Resumo
Objetivos:
Este trabalho teve como objetivos estudar o primeiro episódio de crise epilética não provocada em idade pediátrica e avaliar os fatores de risco de recorrência.
Métodos:
Estudo observacional retrospectivo, baseado na análise dos processos clínicos dos pacientes internados entre 2003 e 2014, num serviço de pediatria de um hospital de nível 2, com primeira crise epilética. Os dados foram trabalhados com o programa SPSS Statistics 20.0.
Resultados:
Dos 103 pacientes, 52,4% eram meninos. A mediana da idade da primeira crise foi de 59 (um-211) meses. Fizeram eletroencefalograma no primeiro episódio 93% das crianças e 47% neuroimagem. O tratamento com fármaco antiepilético foi instituído em 46% dos pacientes. A taxa de recorrência foi 38% e, desses, 80% tiveram a segunda crise nos seis meses seguintes após o primeiro evento. Dos fatores de risco estudados verificou-se uma relação estatisticamente significativa entre a crise durante o sono e a recorrência (p = 0,004), assim como entre as crises de etiologia sintomática remota e a ocorrência de novas crises (p = 0,02). A presença de anormalidades no eletroencefalograma também esteve associada à ocorrência de novas crises (p = 0,021). Não se encontrou relação entre idade, duração da crise e história familiar de epilepsia com risco aumentado de recorrência.
Conclusões:
A maioria das crianças com uma primeira crise epilética não provocada não teve recorrências. O risco de recorrência foi superior nos pacientes com crise durante o sono ou crise sintomática remota e naqueles com eletroencefalograma alterado.
PALAVRAS-CHAVE
Convulsão; Primeira crise não provocada; Recorrência; Criança