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Osteocondroma: relato clínico

Osteochondroma

Resumos

O osteocondroma é encontrado geralmente como um pequeno tumor indolor, duro, crescendo da superfície externa da metáfise costal. Relata-se o caso de uma mulher de 19 anos com dor torácica, sem comprometimento respiratório ou hemodinâmico, cujos exames radiológicos evidenciaram extensa lesão calcificada intratorácica com compressão de vasos mediastinais.

Osteocondroma; Traumatismos torácicos


Osteochondroma is generally found as a small, hard and painless tumor that grows from the outer surface of the costal metaphysis. We herein report the case of a 19-year-old female presenting chest pain with respiratory or hemodynamic involvement. Radiological examination showed a large intrathoracic calcified lesion compressing the mediastinal vessels.

Osteochondroma; Thoracic injuries


RELATO DE CASO

Osteocondroma: relato clínico* * Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

NELSON PERELMAN ROSENBERG1 * Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. , IVO LEUCK JR.2 * Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. , MARIO DE LUCA JR.3 * Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. , MIGUEL ANGELO MARTINS DE CASTRO JR.3 * Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

O osteocondroma é encontrado geralmente como um pequeno tumor indolor, duro, crescendo da superfície externa da metáfise costal. Relata-se o caso de uma mulher de 19 anos com dor torácica, sem comprometimento respiratório ou hemodinâmico, cujos exames radiológicos evidenciaram extensa lesão calcificada intratorácica com compressão de vasos mediastinais.

Osteochondroma

Osteochondroma is generally found as a small, hard and painless tumor that grows from the outer surface of the costal metaphysis. We herein report the case of a 19-year-old female presenting chest pain with respiratory or hemodynamic involvement. Radiological examination showed a large intrathoracic calcified lesion compressing the mediastinal vessels.

Descritores – Osteocondroma. Traumatismos torácicos.

Key words – Osteochondroma. Thoracic injuries.

INTRODUÇÃO

Os tumores da parede torácica podem originar-se em qualquer dos elementos da parede torácica (músculos, nervos, ossos, cartilagens e tecidos conectivos); dividem-se em dois grupos: os ósseos e os de partes moles da parede torácica. Podem ser primários, metastáticos ou então tumores que invadem a parede torácica. Os tumores benignos mais encontrados na parede torácica são os tumores do arcabouço ósseo. Relata-se caso de osteocondroma com grande crescimento e de apresentação incomum.

RELATO CLÍNICO

Mulher de 19 anos, branca, apresentou dor torácica à direita, sem relação com esforço físico e que piorava em alguns decúbitos. Negava emagrecimento ou lesão palpável no tórax. Ao exame físico não apresentava outros achados.

A radiografia de tórax demonstrou volumosa formação calcificada, irregular, de crescimento intratorácico, com 8cm de diâmetro, à direita do mediastino superior. A tomografia computadorizada helicoidal evidenciou volumosa lesão, heterogeneamente calcificada, em contigüidade com os primeiros arcos costais, estendendo-se ao brônquio principal, causando compressão sobre os vasos da base, principalmente, veia cava superior (Figura 1).


A videotoracoscopia direita visualizou a massa junto à face anterior da parede torácica, aderida às estruturas mediastinais e ao lobo superior direito. Realizada toracotomia póstero-lateral direita, ressecou-se lesão, que apresentava aderências frouxas com o parênquima pulmonar e mediastino e tinha íntimo contato com a veia cava superior. Retirou-se um segmento do segundo arco costal que dava origem à lesão (Figura 2). O exame anatomopatológico identificou tumor vegetante, bocelado, duro, medindo 10 x 7 x 6cm. Ao corte, mostrava periferia cartilaginosa e área central constituída por tecido ósseo esponjoso, com diagnóstico definitivo de osteocondroma (Figura 3).



DISCUSSÃO

Os tumores da parede torácica correspondem a aproximadamente 1-2% de todos os tumores do corpo(1) e, destes, 60% são malignos. Considerados apenas os tumores ósseos primários(2), os da parede torácica correspondem a 7-8%. Em uma série de 90 tumores ósseos primários afetando o tórax, quatro foram osteocondromas, mas somente um destes ocorreu na costela(3). A lesão benigna de parede torácica mais comum é a displasia fibrosa e, em ordem decrescente, condroma, osteocondroma e granuloma eosinofílico.

O osteocondroma é encontrado, normalmente, como um pequeno tumor indolor, duro, crescendo da superfície externa da metáfise costal. A maioria ocorre em jovens e os homens são mais afetados do que as mulheres. Na costela, aparece como uma excrescência de cartilagem com capuz calcificado que se projeta por fora(4). Degeneração maligna deve ser suspeitada quando existe crescimento continuado com dor. Essa degeneração é bastante rara quando as lesões são solitárias, porém pode chegar a 20% na forma hereditária de exostoses múltiplas (síndrome autossômica dominante – osteocondromatose).

A paciente não se apresentou, inicialmente, como o descrito por Harrison et al.(5), que relataram hemotórax como complicação do osteocondroma. Porém, o presente relato caracteriza-se pelo risco potencial de desenvolvimento de complicações vasculares, não só pelo tamanho tumoral, mas também pelo contato íntimo do tumor com a veia cava superior. A estrutura tumoral, caracterizada pelo crescimento, somente para dentro do tórax, de todo o tumor e pelo acometimento ao sexo feminino, também é pouco freqüente.

1. Chefe do Serviço e da Residência em Cirurgia Torácica; Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

2. Cirurgião do Serviço de Cirurgia Torácica.

3. Residente de Cirurgia Torácica.

Endereço para correspondência – Miguel Angelo Martins de Castro Junior, Rua Gomes Freire, 741-B – 96200-000 – Rio Grande, RS. Tel.: (51) 3341-1530; e-mail: migueljr@cpovo.net

Recebido para publicação em 5/6/01. Aprovado, após revisão, em 11/9/01.

  • 1. Pairolero PC. Chest wall tumors. In: Shields TW, Locicero III J, Ponn RB, eds. General thoracic surgery. Philadelphia: Williams & Wilkins, 2000;589-598.
  • 2. Walker DA, Newman RJ. Primary tumors of the thoracic skeleton: an audit of the Leeds regional bone tumor registry. Thorax 1990;45:850-855.
  • 3. Teiteman SL. Twenty years experience with intrinsic tumors of the bony thorax a large institution. J Thorac Cardiovasc Surg 1972;63:776-782.
  • 4. Graeber GM, Jones DR, Pairolero PC. Primary Neoplasms. In: Pearson FG, eds. Thoracic surgery. 1st ed. New York: Churchill Livingstone, 1995; 1237-1251.
  • 5. Harinson NK, Wilkinson J, O'Donohue J, et al. Osteochondroma of the rib: an unusual cause of hemothorax. Thorax 1994;49:618-619.
  • *
    Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jun 2002
    • Data do Fascículo
      Abr 2002

    Histórico

    • Recebido
      05 Jun 2001
    • Aceito
      11 Set 2001
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