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Curso em comemoração ao dia internacional da mulher

CLINICAL, PSYCHOSOCIAL AND SCIENTIFIC NOTE

Curso em comemoração ao dia internacional da mulher

Elza Márcia Targas Yacubian

Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia

Com a presença de 70 profissionais da saúde, a Associação Brasileira de Epilepsia organizou, no dia 12 de março de 2005, um evento em São Paulo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Um grupo multidisciplinar composto por ginecologistas, neurologistas e especialistas em Medicina Fetal e Sono discorreram sobre a influência dos hormônios sobre a excitabilidade neuronal, tanto em suas variações cíclicas como durante a gestação e o climatério.

Inicialmente foram abordadas as interações entre os hormônios sexuais e as substâncias endógenas como vitaminas e outros hormônios com as medicações antiepilépticas. As vantagens e desvantagens dos vários métodos contraceptivos atualmente disponíveis foram detalhadas assim como a importância de atitudes preventivas da síndrome dismetabólica em mulheres com epilepsia. Um dos pontos altos do encontro foi a participação de especialistas em Medicina Fetal que analisaram a programação da gestação, o uso de drogas antiepilépticas mais apropriadas em monoterapia e doses mínimas necessárias para o controle das crises, a necessidade do fracionamento das doses e a suplementação de ácido fólico, apenas recentemente implementada no Brasil sob forma de lei. O acompanhamento pré-natal e a possibilidade de detecção precoce de malformações fetais por médicos experientes, já no ultra-som de primeiro trimestre foi enfatizado. Por outro lado, a falta de uniformização da dosagem da alfa fetoproteína e a grande experiência dos médicos brasileiros, torna a ultra sonografia, o método de eleição para o acompanhamento fetal, não só quanto à morfologia, como também para a avaliação da vitalidade fetal. A especialista em sono discorreu sobre a insônia fisiológica do terceiro trimestre e sua extensão ao período puerperal, algumas vezes promovendo agravamento das crises epilépticas.

No período puerperal foi ainda abordada a prevenção da hemorragia fetal em mulheres em uso de drogas antiepilépticas indutoras enzimáticas, a qual, em nosso meio, deve ser realizada através do uso oral materno de 20 mg de Kanakion® no último mês de gestação seguido da administração oral da mesma ao nascimento do recémnascido (repetida entre o quarto e o sétimo dias de vida). Esta atitude preventiva simples pode prevenir um quadro potencialmente muito grave, fatal em 30% dos recémnascidos. A amamentação mereceu também considerações detalhadas.

As alterações somáticas e psíquicas durante o climatério e a prevenção da doença óssea nas décadas mais tardias da vida finalizaram a discussão entre os profissionais da área da saúde.

No final do encontro, cerca de 70 mulheres com epilepsia, algumas delas gestantes, nos deram testemunhos emocionantes nos quais havia o clamor para a melhoria da atenção materno-infantil e do conhecimento médico para as questões específicas desta população especial de pessoas com epilepsia. Neles se sentia a ambigüidade em se sentirem vitoriosas por constituir uma família e o enorme medo de gerar uma criança vivendo com epilepsia. Estes questionamentos delicados só puderam ser satisfatoriamente abordados através da sensibilidade pessoal das onze médicas que constituíram o painel de especialistas em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

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Received Mar 30, 2005; accepted Apr 29, 2005.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Maio 2012
  • Data do Fascículo
    2005
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