RESUMO
Kant defende um compatibilismo radical na sua tese da união: necessidade natural e liberdade precisam estar unidas em “uma e mesma ação”. Na Elucidação Crítica da Analítica da segunda Crítica, Kant elabora em termos vinculados à sua distinção transcendental entre fenômenos e coisas em si e ao contexto da discussão histórica da Teodicéia sua metafisica da liberdade para a razão prática. Ela é articulada através da distinção que “se segue” da distinção transcendental, esta entre a causalidade do “ente agente” e da “ação no mundo sensorial”, que preserva a atribuição de ambos, necessidade natural e liberdade, às mesmas coisas, isto é, nossas ações no mundo físico. O que mostro no artigo é que essa distinção crucial exige a concepção das ações como o que fazem agentes que têm “causação de agente” e não como eventos físicos que são ocorridos ou acontecimentos no mundo. O elemento fundamental dessa metafísica da agência é que agentes não causam suas ações, que então não são eventos, porque elas são justamente o causar de eventos, seus efeitos, que encontramos como ocorridos no mundo. Contemporaneamente, uma distinção traçada na filosofia da ação entre o uso transitivo e o uso intransitivo de verbos de ações físicas auxilia a articular o que é central à metafísica da liberdade para a razão prática de Kant.
Palavras-chave:
Kant; Metafísica da ação; Razão prática; Filosofia da