9;326(18):1874]. JAMA. 2021;325(15):1525-1534. https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331...

7 Nalbandian A, Sehgal K, Gupta A, Madhavan MV, McGroder C, Stevens JS, et al. Post-acute COVID-19 syndrome. Nat Med. 2021;27(4):601-615. https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283-z
https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283...

8 Mello MT, Silva A, Guerreiro RC, da-Silva FR, Esteves AM, Poyares D, et al. Sleep and COVID-19: considerations about immunity, pathophysiology, and treatment. Sleep Sci. 2020;13(3):199-209.
-99 Yelin D, Margalit I, Yahav D, Runold M, Bruchfeld J. Long COVID-19-it's not over until?. Clin Microbiol Infect. 2021;27(4):506-508. https://doi.org/10.1016/j.cmi.2020.12.001
https://doi.org/10.1016/j.cmi.2020.12.00...
No entanto, a maioria dos estudos com o objetivo de explorar as sequelas da COVID-19 inclui dados clínicos, dados referentes à função pulmonar e dados referentes à qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), sem uma avaliação abrangente da saúde do sono e dos ritmos circadianos.

O ciclo sono-vigília está sob um ritmo circadiano, juntamente com vários outros processos, incluindo o controle da temperatura corporal e a secreção de hormônios como cortisol e melatonina.1010 Andreani TS, Itoh TQ, Yildirim E, Hwangbo DS, Allada R. Genetics of Circadian Rhythms. Sleep Med Clin. 2015;10(4):413-421. https://doi.org/10.1016/j.jsmc.2015.08.007
https://doi.org/10.1016/j.jsmc.2015.08.0...
A COVID-19 e seu contexto associado podem, ao afetar o sono, afetar outros ritmos circadianos e processos relacionados ao sono, tais como a cognição e a função imunológica.88 Mello MT, Silva A, Guerreiro RC, da-Silva FR, Esteves AM, Poyares D, et al. Sleep and COVID-19: considerations about immunity, pathophysiology, and treatment. Sleep Sci. 2020;13(3):199-209. Além disso, transtornos do sono como a apneia obstrutiva do sono (AOS) podem estar relacionados com ambos os processos.1111 Truong KK, Lam MT, Grandner MA, Sassoon CS, Malhotra A. Timing Matters: Circadian Rhythm in Sepsis, Obstructive Lung Disease, Obstructive Sleep Apnea, and Cancer. Ann Am Thorac Soc. 2016;13(7):1144-1154. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201602-125FR
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201602...
A AOS também está relacionada com COVID-19 grave e piores desfechos durante a fase de recuperação.1212 Labarca G, Henriquez-Beltran M, Llerena F, Erices G, Lastra J, Enos D, et al. Undiagnosed sleep disorder breathing as a risk factor for critical COVID-19 and pulmonary consequences at the midterm follow-up [published online ahead of print, 2021 Feb 19]. Sleep Med. 2021;S1389-9457(21)00128-3. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02.029
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02....
Portanto, é necessário investigar a relação que a saúde do sono e a interrupção do padrão circadiano de atividade e repouso têm com a gravidade da COVID-19. O objetivo do presente estudo foi descrever a prevalência e gravidade de transtornos do sono e alterações circadianas em pacientes com COVID-19 quatro meses depois da fase aguda da doença.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo prospectivo observacional transversal com dois hospitais no Chile (o Hospital Regional Dr. Guillermo Grant Benavente e o Complejo Assistencial Dr. Víctor Ríos Ruiz), realizado em conformidade com diretrizes atuais para o relato de estudos observacionais.1313 Von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; et al. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. PLoS Med. 2007;4(10):e296. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0040296
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.004...
O protocolo do estudo foi aprovado pelo conselho de revisão institucional do Serviço de Saúde de Biobío e do Serviço de Saúde de Concepción (Código CEC-SSC: 07-20-26).

Foram incluídos pacientes com idade ≥ 18 anos e diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2 confirmado por RT-PCR entre abril e julho de 2020. Foram incluídos pacientes com COVID-19 de gravidade variada, conforme as definições da OMS33 Worldometer [homepage on the Internet]. Dover (DE): Worldometers.info [cited 2021 Feb 23]. COVID-19 Coronavirus Pandemic. Available from: https://www.worldometers.info/coronavirus/
https://www.worldometers.info/coronaviru...
: COVID-19 grave - hipoxemia grave e registro de SDRA no prontuário médico, conforme a definição de Berlim1414 Ferguson ND, Fan E, Camporota L, Antonelli M, Anzueto A, Beale R, et al. The Berlin definition of ARDS: an expanded rationale, justification, and supplementary material [published correction appears in Intensive Care Med. 2012 Oct;38(10):1731-2]. Intensive Care Med. 2012;38(10):1573-1582. https://doi.org/10.1007/s00134-012-2682-1
https://doi.org/10.1007/s00134-012-2682-...
; COVID-19 moderada - evidências clínicas ou radiográficas de doença do trato respiratório inferior; COVID-19 leve - sintomas leves (febre, tosse e perda do paladar ou olfato, sem dispneia, por exemplo). Os pacientes com COVID-19 grave necessitaram de internação na UTI; aqueles com COVID-19 moderada necessitaram de hospitalização, mas não de ventilação mecânica; aqueles com COVID-19 leve foram monitorados clinicamente em âmbito ambulatorial e receberam cuidados paliativos. Todos os pacientes incluídos no estudo foram avaliados quatro meses depois da fase aguda da COVID-19.

Foram excluídos os pacientes com comorbidades respiratórias prévias (asma, DPOC e outras doenças respiratórias), aqueles que estivessem recebendo suplementação de oxigênio ou ventilação mecânica não invasiva depois de terem sido hospitalizados por COVID-19 e aqueles com mais de 70 anos de idade. Também foram excluídos os casos de perda de seguimento, transferência para outros hospitais ou municípios após a alta e deficiência mental que impedisse a realização de todas as avaliações.

Após terem assinado um termo de consentimento livre e esclarecido, todos os participantes foram submetidos a exame físico e coleta de amostra de sangue para análise adicional. Foram coletados dados demográficos (idade, sexo, escolaridade e local de residência), bem como o IMC (em kg/m2), circunferência da cintura (em cm), circunferência do pescoço (em cm), circunferência do quadril (em cm) e comorbidades na linha de base.

Saúde do sono

Na linha de base, os participantes do estudo preencheram um questionário autoaplicável com informações sobre seus hábitos de sono e sintomas relacionados ao sono, semelhante ao empregado por Mazzotti et al.1515 Mazzotti DR, Keenan BT, Lim DC, Gottlieb DJ, Kim J, Pack AI. Symptom Subtypes of Obstructive Sleep Apnea Predict Incidence of Cardiovascular Outcomes. Am J Respir Crit Care Med. 2019;200(4):493-506. https://doi.org/10.1164/rccm.201808-1509OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201808-1509...
Além disso, os participantes preencheram as versões em espanhol dos seguintes questionários:

  1. A escala satisfaction, alertness, timing, efficiency, and duration (SATED, satisfação, estado de alerta, timing, eficiência e duração).1616 Buysse DJ. Sleep health: can we define it? Does it matter?. Sleep. 2014;37(1):9-17. https://doi.org/10.5665/sleep.3298
    https://doi.org/10.5665/sleep.3298...
    Uma pontuação = 10 na escala SATED indica boa saúde do sono.

  2. O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP). O IQSP varia de 0 a 21. Uma pontuação = 0 indica ausência de dificuldade em dormir, e uma pontuação = 21 indica dificuldade grave em dormir. Os participantes com pontuação = 5 no IQSP foram considerados saudáveis no que tange à qualidade do sono, ao passo que aqueles com pontuação > 5 foram considerados não saudáveis.1717 Mollayeva T, Thurairajah P, Burton K, Mollayeva S, Shapiro CM, Colantonio A. The Pittsburgh sleep quality index as a screening tool for sleep dysfunction in clinical and non-clinical samples: A systematic review and meta-analysis. Sleep Med Rev. 2016;25:52-73. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.009
    https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.0...

  3. A Escala de Sonolência de Epworth (ESE). Uma pontuação > 10 na ESE foi considerada indicativa de sonolência diurna, e uma pontuação ≤ 10 foi considerada indicativa de ausência de sonolência diurna.1717 Mollayeva T, Thurairajah P, Burton K, Mollayeva S, Shapiro CM, Colantonio A. The Pittsburgh sleep quality index as a screening tool for sleep dysfunction in clinical and non-clinical samples: A systematic review and meta-analysis. Sleep Med Rev. 2016;25:52-73. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.009
    https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.0...

  4. O Insomnia Severity Index (ISI, Índice de Gravidade da Insônia). O ISI avalia a presença e gravidade da insônia. Uma pontuação > 7 no ISI foi usada para indicar insônia.1818 Morin CM, Belleville G, Bélanger L, Ivers H. The Insomnia Severity Index: psychometric indicators to detect insomnia cases and evaluate treatment response. Sleep. 2011;34(5):601-608. https://doi.org/10.1093/sleep/34.5.601
    https://doi.org/10.1093/sleep/34.5.601...

  5. O questionário STOP-Bang. O questionário STOP-Bang foi usado para avaliar o risco de AOS. Uma pontuação = 0-2 foi considerada indicativa de risco baixo de AOS; uma pontuação = 3 ou 4 foi considerada indicativa de risco intermediário de AOS; uma pontuação = 5-8 foi considerada indicativa de risco alto de AOS.1919 Chung F, Liao P, Farney R. Correlation between the STOP-Bang Score and the Severity of Obstructive Sleep Apnea. Anesthesiology. 2015;122(6):1436-1437. https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000000665
    https://doi.org/10.1097/ALN.000000000000...

    20 Chung F, Yang Y, Brown R, Liao P. Alternative scoring models of STOP-bang questionnaire improve specificity to detect undiagnosed obstructive sleep apnea. J Clin Sleep Med. 2014;10(9):951-958. https://doi.org/10.5664/jcsm.4022
    https://doi.org/10.5664/jcsm.4022...
    -2121 Perez Valdivieso JR, Bes-Rastrollo M. Concerns about the validation of the Berlin Questionnaire and American Society of Anesthesiologist checklist as screening tools for obstructive sleep apnea in surgical patients. Anesthesiology. 2009;110(1):194-195. https://doi.org/10.1097/ALN.0b013e318190bd8e
    https://doi.org/10.1097/ALN.0b013e318190...

  6. Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ). O MEQ foi usado para avaliar os cronotipos. Uma pontuação = 16-30 no MEQ foi considerada indicativa de um cronotipo noturno extremo; uma pontuação = 31-41 foi considerada indicativa de um cronotipo noturno moderado; uma pontuação = 42-58 foi considerada indicativa de um cronotipo intermediário; uma pontuação = 59-69 foi considerada indicativa de um cronotipo matutino moderado; uma pontuação = 70-86 foi considerada indicativa de um cronotipo matutino extremo.2222 Horne JA, Ostberg O. A self-assessment questionnaire to determine morningness-eveningness in human circadian rhythms. Int J Chronobiol. 1976;4(2):97-110. https://doi.org/10.1037/t02254-000
    https://doi.org/10.1037/t02254-000...

Avaliação da AOS e do padrão circadiano de atividade e repouso

A AOS foi avaliada por meio de um teste domiciliar de apneia do sono (TDAS). O TDAS foi realizado em conformidade com as recomendações da Academia Americana de Medicina do Sono.2323 Kapur VK, Auckley DH, Chowdhuri S, Kuhlmann DC, Mehra R, Ramar K, et al. Clinical Practice Guideline for Diagnostic Testing for Adult Obstructive Sleep Apnea: An American Academy of Sleep Medicine Clinical Practice Guideline. J Clin Sleep Med. 2017;13(3):479-504. https://doi.org/10.5664/jcsm.6506
https://doi.org/10.5664/jcsm.6506...
O TDAS foi pontuado manualmente por um pesquisador, que desconhecia os dados clínicos e dos questionários. O TDAS foi realizado com o dispositivo ApneaLink Air™ (ResMed, San Diego, CA, EUA) entre agosto e novembro de 2020. Foram coletados dados referentes às seguintes variáveis: índice de distúrbio respiratório (IDR; apneias ou hipopneias associadas à dessaturação de oxigênio de 3% por hora), média da SpO2, nadir da SpO2, tempo total com SaO2 abaixo de 90% e índice de dessaturação de oxigênio ≥ 3%. A definição de AOS foi um IDR ≥ 5 eventos/h, e a de não AOS foi um IDR ≤ 4 eventos/h.2323 Kapur VK, Auckley DH, Chowdhuri S, Kuhlmann DC, Mehra R, Ramar K, et al. Clinical Practice Guideline for Diagnostic Testing for Adult Obstructive Sleep Apnea: An American Academy of Sleep Medicine Clinical Practice Guideline. J Clin Sleep Med. 2017;13(3):479-504. https://doi.org/10.5664/jcsm.6506
https://doi.org/10.5664/jcsm.6506...

A actigrafia de sete dias foi realizada com um actígrafo ActTrust 2 (Condor Instruments, São Paulo, Brasil) entre agosto e novembro de 2020. Os dados coletados pelo actígrafo foram extraídos por meio do software ActStudio (Condor Instruments).2424 Ancoli-Israel S, Cole R, Alessi C, Chambers M, Moorcroft W, Pollak CP. The role of actigraphy in the study of sleep and circadian rhythms. Sleep. 2003;26(3):342-392. https://doi.org/10.1093/sleep/26.3.342
https://doi.org/10.1093/sleep/26.3.342...
,2525 Paruthi S, Brooks LJ, D'Ambrosio C, Hall WA, Kotagal S, Lloyd RM, et al. Consensus Statement of the American Academy of Sleep Medicine on the Recommended Amount of Sleep for Healthy Children: Methodology and Discussion. J Clin Sleep Med. 2016;12(11):1549-1561. https://doi.org/10.5664/jcsm.6288
https://doi.org/10.5664/jcsm.6288...
Foram examinados os seguintes parâmetros: tempo na cama (em min); tempo total de sono (TTS, em min), definido como o número de minutos gastos dormindo durante o tempo gasto na cama; latência do sono (em min), definida como o número de minutos entre a hora de dormir e o primeiro minuto pontuado como sono; eficiência do sono (em %), definida como a razão entre o TTS e o tempo gasto na cama; tempo de vigília após o início do sono (em min), definido como o número de minutos em vigília após o início do sono; despertares (em n).2626 Rensen N, Steur LMH, Wijnen N, van Someren EJW, Kaspers GJL, van Litsenburg RRL. Actigraphic estimates of sleep and the sleep-wake rhythm, and 6-sulfatoxymelatonin levels in healthy Dutch children. Chronobiol Int. 2020;37(5):660-672. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1727916
https://doi.org/10.1080/07420528.2020.17...

Para descrever a forma e consistência do padrão de 24 h de atividade e repouso, foram obtidas contagens de atividade de 30 s, e foi realizada uma análise não paramétrica do ritmo circadiano.2727 Cole RJ, Kripke DF, Gruen W, Mullaney DJ, Gillin JC. Automatic sleep/wake identification from wrist activity. Sleep. 1992;15(5):461-469. https://doi.org/10.1093/sleep/15.5.461
https://doi.org/10.1093/sleep/15.5.461...
Foram extraídos os seguintes dados: estabilidade interdiária (EI), que varia de 0 a 1 e representa a sincronização entre o ritmo interno de atividade e repouso e os diferentes zeitgebers (sincronizadores); variabilidade intradiária (VI), que varia de 0 a 2 e representa a fragmentação do ritmo de atividade e repouso dentro de cada período de 24 h; as 10 horas mais ativas (M10, do inglês the most active 10-h period); as 5 horas menos ativas (L5, do inglês the least active 5-h period); amplitude relativa, que varia de 0 a 1 e representa a diferença em magnitude de atividade entre as fases ativa e de repouso (M10 − L5/M10 + L5); índice de função circadiana, que varia de 0 a 1 e é calculado como a média entre EI, VI e amplitude relativa (os valores de VI foram invertidos e normalizados entre 0 e 1). Foram também extraídas, por meio de análise de cosinor, as seguintes variáveis: mesor, que representa a média de atividade; amplitude, que representa a diferença em magnitude de atividade entre o maior valor de atividade e a média de atividade; acrofase, que representa o horário em que ocorre o pico de atividade.2828 Thomas KA, Burr RL. Circadian research in mothers and infants: how many days of actigraphy data are needed to fit cosinor parameters?. J Nurs Meas. 2008;16(3):201-206. https://doi.org/10.1891/1061-3749.16.3.201
https://doi.org/10.1891/1061-3749.16.3.2...
,2929 Gonçalves BS, Adamowicz T, Louzada FM, Moreno CR, Araujo JF. A fresh look at the use of nonparametric analysis in actimetry. Sleep Med Rev. 2015;20:84-91. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2014.06.002
https://doi.org/10.1016/j.smrv.2014.06.0...

Avaliação da saúde mental

A QVRS foi avaliada por meio do 12-Item Short-Form Health Survey (SF-12), e os resultados foram apresentados nos domínios de saúde física e saúde mental.3030 Vera-Villarroel P, Silva J, Celis-Atenas K, Pavez P. Evaluation of the SF-12: usefulness of the mental health scale [Article in Spanish]. Rev Med Chil. 2014;142(10):1275-1283. https://doi.org/10.4067/S0034-98872014001000007
https://doi.org/10.4067/S0034-9887201400...
A qualidade de vida foi medida pela Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão). Uma pontuação = 0-7 indicou qualidade de vida normal, uma pontuação = 8-10 indicou qualidade de vida anormal limítrofe e uma pontuação = 11-21 indicou qualidade de vida anormal.3131 Bjelland I, Dahl AA, Haug TT, Neckelmann D. The validity of the Hospital Anxiety and Depression Scale. An updated literature review. J Psychosom Res. 2002;52(2):69-77. https://doi.org/10.1016/S0022-3999(01)00296-3
https://doi.org/10.1016/S0022-3999(01)00...
A depressão foi medida por meio do Inventário de Depressão de Beck. Uma pontuação = 0-13 indicou depressão mínima, uma pontuação = 14-19 indicou depressão leve, uma pontuação = 20-28 indicou depressão moderada e uma pontuação = 29-62 indicou depressão grave.3232 Jackson-Koku G. Beck Depression Inventory. Occup Med (Lond). 2016;66(2):174-175. https://doi.org/10.1093/occmed/kqv087
https://doi.org/10.1093/occmed/kqv087...
Finalmente, a fadiga foi avaliada por meio da Escala de Fadiga de Chalder.3333 Hewlett S, Dures E, Almeida C. Measures of fatigue: Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Multi-Dimensional Questionnaire (BRAF MDQ), Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Numerical Rating Scales (BRAF NRS) for severity, effect, and coping, Chalder Fatigue Questionnaire (CFQ), Checklist Individual Strength (CIS20R and CIS8R), Fatigue Severity Scale (FSS), Functional Assessment Chronic Illness Therapy (Fatigue) (FACIT-F), Multi-Dimensional Assessment of Fatigue (MAF), Multi-Dimensional Fatigue Inventory (MFI), Pediatric Quality Of Life (PedsQL) Multi-Dimensional Fatigue Scale, Profile of Fatigue (ProF), Short Form 36 Vitality Subscale (SF-36 VT), and Visual Analog Scales (VAS). Arthritis Care Res (Hoboken). 2011;63 Suppl 11:S263-S286. https://doi.org/10.1002/acr.20579
https://doi.org/10.1002/acr.20579...
,3434 Jackson C. The Chalder Fatigue Scale (CFQ 11). Occup Med (Lond). 2015;65(1):86. https://doi.org/10.1093/occmed/kqu168
https://doi.org/10.1093/occmed/kqu168...

Análise estatística

Neste estudo, aventamos a hipótese de que a gravidade da COVID-19 apresentava relação com risco de AOS e sono não saudável. Com base em um estudo de Perger et al.,3535 Perger E, Soranna D, Pengo M, Meriggi P, Lombardi C, Parati G. Sleep-disordered Breathing among Hospitalized Patients with COVID-19. Am J Respir Crit Care Med. 2021;203(2):239-241. https://doi.org/10.1164/rccm.202010-3886LE
https://doi.org/10.1164/rccm.202010-3886...
que relataram AOS não diagnosticada em 75% dos pacientes com COVID-19 grave, em uma prevalência de AOS de 25% na linha de base no Chile,3636 Saldías Peñafiel F, Brockmann Veloso P, Santín Martínez J, Fuentes-López E, Leiva Rodríguez I, Valdivia Cabrera G. Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in Chilean adults. A sub-study of the national health survey, 2016/17 [Article in Spanish]. Rev Med Chil. 2020;148(7):895-905. https://doi.org/10.4067/S0034-98872020000700895
https://doi.org/10.4067/S0034-9887202000...
em um poder de 90% e em um valor de p = 0,05 (erro tipo I), o tamanho da amostra foi calculado em 16 por grupo.

As variáveis quantitativas com distribuição normal ou não normal foram expressas em forma de médias e desvios-padrão. As variáveis qualitativas foram expressas em forma de frequências absolutas e relativas. A normalidade da distribuição dos dados foi examinada por meio do teste de Shapiro-Wilk. As diferenças entre os grupos estabelecidas pelas variáveis clínicas foram avaliadas por meio do teste do qui-quadrado e ANOVA de uma via (para variáveis paramétricas) ou do teste de Kruskal-Wallis ou teste exato de Fisher (para variáveis não paramétricas). A ANCOVA foi realizada para analisar os dados obtidos por meio dos questionários do sono e os resultados do TDAS. IMC e idade foram usados como covariáveis. Fatores relacionados com maior probabilidade de AOS foram identificados por meio de análise de regressão logística. A análise foi ajustada para levar em conta o sexo, a idade (19-36, 37-46, 47-56 e 57-69 anos) e o estado nutricional. Os resultados da análise foram apresentados em forma de OR e seus respectivos IC95%. Uma OR > 1 indicou maior probabilidade de AOS, e uma OR < 1 indicou menor probabilidade de AOS. Para todos os testes, um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Todas as análises estatísticas foram realizadas por meio do programa IBM SPSS Statistics, versão 25 (IBM Corporation, Armonk, NY, EUA).

RESULTADOS

Dados sociodemográficos e comorbidades

Foram incluídos no estudo 60 pacientes com COVID-19. Destes, 17 tiveram COVID-19 leve, 18 tiveram COVID-19 moderada e 25 tiveram COVID-19 grave. A Tabela 1 apresenta dados sociodemográficos, antropométricos e de comorbidade, distribuídos de acordo com a gravidade da COVID-19. Os pacientes com COVID-19 grave eram mais velhos do que aqueles com COVID-19 leve ou moderada. A prevalência de obesidade foi de 64,7% no grupo COVID-19 moderada e de 64% no grupo COVID-19 grave. Além disso, a prevalência de obesidade central foi alta nos grupos COVID-19 leve, moderada e grave (66,7%, 82,4% e 76,0%, respectivamente). As prevalências de diabetes mellitus, resistência a insulina e hipertensão foram maiores no grupo COVID-19 moderada (35,2%, 29,4% e 47,0%, respectivamente).

Tabela 1
Características da população do estudo na linha de base (N = 60).a

Saúde do sono e o padrão circadiano de atividade e repouso em pacientes com COVID-19 durante a fase de recuperação

A Tabela 2 mostra os dados de autorrelato sobre sintomas relacionados ao sono. A sonolência diurna excessiva e o cansaço diurno foram mais prevalentes no grupo COVID-19 leve do que nos grupos COVID-19 moderada e grave, embora a diferença não tenha sido significativa. No grupo COVID-19 moderada, houve alta prevalência de dificuldade em adormecer, dificuldade em manter o sono e acordar cedo demais. No grupo COVID-19 grave, houve alta prevalência de dificuldade em manter o sono e acordar cedo demais. A média de horas de sono relatada pelos pacientes variou de 6,4 h a 6,9 h.

Tabela 2
Dados de autorrelato sobre sintomas relacionados ao sono na população do estudo (N = 60).a

O risco de AOS avaliado pelo questionário STOP-Bang foi maior nos grupos COVID-19 grave e moderada (p = 0,038). A prevalência de AOS avaliada pelo TDAS foi de 60% (27,8%, 64,7% e 80,0% nos grupos COVID-19 leve, moderada e grave, respectivamente; Tabela 3). A análise de regressão logística mostrou que pacientes com COVID-19 na faixa etária de 57 a 69 anos apresentavam maior probabilidade de ter AOS do que aqueles na faixa etária de 19 a 36 anos (OR = 22,709; p = 0,003). Nem o estado nutricional nem o sexo aumentaram a probabilidade de ter AOS (Figura 1).

Tabela 3
Dados obtidos por meio de questionários do sono e resultados do teste domiciliar de apneia do sono na população do estudo (N = 60).a

Figura 1
Análise de regressão logística da probabilidade de apneia obstrutiva do sono (AOS) em pacientes com COVID-19 quatro meses depois da fase aguda da doença. Os resultados foram apresentados em forma de OR e seus respectivos IC95%. A análise foi ajustada para levar em conta o sexo, a idade e o estado nutricional. Uma OR > 1 indicou maior probabilidade de AOS, e uma OR < 1 indicou menor probabilidade de AOS. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Observou-se que a qualidade do sono foi prejudicada em todos os três grupos de pacientes com COVID-19. A média da pontuação obtida na escala SATED foi de 6,3 ± 3,0 no grupo COVID-19 leve, 5,2 ± 2,3 no grupo COVID-19 moderada e 6,1 ± 2,2 no grupo COVID-19 grave. Além disso, o IQSP mostrou que todos os três grupos apresentaram alta prevalência de sono não saudável. Uma pontuação > 10 na ESE foi observada em 38,9% dos pacientes do grupo COVID-19 leve, em 47,1% dos pacientes do grupo COVID-19 moderada e em 36,0% dos pacientes do grupo COVID-19 grave. A prevalência de insônia avaliada pelo ISI foi elevada em todos os três grupos (50,0%, 82,4% e 56,0% nos grupos COVID-19 leve, moderada e grave, respectivamente).

A actigrafia revelou um TTS < 7 h nos três grupos (5 h 47 min e 54 s no grupo COVID-19 leve, 6 h 04 min e 06 s no grupo COVID-19 moderada e 6 h 25 min e 30 s no grupo COVID-19 grave). A eficiência do sono variou de 86,3% a 87,4%. Observou-se que a função circadiana foi prejudicada em todos os três grupos. Foram observadas diferenças significativas entre os três grupos no que tange à VI, que foi maior no grupo COVID-19 moderada do que nos grupos COVID-19 leve e grave (0,72 ± 0,11, 0,62 ± 0,09 e 0,64 ± 0,11, respectivamente). No entanto, não houve diferenças significativas entre os três grupos quanto às demais variáveis. A acrofase foi = 15:33:05 no grupo COVID-19 leve, 15:44:00 no grupo COVID-19 moderada e 15:17:33 no grupo COVID-19 grave.

Saúde clínica e mental

A Tabela 4 mostra os resultados referentes à fadiga, QVRS, humor e depressão, distribuídos de acordo com a gravidade da COVID-19. Foram observadas diferenças significativas entre o grupo COVID-19 moderada e os demais grupos no que tange à pontuação obtida no domínio de ansiedade da HADS. A média da pontuação obtida no domínio de ansiedade da HADS no grupo COVID-19 moderada foi de 8,6 ± 3,8, e 47% dos pacientes desse grupo relataram valores anormais, em comparação com 16,7% e 12% dos pacientes dos grupos COVID-19 leve e grave, respectivamente. No que tange à QVRS, foram observadas diferenças significativas entre os grupos; a saúde mental revelou-se melhor no grupo COVID-19 leve do que nos grupos COVID-19 moderada e grave. Além disso, observou-se fadiga grave em todos os três grupos (em 61,1% dos pacientes do grupo COVID-19 leve, em 88,2% dos pacientes do grupo COVID-19 moderada e em 72,0% dos pacientes do grupo COVID-19 grave).

Tabela 4
Qualidade de vida relacionada à saúde, humor, depressão e fadiga na população do estudo (N = 60).a

DISCUSSÃO

Os principais achados do presente estudo são os seguintes: 1) A saúde do sono está gravemente comprometida quatro meses depois da fase aguda da COVID-19. 2) A prevalência geral de AOS foi de 60%, chegando a 80% no grupo COVID-19 grave. 3) No que tange ao padrão circadiano de atividade e repouso, o grupo COVID-19 moderada apresentou maior VI e menor índice de função circadiana, M10, L5, EI, mesor e amplitude, além de pior qualidade do sono pelo IQSP. Além disso, o grupo COVID-19 moderada apresentou maior prevalência de insônia, cronotipo intermediário (determinado pelo MEQ) e maior ansiedade (avaliada pela HADS).

Após a fase aguda da COVID-19, todos os três grupos apresentaram má qualidade do sono, baixos valores de TTS e insônia prevalente. No que tange à pontuação obtida no SF-12, os grupos COVID-19 moderada e grave apresentaram qualidade de saúde física e mental menor do que a do grupo COVID-19 leve. Evidências recentes mostram que pacientes com COVID-19 grave apresentam fatores de risco de AOS semelhantes.3737 Silva FRD, Guerreiro RC, Andrade HA, Stieler E, Silva A, de Mello MT. Does the compromised sleep and circadian disruption of night and shiftworkers make them highly vulnerable to 2019 coronavirus disease (COVID-19)?. Chronobiol Int. 2020;37(5):607-617. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1756841
https://doi.org/10.1080/07420528.2020.17...
Demonstramos anteriormente que distúrbios respiratórios do sono não diagnosticados apresentam relação com COVID-19 grave durante a fase aguda.1212 Labarca G, Henriquez-Beltran M, Llerena F, Erices G, Lastra J, Enos D, et al. Undiagnosed sleep disorder breathing as a risk factor for critical COVID-19 and pulmonary consequences at the midterm follow-up [published online ahead of print, 2021 Feb 19]. Sleep Med. 2021;S1389-9457(21)00128-3. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02.029
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02....
As evidências atuais sugerem que a AOS é um fator de risco independente de apresentações graves de COVID-19 e risco aumentado de hospitalização.1212 Labarca G, Henriquez-Beltran M, Llerena F, Erices G, Lastra J, Enos D, et al. Undiagnosed sleep disorder breathing as a risk factor for critical COVID-19 and pulmonary consequences at the midterm follow-up [published online ahead of print, 2021 Feb 19]. Sleep Med. 2021;S1389-9457(21)00128-3. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02.029
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02....

O presente estudo confirmou as consequências físicas e psicológicas da COVID-19. Os sintomas da fase aguda, quatro meses depois da alta médica, podem ser mais significativos do que o que se pensava que fossem essencialmente transtornos relacionados com o sono. Investigamos distúrbios respiratórios do sono, distúrbios da qualidade do sono e padrões de sono em pacientes com COVID-19 quatro meses após a alta, fornecendo evidências prospectivas da relação entre distúrbios respiratórios do sono e a gravidade da COVID-19. Além disso, observamos que todos os pacientes com COVID-19 no presente estudo apresentavam distúrbios do sono, independentemente da gravidade da doença. Essas evidências podem contribuir para um perfil mais preciso das sequelas da COVID-19 e para o desenvolvimento de programas de intervenção abrangentes e de longo prazo que abordem esses problemas de saúde.

Em nosso estudo, exploramos diferentes parâmetros de ritmos circadianos de atividade e repouso. No grupo de pacientes com COVID-19 moderada, a avaliação da VI revelou fragmentação significativa do ritmo de atividade e repouso. Esse achado pode ser explicado pela alta prevalência de comorbidades no grupo COVID-19 moderada. Distúrbios circadianos e transtornos do sono têm sido associados a desfechos deletérios de saúde em pacientes não COVID-19, incluindo distúrbios cardiometabólicos e cognitivos.3737 Silva FRD, Guerreiro RC, Andrade HA, Stieler E, Silva A, de Mello MT. Does the compromised sleep and circadian disruption of night and shiftworkers make them highly vulnerable to 2019 coronavirus disease (COVID-19)?. Chronobiol Int. 2020;37(5):607-617. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1756841
https://doi.org/10.1080/07420528.2020.17...
Interrupções do ciclo sono-vigília podem influenciar os ritmos circadianos e a homeostase.3838 Consensus Conference Panel, Watson NF, Badr MS, Belenky G, Bliwise DL, Buxton OM, et al. Recommended Amount of Sleep for a Healthy Adult: A Joint Consensus Statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. J Clin Sleep Med. 2015;11(6):591-592. https://doi.org/10.5664/jcsm.4758
https://doi.org/10.5664/jcsm.4758...

Evidências recentes indicam que as pessoas que se recuperam da COVID-19 continuam a apresentar sintomas durante meses (síndrome pós-COVID-19 ou COVID-19 longa). No presente estudo, a prevalência de transtornos do sono foi alta. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a descrever a saúde do sono após a COVID-19 aguda. Além disso, observamos sintomas associados à saúde mental (depressão e ansiedade), fadiga e comprometimento da QVRS.66 Writing Committee for the COMEBAC Study Group, Morin L, Savale L, Pham T, Colle R, Figueiredo S, et al. Four-Month Clinical Status of a Cohort of Patients After Hospitalization for COVID-19 [published correction appears in JAMA. 2021 Nov 9;326(18):1874]. JAMA. 2021;325(15):1525-1534. https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331...

Nosso estudo mostrou uma alta prevalência de má qualidade do sono e insônia em todos os três grupos de pacientes com COVID-19, além de uma diminuição do número de horas de sono (que estavam abaixo do recomendado para uma saúde ideal).3939 Zhu B, Vincent C, Kapella MC, Quinn L, Collins EG, Ruggiero L, et al. Sleep disturbance in people with diabetes: A concept analysis. J Clin Nurs. 2018;27(1-2):e50-e60. https://doi.org/10.1111/jocn.14010
https://doi.org/10.1111/jocn.14010...
Além disso, nosso estudo mostrou baixa qualidade de vida nos domínios de saúde física e mental do SF-12, além de alta prevalência de fadiga severa.

Estudos anteriores avaliaram o risco de sequelas da COVID-19, com foco em parâmetros clínicos, testes de função pulmonar e parâmetros de qualidade de vida.33 Worldometer [homepage on the Internet]. Dover (DE): Worldometers.info [cited 2021 Feb 23]. COVID-19 Coronavirus Pandemic. Available from: https://www.worldometers.info/coronavirus/
https://www.worldometers.info/coronaviru...

4 Huang C, Huang L, Wang Y, Li X, Ren L, Gu X, et al. 6-month consequences of COVID-19 in patients discharged from hospital: a cohort study. Lancet. 2021;397(10270):220-232. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32656-8
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32...

5 González J, Benítez ID, Carmona P, Santisteve S, Monge A, Moncusí-Moix A, et al. Pulmonary Function and Radiologic Features in Survivors of Critical COVID-19: A 3-Month Prospective Cohort. Chest. 2021;160(1):187-198. https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02.062
https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02....
-66 Writing Committee for the COMEBAC Study Group, Morin L, Savale L, Pham T, Colle R, Figueiredo S, et al. Four-Month Clinical Status of a Cohort of Patients After Hospitalization for COVID-19 [published correction appears in JAMA. 2021 Nov 9;326(18):1874]. JAMA. 2021;325(15):1525-1534. https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331...
Nosso estudo abre outra dimensão a ser explorada durante a fase de recuperação da COVID-19 (isto é, a saúde do sono), e nossos resultados são relevantes para a prática clínica atual.

Uma das limitações do presente estudo é que o tamanho da amostra foi pequeno (60 pacientes). Estudos que venham a explorar os sintomas da COVID-19 em coortes maiores devem incluir a saúde do sono em suas avaliações. Outra limitação é a falta de um grupo controle, o que significa que não pudemos comparar os efeitos da gravidade da COVID-19 nas variáveis do estudo.

Observamos uma alta prevalência de sintomas relacionados ao sono no grupo de pacientes com COVID-19 moderada. Estudos que venham a investigar pacientes assim devem examinar as sequelas psicológicas e do sono da COVID-19. Os pacientes com COVID-19 moderada no presente estudo apresentaram pior qualidade do sono e maior ansiedade do que aqueles com COVID-19 leve ou grave. Isso pode ter ocorrido em virtude da alta prevalência de resistência a insulina, diabetes mellitus e hipertensão no grupo COVID-19 moderada. Demonstrou-se recentemente que uma alta carga de comorbidades está relacionada com sono de baixa qualidade e ansiedade elevada.3939 Zhu B, Vincent C, Kapella MC, Quinn L, Collins EG, Ruggiero L, et al. Sleep disturbance in people with diabetes: A concept analysis. J Clin Nurs. 2018;27(1-2):e50-e60. https://doi.org/10.1111/jocn.14010
https://doi.org/10.1111/jocn.14010...
,4040 Zampogna E, Ambrosino N, Saderi L, Sotgiu G, Bottini P, Pignatti P, et al. Time course of exercise capacity in patients recovering from COVID-19-associated pneumonia. J Bras Pneumol. 2021;47(4):e20210076. https://doi.org/10.36416/1806-3756/e20210076
https://doi.org/10.36416/1806-3756/e2021...

Outra limitação é que usamos medidas subjetivas de diferentes parâmetros de sono. No entanto, a prevalência de transtornos do sono no presente estudo foi alta nos três grupos de pacientes.

Nossos achados mostram vários sintomas relacionados ao sono, alterações do padrão circadiano de atividade e repouso e comprometimento da saúde mental em pacientes com COVID-19 quatro meses depois da fase aguda da doença. Mais estudos são necessários para confirmar esses achados e compreender os mecanismos subjacentes.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer a Condor Instruments (São Paulo, Brasil) sua colaboração. Gostaríamos também de expressar nossa gratidão a Luis Filipe Rossi, Rodrigo T. Okamoto e Jhony Collis pelo suporte técnico.

REFERENCES

  • 1
    Xie Y, Wang Z, Liao H, Marley G, Wu D, Tang W. Epidemiologic, clinical, and laboratory findings of the COVID-19 in the current pandemic: systematic review and meta-analysis. BMC Infect Dis. 2020;20(1):640. https://doi.org/10.1186/s12879-020-05371-2
    » https://doi.org/10.1186/s12879-020-05371-2
  • 2
    Yuki K, Fujiogi M, Koutsogiannaki S. COVID-19 pathophysiology: A review. Clin Immunol. 2020;215:108427. https://doi.org/10.1016/j.clim.2020.108427
    » https://doi.org/10.1016/j.clim.2020.108427
  • 3
    Worldometer [homepage on the Internet]. Dover (DE): Worldometers.info [cited 2021 Feb 23]. COVID-19 Coronavirus Pandemic. Available from: https://www.worldometers.info/coronavirus/
    » https://www.worldometers.info/coronavirus
  • 4
    Huang C, Huang L, Wang Y, Li X, Ren L, Gu X, et al. 6-month consequences of COVID-19 in patients discharged from hospital: a cohort study. Lancet. 2021;397(10270):220-232. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32656-8
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)32656-8
  • 5
    González J, Benítez ID, Carmona P, Santisteve S, Monge A, Moncusí-Moix A, et al. Pulmonary Function and Radiologic Features in Survivors of Critical COVID-19: A 3-Month Prospective Cohort. Chest. 2021;160(1):187-198. https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02.062
    » https://doi.org/10.1016/j.chest.2021.02.062
  • 6
    Writing Committee for the COMEBAC Study Group, Morin L, Savale L, Pham T, Colle R, Figueiredo S, et al. Four-Month Clinical Status of a Cohort of Patients After Hospitalization for COVID-19 [published correction appears in JAMA. 2021 Nov 9;326(18):1874]. JAMA. 2021;325(15):1525-1534. https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
    » https://doi.org/10.1001/jama.2021.3331
  • 7
    Nalbandian A, Sehgal K, Gupta A, Madhavan MV, McGroder C, Stevens JS, et al. Post-acute COVID-19 syndrome. Nat Med. 2021;27(4):601-615. https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283-z
    » https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283-z
  • 8
    Mello MT, Silva A, Guerreiro RC, da-Silva FR, Esteves AM, Poyares D, et al. Sleep and COVID-19: considerations about immunity, pathophysiology, and treatment. Sleep Sci. 2020;13(3):199-209.
  • 9
    Yelin D, Margalit I, Yahav D, Runold M, Bruchfeld J. Long COVID-19-it's not over until?. Clin Microbiol Infect. 2021;27(4):506-508. https://doi.org/10.1016/j.cmi.2020.12.001
    » https://doi.org/10.1016/j.cmi.2020.12.001
  • 10
    Andreani TS, Itoh TQ, Yildirim E, Hwangbo DS, Allada R. Genetics of Circadian Rhythms. Sleep Med Clin. 2015;10(4):413-421. https://doi.org/10.1016/j.jsmc.2015.08.007
    » https://doi.org/10.1016/j.jsmc.2015.08.007
  • 11
    Truong KK, Lam MT, Grandner MA, Sassoon CS, Malhotra A. Timing Matters: Circadian Rhythm in Sepsis, Obstructive Lung Disease, Obstructive Sleep Apnea, and Cancer. Ann Am Thorac Soc. 2016;13(7):1144-1154. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201602-125FR
    » https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201602-125FR
  • 12
    Labarca G, Henriquez-Beltran M, Llerena F, Erices G, Lastra J, Enos D, et al. Undiagnosed sleep disorder breathing as a risk factor for critical COVID-19 and pulmonary consequences at the midterm follow-up [published online ahead of print, 2021 Feb 19]. Sleep Med. 2021;S1389-9457(21)00128-3. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02.029
    » https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.02.029
  • 13
    Von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; et al. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. PLoS Med. 2007;4(10):e296. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0040296
    » https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0040296
  • 14
    Ferguson ND, Fan E, Camporota L, Antonelli M, Anzueto A, Beale R, et al. The Berlin definition of ARDS: an expanded rationale, justification, and supplementary material [published correction appears in Intensive Care Med. 2012 Oct;38(10):1731-2]. Intensive Care Med. 2012;38(10):1573-1582. https://doi.org/10.1007/s00134-012-2682-1
    » https://doi.org/10.1007/s00134-012-2682-1
  • 15
    Mazzotti DR, Keenan BT, Lim DC, Gottlieb DJ, Kim J, Pack AI. Symptom Subtypes of Obstructive Sleep Apnea Predict Incidence of Cardiovascular Outcomes. Am J Respir Crit Care Med. 2019;200(4):493-506. https://doi.org/10.1164/rccm.201808-1509OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201808-1509OC
  • 16
    Buysse DJ. Sleep health: can we define it? Does it matter?. Sleep. 2014;37(1):9-17. https://doi.org/10.5665/sleep.3298
    » https://doi.org/10.5665/sleep.3298
  • 17
    Mollayeva T, Thurairajah P, Burton K, Mollayeva S, Shapiro CM, Colantonio A. The Pittsburgh sleep quality index as a screening tool for sleep dysfunction in clinical and non-clinical samples: A systematic review and meta-analysis. Sleep Med Rev. 2016;25:52-73. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.009
    » https://doi.org/10.1016/j.smrv.2015.01.009
  • 18
    Morin CM, Belleville G, Bélanger L, Ivers H. The Insomnia Severity Index: psychometric indicators to detect insomnia cases and evaluate treatment response. Sleep. 2011;34(5):601-608. https://doi.org/10.1093/sleep/34.5.601
    » https://doi.org/10.1093/sleep/34.5.601
  • 19
    Chung F, Liao P, Farney R. Correlation between the STOP-Bang Score and the Severity of Obstructive Sleep Apnea. Anesthesiology. 2015;122(6):1436-1437. https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000000665
    » https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000000665
  • 20
    Chung F, Yang Y, Brown R, Liao P. Alternative scoring models of STOP-bang questionnaire improve specificity to detect undiagnosed obstructive sleep apnea. J Clin Sleep Med. 2014;10(9):951-958. https://doi.org/10.5664/jcsm.4022
    » https://doi.org/10.5664/jcsm.4022
  • 21
    Perez Valdivieso JR, Bes-Rastrollo M. Concerns about the validation of the Berlin Questionnaire and American Society of Anesthesiologist checklist as screening tools for obstructive sleep apnea in surgical patients. Anesthesiology. 2009;110(1):194-195. https://doi.org/10.1097/ALN.0b013e318190bd8e
    » https://doi.org/10.1097/ALN.0b013e318190bd8e
  • 22
    Horne JA, Ostberg O. A self-assessment questionnaire to determine morningness-eveningness in human circadian rhythms. Int J Chronobiol. 1976;4(2):97-110. https://doi.org/10.1037/t02254-000
    » https://doi.org/10.1037/t02254-000
  • 23
    Kapur VK, Auckley DH, Chowdhuri S, Kuhlmann DC, Mehra R, Ramar K, et al. Clinical Practice Guideline for Diagnostic Testing for Adult Obstructive Sleep Apnea: An American Academy of Sleep Medicine Clinical Practice Guideline. J Clin Sleep Med. 2017;13(3):479-504. https://doi.org/10.5664/jcsm.6506
    » https://doi.org/10.5664/jcsm.6506
  • 24
    Ancoli-Israel S, Cole R, Alessi C, Chambers M, Moorcroft W, Pollak CP. The role of actigraphy in the study of sleep and circadian rhythms. Sleep. 2003;26(3):342-392. https://doi.org/10.1093/sleep/26.3.342
    » https://doi.org/10.1093/sleep/26.3.342
  • 25
    Paruthi S, Brooks LJ, D'Ambrosio C, Hall WA, Kotagal S, Lloyd RM, et al. Consensus Statement of the American Academy of Sleep Medicine on the Recommended Amount of Sleep for Healthy Children: Methodology and Discussion. J Clin Sleep Med. 2016;12(11):1549-1561. https://doi.org/10.5664/jcsm.6288
    » https://doi.org/10.5664/jcsm.6288
  • 26
    Rensen N, Steur LMH, Wijnen N, van Someren EJW, Kaspers GJL, van Litsenburg RRL. Actigraphic estimates of sleep and the sleep-wake rhythm, and 6-sulfatoxymelatonin levels in healthy Dutch children. Chronobiol Int. 2020;37(5):660-672. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1727916
    » https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1727916
  • 27
    Cole RJ, Kripke DF, Gruen W, Mullaney DJ, Gillin JC. Automatic sleep/wake identification from wrist activity. Sleep. 1992;15(5):461-469. https://doi.org/10.1093/sleep/15.5.461
    » https://doi.org/10.1093/sleep/15.5.461
  • 28
    Thomas KA, Burr RL. Circadian research in mothers and infants: how many days of actigraphy data are needed to fit cosinor parameters?. J Nurs Meas. 2008;16(3):201-206. https://doi.org/10.1891/1061-3749.16.3.201
    » https://doi.org/10.1891/1061-3749.16.3.201
  • 29
    Gonçalves BS, Adamowicz T, Louzada FM, Moreno CR, Araujo JF. A fresh look at the use of nonparametric analysis in actimetry. Sleep Med Rev. 2015;20:84-91. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2014.06.002
    » https://doi.org/10.1016/j.smrv.2014.06.002
  • 30
    Vera-Villarroel P, Silva J, Celis-Atenas K, Pavez P. Evaluation of the SF-12: usefulness of the mental health scale [Article in Spanish]. Rev Med Chil. 2014;142(10):1275-1283. https://doi.org/10.4067/S0034-98872014001000007
    » https://doi.org/10.4067/S0034-98872014001000007
  • 31
    Bjelland I, Dahl AA, Haug TT, Neckelmann D. The validity of the Hospital Anxiety and Depression Scale. An updated literature review. J Psychosom Res. 2002;52(2):69-77. https://doi.org/10.1016/S0022-3999(01)00296-3
    » https://doi.org/10.1016/S0022-3999(01)00296-3
  • 32
    Jackson-Koku G. Beck Depression Inventory. Occup Med (Lond). 2016;66(2):174-175. https://doi.org/10.1093/occmed/kqv087
    » https://doi.org/10.1093/occmed/kqv087
  • 33
    Hewlett S, Dures E, Almeida C. Measures of fatigue: Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Multi-Dimensional Questionnaire (BRAF MDQ), Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Numerical Rating Scales (BRAF NRS) for severity, effect, and coping, Chalder Fatigue Questionnaire (CFQ), Checklist Individual Strength (CIS20R and CIS8R), Fatigue Severity Scale (FSS), Functional Assessment Chronic Illness Therapy (Fatigue) (FACIT-F), Multi-Dimensional Assessment of Fatigue (MAF), Multi-Dimensional Fatigue Inventory (MFI), Pediatric Quality Of Life (PedsQL) Multi-Dimensional Fatigue Scale, Profile of Fatigue (ProF), Short Form 36 Vitality Subscale (SF-36 VT), and Visual Analog Scales (VAS). Arthritis Care Res (Hoboken). 2011;63 Suppl 11:S263-S286. https://doi.org/10.1002/acr.20579
    » https://doi.org/10.1002/acr.20579
  • 34
    Jackson C. The Chalder Fatigue Scale (CFQ 11). Occup Med (Lond). 2015;65(1):86. https://doi.org/10.1093/occmed/kqu168
    » https://doi.org/10.1093/occmed/kqu168
  • 35
    Perger E, Soranna D, Pengo M, Meriggi P, Lombardi C, Parati G. Sleep-disordered Breathing among Hospitalized Patients with COVID-19. Am J Respir Crit Care Med. 2021;203(2):239-241. https://doi.org/10.1164/rccm.202010-3886LE
    » https://doi.org/10.1164/rccm.202010-3886LE
  • 36
    Saldías Peñafiel F, Brockmann Veloso P, Santín Martínez J, Fuentes-López E, Leiva Rodríguez I, Valdivia Cabrera G. Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in Chilean adults. A sub-study of the national health survey, 2016/17 [Article in Spanish]. Rev Med Chil. 2020;148(7):895-905. https://doi.org/10.4067/S0034-98872020000700895
    » https://doi.org/10.4067/S0034-98872020000700895
  • 37
    Silva FRD, Guerreiro RC, Andrade HA, Stieler E, Silva A, de Mello MT. Does the compromised sleep and circadian disruption of night and shiftworkers make them highly vulnerable to 2019 coronavirus disease (COVID-19)?. Chronobiol Int. 2020;37(5):607-617. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1756841
    » https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1756841
  • 38
    Consensus Conference Panel, Watson NF, Badr MS, Belenky G, Bliwise DL, Buxton OM, et al. Recommended Amount of Sleep for a Healthy Adult: A Joint Consensus Statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. J Clin Sleep Med. 2015;11(6):591-592. https://doi.org/10.5664/jcsm.4758
    » https://doi.org/10.5664/jcsm.4758
  • 39
    Zhu B, Vincent C, Kapella MC, Quinn L, Collins EG, Ruggiero L, et al. Sleep disturbance in people with diabetes: A concept analysis. J Clin Nurs. 2018;27(1-2):e50-e60. https://doi.org/10.1111/jocn.14010
    » https://doi.org/10.1111/jocn.14010
  • 40
    Zampogna E, Ambrosino N, Saderi L, Sotgiu G, Bottini P, Pignatti P, et al. Time course of exercise capacity in patients recovering from COVID-19-associated pneumonia. J Bras Pneumol. 2021;47(4):e20210076. https://doi.org/10.36416/1806-3756/e20210076
    » https://doi.org/10.36416/1806-3756/e20210076
  • Apoio financeiro:

    Este estudo recebeu apoio financeiro da National Research and Development Agency (ANID, COVID1005), Governo do Chile, e do CIBERESUCICOVID Project, Instituto de Salud Carlos III (COV20/00110, ISCIII), Madrid, Espanha.
  • 2
    Trabalho realizado no Hospital Clínico Regional Dr. Guillermo Grant Benavente, Concepción, Chile, e no Complejo Asistencial Dr. Víctor Ríos Ruiz, Los Ángeles, Chile.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    03 Out 2021
  • Aceito
    19 Fev 2022
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia SCS Quadra 1, Bl. K salas 203/204, 70398-900 - Brasília - DF - Brasil, Fone/Fax: 0800 61 6218 ramal 211, (55 61)3245-1030/6218 ramal 211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: jbp@sbpt.org.br