Formas clínicas e diagnóstico da tuberculose em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID-19

Pinheiro, Michely Alexandrino de Souza; Aurilio, Rafaela Baroni; Parente, Ana Alice Amaral Ibiapina; Sant’Anna, Maria de Fátima Bazhuni Pombo; Frota, Ana Cristina Cisne; Hofer, Cristina Barroso; Abreu, Thalita Fernandes de; Ferreira, Sidnei; Sant’Anna, Clemax Couto

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Jornal Brasileiro de Pneumologia

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • J. bras. pneumol. 48 (06) • 2022 • https://doi.org/10.36416/1806-3756/e20220240 copiar

Formas clínicas e diagnóstico da tuberculose em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID-19

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

O presente estudo teve como objetivo descrever as formas clínicas e o tempo de diagnóstico de novos casos de tuberculose e analisar estatisticamente as formas isoladas e combinadas da doença em crianças e adolescentes atendidos em um hospital universitário do Rio de Janeiro durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19 no Brasil.

Métodos:

Este estudo transversal utilizou dados retrospectivos de crianças (0-9 anos) e adolescentes (10-18 anos) com tuberculose pulmonar (TBP), extrapulmonar (TBEP) e combinada (TBP + TBEP) acompanhados no ambulatório de janeiro de 2019 a março de 2021. Os dados categóricos foram analisados por estatística descritiva e expressos em frequência e proporções. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste Qui-quadrado e as variáveis numéricas pelo teste T de Student.

Resultados:

Foram incluídos 51 casos, sendo 63% (32/51) pacientes no ano da pandemia (grupo A) e 37% (19/51) pacientes atendidos em anos anteriores (grupo B). No grupo A, 19% (6/32) dos pacientes apresentavam TBP, 59% (16/32) TBEP e 31% (10/32) TBP+TBEP. No grupo B, 42% (8/19) dos pacientes apresentavam TBP, 42% (8/19) TBEP e 16% (3/19) TBP+TBEP.

Conclusão:

Nosso estudo evidenciou mais casos de tuberculose no primeiro ano da pandemia do que no mesmo período do ano anterior, com maior variação de locais acometidos pela doença, incluindo formas mais raras e mais graves.

Palavras-chave:
pandemia; crianças; adolescentes; tuberculose; coronavírus

		TOTAL (n = 51)		TBP (n = 14)		TBEP (n = 24)		TBP + TBEP (n = 13)
		Grupo
		A (n = 32)	B (n = 19)	A (n = 6)	B (n = 8)	A (n = 16)	B (n = 8)	A (n = 10)	B (n = 3)
História Clínica	Febre	25 (78%)	13 (68%)	6 (100%)	5 (62%)	13 (81%)	5 (62%)	6 (60%)	3 (100%)
	Tosse	10 (32%)	7 (37%)	5 (83%)	6 (75%)	1 (6%)	0 (0%)	4 (40%)	1 (33%)
	Emagrecimento	11 (35%)	6 (30%)	2 (33%)	5 (62%)	6 (40%)	0 (0%)	3 (30%)	1 (33%)
	Adinamia	11 (35%)	2 (10%)	2 (33%)	2 (25%)	7 (43%)	0 (0%)	3 (30%)	0 (0%)
	Adenomegalia	14 (45%)	7 (37%)	0 (0%)	0 (0%)	9 (60%)	7 (87%)	5 (50%)	0 (0%)
	Dispneia	8 (25%)	5 (25%)	4 (66%)	1 (12%)	0 (0%)	3 (20%)	4 (40%)	3 (100%)
Serviço de Assistência Prévia	Sim	20 (63%)	14 (73%)	3 (50%)	5 (62%)	10 (63%)	8 (100%)	7 (70%)	1 (34%)
Contato com Tuberculose	Sim	11 (35%)	11 (58%)	1 (12%)	5 (62%)	6 (40%)	5 (45%)	4 (40%)	1 (33%)
	Grupo	A (n = 28)	B (n = 15)	A (n = 5)	B (n = 5)	A (n = 13)	B (n = 8)	A (n = 10)	B (n = 2)
Teste da Tuberculina Positivo	Sim	16 (52%)	12 (63%)	2 (40%)	4 (80%)	7 (54%)	6 (75%)	7 (70%)	2 (100%)

BAAR	TOTAL (n = 43)		valor-p^*	TBP (n = 13)		valor-p^*	TBEP (n = 17)		valor-p^*	TBP + TBEP (n = 10)		valor-p^*
Grupo	A (n = 29)	B (n = 14)		A (n = 6)	B (n = 7)		A (n = 12)	B (n = 5)		A (n = 8)	B (n = 2)
Positivo	3 (9%)	4 (28%)	<0,17	2 (33%)	3 (43%)	<0,7	0 (0%)	0 (0%)	<0,8	1 (12%)	1 (50%)	<0.2
Negativo	23 (91%)	10 (72%)		4 (67%)	4 (57%)		12 (100%)	5 (100%)		7 (88%)	1 (50%)
Cultura M.tb.	TOTAL (n = 31)			TBP (n = 11)			TBEP (n = 14)			TBP + TBEP (n = 6)
Grupo	A (n = 21)	B (n = 10)		A (n = 5)	B (n = 6)		A (n = 11)	B (n = 3)		A (n = 5)	B (n = 1)
Positivo	3 (15%)	3 (30%)	<0,3	1 (6%)	2 (33%)	<0,6	0 (0%)	1 (33%)	<0,04	2 (40%)	0 (0%)	<0.5
Negativo	18 (85%)	7 (70%)		4 (94%)	4 (67%)		11 (100%)	2 (67%)		3 (60%)	1 (100%)
XPERT	TOTAL (n = 33)			TBP (n = 10)			TBEP (n = 15)			TBP + TBEP (n = 9)
Grupo	A (n = 23)	B (n = 10)		A (n = 5)	B (n = 5)		A (n = 12)	B (n = 3)		A (n = 7)	B (n = 2)
Detectável⁺	18 (77%)	3 (30%)	<0,01	4 (60%)	2 (40%)	<0,19	8 (67%)	0 (0%)	<0,03	6 (86%)	1 (50%)	<0.2
Não Detectável	6 (23%)	7 (70%)		1 (20%)	3 (60%)		4 (33%)	3 (100%)		1 (14%)	1 (50%)

Formas extrapulmonares	TOTAL (n = 37)		TBEP (n = 24)		TBP + TBEP (n = 13)
Grupo Tuberculose	A (n = 26)	B (n = 11)	A (n = 16)	B (n = 8)	A (n = 10)	B (n = 3)
Adenopatia periférica	11 (42%)	5 (45%)	8 (52%)	5 (62%)	3 (30%)	0 (0%)
Pleural	5 (19%)	5 (45%)	1 (6%)	2 (25%)	4 (40%)	3 (100%)
Peritoneal	2 (7%)	1 (10%)	2 (12%)	1 (13%)	0 (0%)	0 (0%)
Meningite	1 (4%)	0 (0%)	1 (6%)	0 (0%)	0 (0%)	0 (0%)
Óssea	2 (8%)	0 (0%)	1 (6%)	0 (0%)	1 (10%)	0 (0%)
Cutânea	1 (4%)	0 (0%)	1 (6%)	0 (0%)	0 (0%)	0 (0%)
Outras ^*	4 (16%)	0 (0%)	2 (12%)	0 (0%)	2 (20%)	0 (0%)

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[1] Correspondência para:
Michely Alexandrino de Souza Pinheiro. Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira-UFRJ. Rua Bruno Lobo, 50. Cidade Universitária. CEP 21941-612. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Tel.: +55 (21) 99209-0558 / +55 (21) 3776-0861. E-mail: medmichelypinheiro@gmail.com.